Secretário do Ceará diz que sistema de saúde colapsou, enquanto Jair Bolsonaro prepara demissão de ministro
Tempo de leitura: 2 minDa Redação
“No sistema público, eu não tenho mais leito de UTI, acabou. A gente tinha uma compra da China, que tinha me prometido entregar 250 respiradores mas soube ontem (13) que não vou receber nenhum”.
A declaração foi dada pelo secretário de Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, no momento em que o presidente da República Jair Bolsonaro prepara a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
A dissonância marca a resposta desastrosa de autoridades brasileiras à pandemia de coronavírus.
Apesar dos elogios à atuação de Mandetta, o Brasil ainda nem começou a fazer os testes em massa recomendados pela Organização Mundial de Saúde e há indícios de subnotificação de casos em vários estados.
O governo federal e governadores batem cabeça sobre a resposta à pandemia, enquanto o presidente da República se tornou garoto-propaganda de uma droga cujos efeitos ainda não foram cientificamente comprovados.
O secretário Cabeto, de acordo com o diário cearense O Povo, fez a previsão catastrófica de que em uma semana as pessoas começarão a morrer nas ruas.
Ele está sob pressão do Sindicato da Indústria da Construção do Ceará (Sinduscon-CE) para reabrir a economia.
Os números mais recentes mostram que houve 107 mortes no estado.
O Ceará tem taxa de 21,82 casos para cada 100 mil habitantes, a mais alta do Brasil.
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Na previsão do secretário, o estado vai atingir em breve a taxa de ao menos 250 mortes por dia.
“Só Deus para entender o que querem fazer”, escreveu ao mesmo tempo o secretário de Vigilância em saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, de acordo com a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Foi em mensagem a integrantes da equipe do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que selou sua demissão depois de dar entrevista ao Fantástico, da TV Globo, domingo passado.
O presidente Jair Bolsonaro deve demitir Mandetta nas próximas horas, por discordar da extensão do isolamento social.
Sob pressão do empresariado, Bolsonaro quer reabrir a economia com o chamado “isolamento vertical” — idosos e pessoas em situação de risco seriam mantidas em casa.
O ex-secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, deputado federal Osmar Terra, é voz influente no governo contra o isolamento.
Terra compara o coronavírus ao H1N1 e acredita que a epidemia tem de cumprir seu ciclo “natural”.
Em entrevista a uma rádio gaúcha, o deputado afirmou que o coronavírus iria matar menos que a gripe sazonal mata em uma temporada no Rio Grande do Sul.
Comentários
Claudio
Acho que a burrice e insensatez vencerāo a lógica e a ciência. Brasil desde 2016 a vida humana perdeu valor.
Zé Maria
Em alguns estados do Brasil, inclusive mais populosos que o Ceará,
não está faltando leito de Hospital, nem houve colapso no SUS,
porque os médicos dizem às pessoas com doenças respiratórias
que estão “só com uma gripezinha”, “um resfriadinho”, então dão
“um paracetamolzinho” e as mandam de volta pra casa.
Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, por exemplo, ou deixam
de realizar os testes e os pacientes continuam como “suspeitos”
até depois da morte – em MG há mais de 60 mil casos – ou então
diagnosticam como se fosse uma “Síndrome Gripal” qualquer,
sem testes para COVID-19 nem nada, e registram como Gripe.
Zé Maria
Aliás, em Porto Alegre-RS, a “CID 10 B34.9 = Infecção Viral Não Especificada” (*)
foi o mais registrado em Março de 2020, para quadros sintomáticos de doenças
do Aparelho Respiratório, incomuns para o mês no anos anteriores (2018/2019).(**)
(*) CID = Classificação Internacional de Doenças: https://www.medicinanet.com.br/cid10/477/b349_infeccao_viral_nao_especificada.htm
(**) Vide Gráficos nas páginas 3 a 5; e Quadro, abaixo do “Subtítulo 2)”, página 8:
http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/2020_04_14_boletim_covid_sms.pdf
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