Os sintomas de uma nova crise alimentar mundial
Os preços mundiais do arroz, do trigo, do açúcar, da cevada e da carne seguiram altos ou registraram significativos aumentos em 2011, podendo replicar a crise de 2007-2008, alerta a FAO. No final de 2010, ocorreram protestos na China pelos altos preços das refeições de estudantes. Nos primeiros dias de 2011, já ocorreram protestos na Argélia e também na Tunísia, onde protestos de rua causaram a morte de pelo menos 20 pessoas. “Estamos entrando em um terreno perigoso”, alerta economista da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
por Thalif Deen*, no Rebelión
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), com sede em Roma, alertou a semana passada que os preços mundiais do arroz, do trigo, do açúcar, da cevada e da carne seguiram altos ou registraram significativos aumentos em 2011, podendo replicar a crise de 2007-2008.
Rob Vos, diretor de políticas de desenvolvimento e análise no Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU relata que o aumento dos preços já está afetando vários países em desenvolvimento. Ele indicou ainda que nações como Índia e outras do leste e do sudoeste da Ásia sofrem inflação de dois dígitos, impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos e da energia. Na Bolívia, o governo se viu obrigado a reduzir os subsídios a alguns dos alimentos da cesta básica, já que estavam provocando uma disparada no déficit fiscal.
As implicações no curto prazo não são apenas que os pobres serão afetados e que mais gente poderá ser arrastada para a pobreza, mas sim que ficará mais difícil a recuperação dos países que enfrentam uma maior inflação e cairá o poder aquisitivo dos consumidores em geral. Alguns bancos centrais estão endurecendo suas políticas monetárias e governos estão se vendo obrigados a apertar o cinto, assinalou Vos, que é também chefe dos economistas da ONU.
Frederic Mousseau, diretor de políticas do Instituto Oakland, com sede em São Francisco, declarou que, em setembro passado, Moçambique já havia sofrido revoltas populares pelos altos preços do pão. Cerca de 13 pessoas morreram nestes protestos. “Ocorreram manifestações em uns 30 países em 2008 e isso pode se repetir agora uma vez que a situação não mudou nos últimos três anos”, sustentou Mousseau, autor do livro “O desafio dos altos preços dos alimentos: uma revisão das respostas para combater a fome”. Os países mais vulneráveis são os mais dependentes das importações e os menos capazes de enfrentar o aumento dos preços nos mercados com políticas públicas, sustentou. Isso concerne a muitas das nações mais pobres, com menos recursos, menos instituições e menos mecanismos públicos para apoiar a produção de alimentos”, explicou ainda Mousseau.
No final do ano passado ocorreram protestos na China pelos altos preços das refeições dos estudantes do ensino secundário, e na Argélia, pelo aumento do preço da farinha, do leite e do açúcar. Os argelinos voltaram a tomar as ruas na semana passada para protestar contra as duras condições econômicas. As manifestações terminaram com três mortos e centenas de feridos, enquanto que, na vizinha Tunísia, distúrbios similares causaram pelo menos 20 vítimas fatais.
Segundo o índice da FAO divulgado na semana passada, os preços dos cereais, dos grãos oleaginosos, lácteos, carnes e açúcar seguiram aumentando por seis meses consecutivos. “Estamos entrando em um terreno perigoso”, disse Abdolreza Abbassian, economista da FAO, para um jornal de Londres.
Mousseau explicou que os preços começaram a aumentar em 2010 após as quebras de safras na Rússia e Europa Oriental, em parte causadas pelos incêndios de verão. Agora, as severas inundações que atingiram a Austrália, quarto maior exportador mundial de trigo, provavelmente afetarão a produção desse cultivo, elevando ainda os preços. “Qualquer outro acontecimento, como outro desastre climático em algum país exportador ou um novo aumento do preço do petróleo, sem dúvida alguma fará os preços dispararem, tornando a situação pior que a de 2008 e ameaçando o sustento de milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescentou.
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Por outro lado, Mousseau esclareceu que não se trata agora de um problema de escassez, como ocorreu em 2007-2008. “Não se pode usar a palavra escassez se consideramos que mais de um terço dos cereais produzidos no mundo são usados como alimento para animais, e que uma parte cada vez maior é utilizada para produzir agrocombustíveis”, observou.
De fato, produziram-se 2,23 bilhões de toneladas de cereais no mundo em 2008, uma cifra sem precedentes. O nível de produção para o período 2010-2011 é levemente menor que o de 2008. A diferença é que, em 2008, foi o arroz que impulsionou a alta de preços, enquanto que, desta vez, é o trigo. Mas, em todo o caso, há uma combinação de fatores agindo: uma má colheita em uma parte do mundo provoca uma pressão sobre o mercado, que envia sinais negativos aos especuladores. Esses então começam a comprar e os preços disparam.
Tradução: Katarina Peixoto
Comentários
SILOÉ
Cansei de ver os economistas e jornalistas de plantão, criticarem o Brasil, pelo peso maior das nossas exportações virem das commodties e não dos manufaturados. Agora eu pergunto: Quem vai lucrar com a crise alimentar mundial que a FAO preconiza? Em breve, muito breve mesmo, o Brasil será uma das economias mais fortes do mundo. Não só por ser o celeiro do mundo e nem por produzir mais e melhor bens manufaturados com tecnologia avançada, mais sim, pelos recursos humanos que ainda temos inexplorados, que eclodirá após a implantação da educação de qualidade.
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Nelson
Bem, meu(minha) caro(a) Siloé. De minha parte, se é para o Brasil subir às custas das desgraças dos outros, muito obrigado. Não quero. Estaríamos apenas repetindo o que os impérios têm feito há séculos.
De outra parte, creio que você está demonstrando uma boa dose de ingenuidade e um excesso de otimismo ao acreditar nessa ascensão "meteórica" do nosso país.
Esqueces que a atual estrutura fundiária do Brasil, que vem de séculos, segue sem a necessária e crucial reforma agrária.
Esqueces também o nível de internacionalização da nossa economia. Esqueces o quanto, infelizmente, nosso governo perdeu de capacidade de intervenção nos rumos do país por conta da deletéria política neoliberal que nos foi imposta principalmente a partir de Collor de Mello e aprofundada quase que ao extremo por FHC.
E, para que venhamos a realmente garantir um patamar mais elevado de qualidade de vida ao conjunto dos brasileiros, teremos que, forçosamente, mudar tal estado de coisas. Precisaremos retomar para nossas mãos, mãos públicas e não privadas, os instrumentos que vão nos permitir construir este futuro melhor.
Para isso, meu(minha) caro(a) amigo(a), vamos ter que, necessariamente, empreender uma luta duríssima.
Afinal, a luta será contra quem manda no mundo, as mega corporações capitalistas, que já têm seu projeto para o Brasil. E, nesse projeto, certamente, não está incluída a melhora efetiva da vida de todos os brasileiros.
O que eles querem é mais lucros, lucros, lucros….
aldo luiz
O tempo urge. 2011 começou ao passo de ganso acelerado o avanço do "invisível" 4º REICH em ascenção…Conspiram como respiram.
DOUTORES, ESPECIALISTAS e AUTORIDADES, "falam" (?), mas "falam" o que? O que os seus senhores lhes mandam falar e todas as (suas) organizações mundiais impõem, ONU, OMC, FAO, OMS, OIT, etc, etc… E a sua midiocracia divulga como verdade. A segunda guerra serviu para traçar territórios em busca do que agora finalmente realizam com os eufemísticos, GLOBALIZAÇÃO, NOVA ORDEM MUNDIAL OU "GOVÊRNO MUNDIAL".
A verdadeira maravilhosa revolução é intrapessoal e intransferível. Nada, religião alguma, lei alguma, substituirá a responsabilidade 100% dos julgamentos, escolhas e decisões de cada um de nós. O sistema é por sua natureza fratricida e antropofágico, e adora uma literatura para se fazer de importante e necessário enquanto nos devora. SÓ PARA NÃO ESQUECER: POLÍTICOS, MUNDIALMENTE, TODOS, ESTÃO AÍ PARA NOS DAR A ILUSÃO QUE TEMOS ESCOLHAS senzalados neste escravismo travestido.
Perguntemos ao Henry Kissinger, aos Rockefeller, ou aos Rothchild, ou ao Bento XVI, entronado em seu Banco do Vaticano, com a Inglaterra se fingindo de morta atrás dos bastidores e que do alto da "CASA GRANDE" CONTROLAM "NOSSOS DINHEIROS" protegidos por seus inumanos exércitos de "cães de guarda" armados até os dentes, não SÃO OS QUE CONTROLAM NOSSO (MILENAR) INEXISTENTE "LIVRE ARBÍTRIO"?
Precisamos acordar para este GUANTANAMO PLANETÁRIO, "os brasileiros" ainda sem RITALIN na veia da alma, se é que isto é possível, esclarecer e denunciar o permanente "grande golpe" que se recicla milenarmente para esta, agora, depopulação controlada das senzalas mundiais excedentes.
A SANGUINÁRIA FRATRICIDA E ANTROPOFÁGICA CASA GRANDE ESCRAVAGISTA PARA CONTROLE "DA FOME" DE SUAS SENZALAS, TEM NAS GUERRAS QUER PRODUZ E ADMINISTRA SEU LUCRATIVO TERRENO IDEAL..
"O HAARP forma parte do arsenal da Nova Ordem Mundial no marco da iniciativa da defesa estratégica (SDI). Desde os pontos militares principais dos EUA, se poderiam desestabilizar potencialmente economias nacionais inteiras utilizando as manipulações do clima. O que é muito importante, esta última poderia colocar-se em prática sem o conhecimento do inimigo, a um custo mínimo e sem empregar pessoal e equipamentos militares como em uma guerra convencional. O HAARP, está trazendo as devastadoras consequencias para o clima mundial. Para satisfazer os interesses econômicos e estratégicos dos EUA, poder-se-ia utilizar para modificar o clima de maneira seletiva em diferentes partes do mundo, o que provocaria a desestabilização dos sistemas agrícolas e ecológicos.
http://infinitoaldoluiz.blogspot.com/2009/05/ofen…
Pedro Luiz Paredes
E isso vai ser pretexto para guerra. O Brasil que não faça a bomba logo para ver o que vai acontecer!
Roberto Locatelli
Exatamente, Pedro. Essa ingenuidade de dizer que "somos um país pacífico" pode nos custar caro.
O Brasil tem que ter a bomba.
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