Saul Leblon: Página 12, o jornal que incomoda fardas e batinas

Tempo de leitura: 6 min

por Saul Leblon, em Carta Maior

Na manhã seguinte ao anúncio de um Papa argentino, o jornal Página 12 sacudiu Buenos Aires com a manchete: ‘!Dios, Mio!’

Na 6ª feira, dois dias depois, como relata o correspondente de Carta Maior, Eduardo Febbro, direto do Vaticano, o porta-voz da Santa Sé reclamou do que classificaria como ‘acusações caluniosas e difamatórias’ envolvendo o passado do Sumo Pontífice.

Em seguida atribui-as a ‘elementos da esquerda anticlerical’.

Alvo: o Página 12.

Com ele, seu diretor, o jornalista Horácio Verbitsky, autor de um livro sobre o as suspeitas que ensombrecem a trajetória do cardeal Jorge Mário Bergoglio, durante a ditadura argentina.

A cúpula da Igreja acerta ao qualificar o Página 12 como ‘de esquerda’ – algo que ostenta e do qual se orgulha praticando um jornalismo analítico, crítico, ancorado em fatos.

Mas erra esfericamente ao espetá-lo como ‘anticlerical’.

O destaque que o jornal dispensa ao tema dos direitos humanos não se restringe ao caso Bergoglio.

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Fundado ao final da ditadura, em maio de 1987, o Página 12 é reconhecido como o grande ponto de encontro da luta pelo direito à memória na Argentina.

Não foi algo premeditado.

No crepúsculo da ditadura militar, um grupo de jornalistas de esquerda vislumbrou a oportunidade de criar um veículo enxuto, no máximo 12 páginas (daí o nome), mas dotado de densa capacidade analítica.

E, sobretudo, radicalmente comprometido com a redemocratização e com os seus desafios.

A receita das 12 páginas baseava-se num cálculo curioso.

Era o máximo que se conseguiria produzir com qualidade naquele momento; e o suficiente para a sociedade reaprender a refletir sobre ela mesma.

A fidelidade a essa diretriz (hoje o total de páginas cresceu e a edição digital tem mais de 500 mil acessos/dia) levou-o, naturalmente, a investigar os crimes da ditadura.

Seu jornalismo tornou-se um acelerador da transição que os interesses favorecidos pelo regime militar gostariam de maquiar.

Não apenas interesses econômicos.

Lá, como cá, existe um núcleo de poderosas empresas de comunicação, alvo agora da ‘Ley de Medios’, no caso da Argentina, que, por interesse financeiro, identidade ideológica ou simples covardia integrou-se ao aparato repressivo.

Usufruiu e desfruta vantagens dessa intimidade. Até hoje. O quase monopólio das comunicações é uma delas – combatida agora pelo governo de lá.

Naturalmente, a pauta dos direitos humanos dispunha de um espaço acanhado e ambíguo nessa engrenagem.

Não por falta de familiaridade com o assunto.

Mais de uma centena de jornalistas foram presos e muitos desapareceram na ditadura argentina.

A principal fábrica de papel de imprensa do país foi praticamente expropriada de seus donos.

Eles estavam presos, foram torturados. E então a transferência de propriedade se deu.

A sociedade compradora tinha como participantes o próprio governo militar e os principais jornais apoiadores do regime. Entre eles o El Clarín, de oposição frontal ao governo Cristina, atualmente.

Página 12 não se deteve diante das conveniências. E vasculhou esses impérios sombrios.

Fez o equivalente em relação aos direitos humanos em outros países. Não raro, com a mesma mordacidade que incomoda agora o Vaticano.

Quando Pinochet morreu em 2006, a manchete indagava: ‘Que terá feito o inferno para merecer isso?’

A condenação do ditador Videla à prisão perpétua, em 2010, mereceu letras garrafais: ‘Deus existe!’

Foi com essa ironia, debochada, às vezes, mas sempre intransigente em defesa dos direitos humano, que o Página 12 tornou-se um espaço apropriado pelos familiares dos desaparecidos políticos.

Por solicitação de Estela Carlotto, atual dirigente das Abuelas de Plaza de Mayo, passou a publicar, desde 1988, pequenas atualizações da trajetória familiar de vítimas da ditadura.

Os anúncios sugerem uma espécie de prosseguimento da vida dos que foram precoce e violentamente apartados dela.

Filhos que perderam os pais ainda crianças, mencionam os netos que esses avós jamais viram; avós falam dos bisnetos.

O efeito é tocante. Ao se deparar com a foto de um jovem desaparecido, sabe-se que hoje ele poderia estar brincando com os netinhos, filhos dos filho que agora tem a idade com a qual ele morreu.

Em 2007, o Página 12 recebeu na Espanha o prêmio da Liberdade de Imprensa, instituído pela Casa da América, junto com a Chancelaria espanhola e o governo da Catalunha.

Motivo: a seriedade na defesa dos direitos humanos e o compromisso com o rigor da informação, requisito da liberdade de expressão.

No momento em que pairam sombras sobre o Vaticano, o que deve fazer essa cepa de jornalismo?

O Página 12 faz o que, em geral, desagrada aos poderes terrenos e celestiais: investiga, pergunta, rememora.

Ao contrário do que sugere o porta-voz da Santa Sé, não se trata de um cacoete anticlerical.

O assunto extravasa o campo religioso e envolve uma questão de interesse político de toda a sociedade.

Trata-se de uma responsabilidade ecumênica e universal, da qual o Página 12 não abre mão: o dever de todos, sobretudo das autoridades, de zelar e fazer respeitar os direitos humanos e democráticos dos cidadãos.

Sob quaisquer circunstâncias; mas principalmente quando são ameaçados. Como na ditadura dos anos 70/80.

Há dúvidas se o passado do cardeal Mario Jorge Bergoglio nesse campo honra o manto santo que agora envolve Francisco, o desenvolto sucessor do atormentado Bento XVI.

As dúvidas estão marmorizadas em um lusco-fusco de pejo, silêncios e versões contrastantes.

É preciso esclarecer.

Há nomes, testemunhos, relatos, datas e um cenário dantesco: os anos de chumbo vividos pela sociedade argentina, entre 1976 e 1983.

O país do então líder dos jesuítas, Mario Jorge Bergoglio, vivia o inferno na terra, sob a ação genocida de uma ditadura cujos atos confirmam a indiferença aterrorizante dos aparatos clandestinos em relação à vida e à dor.

O que se ouve ainda arrepia.

A mesma sensação inspira o rosto endurecido e gasto dos líderes militares, julgados e condenados. Um a um; em grande parte, graças à pressão inquebrantável das denúncias e investigações ecoadas nas edições do Página 12.

Em sete anos, o aparato militar montou e azeitou uma máquina de torturar, matar e eclipsar corpos que operou de forma infatigável.

Nessa moenda 30 mil pessoas foram liquidadas ou desapareceram.

Mais de 4 mil e duzentos corpos por ano.

Filhos de militantes de esquerda foram sequestrados, entregues a famílias simpáticas ao regime.

Muitos permanecem nesse limbo.

No dia em que a ‘fumata bianca’ do Vaticano anunciou o ‘habemus papam’ e em seguida emergiu a figura do cardeal argentino, no balcão do Vaticano, Graciela Yorio esmurrou as paredes de seu apartamento, a 11.200 quilômetros de distância, em Buenos Aires.

O relato está nos jornais argentinos e também na Folha de S. Paulo.

A revolta deve-se a uma certeza guardada há 36 anos na memória dessa sexagenária.

Em maio de 1976, seu irmão, padre Orlando Yorio, foi delatado à ditadura sedenta e recém-instalada.

Juntamente com o sacerdote Francisco Jalics, este vivo, na Alemanha— Yorio ficou cinco meses nas mãos dos militares.

Incomunicáveis, na temível Escola Mecânica da Marinha, adaptada para ser a máquina de moer ossos do regime.

O delator dos dois religiosos teria sido o cardeal Bergoglio — o Papa, então com cerca de 40 anos, líder conservador dos jesuítas argentinos.

Essa é a convicção de Graciela, baseada no que ouviu do irmão, falecido em 2000, militante da Teologia da Libertação, como Jalics.

Jalics não se pronunciou. Alegando viagem, emitiu uma nota na Alemanha em que se diz em paz e reconciliado com Bergoglio.

A nota compassiva não nega a dor que leva Graciela ainda a esmurrar paredes.

A estupefação tampouco é apenas dela.

Ainda que setores progressistas argentinos optem por uma certa moderação em público, muitas vozes não se calam.

Estela Carlotto, a dirigente das Abuelas de Mayo, em entrevista ao Página 12 deste sábado, procura manter a objetividade num relato que adiciona mais nuvens às sombras.

Carlotto afirma que o cardeal Bergoglio nunca fez um gesto de solidariedade para ajudar a luta mundialmente reconhecida das mães e avós de desaparecidos políticos argentinos.

Poderia, mas não facilitou a reunião do grupo com o Papa. Ao contrário.

O primeiro encontro, em 1980, no Brasil, só aconteceu por interferência de religiosos brasileiros.

As abuelas só seriam recebidas em Roma três anos mais tarde; de novo, graças a contatos alheios ao cardeal Bergoglio.

Prossegue Estela Carlotto.

O cardeal teria sido conivente com o sequestro de pelo menos uma criança nascida na prisão.

Procurado por familiares da desaparecida política, Elena de la Quadra, teria aconselhado: ‘Não busquem mais por essa criança que está em boas mãos’.

E desfechou sentença equivalente em relação às demais.

O jornal Página 12 tem sido o principal eco desses relatos e dessa revolta, que muitos relativizam e gostariam de esquecer.

O que o jornal faz ao investigar as dúvidas que pairam sobre Francisco é coerente com o ‘manual de redação’ sedimentado na prática da democracia argentina nesses 25 anos de existência: não sacrificar a memória ao conforto das conveniências.

Pode soar anticlerical a setores da Igreja que gostariam de esquecer o que já se cometeu neste mundo, em nome de Deus.

Mas é um reducionismo improcedente, que se dissolve na trajetória reconhecidamente qualificada do Página 12.

Na Argentina, graças à persistência de vozes como as de seus jornalistas, a memória deixou de ser o espaço da formalidade.

Hoje ela é vista como um pedaço do futuro. Um mirante poderoso para se entender o presente e superar as forças, e a lógica, que esmagaram a sociedade no passado.

Carta Maior orgulha-se de ser parceira do jornalismo criterioso e corajoso de Página 12 no Brasil.

 

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Poderá o novo papa mudar a sua visão das mulheres? « Viomundo – O que você não vê na mídia

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Regina Braga

Chico sabe que deve muito…”Que Deus perdoe os cardeais que votaram em mim”.Se tivessem lido a página 12 nunca teriam votado!

FrancoAtirador

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A única verdade é a realidade

A primeira coletiva de imprensa do porta-voz do papa Francisco foi para separá-lo de Jorge Mario Bergoglio, acusado pela entrega de sacerdotes à Escola de Mecânica da Armada (ESMA).
Como os testemunhos e os documentos são incontestáveis, o caminho escolhido foi o desacreditar quem os divulgou, qualificando o jornal Página/12 como “esquerdista”.
As tradições se conservam: é a mesma coisa que Bergoglio disse de Jalics e Yorio diante daqueles que os sequestraram.

O artigo é de Horácio Verbitsky, na Carta Maior

Buenos Aires – Em seu primeiro encontro com a imprensa depois da eleição do jesuíta Jorge Mario Bergoglio como Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, seu porta-voz, o também jesuíta Federico Lombardi, descartou como velhas calúnias da esquerda anticlerical, difundidas por um jornal caracterizado pelas campanhas difamatórias, as alegações sobre a atuação do ex-provincial da Companhia de Jesus durante a ditadura argentina e, sobretudo, o papel que desempenhou da desaparição de dois sacerdotes que dependiam dele, Orlando Yorio e Francisco Jalics. Ao mesmo tempo, meios de comunicação e políticos argentinos de oposição incluíram a nota “Um ersatz”, publicada aqui no dia seguinte da eleição papal, entre as reações do kirchnerismo pela entronização de Bergoglio. Também um setor do governo preferiu aclamá-lo como “argentino e peronista” (a mesma consiga com que, a cada setembro, se homenageia José Rucci) e negar os fatos incontestáveis.

A reconciliação
Desde a Alemanha, onde Jalics vive retirado em um monastério, o líder provincial jesuíta alemão disse que o sacerdote havia se reconciliado com Bergoglio. Jalics, por sua vez, hoje com 85 anos, esclareceu que se sentia reconciliado com “aqueles acontecimentos, que para mim são assunto encerrado”. Ainda assim, reiterou que não faria comentários sobre a atuação de Bergoglio no caso. A reconciliação, para os católicos, é um sacramento. Nas palavras de um dos maiores teólogos argentinos, Carmelo Giaquinta, consiste em “perdoar de coração o próximo pelas ofensas recebidas” [1], o que só indica que Jalics já perdoou o mal que fizeram a ele. Isso diz mais dele do que de Bergoglio. Jalics não nega os fatos que narrou em seu livro “Exercícios de meditação”, de 1994:

“Muita gente que sustentava convicções políticas de extrema-direita via com maus olhos nossa presença nas vilas pobres. Interpretavam nossa presença ali como um apoio à guerrilha e se propuseram a nos denunciar como terroristas. Nós sabíamos de que lado soprava o vento e quem era o responsável pelas calúnias. De modo que fui falar com a pessoa em questão e expliquei que estava jogando com as nossas vidas. O homem me prometeu que diria aos militares que não éramos terroristas. Por declarações posteriores de um oficial e trinta documentos aos quais tivemos acesso mais tarde pudemos comprovar, sem lugar para dúvidas, que esse homem não só não havia cumprido sua promessa, mas, ao contrário, havia apresentado uma falsa denúncia aos militares”.

Em outra parte do livro acrescenta que essa pessoa tornou “crível a calúnia valendo-se de sua autoridade” e “testemunhou ante os oficiais que nos sequestraram que havíamos trabalhado na cena da ação terrorista. Um pouco antes eu havia manifestado a essa pessoa que estava jogando com nossas vidas. Devia ter consciência de que nos mandava a uma morte certa com suas declarações”.

Em uma carta que escreveu em Roma em novembro de 1977, dirigida ao assistente geral da Companhia de Jesus, padre Moura, Orlando Yorio conta o mesmo, mas substitui a referência a “uma pessoa” por Jorge Mario Bergoglio. Nove anos antes que o livro de Mignone e 17 anos antes do de Jalics, Yorio conta que Jalics falou duas vezes com o provincial que “se comprometeu a frear os rumores dentro da Companhia e tomar a iniciativa de falar com gente das Forças Armadas para testemunhar nossa inocência”. Também menciona as críticas que circulavam na Companhia de Jesus contra ele e Jalics: “Fazer orações estranhas, conviver com mulheres, heresias, compromisso com a guerrilha”. Jalics conta em seu livro que, em 1980, queimou aqueles documentos probatórios do que chama de “o delito” de seus perseguidores. Até então, ele os conservava com a secreta intenção de utilizá-los. “Desde então me sinto verdadeiramente livre e posso dizer que perdoei de todo o coração”.

Em 1990, durante uma de suas visitas ao país, Jalics se reuniu no instituto Fé e Oração, da rua Oro 2760, com Emilio Fermín e sua mulher, Angélica Sosa. Disse a eles que “Bergoglio se pôs a que, uma vez posto em liberdade, permanecesse na Argentina, e falou com todos os bispos para que não o aceitassem em seu diocese pois teria se retirado da Companhia de Jesus”. Tudo isso não é o Página/12 quem diz, mas sim Orlando Yorio e Francisco Jalics. Quem quer destruir a Igreja, então?

Cada volume da minha História Política da Igreja na Argentina inclui uma advertência: “Estas páginas não contém juízos de valor sobre o dogma nem o culto da Igreja Católica Apostólica Romana, mas sim uma análise de seu comportamento na Argentina entre 1976 e 1983 como ‘realidade sociológica do povo concreto em um mundo concreto’, segundo os termos de sua própria Conferência Episcopal. Em troca, sua ‘realidade teológica do mistério’ [2] só diz respeito aos fieis, que merecem todo meu respeito”.

Em defesa da tradição
A qualificação deste diário pelo porta-voz do Vaticano como sendo de “esquerda anticlerical” revela a continuidade de arraigadas tradições. É o mesmo que o agora papa fez há 37 anos com seus sacerdotes, ainda que naquele momento isso implicasse um grave perigo. As acusações contra Bergoglio foram formuladas pela primeira vez antes que o Página/12 existisse. Seu autor foi Mignone, diretor do órgão oficial da Ação Católica, Antorcha, fundador da União Federal Democrata Cristã e vice-ministro da Educação na província de Buenos Aires e na Nação.

Nenhum desses cargos podia ser alcançado sem a benção episcopal. Em seu livro “Igreja e ditadura”, de 1986, Mignone escreveu que os militares limparam “o pátio interno da Igreja, com a aquiescência dos prelados”. O vice-presidente da Conferência Episocpal, Vicente Zazpe, revelou que pouco depois do golpe a Igreja acordou com a Junta Militar que, antes de deter um sacerdote, as Forças Armadas avisariam o respectivo bispo. Mignone escreveu que “em algumas ocasiões a luz verde foi dada pelos próprios bispos” e que a Armada interpretou a retirada das licenças de Yorio e Jalics e das “manifestações críticas de seu provincial jesuíta, Jorge Bergoglio, como uma autorização para agir”. Para Mignone, Bergoglio é um dos “pastores que entregaram suas ovelhas ao inimigo sem defendê-las nem resgatá-las”.

Duas décadas depois encontrei por acaso as provas documentais que Mignone não conheceu e que confirmam seu enfoque do caso. O fato de Bergoglio ter ajudado outros perseguidos não é uma contradição: o mesmo foi feito por Pío Laghi e inclusive Tortolo e Victorio Bonamín.

Cronos
Nestas páginas se aprofundou o caso quatro anos antes que o kirchnerismo chegasse ao governo. A primeira nota, publicada em abril de 1999, “Com el mazo dando”, dizia que o novo arcebispo portenho “segundo a fonte que se consulte é o homem mais generoso e inteligente que já rezou missa na Argentina ou um traidor maquiavélico que traiu seus irmãos em função de uma ambição insaciável de poder. Talvez a explicação resida em que Bergoglio reúne em si dois trações que nem sempre andam juntos: é um conservador extremo em matérias dogmáticas e possui uma manifesta inquietude social. Em ambos os aspectos se parece com quem o indicou para comandar a principal diocese do país, o papa Karol Wojtyla”.

O conceito é o mesmo que expressei na quinta-feira quando a fumarola alvi-celeste comoveu todas as torcidas, de La Quiaca a Terra do Fogo. Aquela nota contrapunha a versão de Mignone com a de Alicia Oliveira, advogada do CELS e amiga de Bergoglio, cuja irmã trabalhava na vila de Flores, junta com a filha de Mignone e com os dois religiosos. “Disse a eles que tinham que ir embora e não deram bola. Quando foram sequestrados, Jorge averiguou que estavam com a Armada e foi falar com Massera, a quem disse que se os sacerdotes não fossem libertados, ele iria denunciar o que estava acontecendo. No dia seguinte apareceram em liberdade”.

Também incluía a refutação de um sacerdote da Companhia de Jesus: “A Marinha não se metia com ninguém da Igreja que não incomodasse a Igreja. A Companhia não teve um papel profético e de denúncia, diferentemente dos palotinos ou dos pasionistas, porque Bergoglio tinha vínculo com Massera.Não são apenas os casos de Yorio, Jalics e Monica Mignone, sobre cujo sequestro a Companhia nunca formulou a denúncia pública. Outros dois padres, Luis Dourrón, que depois deixou a batina, e Enrique Rastellini, também atuavam no Baixo Flores. Bergoglio pediu que eles fossem embora dali e quando se negaram a fazê-lo, os militares ficaram sabendo que ele não os protegia mais, o que foi o sinal verde para que eles fossem sequestrados”.

Esse sacerdote, que morreu há seis anos, era Juan Luis Moyano Walker, que havia sido amigo íntimo de Bergoglio. Em função dessa nota, Bergoglio me ofereceu sua própria versão dos fatos, na qual aparecia como um super-herói. Tanto ele como Jalics, a quem telefonei em seu retiro alemão, me pediram que atribuísse suas declarações a um sacerdote muito próximo a cada um deles. Bergoglio disse que viu Videla duas vezes e Massera outras duas. Na primeira reunião com cada um, ambos disseram a ele que não sabiam o que havia ocorrido e que iriam investigar. “Na segunda reunião, Massera estava cansado com esse jovem de 37 anos que se atrevia a insistir”. Segundo Bergoglio, tiveram esse diálogo:

“Eu já disse a Tortolo o que sabia”, disse Massera.

“Ao monsenhor Tortolo”, corrigiu Bergoglio.

“Olhe Bergoglio…”, começou Massera, incomodado pela correção.

“Olhe Massera”, respondeu no mesmo tom Bergoglio, antes de reiterar-lhe que sabia onde estavam os sacerdotes e reclamar sua libertação.

Limitei-me a transcrever o que Bergoglio disse, com a atribuição que me pediu. Mas até hoje não me parece verossímil esse diálogo com um dos governantes mais poderosos e mais cruéis, que o teria feito desaparecer sem nenhum escrúpulo. Ambos tinham em comum a relação com a Guarda de Ferro, o grupo da direita peronista no qual Bergoglio militou em sua juventude e ao qual Massera designou um interventor a partir do golpe, com o propósito de somá-lo à sua campanha pela herança do peronismo. Em 1977, a Universidade jesuítica de Salvador recebeu Massera como professor honorário, que levantou objeções a Marx, Freud e Einstein, por questionarem o caráter inviolável da propriedade privada, agredirem o “espaço sagrado do foro íntimo”, e colocarem em crise a condição “estática e inerte da matéria”. Massera disse que a Universidade era “o instrumento mais hábil para iniciar uma contraofensiva” do Ocidente, como se Marx, Freud e Einstein não fizessem parte dessa tradição.

Bergoglio tomou um cuidado especial neste dia, de modo que ninguém viu uma foto sua com Massera. Mas é inimaginável que o ditador tenha recebido a distinção sem que a cerimônia fosse autorizada pelo provincial jesuíta que delegou a gestão diária para uma associação civil conduzida pela Guarda de Ferro, mas manteve sob seu controle sua condição espiritual. Depois, Massera foi convidado a expor na universidade jesuítica de Georgetown, em Washington. O sacerdote irlandês Patrick Rice, que deixou a Argentina depois de ter sido sequestrado e surrado, interrompeu essa conferência exigindo-lhe explicações sobre os crimes da ditadura. Segundo Rice, o provincial estadunidense não teria convidado um personagem semelhante sem a aprovação, ou o pedido, do provincial argentino. Estes fatos comprováveis desmentem o diálogo fantasioso no qual o jovem Bergoglio teria desafiado o senhor da Esma.

Uma morte cristã
Em 1995, um ano depois do livro de Jalics, foi publicado “El Vuelo”, onde o capitão de fragata Adolfo Scilingo confessa que lançou trinta pessoas ainda vivas no mar a partir de aviões da Marinha e do governo, após drogá-las. Além disso, afirmou que esse método foi aprovado pela hierarquia eclesiástica por considerar o voo como uma forma cristã de morte e que os capelães da marinha consolavam aqueles que voltavam perturbados dessas missões, com parábolas bíblicas sobre a separação do joio do trigo.

Impressionado, retomei uma investigação que havia iniciado anos antes sobre a ilha do Tigre (“El Silencio”), na qual a Marinha escondeu 60 detidos-desaparecidos para que não fossem encontrados na ESMA pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Era propriedade do Arcebispado de Buenos Aires. Ali celebravam a graduação dos seminaristas todos os anos e o cardeal Juan Aramburu descansava nos finais de semana. O sacerdote Emilio Grasselli a vendeu à força-tarefa da ESMA, que a comprou com um documento falso e em nome de um dos prisioneiros. Mas não havia visto os títulos de propriedade até que Bergoglio me deu os dados precisos sobre o expediente sucessório de Antonio Arbelaiz, o administrador da Cúria que figurava como o dono. Isso mostra que ele não teve relação com esse episódio. Arbelaiz fez um testamento a favor da Cúria, que é onde foi parar o dinheiro que a Marinha pagou a Grasselli pela ilha, onde os 60 prisioneiros passaram dois meses encarcerados.

Parece o caminho típico de uma operação de lavagem de dinheiro: Arbelaiz vende a Grasselli que vende a ESMA que compra com um documento falso e a hipoteca é levantada, pagando-se à Cúria, que é a herdeira de Arbelaiz. Em um de seus depoimentos à Justiça, Bergoglio reconheceu que falou comigo sobre o sequestro de Yorio e Jalics. Mas disse que nunca ouviu falar da ilha “O silêncio”. Sempre o jogo duplo, a admissão privada e a negativa pública.

Pelas costas
Durante a investigação encontrei por acaso no arquivo do Ministério de Relações Exteriores uma pasta com documentos que, na minha avaliação, terminam com a discussão sobre o papel de Bergoglio em relação às prisões de Yorio e Jalics. Busquei uma escrivã, que certificou sua localização no arquivo, cujo diretor na época, ministro Carlos Dellepiana, guardou em um cofre para impedir que fossem roubados ou destruídos. A história que essa pasta conta soa familiar. Ao ser posto em liberdade, em novembro de 1976, Jalics foi embora para a Alemanha. Em 1979 seu passaporte havia vencido e Bergoglio pediu à Chancelaria que fosse renovado sem que ele voltasse ao país. O diretor de Culto Católico da Chancelaria, Anselmo Orcoven, recomendou rejeitar o pedido “em atenção aos antecedentes do autor da petição”, que foram fornecidos “pelo próprio padre Bergoglio, signatário da nota, com especial recomendação de que o pedido não fosse atendido”.

Dizia que Jalics teve conflitos de obediência e uma atividade desagregadora em congregações religiosas femininas, além de ter ficado “detido” na ESMA junto com Yorio, “por suspeita de contatos com guerrilheiros”. Ou seja, as mesmas acusações formuladas por Yorio e Jalics (e corroboradas por muitos sacerdotes e laicos que entrevistei): enquanto aparentava ajuda-los, Bergoglio os acusava pelas costas.

É lógico que este fato de 1979 não serve de base para uma condenação legal pelo sequestro de 1976. O documento assinado por Orcoyen sequer foi incorporado ao processo, mas indica uma linha de conduta. Ligar o diretor de Culto Católico da ditadura a uma conspiração contra a Igreja seria um exagero. Por isso, Bergoglio e seu porta-voz calam sobre estes documentos e preferem desqualificar quem os encontrou, preservou e publicou.

[1] Carmelo Giaquinta: “Reconciliándonos con nuestra Historia”, organizado pelo Projeto “Setenta veces siete” e Editorial San Pablo, na 36ª Feira Internacional do Livro, Salão Roberto Arlt, 8 de maio de 2010.

[2] Conferência Episcopal Argentina (CEA), Plano Nacional de Pastoral, Buenos Aires, 1967, p. 14, cfr. Luis O. Liberti, Monseñor Enrique Angelelli. Pastor que evangeliza promovendo integralmente o homem, Editorial Guadalupe, Buenos Aires, 2005, p. 164.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Artigo em espanhol, com documentos apresentados por Verbitsky:

(http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-215961-2013-03-17.html)

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21754

abolicionista

Se o povo soubesse da verdade, invadia o vaticano e distribuía o ouro dos pedófilos entre os famélicos da terra.

    Hélio Pereira

    Avante a INTERNACIONAL.

FrancoAtirador

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Inglaterra aprova novo marco regulatório da imprensa

Enquanto a polícia britânica investiga centenas de novos casos de escutas telefônicas ilegais envolvendo o grupo Murdoch, os três principais partidos políticos fecharam um acordo, domingo à noite, sobre a regulação da imprensa escrita.
O novo marco regulatório estabelece multas de até um milhão de libras
e obriga os periódicos a pedir desculpas publicamente em caso de prática de abusos.
[SE FOSSE NO BRASIL, O RUPERT CIVITA QUEBRAVA:
A REVISTA VEJA SÓ IRIA TER PEDIDOS DE DESCULPAS]

Por Marcelo Justo, de Londres, na Carta Maior

Londres – A polícia está investigando centenas de novos casos de escutas telefônicas da extinta publicação dominical do grupo Murdoch, “News of the World”. As revelações de um informante do periódico colocam outra vez contra as cordas o império midiático que, mediante indenizações e acordos extrajudiciais, estava tentando sepultar a investigação. Enquanto isso, os três principais partidos políticos fecharam um acordo, domingo à noite, sobre a regulação da imprensa escrita. “Minha mensagem à imprensa é claro. Debatemos o tema. É hora de olhar para a frente e fazer funcionar este novo sistema”, disse o primeiro ministro David Cameron em uma sessão emergencial do parlamento.

O novo marco regulatório, que estabelece multas de até um milhão de libras e obriga os periódicos a pedir desculpas publicamente em caso de prática de abusos, contará com a sanção da rainha Elizabeth II por meio de um Ato Real e só poderá ser modificado com uma maioria parlamentar de dois terços. O acordo interpartidário esconde uma surda batalha em torno do tema. Em novembro passado, a Comissão Leveson propôs a continuidade do sistema de auto-regulação da imprensa com um código de conduta mais rígido e a criação por lei de um novo organismo supervisor que vigiasse o cumprimento das normas. A proposta era moderada, mas a maioria dos grandes meios de comunicação colocou a boca no trombone e o primeiro ministro conservador David Cameron convocou uma negociação com os outros partidos deixando claro que se opunha a que o parlamento sancionasse uma lei porque era “uma ameaça à liberdade de imprensa”.

Nos meses de negociação interpartidária que se seguiram os conservadores propuseram um Ato Real para resolver a falta de base legal que o novo marco apresentaria. A proposta foi rechaçada por seus aliados no governo, os liberal-democratas, e pela oposição trabalhista e as vítimas de abusos da imprensa, reunidos em torno do grupo Hacked off. Na quinta-feira passada, o primeiro ministro David Cameron deu por finalizadas as negociações e convocou uma votação parlamentar para esta segunda-feira. Na última hora da noite de domingo, chegou-se a um acordo mediante um subterfúgio. As três partes apoiavam a promulgação de uma lei que estipula que um Ato Real só poderá ser revogado por dois terços da Câmara dos Lordes e dos Comuns. Assim, ambas as partes puderam reivindicar uma vitória política. A interrogação que fica é se este novo marco evitará novos abusos.

A auto-regulação da imprensa foi consagrada em 1953 como uma espécie de princípio democrático sagrado, mas foi questionada e examinada por sete comissões nas últimas décadas. A última delas, formada durante os escândalos familiares que sacudiram a família real (Princesa Diana, divórcios, etc.) no início dos anos 90, concluiu que era a última oportunidade para a auto-regulação da imprensa. O experimento falhou como ficou claro no escândalo das escutas telefônicas. O próprio David Cameron se viu obrigado a criar, em julho de 2011, uma nova comissão investigadora da imprensa depois que se revelou que o “News of the World” havia invadido o celular de uma adolescente desaparecida e surgiram em série denúncias similares de vítimas de violações familiares de soldados mortos no Afeganistão e Iraque ou qualquer outro tema que tenha despertado a atenção do olho midiático.

Desde o surgimento do primeiro caso, em 2005, – a escuta telefônica do príncipe William – 16 pessoas foram levadas a julgamento, entre elas a outrora número dois de Ruppert Murdoch, Rebekah Brooks, e o ex-chefe de imprensa do primeiro-ministro Cameron e ex-editor do dominical, David Coulson. O grupo Murdoch aceitou pagar indenizações em 254 casos e há mais de 250 processos iniciados, que incluem a esposa de Tony Blair, Cherie, e Ted Beckham, pai do jogador de futebol. Em fevereiro deste ano, seis diretores do “News of the World” foram presos e na quinta passada o escândalo se estendeu a outro grupo, o Trinity Mirror, com a prisão de Tina Weaver, ex-editora do “Sunday Mirror”, e outros três colegas seus. Nesta segunda-feira, um advogado das vítimas, Hugh Tomilson, disse ao Alto Tribunal de Londres que a polícia havia descoberto centenas de novos casos de escutas telefônicas.

Até aqui, o golpe mais duro atingiu Rupert Murdoch e a News Corporation, segundo grupo midiático do mundo. Murdoch teve que abandonar sua tentativa de obter o controle absoluto da cadeia BSkyB e prestou dois depoimentos no parlamento. Em maior do ano passado, a Comissão de Cultura, Meios de Comunicação e Esportes declarou que ele não era “uma pessoa com as condições requisitos” para estar a frente de uma companhia internacional. Embora o controle acionário da News Corporation (cerca de 39%) permita-lhe manter as rédeas do grupo, sua influência diminuiu. Nos últimos meses, abriu mão de um milhão de ações da empresa e seu filho James, até antes do escândalo considerado o herdeiro do grupo, renunciou no ano passado como diretor executivo da News International, o braço britânico da empresa, e como presidente da BSkyB.

James Murdoch declarou repetidamente que todo o escândalo das escutas se devia a “uma maçã podre”. O golpe letal para sua carreira e a de seu pai será se a investigação policial em curso determinar que um dos dois ou ambos conheciam e concordavam com uma prática de espionagem jornalística que era “vox populi” em ambientes da imprensa e que havia chegado à cultura popular das séries televisivas sobre o jornalismo.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21761

rodrigo

Pra uma instituição que não só apoiou como pricipalmente deu toda a sustentação necessária ao regime Ustasha, Galtieri, Videla e Massera são pinto pequeno.

Urbano

O problema é que os donos do mundo mataram, através das armas e/ou da fome, milhões e milhões de seres humanos pelo mundo afora, mais das vezes para usurpá-los e, no entanto, são inimigos figadais dele. Por que será? Inclusive, tentaram assassina-lo por quase cinco dezenas de vezes. Chegaram a ter sucesso em relação a muitos outros chefes de Estado. Agora, desconheço que Fidel tenha tentado matar algum desses seus frustrados assassinos. Portanto, nem precisa muita informação e nem muita amplitude de juízo para se saber quem é infinitamente pior, ou por outra que é melhor. É bom saber que papagaida ficou para os papagaios e não pra ser humano. Pensar uma vez na vida, pelo menos uma, não é pedir muito.

Gerson Carneiro

Papa Chico Cagueta I

    Fabio Passos

    muito bom. rsrs
    vou me referir assim a sua santidade: papa chico cagueta I.

Vicente Freire

“Na 6ª feira, como relata o correspondente de Carta Maior, o porta-voz da Santa Sé reclamou do que classificaria como ‘acusações caluniosas e difamatórias’ envolvendo o passado do Sumo Pontífice. Em seguida, atribui-as a ‘elementos da esquerda anticlerical’.”

Mentira do porta-voz da Santa Sé: toda esquerda apóia o Papa Francisco e é por ele apoiada. Jesus Cristo era socialista!

RicardãoCarioca

O Zé Bolinha separou mesmo da mulher?

http://www.novomomento.com.br/Geral/2213/monica-e-jose-serra-separados

    Migué

    Só não sei se ele manteve uma amante “escondida” por mais de 20 anos.

    Hélio Pereira

    A Soninha Francini deve saber,afinal a respeito do coordenador do “Gabinete Sombra” ela sempre sabe tudo.

Mário SF Alves

O inacreditável dessa história toda é que eles jamais veem à público explicar o arrazoado deles. Por que será?
________________________________
Conclusão óbvia: a MENTIRA tem pernas curtas.
________________________________________
Aliás, explicam, sim. Mas, só quando o regime é instituído por eles na base da força bruta, e sem direto a réplicas. Algo de tipo, questionou? Leva pro pau-de-arara! Aí, né, até eu que sou mais bobim.

Mário SF Alves

No mais, é como diz a sabedoria popular: em existindo cavalos são jorge não anda a pé. Salve Jorge! Enquanto isso, ao Sul do Equador, independentemente das preferências quanto aos meios de transporte de São Jorge, o que conta mesmo é o canto da sereia da mídia corporativa antidemocrática; tudo “vendido” como inocentes plim-plims. Então, e por isso mesmo: acorda bobim, chega de ser cavalim!

anac

Bergoglio era provincial (ou seja, o chefe local) dos jesuítas, entre 1973 e 1979, antes de ser nomeado arcebispo e depois Cardeal de Buenos Aires.

“Quando questionado pelo Eterno, sobre onde estava seu irmão, Caim respondeu “Sou eu, por acaso, guardador do meu irmão?”
Mas ele havia acabado de assassina-lo. Considerando que ele disse isso a Deus, suponho que a resposta pareceu-lhe(Abel) sensata e aceitável. Uma narrativa carregada de simbolismo. Quando a inveja, o rancor, o auto-vitimismo, a auto-indulgência e a violência vão invadindo o coração dos homens, eles passam a acreditar que o bem dos outros não é seu problema.”
http://carassonet.org/Sergio/www.oindividuo.org/2010/05/15/nao-e-minha-culpa-nao-e-meu-problema/

anac

“Percebam, escolher não fazer nada é também uma escolha, é também uma ação, é também uma iniciativa com significado ético. Mesmo que você possa argumentar que não foi o causador original de um certo resultado, e que talvez nem sequer o desejasse, isentar-se diante da injustiça, da maldade, do que você sabe que está errado e incorreto, calar-se diante da mentira, omitir-se diante da opressão, assumir calado seu papel no que você sabe que é uma farsa e uma impostura, tudo isso é sim transbordante e pleno de implicações éticas. E não fazer nada certamente afeta o outro, especialmente quando você está numa posição privilegiada para mudar o curso dos eventos. Então sim, mesmo que não seja sua “culpa”, suas ações – ou omissões – continuam tendo conseqüências e significado.”
http://carassonet.org/Sergio/www.oindividuo.org/2010/05/15/nao-e-minha-culpa-nao-e-meu-problema/

Fabio SP

Essa foto do post mostra bem a má intenção do post… porque não colocar esta também…

    Gerson Carneiro

    Ah então vamos colocar essa aqui também

    e essa

    e mais essa

    ah, e também essa

    assalariado.

    Fabio SP, o jornal Pagina 12, é tido como linha editorial, de esquerda, tudo bem? Estes dois homens da foto, se propuseram a ficar ao lado dos pobres e pelos pobres como sobreviventes. O primeiro, numa linha “cristã” de sobrevivência social de “igualdade”, o outro numa linha dita socialista de sobrevivência social de igualdade. Qual deles foi/ é coerente, com sua história de vida e de princípios defendidos?

    Abraços.

    renato

    Uma honra para o Papa.

    Mário SF Alves

    Só agora entendi. Uma honra mesmo.
    ____________________________________
    Aliás, se o Ocidente tivesse algum juízo ou princípios civilizatórios declararia logo Cuba como Reserva Moral da Humanidade. Ninguém, país algum, nunca mais teria liberdade de tascar o bico torto ali.

    abolicionista

    Legal ver o Fidel ajudando um líder de uma instituição decrépita. Pena que o papa não aprendeu nada.

Mardones

Sem dúvida, esclarecer a participação de Francisco em alguns crimes na ditadura não pode ser esquecido porque ele hoje representa a Igreja Católica mundial. Ninguém está acima da lei. Ninguém!

Maria Fulô

“Seu jornalismo tornou-se um acelerador da transição que os interesses favorecidos pelo regime militar gostariam de maquiar”

Que falta faz um Página 12 aqui no Brasil… Os interesses favorecidos pelo regime militar abrangem toda Grande Imprensa mas particularmente a Rede Globo de TV, a que “educa” os brasileiros através de suas novelas, deve seu atestado de nascimento aos milicos. Uma vergonha…

Amorim

Quando se critica e põe em dúvida os donos do poder absoluto, a fórmula com o prefixo anti – anticlerical, antiamericano, antisemita, antidemocrático – é tirada logo da manga.

anac

A foto diz tudo. Bergoglio no mínimo se omitiu o que para um representante da ICA que tem a obrigação de agir diante da barbárie foi um crime e não apenas de omissão. O atual cardinalato tem a cara e a mão de Ratzinger, o papa que foi membro da juventude hitlerista. Deus nos livre se fosse um do opus dei, como o papável brasileiro Sherer. Com candidatos assim, Dios mio, mesmo.

João Paulo Ferreira de Assis

Gente, deixemos o Bergoglio em paz. Ele até pode ter sido delator, mas a verdade é que os jesuítas presos saíram vivos da Escola de Mecânica da Armada, coisa que não aconteceu a muitos que lá foram parar.

Vocês já pensaram se em vez de um papa argentino, fosse o atual Cardeal de Lima, Juan Luis Cipriani Thorni, da OPUS DEI. Leiam na Wikipedia as proezas do Cardeal Cipriani:

apoiou pena de morte para Abimael Guzman, colocou na porta da Arquidiocese de Ayacucho dizeres: ”no se aceptan reclamos sobre derechos humanos”. Imagine, um arcebispo que é a favor da pena de morte e que não aceita reclamações sobre direitos humanos.

    renato

    Este é louco!
    Foi ele que colocava pó negro na fumaça branca!
    Os bispos viram e caíram de pau nele, mas antes
    deram muita risada.
    Eu fico imaginando as lavadeiras lavando todas
    aquelas vestimentas. E engomando, e passando.

João Vargas

A batina, a toga e a farda sempre andaram de mãos dadas para oprimir o povo.

Urbano

Pela desenvoltura junto aos milicos trevosos, percebe-se claramente que sua perícia era usada unicamente em extrema-unção; nunca em exorcismo.

renato

Pagina 12 esta para o Povo.
Como a camisa 12 esta para
torcida de futebol.
Como os doze para Cristo.
e como doze para duzia.

Fabio Passos

Aqui no Brasil, aqueles que apoiaram os ditadores e torturadores, comemoram e aplaudem a escolha do papa bergoglio.
Sera coincidencia?

Willian

Só não incomoda os Kirchners…

Jornal chapa blanca…

    Héctor Amuchastegui

    É verdade que hoje é chapa branca.

    Mais o tema desparecidos e ralação da curia com o sequestro e desaparição de pessoas, é de bem antes do governo Kirchner.

    Aliás, como diz a matéria, é desde a época da fundação do jornal, em 1987, comandado em aquele então por Jorge Lanta, hoje estrela do Clarín e principal jornalista opositor ao governo Kircnher.

    Para falar é melhor se informar primeiro.

    Nelson

    Estás, realmente, a ler jornais de esquerda, Sr Willian?

    simas

    Claro, neh? Vc quer q ele se recicle, de q maneira? O Willian não dá crédito à imprensa… maldita; ora.

    Willian

    O Granma é todo dia!

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