CPI do MST: não houve desvios de recursos públicos para ocupações

Tempo de leitura: 2 min

Nota do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

do site do MST

Depois de oito meses de boicote à CPMI contra a Reforma Agrária, os parlamentares dos setores conservadores liderados por Kátia Abreu (DEM-TO) e Onyx Lorenzoni (DEM/RS) declararam ser necessária a continuidade das investigações das entidades sociais que atuam em assentamentos. Nesse período, as entidades da Reforma Agrária e os ministérios do governo federal participaram de audiências públicas na comissão, prestaram todos os esclarecimentos e demonstraram a importância dos convênios para a execução de políticas públicas no meio rural.

Mesmo sem participar da maioria das sessões, os ruralistas insistem que a comissão está prorrogada por mais seis meses. Kátia Abreu, por exemplo, não participou de nenhum sessão, embora tenha sido a maior defensora da sua instalação. O relatório final do deputado Jilmar Tatto (PT/SP) aponta a improcedência das denúncias contra o MST e as entidades de apoio à Reforma Agrária. Enquanto a comissão funcionava plenamente, com dezenas de audiências, os ruralistas estavam ausentes. Dinheiro público foi gasto em uma CPMI criada como dispositivo de criminalização dos movimentos sociais e contra avanços na Reforma Agrária.

Para forçar a sobrevida dessa CPMI, os representantes do latifúndio apelaram e criaram um imbróglio jurídico, depois de levantarem assinaturas para prorrogação. Em comissões parlamentares mistas de inquérito, onde participam deputados e senadores, as decisões devem ser tomadas em sessões do Congresso Nacional. Como não conseguiram, Kátia Abreu e Onyx Lorenzoni lançaram mão de uma manobra não prevista no regimento e argumentam que basta o Senado fazer a leitura do requerimento. O senador Eduardo Suplicy (PT/SP) questiona o método usado para prorrogar a comissão e recorreu à Comissão Constituição e Justiça do Senado. Depois, o deputado José Genoíno (PT/SP) fez o mesmo questionamento na Câmara, que resolveu encaminhar a decisão para o presidente do Congresso.

De dezembro a julho, foram feitos todos os esclarecimentos ao Congresso Nacional em relação à denúncias, com base em jornais e revistas contra a Reforma Agrária. Nesse período, as entidades sociais provaram que os objetos dos convênios foram cumpridos, o trabalho realizado melhora a qualidade de vida dos trabalhadores rurais e não houve desvio de recursos públicos, de acordo com o relatório final  da CPMI (clique aqui e leia o relatório final).

De acordo com o plano de trabalho, assegurado pelo regimento do Congresso Nacional, a CPMI acaba em 17 de julho. O relatório final foi apresentado, mas não foi votado porque os ruralistas impediram. Se eles conseguirem atropelar o regimento do Congresso Nacional, senadores e deputados serão coniventes com a criação de um fato político, que será utilizado pelos setores conservadores nas eleições contra a Reforma Agrária e os movimentos sociais. Por isso, denunciamos a utilização dessa CPMI pelos ruralistas para barrar qualquer avanço da Reforma Agrária, fazer a criminalização dos movimentos sociais, ocupar espaços na mídia e montar um palanque para a campanha eleitoral.

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Comentários

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Mª vivamandela

Até quando esse "podre poder dos ruralistas" vai afrontar este país com suas artimanhas?
È preciso expurgar desmascarar e fazer vir à tona todos os esqueletos desses latifundiários comandados pelos canalhas do DEM, Kátia Abreu e Onix Lorenzoni. Por que tanta oposição a Reforma Agrária? CPMI para O MST e os principais vilões da história pousando de mocinhos, mesmo que tentem vão ser sempre uns truculentos de m… que nunca serão respeitados pelo o eleitor esclarecido.

beattrice

Gostaria de ver com urgência a base aliada aprovar uma CPI para investigar e auditar as verbas destinadas aos ruralistas, tais como miss "katia desmatamento abreu" e mr. "abaixo o MST caiado", que montam a valores 25 vezes maiores do que os recebidos pelo MST, o que foi devidamente reportado ao PHA pelo Miguel Carter, razão de uma ordem judicial de censura ao Conversa Afiada:
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2010
<a href="http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:JvQqHBjt-I0J :www.conversaafiada.com.br/entrevistas/2010/03/29/carter-katia-abreu-recebe-25-vezes-mais-dinheiro-do-governo-do-que-o-mst/+29/03/2010+site:www.conversaafiada.com.br&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br” target=”_blank”>http://webcache.googleusercontent.com/search?q=ca…” target=”_blank”>:www.conversaafiada.com.br/entrevistas/2010/03/29/carter-katia-abreu-recebe-25-vezes-mais-dinheiro-do-governo-do-que-o-mst/+29/03/2010+site:www.conversaafiada.com.br&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Urbano

Passemos à próxima CPI, que será feita no demo. Posteriormente na udr.

    beattrice

    Antes a da UDR e do CNA por favor.

Ed.

É só pra manter o tema vivo durante as eleições…

O Brasileiro

Quem não tem inteligência, apela para a truculência! É o caso da Kátia e do Onyx! Quem os vê na TV percebe isso facilmente!

Gerson Carneiro

Interessante é que Kátia Abreu não compareceu à sessão de votação.

Passada a CPI do MST deveria ser instalada uma CPI para apurar o golpe contra camponeses, denunciado por Carta Capital, em que a referida senadora Kátia Abreu expulsou em 2003 o o agricultor Juarez Vieira Reis da terra onde havia nascido em 1948 e desde então vivia.

"Foi despejado por conta de uma Reforma agrária invertida, cuja beneficiária final foi, exatamente, a senadora. Classificada de "grilagem pública" pelo Ministério Público Federal de Tocantins, a tomada das terras de Reis ocorreu numa tarde de abril daquele ano, debaixo da mira das armas de quinze policiais militares sob as quais desfilaram, o agricultor, a mulher, Maria da Conceição, e dez filhos menores", diz a reportagem.

    Ed.

    Isso não saiu na Veja, Globo, FSP, Estado ("Finepado") e suas rádios TV's e portais? … Só na Carta Capital?!
    Vejamos: 2003 – 1948 … dá…55 anos … Na pior das hipóteses, usucapião (quase 4 vezes)…
    Isto se houver Judiciário… (ah, parece que houve… tem também a questão dos impostos..)..
    Vc sabe qual o novo destino dado à terra "recuperada"? ou foi direto pra Katia mesmo?

    Gerson Carneiro

    "Há três meses, ao lado de um irmão e um filho, Juareis Reis voltou à Fazenda Coqueiro para averiguar o estado das terras depois da ocupação supostamente produtiva da senadora. Descobriu que nem um pé de soja – nem de nada – havia sido plantado no lugar. "Desgraçaram minha vida e da minha família para deixar o mato tomar conta de tudo", conta Reis. Com o auxílio de outros filhos, recolheu tijolos velhos da casa destruída pelos tratores da parlamentar do DEM e montou um barraco sem paredes, coberto de lona plástica e palha. Decidiu por uma retomada simbólica da terra, onde reiniciou um roçado de mandioca. Na chácara do filho, onde se mantém como chefe da família, ainda tem tempo para rir das pirraças de uma neta de apenas 4 anos. Quando zangada, a menina não hesita em disparar, sem dó nem piedade, na presença do avô: "Meu nome é Kátia Abreu".

    Confira na íntegra em: http://www.cut.org.br/content/view/17885/

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