João Pedro Stedile: “Avanço do capital no campo impede a reforma agrária”
por Mário Augusto Jakobskind, no site da ABI, sugerido por Antônio David e Igor Felippe
“Em entrevista exclusiva concedida ao site e jornal da ABI, o coordenador geral do MST, João Pedro Stedile, revela como as multinacionais Monsanto, Cargill, Bungue, Adm e Dreyfuss agem sobre a agricultura brasileira, hoje sob o predomínio do agronegócio. Além de fazer uma análise crítica sobre o andamento da reforma agrária no governo de Dilma Rousseff, Stedile afirma que a expectativa dos movimentos sociais é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a verdadeira política seja debatida nas ruas.
O coordenador anunciou também a realização em Brasília, de 10 a 14 de fevereiro, do congresso nacional do MST, um evento que culminará um longo processo de debates realizado nos últimos dois anos com as bases nacionais do movimento e que se espera a participação de 15 mil militantes.
Stedile adianta a realização no próximo dia 7 de Setembro de um plebiscito sobre reforma política e conclama a direção e os associados da ABI a participarem dos debates em torno dessas reformas, entre as quais a na área de comunicação.
O governo Dilma Rousseff, segundo informações correntes, nada adiantou em termos de reforma agrária ao longo de 2013?
Infelizmente o balanço da reforma agrária durante o Governo Dilma é negativo. Vergonhoso diria. Porque, em termos estatísticos este ano, foram desapropriadas fazendas para apenas 4.700 familiais, que é menos do que o general Figueiredo fez no seu último ano.
A reforma agrária está bloqueada e como consequência a concentração da propriedade da terra e o avanço do capital sobre a agricultura aumenta. E isso é resultado da conjugação de diversos fatores que ocorrem ao mesmo tempo, criando uma situação muito difícil para os trabalhadores rurais sem terra. Primeiro, há uma avalanche do capital internacional sobre os recursos naturais brasileiros. Eles estão vindo para cá fugindo da crise global e investem seus capitais especulativos em terras, etanol, hidrelétricas e até em crédito de carbono, com títulos do oxigênio de nossas florestas. O aumento dos preços das commodities provocado pela especulação gerou uma renda extraordinária no campo, que atraiu muitos capitalistas e os preços das terras foram às nuvens.
Terceiro, o governo Dilma representa uma composição de forças, que no caso do campo tem ampla hegemonia do agronegócio, basta dizer que a senhora (senadora) Katia Abreu, representante máxima do atraso do latifúndio de Tocantins é da base do governo e se reúne com frequência com a Presidenta.
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Quarto, a imprensa burguesa brasileira, capitaneada pela Globo, Veja e seus veículos, criaram uma falsa opinião pública de que o agronegócio é o melhor dos mundos. Escondem seus efeitos perversos, como agora com as enchentes, que afetam todos os anos a região Sudeste e são consequências do desmatamento e do monocultivo na Região Amazônica e no Centro-Oeste.
E por último, diante de uma correlação de forças tão adversas, a classe trabalhadora também ficou paralisada, e diminuíram as grandes ocupações de terra e mobilizações no campo.
Multinacionais como a Monsanto e outras continuam atuando no Brasil praticamente sem nenhum tipo de obstáculos para impor seu ideário. O que tem acontecido?
A forma do capital internacional e financeiro se apoderar de nossos recursos naturais e da agricultura é através de seu braço econômico que são as empresas transnacionais no agro. Elas controlam os insumos como sementes e adubos, controlam a tecnologia, as máquinas, e depois controlam o mercado das commodities, impondo seus preços e ficam com a maior parte do lucro gerado na agricultura. Então para cada segmento da agricultura há um grupo oligopólico das empresas transnacionais controlando. Por exemplo, nos grãos, temos a Monsanto, a Cargill, Bungue, Adm e Dreyfuss. No leite, temos a Nestlé, Parmalat e Danone e. na celulose, temos quatro a cinco empresas, e assim por diante.
E o poder delas é tão grande que o governo não controla e fica sabendo de suas operações pela imprensa. Vou dar um exemplo de sua autonomia e da perda de soberania de nosso país sobre a agricultura.O Nordeste vive a pior seca de sua história nos últimos dois anos.
Estima-se que morreram mais de 10 milhões de cabeça de gado (bovino, ovino e caprino.) em função sobretudo da falta de comida. Pois bem, o governo determinou que a CONAB comprasse milho para a distribuir aos agricultores da região. Mas a CONAB não conseguiu. Sabe por quê? Porque no ano passado a Cargill, a Bungue a ADM, as três empresas estadunidenses que controlam o agro e o etanol, exportaram 18 milhões de toneladas de milho brasileiro, para os Estados Unidos fazerem etanol.
Assim, perdemos um patrimônio enorme de nosso rebanho, colocamos em risco milhares de vidas humanas, em troca do etanol para os automóveis norte-americanos.
Quais as expectativas do MST para 2014?
A nossa expectativa é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a verdadeira política seja debatida nas ruas. Como MST e movimentos sociais do campo, estamos fazendo parte de uma ampla plenária de todos movimentos sociais brasileiros, para fazermos um mutirão de debates na sociedade sobre a necessidade de uma reforma política para o país. Vamos debater com o povo, o que ele quer mudar na política. E fazer ver a ele, que as mudanças que o país precisa passam por uma reforma política, para de fato termos democracia no país. E no dia 7 de setembro de 2014, faremos então um plebiscito popular para consultar o povo, se ele quer a convocação de uma Constituinte soberana e exclusiva ou não. E depois podemos levar os resultados, em uma grande manifestação em Brasília, para pressionar os três poderes.
O modelo atual do lulismo, de um governo de composição que agrada a todos, bateu no teto. As mudanças daqui para frente, para melhorar as condições de saúde, educação, transporte público e reforma agrária, dependem de reformas estruturais. Dependem de mexer nos recursos do superavit primário que hoje vai para os bancos. Depende de uma reforma tributária e uma reforma do Judiciário. Além de mudar as regras de eleições no país, que hoje deixa os governantes e parlamentares reféns das empresas que financiam suas campanhas.
E tudo isso só mudaremos com uma reforma política. E ela só virá se o povo for para as ruas. E eu espero que ele volte logo.
Em outubro de 2014 mais de 120 milhões de brasileiros vão às urnas para eleger o Presidente da República, governadores, deputados federais e estaduais e parte do Senado. E então, como analisa neste momento o quadro?
A Burguesia brasileira tem o controle do Congresso, do Poder Judiciário e da mídia burguesa. Ela está unida como classe, e, eleitoralmente, para defender seus interesses vai colocar seus ovos nas três candidaturas postas. Sendo assim o mais provável é que a presidenta Dilma se reeleja. Porém, o fato mais importante é que mesmo com a reeleição da Presidenta Dilma não se altera a correlação de forças para as mudanças necessárias. Ao contrário, a direita elegerá um Congresso ainda mais conservador e mais priorizará a eleição dos governadores.
Por isso, temos analisado nos movimentos sociais de que as próximas eleições não vão alterar a correlação de forças. Daí a necessidade de fazermos debates da necessidade de um projeto para o país, voltarmos a ter mobilizações de rua, e que então, a reforma política abra brechas para as mudanças estruturais necessárias. Pois os governantes a serem eleitos não terão força política para as mudanças. Elas só podem vir das ruas.
Alguma mensagem especial para os jornalistas deste país, especialmente os associados da ABI, que agora em abril completa 106 anos de existência ininterrupta?
A ABI sempre foi uma trincheira da luta democrática e da luta por mudanças sociais no Brasil, em todos os períodos históricos. E por isso ela é hoje uma referência politica não apenas para a categoria dos jornalistas, ou dos jornalistas como atores políticos ativos, mas para todos os lutadores do povo, para toda a sociedade.
Por isso é importantíssimo que a direção da ABI, contribua, participe, estimule todo o debate politico necessário sobre as reformas politicas que o país necessita.
Por outro lado, como parte das reformas politicas amplas necessárias, está a reforma dos meios de comunicação. O projeto de lei já apresentado no Congresso, fruto das inúmeras consultas e da Conferência Nacional da Comunicação, expressa a necessidade de mudanças.
Nós estamos engajados na coleta de assinaturas, para pressionar os deputados. Mas mais do que isso, assim como a reforma política, esse projeto de democratização da mídia somente terá espaço, se ele for politizado nas ruas. E para isso a ABI pode ter um papel preponderante, nos ajudando a debater com a sociedade em geral.
E espero que os jornalistas que trabalham nos meios da burguesia deixem de ser capachos dos seus patrões e exerçam sua profissão com ética e compromisso apenas com o povo.
O MST vai realizar seu congresso nacional em 10 a 14 de fevereiro, o que esperam com o congresso?
O que nos chamamos de congresso é na verdade apenas um evento, que culmina um longo processo de debates realizado nos últimos dois anos com toda nossa base e todos os setores e instâncias do MST. Então, em fevereiro, levaremos 15 mil militantes a Brasília, para uma atividade de congraçamento, de celebração de uma unidade construída em torno de novas ideias, debatidas ao longo dos últimos dois anos.
E as ideias principais são de que precisamos ter um novo programa de reforma agrária, que interesse não apenas aos camponeses e aos sem terra, mas a todo povo, a toda sociedade. Uma reforma agrária, que não apenas se preocupe em salvar os sem-terra, mas que priorize a produção de alimentos, sadios, sem agrotóxicos. Que se preocupe com uma nova matriz tecnológica da agroecologia que consiga produzir sem desequilibrar a natureza.
Essas e outras ideias então expressam no novo programa agrário do MST que será anunciado e consolidado em Brasília em fevereiro.
Leia também:
Venício Lima: “Livre”, mídia brasileira reproduz padrão chinês
Comentários
Bonifa
Dilma pegou a fase mais dura da estrada progressista. Conseguiu subir e descer com todas as mulas intactas e carregadas. É uma gigantesca figura que trabalha em favor do Brasil e de seu povo. Lula soube escolher e isto é incontestável.
Fabio Passos
Stedile está coberto de razão.
O campo foi entregue ao latifúndio e as mega-corporações do agribusiness.
Escolha política do governo. Atender os interesses dos oligarcas e do capital.
Muito triste que isto foi realizado por Lula e Dilma.
Os camponeses não são prioridade.
A fabulosa riqueza do campo é surrupiada do Brasil.
tiago carneiro
Só vocÊ acredita nisso. Reforma agrária em baixa é resultado das alianças patéticas formadas pelo pt rosa rosinha.
Mário SF Alves
Interessante essa oportunidade concedida pelo Viomundo e demais participantes. Valeu o debate.
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Pra mim fica cada vez mais claro:
Nenhum governo, mesmo os ditos de esquerda, têm ou terão moral para representar os interesses constitucionais deste frágil e midiaticamente corrompido povo brasileiro.
Nenhum governo, ainda que dito de esquerda, terá poder de enfrentar o atroz subdesenvolvimentismo determinado pelos poderosíssimos interesses da norte-americanizada pior elite do mundo.
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Bom, a não ser que…
1) Que o tempo seja de fato o melhor amigo da razão;
2) Que o PT possua razões que a própria razão “mundana” desconheça;
3) Que o Olívio Dutra esteja bastantemente fora de si;
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Claro, tudo isso seria serenamente jogado por terra ante a hipótese de que o encarceramento dos aguerridos e ex-guerreiros Genoino e Dirceu seja um dos mais maquiavélicos artifícios políticos de toda a História.
Mário SF Alves
Digo, midiática e criminosamente corrompido povo brasileiro.
Elias
Para responder cinco perguntas, na ABI, Stedile fez quatro frases em que cita “ruas” e “lulismo”, bem ao gosto da Rede Globo e da imprensa escrita.
“A nossa expectativa é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a Verdadeira Política Seja Debatida nas Ruas.”
“E tudo isso só mudaremos com uma reforma política. E ela só virá Se o Povo For para as Ruas. E eu espero que ele volte logo.”
“Pois os governantes a serem eleitos não terão força política para as mudanças. Elas Só Podem Vir das Ruas.”
“Mas mais do que isso, assim como a reforma política, esse projeto de democratização da mídia somente terá espaço, se ele for Politizado nas Ruas.”
Mas em uma frase, Stedile (por mais que critique a imprensa burguesa) demonstra que está com ela não só no chamamento de novas agitações urbanas, como também na desconstrução de Lula.
“O modelo atual do lulismo, de um governo de composição que agrada a todos, bateu no teto.”
Está na hora de João Pedro Stedile ser menos trotskista e mais leninista.
Nelson
Nem trotskista nem leninista, meu caro Elias. Stédile foi realista.
Ele descreveu a realidade para além das paixões partidárias. Afinal, até onde eu sei, ele é petista.
Mário SF Alves
Concordo.
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Fosse verdade o que foi dito anteriormente, o Hugo Chávez, forçosamente, teria de ser ou outro.
Ainda que ressalvado o fato de que a Venezuela é Venezuela e Brasil é Brasil.
Elias
Com “ser menos trotskista e mais leninista’, caro Nelson, eu quis dizer que em certos momentos devemos dar um passo atrás, para avançar dois mais adiante, como dizia Lenin. O chamado para às ruas, que Stedile insistiu tanto na entrevista, não difere da pauta dessa mídia direitista que aposta no quanto pior, melhor. E já conhecemos essa tática que leva ao golpe. Golpe, sem dúvida, de direita. Stedile pode até ser realista, mas é pouco pragmático. E a história nos ensina o quanto o povo já perdeu por conta de se apressar o que deve ser feito devagar. Stedile também se equivoca quando diz que o ” modelo atual do lulismo bateu no teto”. Esse é o papo da direita que sempre torceu o nariz para os avanços alcançados por este país graças ao Lula. Então o lulismo não só não bateu no teto, como ainda tem muito a subir. Ainda há muito a fazer. E com quem? Com Dilma, óbvio, que Stedile comparou com Figueiredo, ora bolas, pra que isso? (…”em termos estatísticos este ano, foram desapropriadas fazendas para apenas 4.700 familiais, que é menos do que o general Figueiredo fez no seu último ano.” É normal um líder do MST fazer um paralelo entre a ditadura militar e o governo progressista e supra-democrático, como o de Dilma? Quase enaltecendo o general e depreciando Dilma. Desculpa estender tanto, mas votei sempre no Lula e depois Dilma. Este ano repetirei o voto nessa mulher que para é a maior líder do mundo: Dilma Rousseff. Abraços.
Elias
Este ano repetirei o voto nessa mulher “que para mim” é a maior líder do mundo: Dilma Rousseff. Abraços.
Luca K
Cara Conceição Lemes; O prof. estadunidense J.Petras, q é de esquerda e escreve muito sobre a America Latina(conhece inclusive o MST), escreveu em 2013 um longo artigo sobre a política e a economia do Brasil. Lembrei por conta de um vídeo postado no viomundo; ‘Requião diz que 2013 foi o ano em que o PT adotou o neoliberalismo’
http://www.viomundo.com.br/politica/requiao-diz-que-2013-foi-o-ano-em-que-o-pt-adotou-o-neoliberalismo.html
O artigo do Petras chama-se ‘Brazil: Extractive Capitalism and the Great Leap Backward’. Se gostarem, talvez possam fazer uma tradução pra galera, ;-)
Um fragmento;
“Changes in the ‘balance’ between national and foreign (imperial) capital began to take place following the military coup of 1964 and accelerated after the return of electoral politics in the mid-1980’s. The election of neo-liberal politicians, especially with the election of the Cardoso regime in the mid-1990’s, had a devastating impact on the strategic sectors of the national economy: wholesale privatization was accompanied by the denationalization of the commanding heights of the economy and the deregulation of capital markets.[1] Cardoso’s regime set the stage for the massive flow of foreign capital into the agro-mineral,the finance, insurance and real estate sectors. The rise in interest rates as demanded by the IMF and World Bank and the speculative market in real estate raised the costs of industrial production. Cardoso’s lowered tariffs ended industrial subsidies and opened the door to industrial imports. These neo-liberal policies led to the relative and absolute decline of industrial production.[2]
The Presidential victory of the self-styled “Workers Party” in 2002 deepened and expanded the ‘great reversal’ promoted by its neo-liberal predecessors. Brazil reverted to becoming a primary commodity exporter, as soya, cattle, iron and metals exports multiplied and textile, transport and manufacturing exports declined.[3] Brazil became one of the leading extractive commodity exporters in the world. Brazil’s dependence on commodity exports was aided and abated by the massive entry and penetration of imperial multi-national corporations and financial flows by overseas banks. Overseas markets and foreign banks became the driving force of extractive growth and industrial demise.
To gain a better understanding of Brazil’s ‘great reversion’ from a dynamic nationalist-industrializing to a vulnerable imperial driven agro-mineral extractive dependency, we need to briefly review the political-economy of Brazil over the past fifty years to identify the decisive ‘turning points’ and the centrality of political and class struggle.”
O restante aqui http://petras.lahaine.org/?p=1945
Conceição Lemes
Obrigada, Lucas, pela sugestão. abs
Nelson
Conceição.
O artigo de Petras foi publicado pelo sítio português, http://www.resistir.info, no dia 29 de julho de 2013. Assim, nem será necessário fazer a tradução.
Conceição Lemes
Obrigada pela dica, Nelson. abs
Mário SF Alves
Pois é, Luca K, cadê a influência perniciosa dos EUA Spyware Corporation Co nessa estória toda?
Peraí, não vá me dizer que tudo isso, essa “tragédia” mostrada sob o nome Brasil, é tão somente culpa da pior elite do mundo?
Ou seja, e resumo da ópera:
Tal análise em momento algum (pelo menos) até onde li, faz referência ao histórico contigenciamento do Brasil aos interesses imperialistas norte-americanos. Gozado isso. É como se nossa desgraça subdesenvolvimentista fosse unicamente e “meŕito” exclusivo da mais absoluta falta de caráter e de discernimento dessa elite que há séculos nos condiciona, explora, desdenha e domina.
Assim, desculpe-me pelo que pode parecer arrogância de minha parte, mas, assim, até eu. Desse jeito até eu faço análise de conjuntura e estraçalho com o Lula, o Genoino, o Dirceu e o PT.
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O FHC sabia de tudo isso. E não à toa o adágio “esqueçam tudo o que escrevi¹”.
¹Embora, claro, haja controvérsia:
– Esta frase tem origem duvidosa. Numa entrevista FHC questionou a origem da frase.
-“(…) «Esta frase que eu teria dito: “Esqueçam tudo que eu escrevi”, eu nunca disse a ninguém. Já perguntei um milhão de vezes: a quem eu disse, onde foi que eu disse, quando? Essa é uma frase montada para me embaraçar. Acontece exatamente o contrário: o que eu escrevi dentro das condições da época, tem bastante validade. Houve uma evolução, em alguns pontos, mas a maneira básica de encarar o mundo continua a mesma.» (…)
Fonte: http://pt.wikiquote.org/wiki/Cita%C3%A7%C3%B5es_equivocadas
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Será???
Luca K
Olá Mário. O foco do artigo acima nao eh o imperialismo estadunidense. Mas se vc conhecesse os livros e artigos do prof.Petras, saberia q as muitas faces do imperialismo ianque são muito exploradas em seu trabalho.
Um livro de Petras q nos traz muita informaçao sobre o tema eh ‘Rulers and Ruled in the US Empire: Bankers, Zionists and Militants’.
Agora, apesar da importância desse fator externo, a verdade eh q muitos de nossos problemas são auto-infligidos. Apenas colocar a culpa nos outros eh fácil mas não eh realista nem resolve nada!
Abs
HELBERT FAGUNDES
Boa noite,
verdade a reforma agrária ela deu uma parada, mas isso é reflexo de outras áreas que tem recebido investimento e um olhar mais critico como é o caso do reaparelhamento das forças armadas, que no momento acho mais importante que reforma agrária. Temos que pensar também em um modelo de reforma agrária mais justos onde o homem crie laços com a terra. E o atual modelo não satisfaz a reforma agrária no Brasil, pois as terras são vendidas após o recebimento. No meu modo de ver uma reforma justa ao brasileiro seria a desapropriação da terra pelo governo e uma concessão as famílias cadastradas na reforma agrária. Essa terra continuaria com a união com uso vitalício por essas famílias sem poder vender, trocar ou usar qualquer meio para se passar essa terra a frente. Em caso de não querer mais usufruir dessa terras retornaria a mão do governo onde seria repassada a uma outra família da lista. Portanto o governo seria o dono dessa terra a todo momento.
Igitur
Em tese não é uma ideia ruim. Quer dizer, é uma ideia ruim do ponto de vista operacional, mas é ideologicamente certinha; propriedade coletiva, estilo Grande Salto para Frente do Mao.
O problema é que a Constituição deixa clara o que é a reforma fundiária. Não é só mais uma situação criada pelos “movimentos sociais”, é algo que pra bem ou pra mal faz parte do entendimento de pacto social no Brasil. Perto do que você está dizendo as reformas neoliberais da previdência são fichinha em termos de violar o espírito da Carta Magna.
tiago carneiro
VocÊ acredita mesmo nisso? Não é mais plausível a reforma ter parado porque nossa amada presidenta se aliou ao agronegócio?
Ein???
Mário SF Alves
Sim. E mais: quanto a mim, prefiro acreditar no pífio arrazoado elitista e norte-americano que engendrou o golpe civil-militar de 64. Queria o quê? Um replay? Um repeteco?
Queria que o Lula fizesse igual ao Jango?
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Tiago, acorda, meu caro. Presta atenção: neste país, nem a ditadura militar, com – teóricos – plenos poderes para fazer tudo, inclusive, o de calar, torturar e matar, foi capaz de tirar da gaveta o Estatuto da Terra; instrumento conservador de política agrária [e agrícola?] instituído sob a LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964, e feito sob medida para os interesses dela.
Então?
Mário SF Alves
“… prefiro acreditar no pífio arrazoado elitista e norte-americano que engendrou o golpe civil-militar de 64.”
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Êpa! Prefiro acreditar, não! Prefiro considerar como contextualmente pertinente.
Veja bem, e por favor, entenda, não estou com isso dizendo que considero defensável sob quaisquer pretextos [ou falácias] o maldito golpe. Golpe é golpe, qualquer que seja o pretexto. Especialmente se for golpe contra os direitos constitucionais do povo.
Urbano
Já se não bastasse o reacionarismo da rainha para tripudiar…
Francisco
O PT precisa fazer uma profunda reavaliação sob risco de perder o petista.
Esta cansativo.
Estamos fazendo panfletos com mimeografo a alcool, só que na internet e a direita, com TV digital… paga pelo erario público.
Esta cansativo e começando a feder a inútil…
tiago carneiro
Mais cansativo foi fazer campanha nas ruas e receber um PT travestido de PMDB-PSDB de brinde…
Mário SF Alves
Sim, e ainda assim você, eu, nós e a maioria dos petistas temos de nos ver na contingência de ter nossa moral abalada pelos abutres que insistem em nos achincalhar chamando-nos de PETRALHAS.
Travestido… sei. Pergunte ao Zé Dirceu. Pergunte ao Zé Genoino. Pergunte ao aplicador da teoria do domínio do fato sem prova material do fato.
Vá entender, né?
Mário SF Alves
“Stedile afirma que a expectativa dos movimentos sociais é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a verdadeira política seja debatida nas ruas.”
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É… tá complicada a coisa. É difícil admitir que o Stedile cometa tão grosseiro e primário erro de estratégia.
Das duas uma: ou ele enxerga bem mais longe do que a maioria dos meros mortais, ou… a coisa é isso mesmo. Ou seja, com PiG ou sem PiG (inclusive o inglês) a coisa vai ter se resolver mesmo é nas ruas. Ou… na Papuda, quem sabe, ou na tomada da Bastilha, talvez.
Lucas G.
o que melhor mostra essa entrevista é como o diálogo do governo com os movimentos sociais é NULO, o PT tem se esforçado em CALAR as vozes do povo com suas estratégias pelegas, e ainda tem gente quem vem falar em CUT, MST, pastoral e tudo o mais. Em 12 anos quanto da pauta destes movimentos avançou? Imagino que passaram todo esse tempo apenas apoiando tudo o o que o governo fazia… será que não está na hora de reavaliar essas alianças podres com o governo?
Mário SF Alves
Pois é. E mesmo assim, com este PT de tão bonzinho que até irrita, o jogo continua bruto, continua pesado. Agora, como se já bastasse tudo, querem esfolar o companheiro Genoino em indevidos e arbitrários quase meio milhão de reais.
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Afinal, cadê as regras do jogo?
Não havia regras?
Afinal, não era um jogo no campo institucional?
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Ah, sei. Foi tudo culpa do caixa dois do PT. Tá. Todo mundo pode, todo mundo faz, mas o PT não pode fazer, sob pena de…
Entendo. Mas, ainda assim, o pecado-caixa-dois é pecado tão mortal assim? Ou, este jogo era e sempre foi um pífio joguinho de cartas marcadas?
Em sendo assim, por que o PT entrou nele?
Não havia alternativa?
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Subestimaram a capacidade eleitoral do PT. Subestimaram o Brasil. É fato. Foram pegos com as calças nas mãos. É isso. Bateram, bateram, bateram tanto e nada adiantou: o Lula virou massa de pão. Então, diante disso, de tamanha vergonha e frustração, e de tão prolongada crise de abstinência de pleno poderes, perderam de vez o verniz de civilizados e agora, inspirados no Paraguai, querem o golpe a qualquer custo.
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Eles passarão… e nós? Será que na ausência de alternativas, seremos forçados a fazer a tomada da Bastilha?
E será que é isso o que a Casa Grande quer? Tá bem informada ela, hein?
Bom, inconsequente e desajeitada como ela tem sido, só com muita assessoria técnica provida pelo Big Brother Spy Corporation & Co.
Mauro Assis
Lucas,
Nada… melhor é ficar penduradinho nas verbas que rolam aos borbotões das arcas do meu, do seu, do nosso para os bolsos desses valentes.
renato
Mario, as grandes proezas já realizadas nas ruas, foram (não acredito), feita por celular de dentro dos Presídios, será??? que agora o Genuíno e o Dirceu não descobrem que aí é o melhor escritório….
Ou pior, alguma ação mais violenta agora não será culpa dos dois, e disto se aproveitará a Globo.
Mário SF Alves
Prezado Renato,
O Luca K, muito seriamente, postou parte de uma análise de mais dos muitos brazianistas que existem por aí. Legal. Acho que valeu a intenção, ainda que com aquela ressalva de que a referida análise é lavra de um intelectual de esquerda.
Pombas! O cara cai de pau no Lula e na Dilma. Estraçalha tudo. Ufa! Ainda bem que não livra a cara do FHC. E isso era mesmo de se esperar. Afinal, não nos esqueçamos, é análise de um intelectual de esquerda.
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Resumo da ópera: tal análise em momento algum (pelo menos) até onde li, faz referência ao histórico contigenciamento do Brasil aos interesses imperialistas norte-americanos. Gozado isso. É como se nossa desgraça fosse unicamente em decorrência e meŕito exclusivo da mais absoluta falta de caráter e de discernimento dessa elite que há séculos nos condiciona, explora, desdenha e domina.
Assim, desculpe-me pelo que pode parecer arrogância, mas, assim, até eu. Dese jeito até eu faço análise de conjuntura e estraçalho o pT.
Mardones
O lulismo se esgota e vai fechando as portas para a possibilidade de reformas barradas a bala pela ditadura de 1964.
Cooptados, aos movimentos sociais, só resta apelar para a necessidade de um projeto para o país, mantendo o apoio velado ao governo do capital vadio.
Mário SF Alves
Humm…
Mauro Assis
Como diz o ditado, até relógio parado fica certo pelo menos duas vezes ao dia. Se alguém no futuro acusar a Dilma de jogar dinheiro fora com reforma agrária estará cometendo uma grave injustiça.
Na sua cruzada heróica para convencer a sociedade que morar no mato plantando rocinha de mandioca é melhor que um emprego digno na cidade ou no agronegócio, o Stédile tá cada vez mais cômico.
Primeiro ele desvenda o mistério dos estragos das enchentes urbanas: qual o culpado? O agronegócio!
E dos efeitos da seca do Nordeste, quem seria o culpado? As “murti”, ora pois!
A estratégia dos caras? Fazer uma plenária com TODOS os movimentos sociais sobre a necessidade de uma reforma política, blá, blá, blá… ou seja, a bandeira da reforms agrária MORREU, vamos de reforma pol[itica, o negócio é não perder a boquinha.
Aposto como a reforma agrária vai sumir do tal novo programa agrário do MST…
Mário SF Alves
Nada disso serve. Nada disso é útil.
Aliás, tudo muito sintomático; novidade nenhuma; as lutas do povo, as lutas de tão frágil povo, têm de ser ridicularizadas. Sempre.
Ah, esqueci. Como pude esquecer. Pombas! É a boquinha, ora. E o Stedile é um burro, pois com tamanha capacidade, esse gigante, foi escolher logo isso: viver a vida à cata de boquinha. Tá. Se engana que eu gosto.
rodrigo
Talvez se você fosse capaz de imaginar e entender os processos cíclicos naturais e suas influências climáticas poderia ter um mínimo de consciência e não tentar ridicularizar o Stédile. Mas acho que seria pedir demais…
João Ghidetti
Essa mídia brasileira é de fazer vergonha. Agora está empenhada em fazer propaganda de protetor solar, querendo enfiar pela goela a ideia de que é um pecado mortal tomar sol.
Leo V
“Stedile afirma que a expectativa dos movimentos sociais é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a verdadeira política seja debatida nas ruas.”
Tem esquerdista de internet que tem que dizer que o Stedile está fazendo o jogo da direita porque quer manifestações em 2014.
E viva as mobilizações de massa, por baixo e à esquerda!
Mário SF Alves
Protesto!
Protesto, mesmo porque, eu, que ainda não me considero de esquerda, entendi e aceitei como coerente o arrazoado do Stedile.
Julio Silveira
Não fossem por alguns lideres de vez em quando aparecerem para o já tradicional discurso ritual do choro, eu acharia que o MST já tinha acabado.
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