Vivaldo Barbosa: Vive la France! E não avacalhem o Trabalhismo inglês

Tempo de leitura: 3 min
Ilustração: Carlos Latuff (@carloslatuff)

Não avacalhem o trabalhismo inglês

Vive la France

Por Vivaldo Barbosa*

Mundo afora houve muita alegria, até entusiasmo em algumas áreas, com a vitória do Labour Party inglês.

A derrota do conservadorismo na Inglaterra é uma coisa de grande e boa repercussão na política mundial. Enfraquece, sem dúvida, algumas ondas conservadoras e fascistas que se verificam por aí.

Até Trump vai sentir o impacto, assim como esse maluco da Argentina, o Milei.

A vitória do trabalhismo inglês impôs um fim a esta política ultraliberal de prioridade do chamado “equilíbrio fiscal”, impondo cortes em políticas sociais, arrocho nos ganhos dos mais pobres e vantagens para os mais ricos e outros absurdos.

E também significou a volta da Inglaterra à Europa, cuja saída jamais deveria ter acontecido, não fora aquela gigantesca ação das mídias sociais, envolvendo e enganando o povo inglês, dizem que comandada por Trump.

Nós, trabalhistas de verdade no Brasil, que estamos refundando o PTB-Partido Trabalhista Brasileiro, igualmente nos regozijamos com a vitória do Labour Party.

O Labour é referido aqui como Trabalhista, assim é considerado, assim é aceito.

Apoie o jornalismo independente

Embora na linguagem correta deveria ser referido como Laborista, para diferenciar-se de Trabalhista, que foi este movimento político surgido no Brasil, autenticamente brasileiro a partir da Revolução de 1930.

Aos trancos e barrancos o Trabalhismo colocou o Brasil de pé, com a Legislação Trabalhista, a Previdência Social, Códigos de Águas e Minas, domínio do minério pela Vale, da produção de aço pela CSN, Petrobras, Eletrobras, BNDES e tantas outras coisas.

Na Segunda Guerra Mundial, a coalizão dos conservadores com o Labour, em que Winston Churchill tornou-se primeiro-ministro e o grande líder trabalhista Clement Atllee, vice-primeiro-ministro, muitas coisas iguais ao que se fez Brasil foram feitas na Inglaterra.

Na sequência, poucos meses depois, Altlee derrotou Churchill, o grande ídolo e herói da Guerra, ampliando as ações, nacionalizando carvão, minério, petróleo, ferrovias, aviação, direitos trabalhistas e outras coisas.

Coisas que se implantaram na Inglaterra, resistiram a governos posteriores. Churchill reeleito, nada mudou, até começarem a ser destruídas pela ultraconservadora Margaret Thatcher.

Mas nem tudo são flores.

Keir Starmer, o novo primeiro-ministro do Reino Unido, é uma figura controversa. Como chefe do Ministério Público dos governos anteriores, teve grande influência na prisão de Julian Assange.

Feito líder do Labour Party, ele expulsou os setores mais à esquerda, inclusive o líder anterior, Jeremy Corbyn, grande figura do trabalhismo.

Corbyn apresentou excelente programa de governo, mas foi derrotado pela massiva campanha nas redes sociais dizendo dizendo que seu programa era antissemita.

Ironicamente, mesmo derrotado, teve mais votos que o atual governo, devido ao sistema distrital de eleição dos deputados. Mesmo com mínima vantagem nos distritos, alguém é eleito deputado.

No seu discurso de posse, Starmer defendeu a OTAN, esta aliança militar espúria que parece querer dominar militarmente o mundo, sob a liderança dos Estados Unidos.

Não há mais razão para aliança militar no mundo. Alianças devem ser para o combate à fome, habitação, saúde, contra a miséria. Mas, no dia seguinte, já foi desmentido pelo seu ministro do Exterior.

Corbyn, expulso do Labour, foi eleito deputado por outro partido. Assim como outros.

Serão uma pedra no sapato do Governo, mais conservador do que trabalhista.

Assim aconteceu com o Tony Blair, que traiu o trabalhismo. Até seu ministro e principal conselheiro veio aqui elogiar FHC na reeleição.

A reação de muitos deputados certamente será forte no Parlamento, assim como as movimentações sindicais. Parece que não pretendem nada mudar de verdade. O governo Starmer não terá vida fácil.

Saudamos a vitória como derrota dos conservadores, mas seremos observadores vigilantes.

Agora, vitória da esquerda na França, vitória da Front Populaire. Vitória da centro-esquerda.

Derrota acachapante da direita!

VIVE LA FRANCE!

*Vivaldo Barbosa é Presidente Nacional do PTB, em formação.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

Leia também

Luis Felipe Miguel: Macron, mais do que nunca, está aproximando a França de um governo extremista

Boca de urna indica vitória dos trabalhistas no Reino Unido

Apoie o jornalismo independente


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

A França voltou a ser uma República!

Deixe seu comentário

Leia também