Coletivos homenageiam vítimas da covid e padre Júlio: “Símbolo da resistência”, diz Eugênia de Barros; assista

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Da Redação

Há anos, todos os domingos, o padre Júlio Lancellotti, 71, celebra missa às 10h, na Paróquia São Miguel Arcanjo, na cidade de São Paulo.

É o pároco da igreja e o coordenador  da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo.

A igreja fica na rua Taquari, 1.400, bairro da Mooca, Zona Leste da capital.

Em tempos de pandemia, a celebração é virtual, transmitida por meio de lives no YouTube e Facebook.

Com uma diferença neste domingo, 23 de maio, Dia de Pentecostes.

Painéis de pano criados por coletivos de bordado militante de todo o Brasil serão expostos.

Com agulhas e linhas, esses coletivos lutam por justiça social, democracia e direitos.

Os painéis contêm nomes  de mais de 1.800 brasileiros mortos pela covid-19.

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Todos vítimas da criminosa atuação do governo federal no enfrentamento da pandemia.

Elas não são números. São pais, mães, tios, primos, filhos, avós e amigos queridos. Não podem ser esquecidas.

Os painéis fazem do projeto “Memória Não Morrerá”, em homenagem a essas pessoas.

É um entrelaçar de muitas mãos no registro trágico da nossa história. Um grito de indignação que não vai se calar.

A exposição de painéis do projeto “Memória Não Morrerá” começou no Rio de Janeiro, no Arpoador.

Neste domingo, está em São Paulo.

A próxima parada será Brasília.

“É em defesa da vida”, diz padre Júlio.

“Um ato de resistência”, afirma Maria Eugênia de Barros, coordenadora do Linhas do Rio e que participa ação hoje, em São Paulo.

Ela está sendo feita pelos coletivos Linhas do Rio (foi o primeiro no País), Linhas de Sampa e Linhas da Baixada.

“Os painéis estão expostos nas grades externas da igreja e no altar durante a solenidade”, explica a jornalista Teresa Ribeiro, voluntária das ações de solidariedade do padre Júlio.

A ação deste domingo tem tripla finalidade.

Primeira: mostrar à sociedade que a memória dessas pessoas não pode morrer. Aí, cabe a nós, enquanto cidadãos e cidadãs, ajudar a mantê-las vivas.

Segunda: coletar nomes para serem integrados a novos painéis, pois o projeto não tem limite de tamanho ou ponto de chegada.

“Continua crescendo assim como nós não temos a menor ideia a respeito da real dimensão dessa catástrofe para o futuro do país”, observa Maria Eugênia.

Terceira: homenagear o padre Júlio, pelo que tem feito — há décadas e não apenas na pandemia — em defesa do povo de rua, dos direitos humanos e da democracia.

“O padre Júlio é um exemplo de resistência; um símbolo; por isso, fizemos questão de homenageá-lo”,  frisa Maria Eugênia, do Linhas do Rio.

Por que Pentescostes?

O Linhas do Rio explica:

Pentecostes é resistência e injeção de ânimo para lutar. É o momento em que o Espírito Santo alimenta, com línguas de fogo, os apóstolos, perseguidos há 50 dias. Eles recuperam as energias, a coragem e a certeza. Se levantam e saem pelo mundo pregando liberdade de forma que todos entendem.

Basta olhar os painéis para enxergar o paralelo. Para sentir a dor. Para compartilhar a mais profunda revolta e indignação. BASTA, eles gritam juntos!

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