Internacional| 11/08/2011 | Copyleft
Unasul prepara estratégia comum para enfrentar a crise
“É preciso encontrar mecanismos para desmontar o arcabouço neoliberal”, defendem os ministros de Economia e chefes de bancos centrais de doze países da região, como meta dos encontros que iniciam nesta quinta-feira (11), em Buenos Aires. Os eixos do debate estão fixados em quatro pontos: a promoção da integração produtiva regional, a administração coordenada das reservas internacionais dos bancos centrais, a regulação dos movimentos de capitais especulativos de curto prazo e o financiamento dos processos de integração regionais.
Tomás Lukin – Pagina/12, na Carta Maior, sugerido pelo Franco Atirador
As equipes econômicas dos países da União Sulamericana de Nações (Unasul) reúnem-se hoje e amanhã em Buenos Aires. Os ministros de Economia e os chefes de bancos centrais da região procuram avançar na coordenação de medidas para enfrentar a crise financeira internacional e diferenciar-se da abordagem recessiva impulsionada pelos países centrais.
O encontro, onde a turbulência global voltará a estar no centro dos debates, concluirá com o ato constitutivo do Conselho Sulamericano de Economia e Finanças. Além de reforçar e relegitimar a independência econômica dos membros do bloco, o grupo de trabalho quer encontrar ferramentas concretas no plano financeiro que permitam responder de forma conjunta a possíveis ataques especulativos contra as moedas da região e outras políticas destinadas a aprofundar os processos de integração.
O turbulento cenário internacional e a vontade política dos presidentes da Unasul prepararam o terreno para o trabalho conjunto para além das diferenças na orientação da política econômica aplicada nos distintos países. A agenda do convite foi elaborada na reunião extraordinária de ministros de Economia da Unasul, realizada em Lima, na semana passada.
Neste convite, os funcionários tomaram como ponto de partida o debate sobre a crise financeira iniciado pelos mandatários. Na sexta-feira, serão divulgadas as conclusões e deliberações do encontro em um documento conjunto.
Os eixos das discussões, disseram fontes do Ministério da Economia da Argentina ao Página/12, estão colocados em quatro pontos: a promoção da integração produtiva regional, a administração coordenada das reservas internacionais dos bancos centrais, a regulação dos movimentos de capitais especulativos de curto prazo (medidas macroprudenciais) e o financiamento dos processos de integração regionais.
A inclusão dos chefes de bancos centrais no encontro não só enriquece os debates, como também possui uma forte carga simbólica: “A política monetária e fiscal não são independentes nem autônomas. Para enfrentar os efeitos colaterais de uma crise como a atual são necessárias a coordenação e o trabalho conjunto entre o governo e os bancos centrais. É relevante que participem para começar a desmontar o fracassado arcabouço neoliberal”, assinalou entusiasmado um funcionário que participa do Grupo de Trabalho de Integração Financeira.
Apoie o VIOMUNDO
— Integração produtiva e comercial: os fluxos comerciais entre os países da Unasul cresceram entre 2003 e 2008, antes do estouro da crise, mas ainda se situam abaixo dos parâmetros alcançados no final dos anos noventa. Segundo a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) , 20,5% das exportações da Unasul são intra-regionais, nível inferior aos 28% observados em 1998. O lugar de provedor de matérias primas e insumos manufaturados de baixo valor agregado que a região ocupa nas cadeias globais de valor das empresas multinacionais representa um dos principais desafios na matéria. A Unasul pretende difundir os incipientes mecanismos de uso de moedas locais nas transações comerciais e criar provedores locais que permitam reduzir a exposição da região à instabilidade do dólar.
— Coordenar o uso de reservas: Ao longo dos últimos anos, a região acumulou, segundo assinalou a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, mais de 700 bilhões de dólares de reservas. O braço econômico da Unasul aspira firmar convênios multilaterais que creem um pool com uma porção desses ativos para responder a possíveis ataques especulativos contra os países da região. As economias do sudeste asiático contam com um mecanismo similar e na região existe um relegado Fundo Latinoamericano de Reservas do qual são membros vários países do bloco, ainda que a Argentina e o Brasil não participem dele. A constituição de um fundo de reservas da Unasul faz de um processo de mais longo prazo, onde também figura a capitalização do postergado Banco do Sul.
— Financiamento para o desenvolvimento: Pra impulsionar a integração produtiva e a infraestrutura regional são necessárias maiores fontes de financiamento. Em março, decidiu-se que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) duplicaria seus fundos para empréstimos. A medida, aprovada por todos os países membros, ainda não foi concretizada. Por isso, na Unasul, analisam a possibilidade de fortalecer a Cooperação Andina de Fomento (CAF), um organismo do qual são acionistas os países da região, que financia obras de infraestrutura na América Latina.
Tradução: Katarina Peixoto
Comentários
FrancoAtirador
.
.
O Neoliberalismo transformou
O Novo Mundo num velho mundo
E o Velho Mundo num mundo velho.
E, ao olhar para a América do Sul,
Um mundo desiludido do Mundo
Começa a enxergar Outro Mundo
Possível de Justiça Social.
.
.
SILOÉ-RJ
A HORA É AGORA
O amadurecimento de uma integração maior entre os países da UNA-SUL e do MERCO-SUL, já vem desde o início de govêrno LULA e do então presidente Nestor Kirchner, por sermos juntos o maior produtor de commodities e praticármos um comércio bem expressivo inte-regional, nada impede a criação dessa moeda ainda mais agora com o enfraquecimento do dolar.
EUNAOSABIA
Tremei estadunidenses… a OTAN cucaracha vai invadir vocês pela costa leste… estaremos tomando café em Manhatan em breve.. tremei iankes…
Tora tora tora…
Tanta coisa pra ser feita…
São uns desocupados mesmo…
operantelivre
Quero ver uma moeda nossa, Sulamericana.
Poderia se chamar UNA-SUR
Marcio H Silva
Isto é complicado. O EURO foi planejado muito antes de se tornar realidade. A zona do euro é considerada zona desenvolvida com seus povos politizados e possuidor de educação avançada e não deu certo. Voce acha que aqui na America do Sul, com tantos pensamentos divergentes, daria certo?
Silvio I
operantelivre:
Mi desejo e de também ver uma moeda diferente de o dólar, que atualmente é papel pintado. Já Venezuela, tem uma moeda junto com alguns países do Caribe.Brasil faz negócios com Argentina, com suas moedas.Agora e bastante difícil unificar moedas, quando existem grandes diferenças econômicas, entre os países. As dois economias mais fortes de América do Sul são Brasil, e Argentina. Como resolver o problema, com as economias de Paraguai, e Uruguai, isso sô no MERCOSUL.
Morvan
Bom dia.
"… começar a desmontar o fracassado arcabouço neoliberal”, assinalou entusiasmado um funcionário que participa do Grupo de Trabalho de Integração Financeira…".
De fracassado o modelo neoliberal não tem nada. O seu intuito foi atingido a contento, qual seria expropriar a classe trabalhadora em prol do capital financeiro. Modelo ubíquo no mundo atual, mesmo que se extinguisse hoje, para o bem da humanidade, teria cumprido o seu destino: diminuir a figura do Estado, o grande inimigo do neoliberal ou neo-expropriador.
É uma longa jornada de volta, légua tirana…
Particularmente gosto muito do nome UnaSul: para mim é o contraponto perfeito, é a antítese à Operação Condor, de tristíssima memória. Condor de nossos filhos, condor de nossos amigos, com muita dor.
Obrigado, FrancoAtirador, pela sugestão de excelente leitura.
Morvan, Usuário Linux #433640.
FrancoAtirador
.
.
Valeu , meu caríssimo Morvan.
A união das nações sulamericanas
talvez seja a única alternativa viável,
ao Brasil e aos países vizinhos,
para escapar ao tsunami neoliberal.
.
.
FrancoAtirador
.
.
ESTE É O CAMINHO PARA A INDEPENDÊNCIA, DE FATO.
.
.
francisco.latorre
é nós. na fita.
..
Deixe seu comentário