Bohn Gass, sobre os 100 anos de Dom Paulo Arns e Paulo Freire: Se estivessem vivos, estariam ao nosso lado dizendo ‘impeachment já!’

Tempo de leitura: 3 min
Foto: Instituto Paulo Freire

DOIS PAULOS, DOIS GIGANTES

D. Paulo Arns e Paulo Freire, os 100 anos de dois gigantes

Por Elvino Bohn Gass*, exclusivo para o Viomundo

Este setembro tornou-se um mês especial, com a celebração do centenário de dois brasileiros ilustres, referências mundiais na defesa dos direitos humanos e da democracia: dom Paulo Evaristo Arns, cardeal e arcebispo emérito de São Paulo, e Paulo Freire, educador e patrono da Educação no Brasil.

A trajetória de ambos tem a marca indelével das lutas por um outro mundo possível, livre de toda forma de opressão.

Um no exílio, outro aqui, eles atuaram contra o arbítrio e a ignorância, condições seculares que as classes abastadas utilizam para aumentar suas riquezas enquanto se expande a miséria.

Dom Paulo (14/09/1921 – 14/12/2016), como arcebispo católico no estado mais poderoso do Brasil, é chamado de “Cardeal da Resistência”.

Fez do poder de sua representação instrumento para denunciar os crimes e resistir aos desmandos da ditadura militar.

Freire (19/09/1921 – 2/05/1997) foi perseguido e exilado pelos golpistas de 1964, virou referência mundial em alfabetização.

Seu centenário, no governo neofascista de Bolsonaro, não mereceu uma homenagem oficial sequer; mas o seu trabalho continua muito bem, obrigado.

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Há um boom de venda de livros dele e sobre sua vida. Freire optou por estar com os “esfarrapados do mundo” e contribuiu, com seu método revolucionário, para alfabetizar milhões de pessoas em diversos países.

Em 1975, quando o jornalista Vladimir Herzog foi torturado até a morte, os militares disseram que ele havia se suicidado, dom Paulo foi quem primeiro desmentiu a versão oficial.

E poucos dias depois, naquele perigoso ano, comandou um culto ecumênico na Praça da Sé, em São Paulo. Reuniu oito mil pessoas, o maior ato de resistência desde 1968.

Naquele culto, dom Paulo disse: “Não matarás. Quem matar, se entrega a si próprio nas mãos do Senhor da História e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus!”

Dele, o padre Júlio Lancelotti conta uma história lapidar: em 30 de outubro de 1979, o cardeal foi até o Instituto Médico Legal de São Paulo. Sabia que lá estava o corpo do metalúrgico Santo Dias da Silva, preso porque fazia greve.

“Dom Paulo saiu de casa com todos os trajes episcopais e chegou dizendo: ‘Abram a porta. É o arcebispo de São Paulo’. Foi aonde estava o corpo e pôs o dedo na bala, indicando o ferimento feito por um policial”.

Foi dom Paulo quem vendeu o palácio episcopal no centro de São Paulo, onde moravam os bispos, para comprar terrenos e fazer igrejas na periferia. E teve forte atuação na criação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), sempre ao lado dos trabalhadores e das comunidades das periferias.

Paulo Freire, eleito pelo bolsonarismo como uma espécie de inimigo público número 1 do sistema, está mais vivo do que nunca. É reconhecido como um dos maiores educadores de todos os tempos e eclodem homenagens a ele, promovidas por diferentes instituições, aqui e mundo afora.

Nas palavras de Nita Freire, viúva do educador, “Paulo foi um homem absolutamente extraordinário, que viveu a sua vida em função de humanizar as pessoas, lutando contra a miséria e o analfabetismo, a favor dos vilipendiados pela elite brasileira.”

Num país em que as elites cultivam a ignorância e a truculência como método de dominação, Paulo Freire foi na contramão.

Com seu sistema revolucionário, provou que o analfabetismo – e a ignorância inerente a esse mal – pode ser erradicado. Em 1963, no município de Angicos (RN), alfabetizou 380 trabalhadores em 40 dias através do método criado por ele.

Neste momento em que o Brasil está à deriva, com um governo direitista e ultraliberal, que prefere os bancos às escolas e financia latifúndios em vez de habitação para o povo, é oportuno lembrar das palavras desses dois gigantes:

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”. (Freire)

“No Brasil, é necessário lutar todos os dias pelos direitos de todos e pelo fim da exclusão social” (dom Paulo).

Que os ensinamentos dos dois Paulos nos guiem para a construção de um Brasil mais justo, igualitário, tolerante, com respeito ao meio ambiente, à soberania nacional e aos direitos sociais e trabalhistas do povo.

Não tenho dúvida de que, se estivessem vivos hoje, estariam ao nosso lado dizendo: Impeachment já!

*Elvino Bohn Gass é deputado federal (PT-RS) e líder do partido na Câmara dos Deputados

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Comentários

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Zé Maria

Viva Paulo Freire! 100 anos desse mestre.
“Recuso qualquer posição fatalista
diante da história e diante dos fatos.
Não aceito expressões como:
-‘É uma pena que haja tantos
brasileiros morrendo de fome’.
Toda realidade está aí submetida
à possibilidade de nossa intervenção
nela.”
https://twitter.com/PetraCostal/status/1439654463975956485

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1439601483171966983

“Mais atual do que nunca!
Assista esta aula do patrono da educação brasileira, Paulo Freire e @LulaOficial em 1989.
Todos os dias precisamos relembrar os ensinamentos deste gênio, um dos maiores humanistas de todos os tempos.
#PauloFreire100anos
https://twitter.com/gleisi/status/1439601483171966983

Zé Maria

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A Tentativa de Alfabetização no País pelo Método Paulo Freire ocorreu antes,
no Governo do Presidente Jango que foi derrubado pelos Militares em 1964.

O Sistema de Ensino Brasileiro atual é decorrente do que foi Implementado
no Brasil pela Ditadura Militar, principalmente a partir de 1967.

https://www.scielo.br/j/ccedes/a/Kj7QjG4BcwRBsLvF4Yh9mHw/?format=pdf
https://educacaointegral.org.br/reportagens/educacao-mais-uma-vitima-regime-militar-brasil/
https://educacaointegral.org.br/reportagens/ditadura-legou-educacao-precarizada-privatizada-anti-democratica/
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.
Paulo Freire passou a década de 50 envolvido nesse ambiente educativo, exercendo o magistério na Escola de Serviço Social de Pernambuco e na Escola de Belas Artes, da Universidade do Recife.
Começou a experimentar uma nova proposta de alfabetização no final dos anos 50, até que, em 1962, no município de Angicos, no Rio Grande do Norte, Paulo Freire teve a grande experiência de seu novo método de ensino, que priorizava a realidade dos alunos.

Em 1963, quando quase 40% da população brasileira não sabiam ler, Paulo Freire assumiu o Plano Nacional de Alfabetização no governo João Goulart.
A idéia era criar 20 mil círculos de leitura, capazes de alfabetizar 2 milhões de adultos.

Nessa época, ainda na democracia, foi chamado de subversivo pelo então ministro da Guerra de Jango, General Castelo Branco.
Uma mostra do que viria quando a ditadura fosse imposta, no ano seguinte.
Apenas 14 dias após o golpe de 64, o projeto de alfabetização de Paulo Freire foi extinto.
O educador chegou a enfrentar 75 dias de detenção, em uma das duas vezes que foi preso.
É o próprio Paulo Freire quem contou, nesta entrevista, sua experiência com a ditadura.

“Eu me lembro, por exemplo, quando eu fui preso pela primeira vez e que tive que atravessar uma rua. Eu estava parado em frente ao quartel onde eu tinha que ser metido. E estava havendo tráfego para cá e para lá.
E eu fiquei parado com o sargento e um soldado, cada um com uma metralhadora em cima de mim.
Inclusive eu ficava espantadíssimo, eu dizia: ‘esse pessoal deve saber de coisas sobre mim que eu não sei, eles devem ter informações de que eu sou um líder extraordinário, que eu devia ter feito a revolução anteontem’.
Como é que um cara como eu, um professor humilde, simples, precisava de um aparato como aquele em cima de mim, era fuzil muito para um cara só.
Então eu me lembro que parado, cercado de balas para todos os lados, eu era a ilha das balas, você já imaginou, que coisa profundamente ridícula.”

https://www.camara.leg.br/radio/programas/285321-especial-paulo-freire-1-o-intelectual-amoroso-0730/

Henrique Martins

Complementando o comentário anterior:
Estive observando o mapa do nordeste e estendo a minha sugestão a todos os governadores do nordeste e não só o da Bahia.

Henrique Martins

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/janaina-paschoal-defende-mentira-de-queiroga-contra-imunizacao-de-adolescentes/

Isso não me surpreende. Essa aí nunca deixou de ser bolsonarista. A mim ela não engana. GOLPISTA!.

Henrique Martins

https://www.brasil247.com/midia/ombudsman-da-folha-defende-que-jornal-nao-investigue-nada-sobre-a-fakeada-de-juiz-de-fora

È ………….
Mais vai ficar muito ruim para essa gente quando a verdade vier à tona. Se não querem investigar deviam ao menos terem ficado calados.

Henrique Martins

URGENTE AO GOVERNO BAHIA

A Ilha de La palma foi atingida por erupções vulcânicas hoje. Se os abalos sísmicos continuarem na região há sérios riscos do Nordeste ser atingido por um eventual tsunami, especialmente o litoral da Bahia.
Não que seja uma previsão, mais trata-se de um raciocínio lógico.
Portanto, é melhor vocês bolarem um plano de contingência para colocar em prática, isto é, caso seja necessário e vigiar as erupções vulcânicas na ilha muito de perto. Neste sentido, sugiro que vocês contratem especialistas na área de vulcanologia urgentemente.
Melhor prevenir do que remediar.
Vocês já sabem o que esperar do governo federal em razão do governo ser de esquerda.
Então, não se descuidem.

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