Balanço anual do macro: Estamos indo de mal a pior
por Leonardo Boff, em seu blog
Até agora não se tomaram as medidas necessárias para mudar o curso das coisas. A economia especulativa continua a florescer, os mercados cada vez mais competitivos –o que equivale dizer – cada vez menos regulados e o alarme ecológico corporificado no aquecimento global posto praticamente de lado. Em Doha só faltou dar a extrema-unção ao Tratado de Kyoto. E por ironia se diz na primeira página do documento final que nada resolveu, pois protelou tudo para 2015:”a mudança climática representa uma ameaça urgente e potencialmente irreversível para as sociedades humanas e para o planeta e esse problema precisa ser urgentemente enfrentado por todos os países”. E não está sendo enfrentado. Como nos tempos de Noé, continuamos a comer, a beber e a arrumar as mesas do Titanic afundando, ouvindo ainda música. A Casa está pegando fogo e mentimos aos outros que não é verdade.
Vejo duas razões para esta conclusão realista que parece pessimista. Diria com José Saramago: ”não sou pessimista; a realidade é que é péssima; eu sou é realista”. A primeira razão tem a ver com a premissa falsa que sustenta e alimenta a crise: o objetivo é o crescimento material ilimitado (aumento do PIB), realizado na base de energia fóssil e com o fluxo totalmente liberado dos capitais, especialmente especulativos.
Essa premissa está presente em todos os planejamentos dos países, inclusive no brasileiro. A falsidade desta premissa reside na desconsideração completa dos limites do sistema-Terra. Um planeta limitado não aquenta um projeto ilimitado. Ele não possui sustentabilidade. Aliás, evita-se a palavra sustentabilidade que vem das ciências da vida; ela é não-linear, se organiza em redes de interdependências de todos com todos que mantem funcionando todos os fatores que garantem a perpetuação da vida e de nossa civilização. Prefere-se falar em desenvolvimento sustentável, sem se dar conta de que se trata de um conceito contraditório porque é linear, sempre crescente, supondo a dominação da natureza e a quebra do equilíbrio ecossistêmico. Nunca se chega a nenhum acordo sobre o clima porque os poderosos conglomerados do petróleo influenciam politicamente os governos e boicotam qualquer medida que lhes diminua os lucros e não apoiam por isso as energias alternativas. Só buscam o crescimento anual do PIB.
Este modelo está sendo refutado pelos fatos: não funciona mais nem nos países centrais, como o mostra a crise atual nem nos periféricos. Ou se busca um outro tipo de crescimento que é essencial para o sistema-vida, mas que por nós deve ser feito respeitando a capacidade da Terra e os ritmos da natureza, ou então encontraremos o inominável.
A segunda razão é mais de ordem filosófica e pela qual me tenho batido há mais de trinta anos. Ela implica consequências paradigmáticas: o resgate da inteligência cordial ou emocional para equilibrar o poderio destruidor da razão instrumental, sequestrada já a séculos pelo processo produtivo acumulador. Com nos diz o filósofo francês Patrick Viveret “a razão instrumental sem a inteligência emocional pode perfeitamente nos levar a pior das barbáries”(Por uma sobriedade feliz, Quarteto 2012, 41); haja vista o redesenho da humanidade, projetado por Himmler e que culminou com a shoah, a liquidação dos ciganos e dos deficientes.
Se não incorporarmos a inteligência emocional à razão instrumental-analítica, nunca vamos sentir os gritos da Mãe Terra, a dor das florestas abatidas e a devastação atual da biodiversidade, na ordem de quase cem mil espécies por ano (E.Wilson). Junto com a sustentabilidade deve vir o cuidado, o respeito e o amor por tudo o que existe e vive. Sem essa revolução da mente e do coração iremos, sim, de mal a pior.
Veja meu livro: Proteger a Terra-cuidar da vida: como evitar do fim do mundo, Record 2010.
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Balanço anual no micro: brotos no deserto
por Leonardo Boff, em seu blog
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Desde Santo Agostinho (em cada homem há simultaneamente um Adão e um Cristo), passando por por Abelardo (sic et non), por Hegel e Marx e chegando a Leandro Konder sabemos que a realidade é dialética.
Vale dizer, ela é contraditória porque os opostos não se anulam mas se tencionam e convivem permanentemente gerando dinamismo na história. Isso não é um defeito de construção mas a marca registrada do real.
Ninguém melhor o expressou que o pobrezinho de Assis ao rezar: onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver trevas que eu leve a luz, onde houver erros que eu leve a verdade… Não se trata de negar ou anular um dos polos, mas de optar por um, o luminoso e reforçá-lo a ponto de impedir que o outro negativo não seja tão destrutivo.
A que vem esta reflexão? Ela quer dizer que o mal nunca é tão mau que impeça a presença do bem; e que o bem nunca é tão bom que tolha a força do mal. Devemos aprender a negociar com estas contradições. Num artigo anterior tentei um balanço do macro, negativo; assim como estamos, vamos de mal a pior.
Mas dialeticamente há o lado positivo que importa realçar. Um balanço do micro nos revela que estamos assistindo, esperançosos, ao brotar de flores no deserto. E isso está ocorrendo por todas as partes do planeta. Basta frequentar os Fórums Sociais Mundiais e as bases populares de muitas partes para notar que vida nova está explodindo no meio das vítimas do sistema e mesmo em empresas e em dirigentes que estão abandonando o velho paradigma e se põem a construir uma Arca de Noé salvadora.
Anotamos alguns pontos de mutação que poderão salvaguardar a vitalidade da Terra e garantir nossa civilização.
O primeiro é a superação da ditadura da razão instrumental analítica, principal responsável pela devastação da natureza, mediante a incorporação da inteligência emocional ou cordial que nos leva a envolvermo-nos com o destino da vida e da Terra, cuidando, amando e buscando o bem-viver.
O segundo é o fortalecimento mundial da economia solidária, da agroecologia, da agricultura orgânica, da bioeconomia e do ecodesenvolvimento, alternativas ao crescimento material via PIB.
O terceiro é o ecosocialismo democrático que propõe uma forma nova de produção com a natureza e não contra ela e uma necessária governança global.
O quarto é o bioregionalismo que se apresenta como alternativa à globalizaçãohomogeneizadora, valorizando os bens e serviços de cada região com sua população e cultura.
O quinto é o bem viver dos povos originários andinos que supõe a construção do equilíbrio entre seres humanos e com a natureza à base de uma democracia comunitária e no respeito aos direitos da natureza e da Mãe Terra ou o Indice de Felidadade Bruta do governo do Butão.
O sexto é a sobriedade condividida ou a simplicidade voluntária que reforçam a soberania alimentar de todos, a justa medida e a autocontenção do desejo obsessivo de consumir.
O sétimo é o visível protagonismo das mulheres e dos povos originários que apresentam um nova benevolência para com a natureza e formas mais solidárias de produção e de consumo.
O oitavo é a lenta mas crescente acolhida das categorias do cuidado como pré-condição para realizar uma real sustentabilidade. Esta está sendo descolada da categoria desenvolvimento e vista como a lógica da rede da vida que garante as interdependências de todos com todos assegurando a vida na Terra.
O nono é penetração da ética da responsabilidade universal, pois todos somos responsáveis pelo destino comum nosso e o da Mãe Terra.
O décimo é o resgate da dimensão espiritual, para além das religiões, que consente nos sentir parte do Todo, perceber a Energia universal que tudo penetra e sustenta e nos faz os cuidadores e guardiães da herança sagrada recebida do universo e de Deus.
Todas estas iniciativas são mais que sementes. Já são brotos que mostram a possível florada de uma Terra nova com uma Humanidade que está aprendendo a se responsabilizar, a cuidar e a amar, o que afiança a sustentabilidade deste nosso pequeno Planeta.
Veja o meu livro L. Boff e M.Hathaway O Tao da Libertação: explorando a ecologia da transformação (Vozes 2012)
Comentários
marcio gaúcho
Os governantes e as elites do planeta estão esperando que a catástrofe aconteça, para que bilhões de pessoas morram e diminuam as demandas sociais. E a culpa será da Mãe-Terra. É conveniente que isso aconteça para impor uma nova ordem política de dominação, através da ditadura, do medo, da ameaça e do pavor.
É isso o que nos guarda o futuro.
Lafaiete de Souza Spínola
Leonardo Boff: Peço seu engajamento em torno de uma mobilização nacional pela EDUCAÇÃO.
UM PROJETO PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL.
São inaceitáveis as seguintes afirmações:
1.É uma sobrecarga o grande número de matérias obrigatórias no currículo escolar.
2.O Brasil vai quebrar, caso haja um grande aumento do investimento público na educação.
Na INFOERA; com o avanço exponencial dos componentes integrados, em consequência da miniaturização, já alcançando o nível atômico, ao lado do vasto uso da nanotecnologia, do vertiginoso desenvolvimento do software e das comunicações; passa a ser mais importante, cada vez mais, o ser humano pensante, com um amplo conhecimento geral que permita o seu desenvolvimento, quando estiver fora da tradicional cadeira escolar. O trabalho rotineiro será, então, executado pelas máquinas e robôs, como está acontecendo, até no Brasil. O mundo da WEB tende a ser incomensurável. Precisamos preparar nossas crianças para esse mundo que se avizinha a uma velocidade alucinante, com mais e mais competição, em qualquer tipo de sociedade que se apresente. No futuro que se avizinha as pessoas passarão a ter suas atividades em casa ou viajando. Quem não estiver preparado, sofrerá as consequências do ócio.
A verdade mostra que a nossa educação é, faz décadas, pífia! O Brasil necessita de uma escola pública, em tempo integral, de qualidade que permita fornecer o básico às nossas crianças, para que elas se encaixem nesse mundo que se descortina.
Observem que poucas foram as escolas a obter um nível de avaliação razoável no IDEB. Quase todas, inclusive, orientadas para o atendimento de áreas específicas, de muito difícil acesso, praticamente impossível, à maioria dos nossos jovens.
Outra observação é que os piores índices, em geral, foram verificados nas regiões onde predominam altos níveis de violência. Quanto maior índice de violência, tanto menor o IDEB!
Guardo cerca de 1000 testes aplicados, nos últimos 10 anos (redação de pelo menos 15 linhas, matemática e conhecimentos gerais), em jovens entre 18 a 25 anos, todos com secundário completo, muitos já frequentando faculdades particulares. É uma calamidade!
O caminho para resolver os problemas estruturais e amenizar as injustiças sociais do Brasil está, basicamente, atrelado à EDUCAÇÃO. Precisamos, com urgência, investir, pelo menos 15% do PIB no orçamento da educação. Deve ser disponibilizada escola com tempo integral às nossas crianças, oferecendo, com qualidade: o café da manhã, o almoço, a janta, esporte e transporte, nas cidades e no campo. Como é uma medida prioritária, inicialmente, faz-se necessária uma mobilização nacional. Podemos, por certo tempo, solicitar o engajamento laico das Igrejas, associações, sindicatos e das nossas Forças Armadas (guerra contra o analfabetismo e o atraso) para essa grande empreitada inicial.
Outros investimentos de grande porte, concomitantemente, devem ser realizados, ajudando, inclusive, a movimentar a economia de todo país: a construção civil seria acionada para a construção de escolas de alta qualidade, com quadras esportivas, espaços culturais, áreas de refeição e cozinhas bem equipadas etc. Tudo isso exigindo qualidade, porém sem luxo. Durante o período de mobilização, concomitantemente, o governo deve investir na preparação de professores para atender à grande demanda. Como esse projeto é de prioridade nacional, os recursos deverão vir, entre outros: de uma nova redistribuição da nossa arrecadação; de uma renegociação da dívida pública, com a inclusão do bolsa família etc. Não temos tempo para ficar aguardando a época do pré-sal.
Observações e consequências previsíveis:
1. O tráfico perderá sua grande fonte de recrutamento, pois todas as crianças estarão, obrigatoriamente, em tempo integral, das 07 às 19 horas, na escola. A segurança pública ficará agradecida. Serão desnecessários tantos investimentos em presídios e no efetivo policial. É uma fonte de recursos que migrará para a educação. Mais educação, como proposta, significa menos delinquência, menos tráfico de drogas, menos usuários, mais saúde.
2. Para aqueles adolescentes que já participam de contravenções graves, podem ser planejadas escolas albergues, dando mais ênfase ao esporte e à cultura.
3. A saúde pública será, também, uma grande beneficiária, pois teremos crianças bem alimentadas, sinônimo de saúde para elas e seus pais. Toda escola deverá ter um posto de saúde. Os pais despreocupados terão mais tempo para seus afazeres, menos despesas com alimentação, uma saúde melhor, necessitando de menos atendimento médico. Haverá menos gasto público com acidentes e com viciados em entorpecentes. É mais dinheiro que poderá migrar para a educação.
4. O setor financeiro deve entender que isso levará o país, em médio prazo, a outro nível de bem estar. Será bom para todas as atividades que desejam uma nação economicamente forte. Os bancos irão ter menos gastos com a segurança, pois, esses assaltos a caixas eletrônicos tenderão a desaparecer. Com a educação em constante avanço, poderão aperfeiçoar a automação do setor.
5. Considero que esse projeto, para ter êxito, necessitará de uma coordenação centralizada, inclusive para evitar os privilégios nas diversas de regiões do Brasil. A educação deve ter o mesmo nível em todo país. Ficará, então, sob a responsabilidade do Ministério da Educação.
6. Os recursos, atualmente, aplicados pelos estados e municípios, deverão ser alocados nesse projeto. Tudo passa para o controle do ME. Para diminuir custos, poderá haver padronização em determinadas atividades. A edição de livros em escala, por exemplo, será necessária.
7. Deverá ser criada uma fiscalização rigorosa, prevista em lei, controlada pela sociedade; com a participação de: pais, professores e sindicatos, com poderes e recursos para denunciar erros, desvios de verba e de rumo etc.
8. Recursos adicionais: os pais pagarão 5% do salário / entradas pela mensalidade de cada filho matriculado. Isso é muito menos do que arcam, hoje, nas escolas particulares que, na sua maioria, não adotam o tempo integral. Muitas, inclusive, com qualidade duvidosa. Todas as famílias serão beneficiadas nas despesas de casa, pois: o café, o almoço, a janta e o transporte serão gratuitos.
9. O pequeno agricultor terá prioridade no fornecimento dos produtos alimentícios dessas escolas.
Surgirá, então, um mercado pujante, nesse vasto Brasil, aumentando nosso mercado interno. Tornando-se, também, numa importante política para manter o homem no campo. A formação de pequenas cooperativas agrícolas deve ser incentivada para permitir a aquisição de maquinário destinado ao cultivo da terra, armazenagem da colheita e entrega dos produtos nas escolas. Surgirá, então, um promissor mercado para os fabricantes de máquinas.
10. A EMBRAPA deverá receber recursos adicionais para dar todo apoio a essa gente do campo, aproveitando para ensinar como praticar uma agricultura sustentável e como cuidar das matas ciliares. As escolas estabelecidas no campo devem ter no currículo aulas teóricas e práticas de como recuperar as áreas degradadas. O governo, por intermédio da Embrapa, fornecerá mudas e orientação de como proceder. As escolas localizadas dentro do perímetro urbano adotariam a sistemática de, uma ou duas vezes por mês, participar, em conjunto com suas irmãs do campo, de mutirões para recuperar áreas degradadas. Isso proporcionaria uma maior integração da cidade com o campo. As crianças da cidade não ficariam tão alienadas, quanto à vida do interior.
11. O Brasil passará a ser um país admirado e respeitado. Deixará de ser o país só das “comodities”, esse anglicismo usado para substituir “produtos primários”. Mesmo no campo da agricultura, teremos uma maior diversidade e qualidade.
12. Com o advento dessa geração bem educada, passaremos a ter produtos manufaturados, desenvolvidos e produzidos, aqui, com alta tecnologia. Nossa indústria crescerá, em função do mercado interno e da exportação de produtos com melhor qualidade.
13. O futuro da energia não poderá ficar dependente da contínua destruição de grande parte da nossa AMAZÔNIA. Precisamos desenvolver tecnologias. Pequenas usinas de energia solar, eólicas e hidroelétricas devem proliferar para atender às novas exigências dessas escolas e dos pequenos agricultores. A sobra dessa energia será integrada à rede nacional, evitando os apagões. Alguns projetos de grande porte poderão, talvez, ser adiados. Com mais educação e cultura teremos melhores condições de analisar nossas prioridades e tecnologias aplicáveis. Será o fim das aventuras! Tudo será planejado!
14. A energia nuclear, ainda, é cara e perigosa. Devemos pesquisá-la. Não podemos importar tudo a preço de ouro. Temos que investir na pesquisa e desenvolvimento de outras fontes. Com esse projeto de educação haverá proliferação de centros de pesquisa.
15. Outras fontes de energia, como a eólica, a solar e a biomassa poderão aumentar a nossa independência. Sem um projeto de educação, como o proposto, não iremos alcançar os avanços dos países mais desenvolvidos.
16. Não é com a devastação da Amazônia que vamos abastecer o mundo com carne. Precisamos desenvolver tecnologia para multiplicar as cabeças de boi por metro quadrado. Um povo educado e culto saberá combinar o desenvolvimento com a preservação ambiental. Ocuparemos a Amazônia, sem devastá-la.
17. Com a devastação de nossas florestas e matas ciliares, seremos as principais vítimas. Os psicopatas, sempre olham o presente; não se importam com o futuro! Estudos bem elaborados confirmam que no meio da sociedade há cerca de 3% a 5% dessa praga. Num país com uma população de 190 milhões, temos, assim, pelo menos, 5.7 milhões praticando todo tipo de ato daninho à sociedade; inclusive contra a educação. Quanto mais permissivo o ambiente, mais esses traficantes e corruptos abastecem a lavagem de dinheiro. Com um povo educado essa gente não desaparece, porém o grau de atividade será bem menor. Eles estarão, com certeza, na linha de frente, em oposição a um plano como este!
18. Para alcançarmos tudo isso, vamos necessitar, possivelmente, de uma nova forma de fazer política: mandato único em todos os níveis, partidos sem caciques, país unitário, lei única, câmara única e, consequentemente, deputados estaduais e vereadores só para a fiscalização. Os incomodados dirão: Que blasfêmia! Quem não dá a devida atenção à educação, deseja o status quo. Surgirão com uma infinita quantidade de argumentos, aceitáveis ou lançados pelos psicopatas e por muitos que não se dão conta que estão adotando os argumentos dessa gente.
19. A nossa federação tem sido o berço esplêndido dos caciques, dos modernos coronéis, alojamento de mafiosos, fonte das guerras fiscais e muitas outras mazelas. Dentro desse quadro federativo a educação, praticamente, não terá guarida. Dentro desse quadro surgirão promessas vãs, enganosas, como prometer as famosas cotas, tirando o cobertor de pobres injustiçados para cobrir outros tão pobres. Tudo isso numa manobra, sem propor um projeto que transforme profundamente a nossa educação. Falam em educação sem investimentos pesados. Sabem mobilizar para a copa do mundo e para outros projetos onde o dinheiro jorra descontroladamente. Lutam desesperadamente pelos royalties do petróleo. Planejam implantar o Trem Bala num país que não possui uma rede ferroviária para escoar sua produção. Para a educação sobra o engodo.
20. Tudo, portanto, por uma educação de nível, para que possamos, pacificamente, revolucionar esse nosso Brasil. As áreas de tecnologia passariam a ter disponibilidade de pessoal com preparo. O individuo seria engrandecido e o país ficaria agradecido.
21. As nossas Forças Armadas, assim, repensariam seus projetos de importação, voltando sua atenção para o desenvolvimento tecnológico próprio. Não temos ameaças de vizinhos. Importar tecnologia militar de ponta é dar continuidade à nossa dependência. Um alto índice de educação será a base da nossa segurança. Daqui, sairão nossos pesquisadores, jovens que dedicarão seu tempo ao estudo, sem tempo para os desvios e vícios dessa sociedade doentia. Jovens que terão orgulho do pedaço de torrão onde nasceram e daqueles que pensaram neles. Só, assim, seremos um país forte, respeitado e admirado. Isso não é utopia? Para quem não pensa em tal futuro, sim.
22. Proponho que esse tipo de escola acolha as crianças a partir dos 04 anos de idade com o objetivo de termos um bom nivelamento. Poucos são os pais, dentro dessa vida estressante, que têm condições de educar seus filhos durante os 04 aos 07 anos. Há uma tendência de deixarem essas crianças na frente da televisão, mesmo quando sob o cuidado de algum adulto. Dentro da classe média isso acontece, também. Pense que alternativa sobra para as camadas menos favorecidas que, muitas vezes, necessitam usar os precários meios de transporte, já antes do sol nascer. Há estudos que comprovam ser essa faixa etária a mais importante como base para o aprendizado futuro.
Observemos que os pais ficariam menos estressados e teriam mais tempo para serem produtivos e desfrutarem do tempo livre para o estudo, a leitura e o lazer.
23. As atuais escolas de pequeno porte serão reformadas e usadas como creches.
24. Para os serviços gerais dessas novas escolas; como limpeza, cozinha e outros; serão contratadas pessoas que estavam usufruindo do Bolsa Família.
25. Lendo um artigo sobre a escola na China, chamou-me à atenção o fato de 02 crianças; filhas de brasileiros, que lá estão estudando; externarem o desejo de retornar à escola brasileira, alegando que a prof, no Brasil, passava uma folha para o dever de casa e que na escola chinesa ela recebia quatro folhas, com a obrigação de entregar o trabalho de casa totalmente feito. Para as crianças chinesas, aquele procedimento era normal. Elas não cresceram sentadas ou deitadas no sofá, só vendo desenhos animados e novelas. Já morei num condomínio, com 108 apartamentos, onde havia uma quadra de futsal que, praticamente, não era usada. Nos fins de semana, quando encontrava um menino solitário no playground e perguntava onde estavam os coleguinhas que não desciam para brincar um pouco; a resposta não era que estavam estudando e sim que a meninada gostava mesmo era do videogame, estavam jogando, por isso não desciam. É por isso que o entrevistador obteve aquela resposta na China.
26. Há um programa internacional de avaliação de estudantes (PISA), no qual, em teste recente, entre 65 participantes, o Brasil obteve o desagradável 54° lugar. A China, representada por Xangai, foi a primeira colocada. Existe um projeto para expandir o sistema adotado em Xangai, com cerca de 15 milhões de habitantes, para todo país. É, apenas, um exemplo, mas precisamos saber o que acontece no mundo para facilitar imitar o lado bom e evitarmos o negativo.
27. Imaginem o salto quantitativo e qualitativo que teríamos nos esportes. Em todas futuras olimpíadas estaríamos nas primeiras colocações. Em Londres, obtivemos desempenho inferior a países infinitamente menores em dimensões territoriais e populacionais.
Airton Prestes
Estou regosijante com este projeto!
Prezado Lafaiete, faça este projeto, de alguma forma chegar às mãos da Presidente Dilma, ou às mãos dos que têm acesso a ela.
Isso precisa acontecer de fato, não é utopia!
Diga-me o que preciso fazer para contribuir para que isso torne-se realidade.
Um grande abraço.
Airton Prestes.
Lafaiete de Souza Spínola
Eu me lembro que a Mata Atlântica era devastada lentamente para o cultivo agrícola e pastoril. Lentamente, pois era na base do machado. Então, surgiu a serra elétrica e a destruição deu um salto assustador.
O fator principal que impulsionou e impulsiona essa devastação, considero a ignorância. Até nos dias atuais, quem executa essa tarefa bruta, na sua maior pate, são pessoas ignorantes, com baixo grau de instrução. Tudo acontece, como sempre, na labuta pela sobrevivência.
Nesse rastro, antigamente, surgiram alguns mais espertos (psicopatas?) e na base da força, da garrucha, da espingarda e, mais tarde, do parabélum ocupavam esses roçados expulsando os mais fracos que não tinham a quem recorrer, pois quem mandava eram os coronéis.
Assim foram surgindo os grandes fazendeiros e os atuais grandes criadores de gado. Tudo vai crescendo e os nativos associam-se com as mais variadas multinacionais ou por elas são engolidos.
Assim, evoluiu: É UMA NARRATIVA, REAL.
SENHORES DO AGRONEGÓCIO, SENHORES CONGRESSISTAS, ONDE NASCI, NO INTERIOR DA BAHIA, NAQUELA ÉPOCA JÁ EXISTIA MUITO DESMATAMENTO; PORÉM AS VÁRZEAS E PEDAÇOS DA MATA ATLÂNTICA QUE PROPORCIONAVAM ALGUMAS NASCENTES ESTAVAM INTACTOS. TRINTA ANOS DEPOIS, AO RETORNAR, DEPAREI-ME COM UM QUADRO CHOCANTE, DESOLADOR. TIVE AQUELE SENTIMENTO DE ANGÚSTIA DIFÍCIL DE SER EXPLICADO: A PARTE DA MATA FOI DEVASTADA PARA A VENDA DO JACARANDÁ E OUTRAS MADEIRAS NOBRES; A VÁRZEA DESAPARECEU, JÁ NÃO SE VIA AS SARACURAS, O CANTO DAS ARAPONGAS E DOS PÁSSAROS, NAS PROXIMIDADES.
OS RIACHOS E AS NASCENTES ESTAVAM SECOS. CONTAMOS UMA DÚZIA DE BOIS, NAQUELE CAPIM RASTEIRO, ONDE PROLIFERAVAM CARRAPATOS E MOSCAS DO BERNE, POIS OS PÁSSAROS PREDADORES DESAPARECERAM. OS AGRICULTORES, BOA PARTE, ASSIM PROCEDERAM POR IGNORÂNCIA, DESTRUINDO SEU PRÓPRIO PATRIMÔNIO. PORÉM, DOS LEGISLADORES ESPERA-SE ESTAR A PAR DESSA SITUAÇÃO, CRIANDO LEIS QUE MINOREM ESSE ESTRAGO. SUGIRO QUE SE DÊ MAIS E MAIS ATENÇÃO À EMBRAPA, COM O OBJETIVO DE ASSESSORAR AOS NOSSOS PEQUENOS AGRICULTORES.
Leonardo Boff: Use seu poder de influência, para pleitear um investimento de pelo menos 15% do PIB na Educação.
Nota: Lancei o tópico UM PROJETO PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL.
Mário SF Alves
Casa é essa a palavra certa, pois é ela a que melhor expressa nossa relação com a Terra. Cuidar bem dessa relação é assumir a cidadania planetária. É ter claro o mal que a hiper concentração do poder, qualquer que seja ele, faz a todos nós. É ter claro o mal que nos fazem o capitalismo desregrado, o poder desregrado e a acumulação desregrada. E, por certo, a culpa não reside nas sacolinhas de supermercados. Ironicamente, a casa é ampla; em 50 mil quilômetros quadrados [um espaço do tamanho do Estado do Espírito Santo] cabe toda a população do planeta e ainda sobra 5 metros quadrados para cada um. Infelizmente, poucos de nós se dá conta de que somos seres vocacionados a conquistar o Cosmos. Sim, vivemos na pré-História da Humanidade.
José Eduardo
Como tenho dito há anos, enquanto não houver uma catástrofe climático-ecológica de proporções bíblicas ou hollywoodianas no(ex)primeiro-mundo tudo ficará como está. Esse (i)mundinho pequeno-burguês só se mexe quando o Titanic afunda, infelizmente!
Luiz Ernani da Silva
É verdade. Precisa acontecer uma catástrofe para que o homem corrija seu voo. Um voo desordenado, desligado da natureza, do por que – que estamos aqui. A gula do sistema capitalista está nos levando a auto destruição e cada vez a passos mais rápidos para o desastre humano. O ser humano está rapidamente perdendo a condição de anjo de barro e se tornando apenas um boneco de lama cozida pela vaidade e secada pela cobiça. Aquele sopro divino se perdeu no tempo e na hipocrisia de crenças econômicas e de uma razão instrumental analítica, fria e isenta de consideração para com o lado que poderíamos dizer vindo de uma deidade, também conhecido por emocional. A razão sem a emoção é apenas matéria putrefata a caminho de uma formula suja como a da bomba H.
Yacov
A solução para o problema ambiental é a descriminalização da Maconha e legalização do Cultivo do CÂNHAMO. A criminalização da MACONHA/CANABIS/CÂNHAMO teve origem no nascimento da indústria baseada nos combustíveis fósseis, que precisou demonizar a planta para ocupar o seu espaço, no início do séc XX. Até então toda a fibra e grande parte dos combustíveis que moviam a humanidade eram feitos a base de CÂNHAMO/MACONHA/CANNABIS. A fibra de CÂNHAMO/CANNABIS/MACONHA não precisa de agrotóxicos para ser produzida como precisa o algodão, e produz um produto muito mais resistente, macio, absorvente e biodegradável que o algodão e ao contrário das fibras sintética que demoram anos para se decompor na antureza. A planta ainda recupera o solo necessitando de pouquíssima adubação, pois suas raízes longas ao se decompor, fertilizam o solo. O DIESEL DE CÂNHAMO/CANNABIS/MACONHA é uma fonte sustentável e natural, muito melhor que a o petróleo e a própria CANA, pois produz mais em menos tempo e sua queima é homogênea não deixa cheiro. Um hectare de CÂNHAMO/MACONHA/CANNABIS produz a mesma quantidade de 4 hectares de Eucalipto, e o papel de CÂNHAMO/CANNABIS/MACONHA é de uma qualidade muito superior ao papel feito com celulose comum, não amarela com o tempo e s não precisa de tantas lavagens com produtos químicos que agridem o meio-ambiente. Sem mencionar que a semente do CÂNHAMO/CANNABIS/MACONHA tem mais proteínas que a soja e é uma fonte completa de ômega 3, ômega 6, ômega 9 e ácidos graxos essenciais. Gente… o CÂNHAMO/CANNABIS/MACONHA é tudo de bom!!! O que é que o mundo espera voltar a cultivar esta planta DIVINA??????
NO PASSARÁN!! VIVA GENOÍNO!! VIVA ZÈ DIRCEU!! VIVA A LIBERDADE, A DEMOCRACIA E A LEGALIDADE!! VIVA LULA!! VIVA DILMA!! VIVA O PT!! VIVA O BRASIL!! ABAIXO A DITADURA DO STF E MÍDIA LACAIOS & SEUS ASSECLAS!! CPI DA PRIVATARIA TUCANA, JÁ!! LEI DE MÍDIAS, JÁ!! “O BRASIL PARA TODOS não passa na gLOBo – O que passa na gloBO é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”
Luiz Ernani da Silva
Isto se o homem soubesse usar o cânhamo. Se até hoje não aprendeu a moderar os seus próprios ímpetos como poderá fazer uso sem se espatifar no vício? Todo extremo é idiota. Tudo que é demais é desconforto. Assim sendo, enquanto cânhamo é uma coisa. Já como canabis é a desculpa para deixar aflorar o lado diabólico que está escondido nas entranhas desse animal que se diz racional.
Mário SF Alves
Pois é, prezado Yacov, agronomicamente perfeita, a planta. O problema, prezado Yacov, é a matriz tecnológica do capitalismo, toda ela fóssil-dependente. Sem petróleo a coisa se desmorona. Voam pelos ares centenas de megacorporações, inclusive as dos fertilizantes químicos e as dos biocidas em geral. Talvez ficassem algumas dos transgênicos, mas, de certo, ruiriam quase todas. Com isso o capitalismo predador não se sustentaria. Esfacelar-se-ia a hegemonia, inclusive boa parte da hegemonia bélica.
Mudar a matriz tecnológica assim num repente, significaria abrir flancos à desconcentração do poder.
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Resta saber quais as contingências que levaram a ex-URSS a adotar a mesmíssima matriz tecnológica petróleo dependente. Li manuais inteiros de agroquímica fundamentados em pesquisas e experimentação científicas conduzidas sob o tacão da nomenclatura soviética. Estava tudo ali, não mudou nada. Tudo igual ao preconizado pelas multinacionais capitalistas. Não mudava nada a não ser os critérios de pesquisa e a socialização do conhecimento.
Sagarana
Só!
Zezinho
Ow, pode crê!
Helmut Stalin
E viva Mao Dzé Dong, Che; viva Pol Pot e Ahmadinejad. E, também, viva o maior de todos eles, o camarada Stalin. VIVA STALIN!
João Alexandre
“Um planeta limitado não aquenta um projeto ilimitado. Ele não possui sustentabilidade.”
Eu acrescentaria que um projeto de multiplicação ilimitada de seres humanos – hoje acima de 7 bilhões – na superfície do planeta, também não é sustentável a longo prazo.
Mário SF Alves
Pois é, caro João, no entanto…
“Ironicamente, a casa [a Terra] é ampla; em 50 mil quilômetros quadrados [um espaço do tamanho do Estado do Espírito Santo] cabe toda a população do planeta e ainda sobra 5 metros quadrados para cada um.”
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Faça as contas. É matemática elementar.
João Alexandre
Cabe mas não alimenta nem satisfaz…
Lilica
Maravilhoso texto.
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