Ubiratan de Paula Santos: Às favas com a guilhotina do ajuste fiscal
Tempo de leitura: 2 minPor Ubiratan de Paula Santos*
Trump eleito, vitória acachapante dos republicanos.
O neoliberalismo, que alargou a desigualdade e retirou direitos de trabalhadores, aposentados, cuidados com os idosos e impõe limitações e encarecimento na atenção à saúde, desde o final dos anos 70, foi derrotado, como vem sendo na Europa Ocidental.
Só se mantém prosperado no Brasil, Argentina, Chile.
Embora a economia tenha dados positivos nos EUA, como aqui, o povo deve se perguntar positivo para quem?
Quem se apropria da maior fatia, o 1% mais rico ou os demais 99%, ou os 50% mais pobres?
Que entrega real tem sido dada na saúde, na segurança, na educação?
Há insatisfação com os partidos da Ordem, com o status quo, com os que caminham pisando em brasas, sem nitidez, sem demonstrar de que lado estão, que não explicam ao povo, que têm medo do confronto, não passam credibilidade de que estão lutando pra valer pelos mais necessitados.
Quem mostra intimidade, inclusive pública, com a Faria Lima e Wall Street são rejeitados.
Quem vem sinalizando indignação com o status quo é a ultradireita. Trump lá, Milei na Argentina e Marçal e Bozo aqui, com vários filhotes refletindo o apelo, como o eleito em Cuiabá, os candidatos em Fortaleza, Curitiba e Rio de Janeiro.
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Não se pode ser neutro, centrista, levar governo para o centro como apregoam muitos ao lerem os resultados das recentes eleições municipais no Brasil.
O centro (Simone Tebet, tucanos, MDB, Kassab, etc.) não tem votos nacionais. Seus representantes não tiveram candidatos competitivos a presidente nas duas últimas eleições e tomaram quatro derrotas de Lula e Dilma entre 2002 e 2014.
Ganharam este ano as eleições municipais, com vitória mais alargada do que antes, pela falta de nitidez do campo de cá e do governo Lula 3.
O governo Lula 3 é bom, mas morno, sem vida, vivacidade, sem demonstrar ser o brigador pelas causas do povo.
Perde-se em temas como atas das eleições na Venezuela. Manifesta apoio público a um candidato nas eleições nos EUA.
Não põe em pé o programa da reindustrialização.
Não melhora efetivamente a saúde e agora ameaça retirar recursos do SUS, Educação e Previdência.
Não amplia em padrão chinês a agricultura para inundar o país de alimentos de qualidade para o povo.
Opta por mais de 400 bilhões no plano safra, 75% para os grandes agroexportadores, que não geram emprego, retêm no exterior parte do dinheiro das exportações subsidiadas e fazem oposição cerrada no Congresso.
Tudo pelo aprisionamento ao centro, ao liberalismo que vem dominando a política econômica, o que significa a dominar a Política de seu governo.
Ontem (5/11/2024), Lula adiou decisão sobre cortes. Espero que as eleições nos EUA e as daqui sirvam de alerta para evitar a sedução de seu ministério pela Faria Lima, pelos consultados pelo Banco Central para a emissão do Relatório FOCUS para definir sua política.
É preciso investir, gastar para dar um salto perceptível na melhora dos serviços públicos, produzir alimentos, turbinar a ciência e tecnologia, as universidades públicas, enfrentar o problema da segurança pública na direção do programa apresentado pelo Ministério da Justiça, que deve ser explicado ao povo dos 27 entes federados.
Ou seja, às favas com a guilhotina do pretendido ajuste fiscal.
*Ubiratan de Paula Santos é médico pneumologista.
*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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