Política| 14/08/2012 | Copyleft
CPMI do Cachoeira: convocação de Policarpo gera polêmica e decisão é adiada
Apesar da divulgação de fortes indícios do envolvimento do editor da Veja em Brasília, Policarpo Júnior, com o esquema de Cachoeira, convocação do jornalista ainda não tem maioria na CPMI. “Será que jornalista é protegido de depor em qualquer lugar, mesmo com suspeita de crime?”, indagou Dr. Rosinha. A decisão foi adiada por falta de maioria pró-convocação. “O PMDB ainda não apoia”, afirmou a assessoria de um parlamentar.
Vinicius Mansur, na Carta Maior
Brasília – Após a divulgação pela revista Carta Capital, no último final de semana, do estudo encomendado pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR) destrinchando as ligações do editor da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e a organização criminosa do bicheiro Carlos Cachoeira, era esperada para esta terça-feira (14) a votação da convocação do jornalista para depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o esquema. Entretanto, a decisão foi adiada por falta de maioria pró-convocação. “O PMDB ainda não apoia”, afirmou a assessoria de um parlamentar.
Para que um requerimento seja aprovado é necessária a maioria simples do plenário, o que significa o apoio de 17 dos 32 parlamentares com direito a voto em uma sessão completa da CPMI. PT, PCdoB, PSB e PTB já fecharam apoio à questão, entretanto somam 11 votos.
Apesar de não ser levada a votação, a convocação de Policarpo Júnior foi alvo de acalorado debate assim que o momento de deliberação da sessão da CPMI foi concluído. O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (PT-SP), relembrou que o jornalista utilizou o esquema de Cachoeira para obter imagens internas do hotel Naoum, para tentar levantar ligações do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) e para se infiltrar em reuniões, ultrapassando a relação jornalista-fonte.
“Tenho fé que essa CPI vai convocá-lo e que ele possa explicar qual a relação que ele tem com o crime organizado. Tivemos coragem de convocar senadores, governadores, inclusive, agora, deputados. Espero que nós não tenhamos medo de convocar um pseudo-jornalista”, disse, para em seguida defender também que outros jornalistas citados pela Polícia Federal também sejam convocados.
Dr. Rosinha destacou que a quantidade de elementos já levantados sobre Policarpo Júnior na investigação o colocam como testemunha fundamental para a CPMI, o que nada tem a ver com cercear a liberdade de imprensa. “Será que jornalista é protegido de depor em qualquer lugar, mesmo com suspeita de crime?”, indagou. O deputado ainda adiantou que novos fatos sobre o jornalista surgirão em breve e que espera aprovar sua convocação o mais rápido possível.
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O senador Fernando Collor (PTB-AL) disse-se frustrado com a não votação do requerimento “do bandido Policarpo Júnior e seus asseclas” e pediu a convocação do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho de Assis, ao revelar o que seria um fato novo: Assis seria braço direito do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e teria intermediado um encontro entre os procuradores responsáveis pela Operação Monte Carlo e jornalistas da revista Veja.
“Os inquéritos na íntegra das duas operações, Vegas e Monte Carlo, que corriam em segredo de justiça, foram entregues numa sexta-feira, 2 de março, por volta de meio dia (…). A reunião demorou cerca de duas horas em meia, realizada no antigo hotel Meliá, no restaurante”, detalhou o senador que informou já ter solicitado, com base na Lei de Acesso à Informação, a agenda do dia 2 de março de 2012 dos procuradores do Ministério Público de Goiás, Leia Batista de Oliveira e Daniel Resende Salgado.
Collor ainda disse que revelará “fatos horripilantes” quando Policarpo estiver depondo na CPMI. Para defender a revista Veja se levantaram os deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Domingos Sávio (PSDB-MG). Teixeira disse não se preocupar quando o discurso de “coação à imprensa” vem do “esgoto da República”, mas sim quando ele vem do líder do PT. “Me alarmei com as palavras do deputado Jilmar Tatto (…). É assim que começam os estados policiais (…) Vejam o que está acontecendo com o jornal Clarín na Argentina”, dramatizou.
Domingos Sávio disse que acompanhava a posição de Teixeira e que não defendia “revista A ou B, mas a liberdade de imprensa”. Em resposta a Teixeira, o deputado Emiliano José (PT-SP), afirmou que sua visão catastrofista impede a verdadeira discussão – sobre a possibilidade de um jornalista ser considerado um cidadão acima da lei – e ofusca fatos como o depoimento já dado por Policarpo Júnior a uma CPI – a da Loterj, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2005, em defesa de Cachoeira – e as investigações levadas a cabo na Inglaterra contra veículos de comunicação do magnata Rupert Murdoch. “Vão dizer que o estado inglês é policial?”, questionou.
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Comentários
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Lauro Renato
Rodrigo Leme,
fazer uma coletiva de imprensa para quem, cara-pálida? Imprensa proteje imprensa, é uma corja organizada, vide o silêncio constrangedor da mesma sobre a convocação do Policarpo.
Se combate bandido aplicando-se a Lei, e a Lei é para TODOS, sejam eles PTistas, PSDBistas, autoridades ou jornalistas.
Urbano
Sequer precisa muito esforço de pensamento, a fim de se saber do porque de tanta indiferença a tal necessidade.
Luiz Rogerio
Todos devem ter o rabo preso com o Policarpo… Estão todos se borrando nas cuecas…
Rodrigo Leme
O senador Collor (senador por cargo, não por caráter) tem tanta coisa “horripilante” pra falar sobre Policarpo e Veja? Que faça uma coletiva de imprensa então, oras, não precisa esperar nada.
Collor está usando a oporunidade que a impunidade vigente no país lhe deu de perseguir quem teve a coragem de botar seus esquemas pra todo mundo ver. E – pasme – com o PTismo e suas ferramentas apludindo de pé.
joão
vamos enviar mensagem para o site do PMDB prostestando contra desizão de não convocar o civita e o policarpo
Jorge
Um jornalista manda um reconhecido contraventor grampear um deputado federal, nada inventado, tudo bem gravado, e o senhor miro teixeira tem medo do estado policialesco solicitar explicações ao jornalista?? Mas, não é pra isso que também serve O Estado, em suas diferentes instâncias e instituições, para pedir explicações àqueles que cometem ilegalidades, como o são grampos sem autorização judicial?? Apenas numa analogia, como reagiria o senhor miro teixeira se tomasse conhecimento que um jornalista da Carta Capital, solicitou a reconhecido traficante um grampo dele, jornalista?? Falaria o deputado em ‘estado policial’?
joão
vamos encher o site do pmdb de protesto
alício
Esse miro teixeira deve ter “O rabo preso”. Precisa ser investigado pela Polícia Federal. Olho nele!!
Mardones Ferreira
Alguns brasileiros só comparam o Brasil à Europa quando lhes é conveniente.
O Miro deve ser um desses honoráveis brasileiros.
Muito bem colocado pelo deputado Emiliano José (PT-BA). A inglaterra é um estado policial?
Sim, o Emiliano é baiano e não paulista.
Luís
O ACM Neto também é baiano e não paulista.
roberto
É esse que fica andando de “velotrol” pelos corredores do Senado?
Luís
Eu achei que era tonca.
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