O terceiro jogador entrou mesmo em campo?
Por Caio Yuji de Souza Tanaka*
Na penúltima quarta-feira dia (10/11) o ex-juiz Sérgio Moro participou de um ato de filiação ao Podemos e do lançamento da sua pré-candidatura ao Palácio da Alvorada.
O atual cenário de disputa está polarizado principalmente entre o ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro, que prepara sua filiação ao Partido Liberal (PL) para concorrer à reeleição.
Desde que lançou sua pré-candidatura, Moro está buscando se manter nos holofotes, participou do congresso do MBL e concedeu diversas entrevistas aos veículos de comunicação, que não estão medindo esforços para apresentá-lo como a tão esperada “terceira via” para as eleições de 2022.
No início desta semana, o grupo que articula a União Brasil, fusão entre DEM e PSL, abriu mão de uma possível candidatura do ex-ministro da saúde Mandetta e sinalizou que Sérgio Moro seria a única terceira-via viável para derrotar Lula e Bolsonaro.
Vale lembrar que a trajetória do ex-juiz ganhou relevância durante a operação Lava-Jato que, em segunda instância, levou à prisão de Lula e inviabilizou a candidatura do ex-presidente que até então liderava as pesquisas nas eleições de 2018.
Moro assumiu também o cargo de ministro da Justiça no início do governo Bolsonaro, porém logo desistiu da pasta por supostas interferências do presidente na Polícia Federal e em outras investigações de corrupção que até então a família Bolsonaro estivesse envolvida.
Fatores estes que levam Sérgio Moro a se apresentar como a terceira alternativa desse cenário de polarização, pois se coloca como oposição ao Lula por ter executado sua prisão e se diferencia de Bolsonaro por ter abandonado seu governo.
Na tarde de quarta-feira (24/11) notícias que circularam na internet com o título “Moro vence Bolsonaro no segundo turno” ou “Sem Lula e Bolsonaro, Sérgio Moro vence em todos os cenários” são exemplos da repercussão desta pré-candidatura.
Apoie o VIOMUNDO
Mas, ainda assim precipitadas, visto que nem todos os candidatos oficializaram a pré-campanha, como é o caso do governador do Estado de São Paulo João Dória, que espera o resultado das prévias do PSDB no próximo domingo (28/11).
Nos últimos tempos tem-se discutido o papel das redes e da comunicação para a política nacional, de forma que influenciar a opinião pública está diretamente relacionado aos resultados das eleições, tal qual discute Elisabeth Noelle-Neumann em sua obra “Espiral do Silêncio” com uma análise das eleições norte americanas.
Para entender o Brasil ainda será preciso acompanhar os desdobramentos e conferir se de fato Sérgio Moro tem chances de se tornar o próximo presidente da República ou se está apenas surfando nas redes sociais.
Até o dia da eleição a disputa estará em aberto e pesquisas apontam Lula e Bolsonaro como os principais protagonistas das eleições de 2022, cuja tendência é que ocorram em um cenário de extrema polarização.
*Caio Yuji de Souza Tanaka é ex-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e ex-conselheiro curador da Fundação Padre Anchieta/TV Cultura
Comentários
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!
Deixe seu comentário