Vídeo: A indignação da deputada Célia Xakriabá com o que presenciou no Conselho de Ética contra seis mulheres. Assista!

Tempo de leitura: < 1 min

Da Redação, sugestão do leitor Zé Maria nos comentários

Nessa quarta-feira,14/06, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados abriu processo de cassação contra seis parlamentares mulheres.

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) é uma delas.

No vídeo acima, ela, indignada, fala sobre o cerceamento e os ataques que presenciou no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra seis mulheres.

“Um ataque machista e violento”, afirmou. “Um ataque desproporcional, considerando que, em tempo recorde, a comissão acatou os pedidos de cassação contra nossos mandatos.”

”O Congresso Nacional precisava ser chamado Congresso Colonial”, afirmou.

Célia Xakriabá é mestra em Desenvolvimento Sustentável e doutoranda em Antropologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

Em 2022,  teve 101.154 votos, tornando-se a primeira deputada federal indígena eleita por Minas Gerais.

Em março de 2023, foi eleita para comandar os trabalhos da recém-criada Comissão da Amazônia e Povos Originários da Câmara dos Deputados (CPOVOS).

Célia é a primeira liderança indígena a assumir a presidência de um colegiado no Congresso Nacional. 

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Zé Maria

https://i0.wp.com/www.prerro.com.br/wp-content/uploads/2019/10/margarete-pedroso-bio04.png

“Mulheres no Plural”
https://youtu.be/drmIp_R-Z1k?t=282

“Nosso Lugar Não é na Coadjuvância”

Por Margarete Gonçalves Pedroso, Prerrogativas 3.6.2016 AG [Ano Golpe]

Após ser largamente criticado pela ausência de mulheres nos Ministérios,
o Presidente da República “interino” [Conspirador Temer] disse que para
as indicações de outros postos no governo buscaria “representantes do
mundo feminino”.

Semanas depois, houve a indicação para a Secretaria de Políticas para
Mulheres, que está subordinada a um homem, de uma mulher que propaga
o desrespeito pelos direitos das mulheres, prega o fim do direito à interrupção
da gravidez em situações já previstas em lei, como no caso de estupro,
bem como apoia o projeto de lei denominado Estatuto do Nascituro.

Antecipo que não pretendo, aqui, me limitar à crítica a respeito da ausência
de mulheres em um governo ou nas grandes decisões do país – na área
jurídica ou na mídia – pois este é apenas um pano de fundo que nos mostra
a necessidade, antes de mais nada, de termos uma visão crítica sobre o que estas ausências significam, sobre as representações (ou falta delas) que
decorrem destas ausências e que criam estereótipos de gênero.

Na verdade, tudo isto nos mostrou, de maneira figurativa, mas não menos
real, a existência de um mundo paralelo que é masculino e de preferência
branco e heterossexual.

Às mulheres, os donos do mundo masculino reservam apenas os cargos
de segundo escalão, secretarias, postos administrativos secundários
ou a posição de objetos esteticamente admiráveis, verdadeiros “bibelôs”
para serem desfilados como acessórios belos;
reforçam o papel feminino de simples colaboradora, de esposa ou de objeto
estético;
querem, assim, transmitir o recado que este é nosso papel na política, nos
negócios e nas questões sociais decisivas.

Separar a sociedade em dois mundos é enviar a mensagem de que há
um mundo dos homens que não é para todas, somente para quem “eles”
quiserem e se eles quiserem; é o lugar que eles (os homens) querem
nos colocar.

No entanto, não adianta nos colocar fora, não existem dois mundos,
nossa luta é para estarmos no único mundo que existe em condições
de equidade.

Em razão disto, precisamos falar em representação, pois isto está
diretamente ligado às nossas identificações.

Não é à toa que neste mundo, os filmes, as novelas, as histórias infantis
sempre apresentam a mulher no papel de coadjuvante, sempre lindas,
princesas, delicadas e perfeitas.

Só é possível nos identificarmos com aquilo que vemos.
Se os modelos que nos são apresentados não nos permitem opções
além das lindas, brancas, elegantes, magras e esposas, será muito
mais difícil que as mulheres acreditem que podem ser competentes,
inteligentes ou identificadas por algo que seja visto além de seus corpos.

A ausência de mulheres na política e nos cargos públicos relevantes
decorre principalmente da cultura machista que não quer abrir mão
de seus privilégios e de espaços que historicamente sempre beneficiaram
os homens.

Durante séculos na nossa história, o poder masculino prevaleceu em cargos
de comando, públicos e privados, inclusive nas famílias, com os homens
exercendo autoridade e determinando os rumos da sociedade.

Foi preciso muita luta para que mulheres conseguissem exercer a cidadania,
para ocuparem cargos e participarem da vida pública.

No entanto, as diferenças entre os gêneros no país ainda são assustadoras.

As mulheres têm salários menores, ocupam percentualmente menos cargos
de chefia, são as maiores vítimas de violência doméstica e sexual;
além disto, são sub-representadas nos cargos mais importantes dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Na esfera política, a desigualdade de gênero, juntamente com às
desigualdades de classe e raça, é notória, ou seja, fica muito claro o lugar
e o papel que são reservados para as mulheres.

Metade dos eleitores brasileiros são mulheres, entretanto menos de 10%
das vagas no Congresso são ocupadas por nós.

O Brasil ocupa a 158ª[1] posição no ranking de representação feminina
no Legislativo, os números são inferiores aos da média dos países do Oriente
Médio, cuja taxa de participação feminina é de 16%.

No Supremo Tribunal Federal de um total de 11 Ministros, temos somente
2 mulheres.

Dos 27 Secretários de Segurança Pública estaduais, apenas uma é mulher.

Note-se, portanto, que uma minoria representativa da população,
os homens, dominam a política nacional com ocupação majoritária
de cargos nas três instâncias de poder, o que faz com que a produção, execução e julgamento das leis sejam masculinos.

Mas não é só.

A ausência de representatividade está também na universidade, na mídia,
nas artes, entidades de classe, nas empresas, daí a razão fundamental
do importante papel que deveria ser exercido pelo Poder Público em dar
o exemplo e reduzir estas desigualdades.

Segundo a ONU[2]: a forma como as mulheres são vistas na sociedade
contribui para a violência contra elas.
Neste mesmo contexto, a Organização das Nações Unidas [ONU] sugere
que a representação das mulheres como indivíduos inferiores aos homens
poderia torná-las mais vulneráveis a todos os tipos de violência.

A representatividade política está diretamente ligada ao poder,
à possibilidade de decidirmos por nós mesmas, de termos o lugar de fala
em todos os setores da sociedade.

Diante deste quadro, dizer que as mulheres estão no mesmo grau
de igualdade dos homens é uma grande mentira.

Os dispositivos de poder nos empurram o tempo todo a lugares que
não ameaçam os valores masculinos; nos obrigando a incorporá-los
caso queiramos fazer parte do “mundo” deles.

Neste contexto, não podemos nos iludir, somente haverá a defesa de pautas
de direitos das mulheres se pudermos ter voz, se pudermos falar por nós,
se pudermos ter representantes em todas as instâncias de poder.

Além disto, os valores exclusivamente masculinos só deixarão de ser
reproduzidos quando pudermos nos ver em modelos, nos identificarmos
com mulheres que assumam postos de poder e de decisão.

Assim, a representatividade significa a possibilidade de nos enxergarmos
na outra, é a chance que temos de nos livrarmos dos estereótipos impostos
pelo “outro”, de termos a liberdade de escolhermos o caminho que quisermos
sem a imposição do destino que os “outros” planejam para nós.

[1] http://www12.senado.leg.br/institucional/procuradoria/proc-publicacoes/2a-edicao-do-livreto-mais-mulheres-na-politica

[2] http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/noticias/onu-critica-a-representacao-da-mulher-no-brasil/

* Margarete Gonçalves Pedroso é Procuradora do Estado de São Paulo;
Especialista em Direito do Estado pela Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado (PGE/SP);
Conselheira Estadual da Condição Feminina (CECF/SP);
Coordenadora do Núcleo de Acompanhamento Legislativo da Comissão
de Direitos Humanos e Vice-Presidente para a Área da Advocacia Pública
da OAB/SP;
Membro da Rede Feminista de Juristas (DEFEMD).

https://www.prerro.com.br/representatividade-o-nosso-lugar-nao-e-na-coadjuvancia/

Texto publicado originalmente no Justificando:
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/representatividade-o-nosso-lugar-nao-e-na-coadjuvancia/345490063

Arnon Góes

Viva a calcinha preta !

Zé Maria

Um Desabafo Rebelde de 5 Séculos de Opressão sobre a Nação Brasileira.

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