por Brizola Neto, no Tijolaço
Não posso encerrar o dia sem deixar de registrar a ótima matéria do Estadão sobre o desempenho da primeira turma de Medicina a se formar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – a UERJ – sob o regime de admissão por cotas.
Ao contrário do que alardeiam os que defendem posições discriminatórias, sociais ou raciais, não houve diferença de rendimento entre alunos não-cotistas e cotistas.
Dos 43 cotistas admitidos – selecionados em faixas por origem na escola pública, etnia, deficiência e baixa renda – apenas quatro não concluíram o curso, mesmo número registrado entre os não-cotistas.
Dos 35 cotistas ouvidos pelo jornal, 25 passaram nas provas para residência, onde não há cotas ou qualquer handicap. E outros nove não a fizeram ainda, por não terem escolhido a especialidade a seguir ou precisarem ir trabalhar imediatamente, para ganhar mais que a bolsa de R$ 2.200 dos residentes. Entre 44 não-cotistas ouvidos, oito não estão aprovados para a residência.
Parabéns a todos os novos médicos, cotistas e não cotistas. Que vocês, que são a prova viva de que, com oportunidades, todos podem chegar lá, pratiquem a Medicina com a dedicação e o espírito de solidariedade social que marca esta experiência.
Médicos da Uerj põem à prova sistema de cotas
Primeira universidade pública a formar turma com cotistas mantém qualidade de ensino e índice de aprovação, mas revela mudança sutil causada pela diversidade
por Márcia Vieira, em O Estado de S. Paulo
Os defensores falam em justiça social. Os críticos invocam a meritocracia. No acalorado debate sobre a política de cotas sociais e raciais nas universidades públicas sobram argumentos por todos os lados. Dois pontos permeiam inevitavelmente a discussão: a capacidade dos cotistas em acompanhar o ritmo das aulas e a possibilidade de queda na qualidade do ensino das universidades.
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O Estado fez um levantamento no curso mais disputado (Medicina) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a primeira a adotar as cotas no País. No vestibular de 2004, foram aprovados 94 jovens (43 cotistas). Apenas oito alunos – quatro cotistas – não se formaram em dezembro do ano passado, como previsto.
O Estado localizou 90% dos jovens que chegaram à festança black-tie de formatura: 35 eram cotistas; 44, não. O caminho natural, após seis anos de faculdade, é fazer residência, o estágio de dois ou três anos em que os médicos se especializam em hospitais universitários ou da rede pública. O desafio é grande. As provas são mais disputadas que o vestibular. Nelas não há sistema de cotas. Passa quem sabe mais. É a meritocracia em estado puro.
Fazer residência garante não só mais conhecimento da medicina como salários melhores no futuro. Dos 35 cotistas localizados, 25 passaram nas provas. Os outros 9 cotistas nem tentaram entrar para residência. Ou porque não sabiam que especialidade escolher ou porque tinham pressa em trabalhar em plantões e ganhar muito mais que os R$ 2,2 mil da bolsa residência. Médicos recém-formados, mesmo sem especialização e prática, chegam a ganhar R$ 12 mil por mês, um valor inimaginável para a família de qualquer cotista. Entre os 44 não cotistas, 37 estão na residência.
Na maioria dos casos, a forma de entrada na universidade não influencia na escolha da especialidade. Não há, entre os cotistas, uma opção majoritária pela medicina de família, por exemplo, que atende prioritariamente à população carente e é mais fácil de passar. Tampouco há entre os não cotistas uma preferência por especialidades que paguem mais e sejam mais difíceis de entrar. É o caso de dermatologia, garantia de bons salários e zero de estresse com emergências. Nessa turma, duas alunas passaram, uma delas cotista.
“Cotistas ou não cotistas, todos têm uma tendência de procurar especialidades que compensem mais financeiramente”, diz o cardiologista Plínio José da Rocha, diretor da faculdade de Medicina. “A gente escolhe a especialidade pelo que gosta de fazer. Não é só uma questão financeira”, rebate o paulistano Thiago Peixoto, de 28 anos, cotista e residente de clínica médica na Uerj. Prova disso é que pediatria, que anda em queda entre os jovens médicos, é a especialidade com o maior número de residentes da turma – são 11, sendo 6 cotistas.
A presença dos cotistas na universidade provocou debates acalorados entre os professores, mas o diretor afirma que o curso continua o mesmo. “No início houve receio, mas cobramos igual de todos.” Difícil é avaliar se o nível das aulas foi alterado. “Eu não vejo diferença. Mas há todo tipo de opinião entre os professores”, diz Rocha.
Não há como negar que a mudança no tipo de aluno mexeu com os professores. Antes de 2002, quando começou a política de cotas, passavam para a Medicina da Uerj apenas a nata da elite que frequenta os melhores colégios. Agora, 45% dos alunos são da rede pública de ensino. A diferença na relação candidato/vaga é cruel.
Entre os cotistas, é de 5,33. Entre os não cotistas, de 55,80. A discrepância influencia na nota mínima para entrar na universidade. Um cotista garante a vaga se fizer 41,50 pontos. O não cotista tem de chegar a 75,75.
A discussão sobre a queda na qualidade do ensino com a entrada de alunos que não acertam nem 50% das questões do vestibular chegou ao Conselho Universitário da Uerj. A questão é emblemática. “Somos uma grande universidade porque recebemos os melhores alunos ou uma grande universidade é aquela que pega qualquer tipo de aluno e o transforma num bom médico?”, diz Rocha.
Desempenho. Ainda este ano, a Uerj terá uma pista mais conclusiva sobre a questão. A turma de 2010 fez o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em novembro. É a primeira com cotistas que passa pela prova do Ministério da Educação (MEC) que avalia os cursos de nível superior. No último, em 2007, a Uerj foi a única do Rio a tirar 5, a nota máxima. A prestigiada UFRJ ficou com 4. Seja qual for o resultado, a Uerj mantém sua filosofia. “O espírito desta escola é a formação de bons médicos. Porque até nós temos medo de quem vai nos atender num hospital”, diz o diretor.
Comentários
Zero
Ressalte-se que na Faculdade de Direito isso ocorre há 4 anos. E mais: na turma que estudei, e fui costista, dos 60 formandos, 25 eram cotistas, negros e de escola pública. Desse total, 20 passaram de prima na OAB. Dos outros, apenas metade. Isso sem contar a evasão.
Conceição Lemes
Parabéns. Vc é de onde? abs
Rogério BEzerra
O que enlouquece a oposição é ver seus filhinhos "nada fazerem".
Para quem estudou em escolas "maravilhosas" tipo americanas smepre pergunto: Onde estão os prêmos internacionais dos filhinhos da "elite" brasileira?
Eles gostam é mesmo é de passear na Disney e estamos conversados!
Enquanto isso os brasileiros cotistas ou não fazem e acontecem… Vamos lá ninguenzada!
Depaula
terça-feira, 6 de maio de 2008
O RACISMO É UMA ABOMINÁVEL FÉ BANDIDA
Fátima de Oliveira
"(…)alguns professores-doutores (em 2007, foi James Watson) abrem mão de saberes científicos consolidados em nome de uma fé: racismo".
Nos meios acadêmicos, o racismo opera de múltiplas formas que, paradoxalmente, explicitam apenas uma coisa: a renitente resistência ao saber científico. Diante do que, é preciso ressaltar por que alguns professores-doutores (em 2007, foi James Watson) abrem mão de saberes científicos consolidados em nome de uma fé: o racismo. Jamais foi descoberto algo na biologia que corrobore a fé racista.
Comprovo com ciência de última geração: no âmbito do DNA, é impossível dizer se uma pessoa é preta, amarela ou branca, pois o gene carrega possibilidades de caracteres e não os caracteres!
……. http://muitasbocasnotrombone.blogspot.com/2008/05…
Depaula
A PEDAGOGIA DAS COTAS ÉTNICAS
Fátima Oliveira, em O Tempo, Belo Horizonte, MG, 14 de maio de 2003
"Negro quando não suja na entrada suja na saída"/É um preto de alma branca", e outras expressões racistas revelam que as bases doutrinárias do racismo se vinculam a uma suposta condição biológica inferior de alguns grupos humanos. No senso comum, brancos trazem a competência inscrita no DNA! Negros, a todo segundo, precisam provar. Negro "que é gente que faz" não é competente, mas autoritário, "trator", "rainha de ébano". Benedita da Silva quando vice-governadora foi chamada de "rainha de Sabá" por Brizola. Crianças mendigas, negras ou brancas, se estou de carro, perguntam o que faço. Digo que sou médica. Elas riem. Simplesmente não acreditam! Várias vezes, depois de examinar, prescrever e explicar a receita (sempre explico-a), a pessoa acompanhante indaga: "a que horas o doutor vai atender?" Sexismo e racismo no mesmo bolo.
(…)
AMARILDO
Quero ver quem tem coragem de ser operado por um cardiologista "cotista"!!!!
Quem,Quem???
Sem essa de demagogia,quero ver é lá,ná vespera da cirurgia.
Depaula
Amarildo, como disse Fátima Oliveira: O RACISMO É UMA FÉ BANDIDA!
Alberto
Os racistas de quatro costados, perderam os costados e o rebolado também. As cotas mudaram a cara da universidade brasileira. Agora elas tem a cara do povo brasileiro. E ponto final. Podem berrar. Não estou comprando cabritos agora.
augusto
leponina, voce está convidada para aparecer ali na Uni-Palmares em sampa.
faça uma palestra aos alunos.
A colocaçao de Lula é em primeiro lugar em uma chusma de universidades europeias.
Faça voce uma pergunta ai, de Bologna a Paris, de Moscou a Cambridge se querem Lula para paraninfo,
ou aula magna.
Mas as coelhinhas orelhudas tem uma opção: chamar serragio ou ACM neto para as escola dos teus filhos. Sao opçoes validas. Quais sao as notas que voce dá ao ensino medio estadual tucano mesmo.
Eu conheco rapazes , alunos vindos de Rondonia, transferidos para uma estadual SP, segundo e terceiro anos. Reclamavam que alem de moleza, o nivel de SP era de esculhambaçao.
Regina Braga
Foram até melhores…Estão mais motivados e o desempenho foi acima da média…Qualquer informação contrária é preconceito.
donThomaz
E fica a pergunta, você toparia uma operação séria, coisa de abrir peito, abdomem, num filho sabendo que o médido é um cotista? E recorreria a um cotista para obter diagnóstico em suspeita de moléstia grave?
GilTeixeira
De acordo com os resultados do que está acima eu te pergunto: qual a diferença a não ser o seu preconceito?
Marcio
ué, ele não foi aprovado no mesmo curso que o filhinho do papai??
Marcio Leandro
Claro que sim!!! Isso é mais que óbvio e acho incrível alguém vir e fazer esse tipo de pergunta. Parece que não leu o texto.
Carmem Leporace
BRASIL: ""último lugar do mundo em Ranking de ensino superior"""… Esse Nunca Dantes….
FGV: "Educação supeior brasileira é equivalente a de Zimbábue"""… Esse Nunca Dantes…
Depois de dois mandatos, foi isso que Lula conseguiu….
Cria USP e UNICAMP, em todos os estados que estaremos nas cabeças…
Enquanto ficar nesse rami rami mentiroso de PROUNI, enchendo as burras de Reitor dono de faculdade de 1,99 que nunca vão sair da lanterna.
GilTeixeira
Opa:
A Universidade de São Paulo (USP) caiu da 53ª para 122ª posição no ranking mundial Webometrics Ranking of World Universities, que considera os conteúdos disponibilizados na internet, especialmente aqueles relacionados a processos de geração e comunicação acadêmica de conhecimento científico.
Devido à queda no ranking de 500 instituições, a USP perdeu a primeira colocação entre as universidades da América Latina para a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que ficou com a 70ª colocação.
Segundo o ranking, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), segunda universidade brasileira melhor colocada, passou da 143ª posição para a 239ª posição e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), terceira brasileira melhor colocada, passou da 222ª para a 377ª colocação.
Carmem Leporace
E qual será a colocação das faculdades de 1,99 do PROUNI da vida do Nunca Dantes???
Já que tu é tão bom de estatística,,, checa pra gente e me diz qual a colocação das PROUNI de 1,99 de Lula……. vai lá volta e me diz..
Beto_W
Gil, nesse ponto devo discordar, pois o Webometrics analisa apenas a presença online da universidade, e não é uma boa métrica de qualidade de ensino. E, que eu saiba, ele não considera "especialmente aqueles [conteúdos disponibilizados na internet] relacionados a processos de geração e comunicação acadêmica de conhecimento científico", mas sim a quantidade de páginas da universidade e de links que as referenciam, sendo facilmente manipulado por técnicas de SEO.
Dito isto, não estou defendendo que USP e UNICAMP não estejam em decadência (aliás, já estão em processo de sucateamento há décadas). As duas já não são os centros de excelência acadêmica de outrora, mas ainda têm sua relevância no cenário acadêmico.
alexandre
Acho que a senhorita está mal informada, pois pelo menos a USP que sempre detiveram fartas verbas já nao está com essa bola toda. Afinal com o psdbestas o bom mesmo é cobrar caros pedágios. O resto é pura mídia pra continuar enganando os abestados de SP.
augusto
É isso, alberto.
Era a meritocracia do privilégio.
Essa bastilha besta da elite soi-disant superior, o presidente Lula arrebentou. Com a ajuda da reitoria e diretores de faculdades como a Uerj. Agora falta a bastilha tucana da Usp que ja está indo ladeira abaixo ha tempos.
Beto_W
Qualquer um que fez faculdade sabe que entrar não é tão difícil quanto sair formado. Se um formando entrou como cotista ou não, não faz diferença. O mérito de ter concluído o curso é todo seu, e de seu esforço e dedicação. Se ele vai ser um bom profissional, só depende dele mesmo – independente se lá atrás ele entrou como cotista ou não. Acho que o sistema de cotas ajuda a curto prazo.
No entanto, o sistema de cotas, a meu ver, compensa uma defasagem do sistema público de ensino básico, se comparado ao ensino de escolas particulares. E esse é um problema de solução demorada e complexa, mas deve ser prioridade se queremos que o país cresça. Mas se isso não se resolver, o sistema de cotas vai permanecer aí, como um paliativo que virou permanente. Acho que o ideal é, daqui a 20 anos, não precisarmos mais das cotas, por lograrmos um ensino público de qualidade.
Mas acho que estou sonhando alto, pois à elite não interessa que o povão seja instruído e seja dono de seu futuro, e que dispute vagas com seus filhos no mercado de trabalho em condições de igualdade…
alexandre clistenes
Agora é fato!
Finalmente começam a aparecer os resultados práticos do sistema de cota.
A primeira turma de cotistas de medicina da UERJ está formada e os resultados confirmam que não há diferenças entre cotistas e não cotistas em todos os aspectos analisados. E olha que a pesquisa foi feita pelo Estadão, ou seja, mais reacionário impossível.
Então só restou aqueles que são contra, apelar para o argumento frágil da meritocracia que basicamente continuaria reservando vagas para a elite branca brasileira.
O resto é xurumela!!!
GilTeixeira
Pois é, Alberto. eu não comentei por ter a certeza que o descrito seria o resultado, mas voltei aqui desde a publicação esperando a Leporace ou o Klaus falarem alguma coisa, mas parece que os argumentos falaciosos deles não cabem mais por essa seara!
Flavio
Apenas quem passa pelo "gargalo" do vestibular de medicina conhece bem todas as dificuldades do momento, mas uma vez aprovado tudo é zerado, não tem como saber se uma pessoa vai ser um bom profissional apenas por ser aprovado no vestibular, sua adesão ao curso é que vai definir seu futuro. Existem várias maneiras de avaliar um médico ao sair da universidade, mas a mais válida é sua maturidade e capacidade de reconhecer suas limitações, todos as temos e se o novo profissional médico conhecer as suas, então seu curso foi bem feito, não importando assim qual o sistema que foi adotado para a sua entrada na faculdade de medicina, a boa medicina é praticada por quem conhece suas limitações….
Alberto
Será medo de comentar e meter o pé no jacá, Ops… na senzala?
São 1:30 da manhã do dia dez de maio… E uam amtéria postada no Azenha às 9 de maio de 2011 às 21:27, nenhum pio?
Cadê os contra as cotas? As cotas mandaram a tal de meritocracia do vestibular pras cucuias. Não diziam que a QUALIDADE acabaria?
É pra garagalhar depudoradamente
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