Universo paralelo de Trump abre caminho para faturar grosso com teorias de conspiração

Da Redação

O presidente Donald Trump foi o segundo mais votado na História das disputas pela Casa Branca: mais de 71 milhões de votos até agora, 47,7% do total.

Trump provou ter uma imensa força eleitoral, pois ninguém tirou tantos republicanos de casa quanto ele.

Durante a apuração, que continua, milhões de seguidores de Trump ficaram furiosos com a Fox, a emissora que tradicionalmente apoiou o republicano, quando a equipe de estatística da emissora determinou que o democrata Joe Biden venceria no Arizona.

A Associated Press fez o mesmo, mas o resultado é incerto.

Faltando 3% dos votos para contar no Arizona, a vantagem de Biden é de menos de 20 mil votos — já foi de mais de 100 mil.

Não há dúvida de que as pesquisas fracassaram absolutamente, muito mais do que em 2016, quando apontavam Hillary Clinton como eleita.

Donald Trump acusou as empresas de pesquisa de fazerem parte de um complô para reduzir o financiamento de candidatos republicanos.

Hoje, os trumpistas estão furiosos com os primeiros ministros Boris Johnson e Benjamin “Bibi” Netanyahu, do Reino Unido e de Israel, que já cumprimentaram Biden pela vitória embora a contagem ainda esteja em andamento.

Nos Estados Unidos, é tradicional que equipes de analistas da mídia antecipem o resultado final baseadas em projeções — as redes ABC, NBC, CBS, CNN, Fox e a AP dizem que não tem volta para Trump.

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Porém, a certificação do resultado final ainda levará alguns dias, inclusive considerando ações na Justiça.

Nas últimas horas, com a decepção causada pela Fox, os eleitores de Trump estão se movendo em massa para a Newsmax e a One America News Network,  duas emissoras à direita da Fox.

Hoje, a Newsmax ouviu o autor Kenneth Timmerman, que sugeriu que em ao menos dois estados um software malicioso teria sido utilizado para virar votos de Trump para Biden. Ele não apresentou provas, mas disse que o criador do software teria ligação com George Soros, o demônio dos trumpistas.

Outra teoria popular é de que pessoas foram autorizadas a votar depois do dia da eleição — na verdade, alguns estados permitem a contagem de votos que tenham sido colocados no correio no dia da eleição.

O Colégio Eleitoral que oficialmente escolherá Joe Biden como futuro presidente dos Estados Unidos só se reúne em 14 de dezembro.

Isso abre espaço para todo tipo de teoria de conspiração.

No condado de Clark, em Nevada, os republicanos sustentam que há suspeitas de que 350 mortos votaram — mais uma vez, sem apresentar provas.

Enquanto isso, as emissoras à direita da Fox faturam em audiência e patrocinadores — por exemplo, dos fabricantes do Urso Trump, que sai por 20 dólares.

A campanha de Trump está questionando os resultados em vários estados, inclusive a Pensilvânia, que garantiu a Joe Biden os 270 votos no Colégio Eleitoral — de acordo com as projeções da mídia.

Sobre o futuro de Trump, uma especulação é de que ele teria interesse em ter sua própria emissora de TV.

Trump faturou pessoalmente mais de U$ 400 milhões como apresentador do Aprendiz, na NBC.

A especulação começou em março de 2019, quando o presidente disse: 

Devemos começar nossa própria rede e divulgar notícias de verdade, porque eles [CNN] são muito ruins para o nosso país. Estamos olhando para isso. Devemos fazer algo sobre isso também.

Com um mercado de ao menos 70 milhões de norte-americanos, o potencial financeiro para as emissoras que estão estimulando o trumpismo é enorme.

É um universo paralelo.

Entrevistada pela Newsmax, uma integrante do Partido Republicano disse que o ex-astronauta Mark Kelly só ganhou a eleição para o Senado no Arizona, um estado tradicionalmente republicano, por causa de “dinheiro obscuro” que teria financiado sua campanha, vindo da Califórnia e de Nova York.

Nos Estados Unidos, Califórnia e Nova York são vistos por conservadores como a casa do demônio.

Kelly é capitão da Marinha dos Estados Unidos, mas segundo a entrevistada “é marxista”.