Haddad e o cansaço de uma cidade: 91% se sentem inseguros

Tempo de leitura: 4 min

Haddad recebe sugestões para metas, pede ajuda da população e critica ‘sensação de negociata’

Prefeito de São Paulo afirmou que irá avaliar sugestões encaminhadas por organização não governamental. Propostas são fruto de avaliação sobre qualidade de vida dos paulistanos

Por Gisele Brito, da Rede Brasil Atual

Publicado em 17/01/2013, 19:36, última atualização às 19:39

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad  (PT), recebeu hoje (17) da Rede Nossa São Paulo um documento com sugestões para a elaboração das metas de seu governo. A apresentação de um plano especificando metas e prazos de ações da prefeitura deve ser entregue, por lei, até o dia 1º de março, quando a gestão completa 90 dias.

Haddad disse que “primeiro precisa conhecer” as propostas da Nossa São Paulo para definir se vai ou não incorporá-las a seu plano, mas sinalizou que deve repetir a metodologia adotada no Ministério da Educação, de estabelecer metas qualitativas.

“Compartilhamos a ideia de que não há como fazer planejamento moderno sem discutir metas com a sociedade, consignadas em lei e acompanhadas. Prestando contas, prestando informações.”

A maioria da população de São Paulo está insatisfeita com a vida na cidade. A pesquisa Irbem divulgada hoje (17) pela Rede Nossa São Paulo aponta que a nota média atribuída à qualidade de vida no município ficou em 4,7, em uma escala que vai de 1 a 10.

É a pior nota desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2008. Apenas as áreas Relações Humanas, Religião e Espiritualidade, Tecnologia da Informação e Trabalho, com caráter bastante pessoal e subjetivo, tiveram nota acima da média, 5,5.

A transparência e a participação política da cidade, com média de 3,5, foi a área pior avaliada entre as 169 pesquisadas. Já a com melhor avaliação foi a de Relações Humanas, que trata do contato com a família em ambiente doméstico, com 8,0.

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Haddad defendeu o diálogo com a população, indicando que isso é fundamental para ganhar aliados.“Quando você se expõe e discute os problemas sem nenhuma reserva, as pessoas passam a acreditar. A olhar para você, olhar nos seus olhos. Ver a sinceridade de seus argumentos. É preciso mais comunicação. Quando eu digo comunicação, não estou falando de publicidade. Estou falando de falar com as pessoas, explicar para as pessoas o que está acontecendo.”

Mas indicou que a missão é difícil. “Você não imagina hoje o que é para construir uma casa em São Paulo, a via sacra que você tem de fazer. Porque todo mundo precisa opinar no projeto. Quando eu digo todo mundo, é todo mundo menos a população. E o que acontece com o gestor público? Ele perde o gosto de ouvir a população”, afirmou.

“Hoje a sensação na cidade é que tem uma negociata por trás de todo empreendimento, toda iniciativa pública. E para vencer isso e ganhar confiança dos órgãos de controle, do Tribunal de Contas, do Ministério Público, da primeira e segunda instância, dos desembargadores. Isso também é uma tarefa que exige muito sacrifício e paciência”, acredita.

Segurança foi a área que apresentou a maior piora na percepção da população.

Em 2011 e 2012 a nota caiu de 3,9 para 3,0. 91% da população se diz insegura de viver em São Paulo. Sair à noite é aquilo que os paulistanos têm mais medo em seu dia a dia, ficando atrás de violência em geral e assaltos e roubos. O medo de sair à noite para trabalhar, estudar ou curtir aumentou de 20% da população para 41%.

Haddad lembrou que a segurança é atribuição do governo do estado, mas salientou que algumas medidas que influenciam na questão vêm sendo tomadas pela municipalidade, como a questão da iluminação. E lembrou as cobranças que vem fazendo sobre a melhora no serviço prestado pelas concessionárias. “O valor dele [contrato] subiu, mas nem por isso a sensação de segurança da população melhorou”, declarou durante entrevista coletiva.

Na Irbem, 26% dos entrevistados sugerem que, para diminuir  a insegurança, é preciso combater a corrupção nos presídios.

As subprefeituras das periferias das zonas sul e leste concentram as piores avaliações sobre a qualidade de vida. Já Perus, no extremo norte, é a região administrativa com melhor avaliação, 5,6, a única acima da média, contra a pior, 4,2, em Capela do Socorro/Cidade Ademar.

O nível de satisfação com a saúde na cidade ficou em 4,8. As maiores reclamações estão relacionadas ao tempo de espera para atendimento – 66 dias para marcar uma consulta, 86 para fazer exames e 178 para agendar procedimentos mais complexos como cirurgias e internações.

Educação obteve a mesma média, 4,8, sendo a quantidade de vagas em creches e as relações de respeito com os profissionais da educação os itens que mais puxaram a nota para baixo, ficando ambas com nota média de 4,5.

A desigualdade social é outro item que contribui pouco para a qualidade de vida na cidade. A área recebeu nota média de 3,8 – dos seis subitens pesquisados, apenas um, a igualdade no acesso à saúde, não apresentou piora na avaliação, permanecendo com nota média de 3,9.

O nível de satisfação com a qualidade de vida em relação a habitação ficou em 4,5, sendo o item “qualidade da própria moradia” merecedora da média 5,6, a mais alta. Já a avaliação em relação às soluções para reduzir riscos em áreas vulneráveis, 3,9, a mais baixa.

Em relação ao meio ambiente, o nível de satisfação ficou em 4,6. Com destaque para o aumento da satisfação em relação quantidade de áreas verdes na cidade, o que mereceu nota média de 5, um décimo a mais do que em 2011.

Em relação a cultura, a nota foi de 4,1, um recuo de 0,5 ponto na nota dada na pesquisa anterior. Os itens que mais contribuíram para a queda da média geral foi o preço das entradas de shows, teatro e cinema e  frequência de visitas a museus e exposições, com média de 3,7.

A média atribuída a satisfação com o transporte ficou em 4. Com destaque para a variação positiva em relação a percepção da presença de ciclovias e ciclofaixas na cidade que teve um aumento na média de satisfação de 3,9 para 4,1.

As médias mais baixas relacionadas a área foram atribuídas ao  preço das tarifas, com 3,6 e a segurança no trânsito, com 3,5. A pesquisa também apontou que o tempo médio de espera nos pontos de ônibus em 2012 foi de 21 minutos na cidade.

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MIRARAM-SE NO EXEMPLO

DAQUELE IMPÉRIO DO NORTE,

DEU NO QUE DEU:


CULTURA DO MEDO
Autor: Barry Glassner

Resenha da Editora (Francis)

“Cultura do Medo” prova que os números da criminalidade, as drogas e a gravidez precoce deveriam assustar menos do que a poluição e a má distribuição de renda.

E desvenda a enganosa teia de perigos e pavores que são o alvo da paranóia da sociedade, que acaba engolindo rumores como se fossem fatos, sucumbe diante da manipulação dos dados e torna-se vítima de um sistema de pensamentos e hábitos avessos ao convívio humano.
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Série do Fim de Semana: livros para conhecer o inimigo
ou: Como entender que raios está acontecendo no mundo e com a gente?

CULTURA DO MEDO*

Por ALÊ (Alexandra Peixoto), no BOCA NO TROMBONE (I)

Embora concentrada nas mãos de poucas pessoas, algumas envolvidas diretamente com política, a mídia brasileira é muito semelhante à americana. Por isto, a publicação de CULTURA DO MEDO, de Barry Glassner , foi realmente importante.

O livro prefaciado por Paulo Sérgio Pinheiro é fartamente documentado. Ao fim de cada capítulo o autor indica aos leitores quais foram as fontes consultadas, de maneira que suas conclusões não podem ser consideradas arbitrárias.

Em cada um dos capítulos Barry Glassner se detêm sobre um tema diferente, de maneira a dar um painel bastante completo e variado de todos os principais instrumentos empregados pela mídia americana para amedrontar a população. Consciente ou inconscientemente os jornalistas americanos desviam constantemente a atenção dos leitores e espectadores para assuntos menos relevantes, desviando sua atenção dos problemas reais que podem e devem ser atacados para melhorar as condições de vida da população.

No primeiro capítulo o autor trata dos PERIGOS DUVIDOSOS NO TRÂNSITO E NAS UNIVERSIDADES. O diagnóstico do autor impressionante: “Relativamente a quase todos os temores americanos atuais, em vez de se enfrentar os problemas sociais perturbadores, a discussão publica concentra-se em indivíduos perturbados. Em vez de políticas públicas insanas, os motoristas dementes ocuparam o centro do palco na cobertura relativa ao trânsito. Quando se faia alguma referência aos problemas sérios enfrentados pelos motoristas, esses eram prontamente postos de lado, transformando-se em um falatório sobre motoristas violentos.”

No Brasil já nos acostumamos às narrativas matutinas dos acidentes de trânsito que ocorreram de madrugada ou no começo da manhã. Cada telejornal tem seu próprio helicóptero para mostrar o caos urbano criado pelos acidentes. Quando o acidente tem múltiplas vítimas, os jornais da tarde e da noite repassam as mesmas coberturas. Na grande maioria das vezes ficamos sabendo que os responsáveis foram motoristas que estavam embriagados, dormiram ao volante ou violaram leis de trânsito.

Me parece óbvio que se os motoristas estavam embriagados é porque puderam comprar bebidas livremente, inclusive na estrada. Entretanto, nunca vi um só jornalista brasileiro perguntar ao dono de uma grande cervejaria se ele apoiaria a proibição de venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina. E os donos de redes de distribuição de combustível e bebidas em postos, o que tem a dizer sobre o assunto? Nada enquanto não forem questionados pela mídia.

O silencio da mídia em relação a esta questão pode ser creditada à cumplicidade. A mídia não toca no assunto porque ele não interessa aos políticos, que por sua vez não o consideram importante porque recebem dinheiro dos empresários do setor para permitir que os negócios possam fluir. Ao fluir, os negócios rendem gordas propaganda que são abocanhadas pela própria mídia. E assim a tragédia social se perpetua em benefício de alguns.

Porque os motoristas brasileiros dormem ao volante? Porque gostam de dirigir com sono ou porque são obrigados a realizar jornadas de trabalho estafantes em razão de ganharem pouco? Os donos de transportadores devem ter alguma coisa a dizer sobre o assunto, mas nunca foram questionados ao vivo por qualquer rede de televisão ou jornal de circulação estadual ou nacional.

Seguindo o exemplo do jornalismo americano, o jornalismo brasileiro parece que prefere concentrar-se na tragédia e culpar o motorista. E todo dia um novo motorista culpado se torna peça chave nos jornais matutinos. É realmente lamentável.

Barry Glassner afirma que os “… pseudo-superegos representam novas oportunidades de evitar problemas que não queremos enfrentar, tais como ruas superlotadas e superabundância de armas, assim como aqueles que já cansamos de confrontar. Um exemplo do ultimo caso envolve o ato de dirigir embriagado, comportamento que causa cerca de 85 vezes mais mortes do que ocorrências associadas à fúria no trânsito (cerca de 17 mil contra 200).”

Há algum tempo a imprensa brasileira notabilizou um caso de fúria no trânsito ocorrida na cidade São Paulo envolvendo um motorista que, se não em engano, atropelou um motoqueiro e fugiu causando estragos até ser detido pela polícia. A cobertura desmedida dado a este evento isolado demonstra como nossos escribas estão sempre à procura de imitar seus colegas norte-americanos.

No segundo capítulo, o autor se concentra sobre a CRIMINALIDADE NO NOTICIÁRIO. Logo no princípio do capítulo ele adverte que “…temos que ter preocupações com a criminalidade, o consumo de drogas, o abuso de crianças e outras calamidades. A questão é: como nos atrapalhamos tanto sobre a verdadeira natureza e extensão desses problemas?”

Há pelo menos dez anos o jornalismo “pinga sangue” ou “risca faca” tomou conta do horário nobre de algumas emissoras de televisão. Alguns
apresentadores de televisão se notabilizaram explorando a tragédia e alimentando o medo da população. Cenas de perseguições em favelas, tiroteios em praça pública, cidadãos alvejados e algemados se tornaram tão comuns que a população é levada a crer que existe um bandido atrás de cada poste. O problema é que nem todos os bairros têm postes de luz e muitos dos que têm estão no escuro por causa de luminárias quebradas ou apagadas. Mas todos os dias a televisão repassa a mesma ladainha de desgraças e nenhum jornalista pergunta: o que pode ser feito para melhorar as condições de vida da população na periferia?

Barry Glassner explica esta falta de curiosidade jornalística. Segundo ele “…os jornalistas se vangloriam de ser desconfiados em relação às informações que recebem. O jornalista adirão “usa seu ceticismo como um cavaleiro medieval usava sua armadura”, disse Shelby Coffey, diretora da ABC News e ex-editora do Los Angeles Times. No entanto, quando se trata de uma grande história de crime, um jornalista se comporta como o garoto mais certinho do colegial para quem a garota mais popular da escola pediu ajuda em seu projeto de ciências. Grato pela oportunidade, ele não se preocupa em fazer muitas perguntas.”

Curiosamente, muitos jornalistas brasileiros também não tem o hábito de perguntar. E quando perguntam, quase sempre desviam o foco do problema real concentrando-se no efeito.

Como os americanos, nós brasileiros também tivemos nossos padres pedófilos. A cobertura dada pela mídia brasileira a questão foi muito similar à americana, cujos desdobramentos podíamos até ver concomitantemente em nossos jornais noturnos. “O ensaísta político Walter Russel Mead mostrou que o enfoque da mídia causou um desserviço mais sutil. Ao fazer reportagens sobre padres pervertidos, os jornalistas acreditam que estão suscitando uma questão mais ampla sobre o colapso moral de uma das instituições espirituais mais antigas e influentes da humanidade. No entanto, como Mead assinala, a atenção obsessiva dedicada aos padres pedófilos obscurece problemas mais graves existentes na Igreja. Em particular, ele cita a corrupção em partidos políticos europeus apoiados pela Igreja…”

Durante toda a cobertura feita sobre a crise do “valerioduto” nenhum telejornal brasileiro fez a menor menção sobre as ligações do PT com a
Igreja Católica. Entretanto, as ligações entre do partido de Lula e a Igreja são históricas. O ex-Presidente da Câmara petista envolvido no “valerioduto” saiu de uma Comunidade Eclesial de Base. Após ser eleito, o próprio Lula agradeceu pessoalmente aos votos conseguidos no púlpito aos bispos reunidos no interior de São Paulo. Até que ponto a corrupção do PT tem alguma relação com a corrupção na Igreja Católica no Brasil? Esta pergunta jamais foi feita, certamente porque no Brasil questionar a Igreja é tabu. Mas porque diabos é tabu? Então não vivemos num Estado laico em que os cidadãos têm liberdade de consciência e a imprensa é livre?

O livro de Barry Glassner tem nove capítulos, que tratam desde juventude em risco e mãos monstruosas até doenças metafóricas e acidentes aéreos. Negros e tráfico de drogas também foram abordados.

Ao tratar do problema das drogas, por exemplo, o cientista social alerta para o fato de que o uso de drogas legais é socialmente mais relevante que o tráfico de entorpecentes. Segundo ele mais “…americanos usam drogas
lícitas por razões não-médicas do que usam cocaína ou heroína; centenas de milhões de indiciamentos são usados de modo ilícito todos os anos. Mais da metade das pessoas que morrem por problemas médicos associados a drogas ou buscam tratamento para esses problemas estão consumindo medicamentos vendidos com receita. A própria American Medical Association estima que um entre 20 médicos seja completamente negligente na prescrição de medicamentos, e, de acordo com a Drug Enforcement Agency (DEA), no mínimo 15 mil médicos vendem receitas ilegais. No entanto, menos de 1% do orçamento relativo ao combate às drogas destina-se ao controle do uso abusivo de medicamentos vendidos com receita.”

No Brasil o problema também existe, mas pouco ou nenhum interesse desperta na mídia. O uso de “rebites” por motoristas de caminhão é notório. Mesmo assim, nenhum laboratório que fabrica os medicamentos vulgarmente denominados “rebites” é encurralado pelos jornalistas. Em geral os noticiários lamentam a destruição da carga, os transtornos na auto-estrada e a morte do cidadão que dormiu ao volante.

Conheci um caminhoneiro que sofreu danos neurológicos sérios e incuráveis em razão de ter abusado de “rebites” para poder sustentar sua família. Nenhum jornalista se interessou por sua estranha doença que o obrigava a andar com um bilhete no bolso contendo nome, endereço e telefone. Ele apagava em qualquer lugar e às vezes permanecia desacordado por dois ou três dias. Acabou afastado do trabalho porque estava incapacitado para dirigir. Encontrei-o num Shopping de Osasco no final de 2004, estava bastante chateado porque não o benefício previdenciário não lhe permitia pagar os estudos dos filhos. Hoje seus filhos são órfãos porque ele morreu aos cinqüenta e poucos anos de idade

A venda de medicação vencida, o desperdício de estoques de medicamentos públicos e a comercialização de remédio pirata tem espaço garantido nos telejornais. O abuso de prescrição ou a venda de receitas por médicos parecem não estimular indagação jornalística. Vez por outra um caso de automedicação chama a atenção. A venda indiscriminada de medicamentos parece não interessar a ninguém. O silêncio da mídia certamente pode ser creditado à cota de propaganda que as redes de farmácia e os laboratórios farmacêuticos atribuem aos canais de televisão. Quanto dinheiro está envolvido nisto? Nenhum jornalista sabe e se sabe não está disposto a relevar a informação.

A questão da venda indiscriminada de remédios e receitas parece não interessar aos jornalistas. Então deveriam interessar os políticos, certo?
Errado! Barry Glassner é enfático ao frisar que “…a dependência dos políticos em relação à indústria farmacêutica para o levantamento de fundos para campanhas eleitorais e a dependência da imprensa em relação à mesma indústria para receitas publicitárias têm algo a ver com aquelas formas de consumo abusivo que eles deploram.” E no Brasil, quanto dinheiro os laboratórios e redes de farmácias dão aos políticos? Quem sabe um dia se faça uma CPI do “remedioduto”, antes disto o assunto continuará um mistério tremendo.

Adquiri uma edição de 2003 da obra resenhada num sebo, por isto não sei dizer quanto custa o livro novo. Entretanto, qualquer que seja o preço do mesmo seu valor é inestimável. A obra merece ser lida por jornalistas e, principalmente, por leitores. Afinal, mais do que os jornalistas os leitores são vítimas desta cultura do medo que também está sendo imposta aos brasileiros pela mídia em cumplicidade com os políticos.

O crime parece ser maior do que realmente é.

Enquanto ele cai nas estatísticas em 20 por cento, as notícias sobre a violência aumentam 600 por cento, segundo o autor deste livro.

*Este livro inspirou Michael Moore a realizar o filme Tiros em Columbine

(http://muitasbocasnotrombone.blogspot.com.br/2009/10/serie-do-fim-de-semana-livros-para.html)

    FrancoAtirador

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    Naomi Klein explica em seu novo livro:

    A DOUTRINA DO CHOQUE: O AUGE DO CAPITALISMO DO DESASTRE
    [The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism]

    O golpe de Pinochet no Chile. O massacre da Praça de Tiananmen. O Colapso da União Soviética. O 11 de setembro de 2001. A guerra contra o Iraque. O tsunami asiático e o furacão Katrina. O que todos esses acontecimentos têm em comum? É o que a ativista canadense antiglobalização Naomi Klein explica em seu novo livro The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism [A doutrina do choque: O auge do capitalismo do desastre].

    Naomi Klein em uma longa entrevista para o sítio La Haine, 27-09-2007, afirma que a história do livre-mercado contemporâneo foi escrita em choques e que os eventos catastróficos são extremamente benéficos para as corporações. Ao mesmo tempo a autora revela que os grandes nomes da economia liberal, como Milton Friedman, defendem o ‘capitalismo do desastre’.
    A tradução é do Cepat.

    Acompanhe trechos da sua entrevista.

    O que é exatamente a doutrina do choque?

    A doutrina do choque como todas as doutrinas é uma filosofia de poder. É uma filosofia sobre como conseguir seus próprios objetivos políticos e econômicos. É uma filosofia que sustenta que a melhor maneira, a melhor oportunidade para impor as idéias radicais do livre-mercado é no período subseqüente ao de um grande choque. Esse choque poder ser uma catástrofe econômica. Pode ser um desastre natural. Pode ser um ataque terrorista. Pode ser uma guerra. Mas a idéia é que essas crises, esses desastres, esses choques abrandam a sociedades inteiras. Deslocam-nas. Desorientam as pessoas. E abre-se uma ‘janela’ e a partir dessa janela se pode introduzir o que os economistas chamam de ‘terapia do choque econômico’.

    É uma espécie de extrema cirurgia de países inteiros. E tudo de uma vez. Não se trata de um reforma aqui, outra por ali, mas sim uma mudança de caráter radical como o que vimos acontecer na Rússia nos anos noventa, o que Paul Bremer procurou impor no Iraque depois da invasão. De modo que é isso a doutrina do choque. E não significa que apenas os direitistas em determinada época tenham sido os únicos que exploraram essa oportunidade com as crises, porque essa idéia de explorar uma crise não é exclusividade de uma ideologia em particular. Os fascistas também se aproveitaram disso, os comunistas também o fizeram.

    Explique quem é Milton Friedman, a quem ataca energicamente nesse livro?

    Bem, ataco Milton Friedman porque é o símbolo da história que estou abordando. Milton Friedman morreu no ano passado. Morreu em 2006. E quando morreu, vimos como o descreveram em tributos pomposos como se fosse provavelmente o intelectual mais importante do período pós-guerra. Não apenas o economista mais importante, mas o intelectual mais importante. E é verdade que se pode construir um argumento contundente nesse sentido. Foi conselheiro de Thatcher, de Nixon, de Reagan, do atual governo Bush. Deu aulas a Donald Rumsfeld no início de sua carreira. Assessorou Pinochet nos anos setenta. Também assessorou o Partido Comunista da China no período chave da reforma ao final dos anos oitenta.
    Sendo assim, teve uma influência enorme. Falei outro dia com alguém que o descreveu como o Karl Marx do capitalismo. E acredito que não é uma comparação ruim, mesmo que esteja segura de que Marx não gostaria nem um pouco. Mas foi realmente um popularizador dessas idéias.

    Tinha uma visão de sociedade na qual o único papel aceitável para o Estado era o de implementar contratos e proteger fronteiras. Tudo o demais deve ser entregue por completo ao mercado, seja a educação, os parques nacionais, os correios, tudo o que poderia produzir algum lucro. E realmente viu, suponho, que as compras – a compra e a venda – constituem a forma mais elevada de democracia, a forma mais elevada de liberdade. O seu livro mais conhecido é Capitalism and Freedom [Capitalismo e liberdade].

    Quando da sua morte no ano passado, percebemos o como essas idéias radicais de livre mercado chegaram a dominar o mundo, de como varreram a antiga União Soviética, a América Latina, a África, de como essas idéias triunfaram durante os últimos trinta e cinco anos. E isso me impressionou muito, porque já estava escrevendo esse livro. Nessas idéias – que tanto se falou quando da morte de Friedman -, nunca ouvimos falar de violência, nunca ouvimos falar de crises e nunca ouvimos falar de choques. Ou seja, a história oficial é de que estas idéias triunfaram porque desejávamos que assim o fosse, que o Muro de Berlim caiu porque as pessoas exigiram ter seus Big Macs junto com a sua democracia. E a história oficial do auge dessa ideologia passa por Margaret Thatcher dizendo: “Não há alternativa”, à Francis Fukuyama afirmando que “a história terminou, o capitalismo e a liberdade caminham juntos”.

    Portanto, o que procuro fazer nesse livro é contar a mesma história, a conjuntura crucial nos qual essa ideologia entrou com força, mas re-introduzo a violência, re-introduzo os choques e, digo que existe uma relação entre os massacres, entre as crises, entre os grandes choques e os duros golpes contra vários países e a capacidade de imposição de políticas que são rejeitadas pela grande maioria das pessoas desse planeta.

    Você fala de Milton Friedman. Qual a relação com a ‘Escola de Chicago’?

    A influência de Milton Friedman provém do seu papel como o popularizador real do que é conhecido como a ‘Escola de Chicago’. Ele foi professor na Universidade de Chicago. Estudou na Universidade de Chicago e na seqüência foi professor nessa instituição. O seu mentor foi um dos economistas mais radicais do livre mercado da nossa época, Friedrich Von Hayek que foi professor na Universidade de Chicago.

    A Escola de economia de Chicago representa essa contra-revolução contra o Estado de bem estar social. Nos anos cinqüenta, Harvard e Yale e as oito escolas mais prestigiadas dos EUA estavam dominadas por economistas keynesianos, pessoas como John Kenneth Galbraith, que acreditava que depois da grande depressão, era crucial que a economia funcionasse com uma força moderadora do mercado. E foi a partir daí que nasceu um ‘novo contrato’, a do Estado de bem estar social e tudo isso que faz com que o mercado seja menos brutal e se tenha uma espécie de sistema público de saúde, seguro desemprego, assistência social, etc.

    A importância do Departamento de Economia da Universidade de Chicago é que realmente ele foi um instrumento de Wall Street, que financiou muito, muito consideravelmente a Universidade de Chicago. Walter Wriston, o chefe do Citibank era muito amigo de Milton Friedman e a Universidade de Chicago se converteu em uma espécie de ponto de partida da contra-revolução contra o keynesianismo e o novo contrato social com o objetivo de desmanchá-lo.

    Qual a relação da Escola de Chicago com o Chile?

    Depois da eleição de Salvador Allende, a eleição de um socialista democrático, em 1970, houve um complô para derrubá-lo. Nixon disse genialmente: “Que a economia grite”. E o complô teve numerosos elementos, embargos, etc e finalmente o apoio para o golpe de Pinochet em setembro de 1973. Escutamos muito falar nos ‘Chicago Boys’ no Chile, mas não sabemos detalhes sobre o que foram na realidade.

    O que faço no livro é contar esse capítulo da história. (…) Em 11 de setembro de 1973, enquanto os tanques rodavam pelas ruas de Santiago e o palácio presidencial ardia e Salvador Allende era morto, um grupo dos assim chamados ‘Chicagos Boys’, assumia o controle da economia. Economistas chilenos que haviam sido levados para a Universidade de Chicago para estudar com bolsas do governo dos EUA como parte de uma estratégia deliberada para orientar a direita latino-americana.

    Tratou-se de um programa ideológico financiado pelo governo dos EUA, parte do que o ex-ministro do exterior chama de “um projeto de transferência ideológica deliberada”, ou seja, levar esses estudantes a uma escola distante, na Universidade de Chicago e doutriná-los num tipo de economia que era marginal nos EUA na época e enviá-los de volta para casa como guerreiros ideológicos.

    Falemos do choque no sentido da tortura…

    Começo o livro estudando dois laboratórios para a doutrina do choque. Como disse anteriormente, considero que há diferentes formas de choque. Um deles é o choque econômico e o outro o choque corporal, os choques nas pessoas. E nem sempre acontecem juntos, mas estiveram presentes em conjunturas cruciais. Assim que um dos laboratórios para essa doutrina foi a Universidade de Chicago nos anos cinqüenta, quando todos esses economistas latino-americanos foram treinados para se converter em terapeutas do choque econômico. Outro – e não se trata de uma espécie de grandiosa conspiração – foi a Universidade McGill nos anos cinqüenta.

    A Universidade McGill foi o ponto de partida para os experimentos que a CIA financiou para aprender sobre tortura. Quero dizer, foi chamado ‘controle da mente’ na época ou ‘lavagem cerebral’. Agora compreendemos, graças ao trabalho de gente como Alfred McCoy, que consta em seu programa que o que realmente pesquisavam nos anos cinqüentas sob o programa MK-ULTRA, foram experimentos de eletrochoques extremos, LSD, PCP, extrema privação sensorial, sobrecarga sensorial, tudo isso que vemos hoje utilizados em Guantánamo e Abu Ghraib. Um manual para desfazer personalidades, para a regressão total de personalidades. (…) McGill realizou parte dos seus experimentos fora dos EUA, porque assim considerava melhor a CIA.

    Em Montreal?

    Sim. McGill em Montreal. Na época então, o chefe de psiquiatria era um individuo chamado Ewen Cameron. Na realidade se tratava de um cidadão estadunidense. Foi anteriormente chefe da Associação de Psiquiatria Estadunidense. Foi para McGill para ser chefe de psiquiatria e para dirigir um hospital chamado de Allan Memorial Hospital, que era um hospital psiquiátrico. Recebeu financiamento da CIA e transformou o Allan Memorial Hospital em um laboratório extraordinário para o que agora consideramos técnicas alternativas de interrogatório. Dopava os seus pacientes com estranhos coquetéis de drogas, como LSD e PCP. Os fazia dormir, uma espécie de estado de coma durante um mês. Colocou alguns dos seus pacientes em uma situação de privação sensorial extrema e a intenção era que perdessem a idéia de espaço e tempo. Ewen Cameron dizia acreditar que a doença mental poderia ser tratada tomando pacientes adultos e reduzindo-os ao estado infantil. (…) Foi esta a idéia que atraiu a atenção da CIA, a de induzir deliberadamente uma regressão extrema.

    Você falou do Chile, falemos do Iraque da privatização da guerra no Iraque – O governo iraquiano anulou a licença da companhia de segurança estadunidense Blackwater.

    Esta é uma notícia extraordinária. Quero dizer, é a primeira vez que uma dessas firmas mercenárias é realmente considerada responsável. Como escreveu Jeremy Scahill em seu incrível livro ‘Blackwater: The Rise of the [Word´s] Most Powerful Mercenary Army’, o verdadeiro problema é que nunca houve processos. Essas companhias trabalham em uma ‘zona cinzenta’, ou são boy scouts e nada lhes acontecia. (…) Isso significa que se o governo iraquiano realmente expulsar Blackwater do Iraque, poderia ser um fato e tanto para submeter essas companhias à lei e questionar toda premissa de porque até agora se permitiu que se tivesse lugar este nível de privatização e de ilegalidade.

    (…) Algo em que eu penso pela pesquisa que eu fiz para o livro No Logo se entrecruza com esta etapa do capitalismo do desastre em que estamos metidos agora. Rumsfeld [ex-Secretário de Defesa de Bush] aproveitou a revolução de percepção das marcas dos anos noventa, na qual a projeção de marcas corporativas – no sentido do que descrevo em No Logo – em que essas companhias deixaram de produzir produtos e anunciaram que já não produziam produtos, mas produziam marcas, produziam imagens e deixam que outros, terceirizados, façam o trabalho sujo de fabricar as coisas. E essa foi a espécie de revolução na sub-contratação e esse foi o paradigma da corporação ‘vazia’.

    Rumsfeld se encaixa nessa tradição. E quando se tornou Secretário de Defesa, agiu como age um novo executivo da nova economia que se viu na tarefa de reestruturações radicais. Mas o que fez foi adotar essa filosofia da revolução no mundo corporativo e aplicá-la à forças-armadas. (…) essencialmente o papel do exército é criar a percepção de marca, é comercializar, é projetar a imagem de força e dominação no globo – porém sub-contratando cada função, da atenção à saúde – administrando a atenção de saúde aos soldados – à construção de bases militares, que já estava acontecendo durante o governo de Clinton, ao papel que Blackwater desempenha e companhias como DynCorp, que como se sabe, destacou Jeremy, participam realmente em combates.

    Comente a destruição do Iraque, do ‘Choque e Pavor’, da terapia econômica do choque de Paul Bremer, o choque da tortura, assim como a junção de todas essas coisas no Iraque.

    Como já disse, no Chile, vimos esta fórmula do triplo choque. E eu penso que vemos a mesma fórmula do triplo choque no Iraque. Primeiro foi a invasão, a invasão militar de ‘choque e pavor’ – muitas pessoas pensam no tema apenas como se tratasse de um montão de bombas, um montão de mísseis, mas é realmente uma doutrina psicológica que em si é um crime de guerra, porque se diz que na primeira Guerra do Golfo, o objetivo foi atacar a infraestrutura de Sadam, mas sob uma campanha de ‘choque e pavor’, o objetivo é a sociedade em escala maior. È um princípio da doutrina ‘choque e pavor’.

    Agora, o ataque de sociedades em escala maior é castigo coletivo, o que constitui crime de guerra. Não é permitido que os exércitos ataquem às sociedades em escala maior, apenas é permitido que ataquem os exércitos. A doutrina é verdadeiramente surpreendente, porque fala de privação sensorial em escala massiva. Fala de cegar, de cortar os sentidos de toda uma população. E o que vimos durante a invasão, o apagão de luzes, o corte de toda a comunicação, o emudecimento dos telefones e logos os saques, que não acredito que façam parte da estratégia, mas imagino que não fazer nada faz parte da estratégia, porque sabemos que houve uma série de advertências que falava em proteger os museus, as bibliotecas e nada se fez. E depois temos a famosa declaração de Donald Rumsfeld quando foi confrontado com este fato: “Essas coisas passam”.

    (…) O objetivo, usando a famosa frase do colunista do New York Times, Thomas Friedman, não é o de construir a nação, mas sim “criar a nação”, que é uma idéia extraordinariamente violenta.

    Nova Órleans?

    Nova Órleans é um exemplo clássico do que eu chamo de doutrina do choque do capitalismo do desastre porque houve um primeiro choque que foi o alagamento da cidade. E como se sabe, não foi um desastre natural. E a grande ironia do caso é que realmente foi um desastre dessa mesma ideologia de que estávamos falando, o abandono sistemático da esfera pública. Eu penso que cada vez mais vamos ver acontecimentos assim. Quando se têm vinte e cinco anos de contínuo abandono da infra-estrutura pública e do esqueleto do Estado – o sistema de transporte, as estradas, os diques. A sociedade de engenheiros civis estadunidense calculou que colocar em condições o esqueleto do Estado custaria 1,5 bilhões de dólares. Portanto, o que temos é uma espécie de tormenta perfeita, na qual o debilitado Estado frágil se entrecruza com um clima cada vez pior, que diria que também faz parte desse mesmo frenesi ideológico em busca de benefícios a curto prazo e crescimento a curto prazo. E quando estes dois entram em coalizão, vem um desastre. É o que ocorreu em Nova Órleans.

    O que a mais horrorizou ao pesquisar a doutrina do choque?

    Horrorizou-me o fato que se tem por aí muita literatura que eu não sabia que existia e que os economistas a admitem. Uma quantidade de citações de propugnadores da economia de livre-mercado, todos desde Milton Friedman a John Williamson, que é o homem que cunhou a frase ‘Consenso de Washington’, admitindo entre eles, não em público, mas sim entre eles, como em documentos tecnocráticos, que nunca conseguiram impor uma cirurgia radical do livre-mercado se não acontece uma crise em grande escala, ou seja, as mesmas pessoas que propugnam que o mito central da nossa época, que a democracia e o capitalismo caminho juntos, sabe que se trata de uma mentira e o admitem por escrito.

    (http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-anteriores/9734-%60a-doutrina-do-choque%60-o-tema-do-novo-livro-da-ativista-naomi-klein)

    DOCUMENTÁRIO [vídeo completo]

    A Doutrina do Choque (The Shock Doctrine)

    Por Naomi Klein

    http://www.youtube.com/watch?v=Y4p6MvwpUeo

Urbano

Pelo que ocorreu no pleito passado, talvez os eleitores que fazem a Chuíça tenham se cansado de cavar a própria sepultura. E pior: para morrer sem a mínima dignidade nas mãos de uma das facções de bandidos…

FrancoAtirador

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TAGs: MÍDIA BANDIDA & CULTURA DO MEDO
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Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências e Letras – Araraquara
Departamento de Antropologia, Política e Filosofia

CULTURA DO MEDO: CONTROLE SOCIAL E INSEGURANÇA NA CONTEMPORANEIDADE (*)

Por Diego Coletti Oliva (IC)
Orientador: Milton Lahuerta

Vivemos em uma época onde a cultura do medo se espalha como uma onda pela sociedade, atingindo praticamente todos os âmbitos de nossas vidas,seja na esfera pública, seja na privada. O medo, hoje, não é mais simplesmente uma reação a um perigo específico, mas uma metáfora cultural para interpretar avida.

No passado, os líderes políticos e religiosos usavam um discurso de esperança para exercer o controle sobre a população.
A esperança de ascensão econômica e social, de redenção divina, de melhoria na qualidade de vida;
no entanto, as crises apresentadas pelo sistema e sua falha em suprir essas mudanças almejadas pela sociedade, fizeram com que este discurso da esperança perdesse seu poder.
A partir daí, surgiu a necessidade de uma nova ferramenta de controle social, uma nova estratégia de dominação, baseada não mais na esperança, e sim, no medo.

No geral, sempre que pensamos em uma cultura do medo nosso pensamento nos remete imediatamente à violência e à criminalidade.

Entretanto, vale ressaltar que a cultura do medo à qual me refiro neste trabalho vai muito além dessas questões, perpassando, também, inúmeros outros âmbitos e se revelando presente em diversos outros medos:
temos medo do crime, das drogas, das minorias sociais, de doenças recém-descobertas, vírus mutantes, acidentes de avião, fúria no trânsito, catástrofes naturais, do desemprego e da crise econômica, temos medo da violência dos jovens e da gravidez na adolescência, medos que não nos remetem apenas à ameaças físicas, mas também à transgressões sociais e morais.
Há um sentimento de medo generalizado na sociedade contemporânea,
um medo direcionado a inúmeros objetos de temor, dos mais amplos aos mais específicos e até inusitados,
um medo que permeia uma gama enorme de relações sociais e políticas, influenciando tanto a esfera privada, quanto a pública.

Partindo da premissa de que qualquer formação social, apoiada sobre suas instituições políticas, necessita de algumas idéias e sentimentos comuns disseminados entre os indivíduos para organizar e administrar a vida em grupo,
observamos que a disseminação do medo e insegurança presente nas sociedades contemporâneas ocidentais não apenas responde a essas necessidades,
mas garante também a essas instituições um poder de controle social e político de grande amplitude, que causa uma paralisia política na sociedade civil, afetando inúmeros aspectos da vida em sociedade,
desde o comportamento das pessoas e as relações sociais entre elas,
onde o medo e a insegurança redefinem as interações entre os indivíduos,
dificultando a capacidade de ação, associação e participação política através de um sentimento de desconfiança generalizada que reforça o individualismo;
até influenciando políticas públicas voltadas para a segurança e a violência, gerando uma exploração política e econômica do medo e da vigilância,
e também legitimando certos comportamentos e atitudes sociais que auxiliam na sustentação das instituições políticas [e econômicas], que usam o medo como uma ferramenta de controle e dominação.

(*) Resumo apresentado no XVIII Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, em 2010

http://www.academia.edu/799010/CULTURA_DO_MEDO_CONTROLE_SOCIAL_E_INSEGURANCA_NA_CONTEMPORANEIDADE

    FrancoAtirador

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    Sobre o medo dos trabalhadores na esfera pública, leia:

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
    Escola de Administração
    Programa de Pós-Graduação em Administração

    A gestão do medo como instrumento de coerção nas organizações públicas

    Por Elenice Gonçalves Cunha (Doutorado 2006)
    Orientador: Claudio Pinho Mazzilli

    http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/11807/000616641.pdf?sequence=1

FrancoAtirador

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PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO POPULAR E A PAZ

CONSTATAÇÕES DE EDUCADORES BRASILEIROS
Uma Pedagogia do outro (descobrimento)
“Há certos fatos que com o passar dos anos a memória se encarrega de tornar mais vivos e presentes, destacando seus contornos e significados. O meu primeiro contato com o meu orientador em Princeton, EUA (1973) é um desses fatos. Sentado em uma sala com paredes repletas de livros, meu orientador comunicou que teríamos que organizar um seminário básico a respeito das obras de Dewey e Paulo Freire. Comentou que eu deveria estar familiarizado com estas leituras. Não sei o que respondi, mas tenho certeza de que tive vergonha de dizer a verdade” (DANILO STRECK, 2001, p.51)

DIMENSÕES DO DESCOBRIMENTO DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO

Danilo Streck
UM JEITO DIFERENTE DE FAZER PEDAGOGIA
“Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim, descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam”.

Miguel Arroyo
A HUMANIZAÇÃO NA TEORIA DE PAULO FREIRE
“Enquanto vivermos em “tempos de cólera”, de opressão, de miséria, subemprego, enquanto houver um mínimo de sensibilidade humana, Paulo Freire com sua figura, continuará incomodando a teoria e a prática educativa formal e informal. Pouco adiantará encostá-lo em outros altares, em outros templos. É a realidade cruel que nos rodeia que continuará nos incomodando como educadores, como incomodou sempre”. (ARROYO, 2001, 166)

SENSIBILIDADE DIANTE DOS PROCESSOS DE DESUMANIZAÇÃO

“É a partir da dolorosa constatação da desumanização que os homens se perguntam sobre outra viabilidade, a da humanização. Se ambas são possibilidades, só a humanização nos parece ser o que chamamos de vocação dos homens. Vocação negada, mas também afirmada na própria negação. Vocação negada na injustiça, na exploração, na opressão, na violência dos opressores. Mas afirmada no anseio de liberdade, de justiça, de luta pelos oprimidos, pela recuperação de sua humanidade roubada”. (FREIRE, 1987, p.29)

“A infância nos torna nossa pedagoga e nos leva pela mão ao encontro de Freire”

A infância oprimida entra na escola, com sua sensibilidade e pedagogia. Ela vem na mochila, na tensão entre humanização,desumanização. Bastará olhar os rostos das crianças e adolescentes para não poder deixar de encará-los como Paulo Freire o fez, para sentir que a infância negada nos interroga e nos pede algo mais que o letramento, as contas, as noções elementares. Pede algo mais do que instrução bancária, algo mais que merenda escolar. Elas pedem que recuperemos a humanidade que já lhes foi roubada desde a infância; que os reconheçamos como excluídos e oprimidos, que reaprendamos a “PEDAGOGIA DO OPRIMIDO” (ARROYO, 2001,p. 169)

NÃO PODEMOS ESPERAR QUE A SOCIEDADE SE TRANSFORME

EDUCAÇÃO POPULAR
“As classes populares precisam ter condições de saber operar epistemologicamente.
Para isso, precisam de afastar de suas experiências e superar a ingenuidade de seu conhecimento.
Eles têm um acúmulo de conhecimentos, mas não alcançam a razão de ser desse conhecimento.
É isto que permite superar o “senso comum”, através do bom senso e se aproximar da rigorosidade que pretendemos no conhecimento acadêmico”
(PAULO FREIRE, 2004, p. 143)

BUSCA DA LIBERDADE
“A libertação é um processo permanente de busca de liberdade que não é ponto de chegada mas sempre de partida. Se hoje, faminto e negado, preciso de pão e repouso, amanhã, alimentado e dormido, descubro que preciso de som, de imagem e da palavra escrita.” (FREIRE, 2004, p. 160)

Profa. Dra. Ercília Maria Angeli Teixeira de Paula
Departamento de Educação
Universidade Estadual de Ponta Grossa
[email protected]

ITINERÂNCIA NA EDUCAÇÃO POPULAR
LEMBRANÇAS DE PAULO FREIRE
DISCIPLINA EDUCAÇÃO POPULAR NO MESTRADO- EDUCAÇÃO

REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel. Paulo Freire em Tempos de Exlusão. In:
FREIRE, Ana Maria. A pedagogia da libertação em Paulo Freire, São Paulo, UNESP, 2001, pg.163-170
FREIRE, Ana Maria (org). Paulo. Pedagogia da Tolerância. São Paulo: UNESP, 2004
STRECK, Danilo. Uma pedagogia do (outro) descobrimento. In: FREIRE, Ana Maria. A pedagogia da libertação em Paulo Freire, São Paulo, UNESP, 2001, pg.51-56

http://www.pitangui.uepg.br/nep/seminario/Ercilia-s.ppt

Ted Tarantula

sugestão?? pra mim que moro em MG se proibissem esse sotaque desgraçado ao menos nos filmes dublados ja tava de bom tamanho.

renato

Quando falam SÃO PAULO!
Já me excluem, pois não sou daí!
MAS, já retorno pois sou BRASILEIRO.
E venho com a Bandeira dobrada nos braços,
não estirada ao pescoço.
Não gosto de ver gente morrer, por bandidos.
Não gosto de assalto. Não gosto de ver M.. na TV.
Não gostaria de assistir o Dapena.
Mas, entendam todos, a lugares que a informação
chega massificada, e aqui só ocorre pela TV.
Rio e São Paulo, para fora daí só o inusitado,
o fantástico, o hilário, o ridículo, aparece em
nossa mídia ( parabólica: não tenho acesso melhor).
E aqui a Bola da Vez é S.Paulo, enchentes, roubos,latrocínios
assassinatos,politica,etc.
Tenho que viajar pelo canal do Boi, Igrejas Evangelicas e Catolicas
TV ESCOLA, TV SENADO ( BOM ).
Então tenho obrigação de opinar.
MULTIRÃO, envolva a sociedade politicamente!
E acabe com os problemas! Dinheiro não vai faltar!
Este agora não é o Problema!
Chicote em uma mão, e luva de pelica em outra!
Ou sujeitem as outras gerações ao panico!

LEANDRO

AS pessoas se sentem muito mais seguras em Salvador ou no Rio. Mas, não pode, só sampa é violento nesse país, as outras capitais são seguras.
“Brasil tem 14 das 50 cidades mais violentas do mundo” Senso a mais violenta do mundo, San Pedro Sula, em Honduras, dados de 10-10-2012

RANKING
3º Maceió AL 135,26
10º Belém PA 78,04
17º Vitoria ES 67,82
22º Salvador BA 56,98
26º Manaus AM 56,21
27º São Luís MA 50,85
29º João Pessoa PB 48,64
31º Cuiabá MT 48,32
32º Recife PE 48,23
36º Macapá AP 45,08
37º Fortaleza CE 42,90
39º Curitiba PR 38,09
40º Goiânia GO 37,17
45º Belo Horizonte MG 34,40

Engraçado, Rio e sampa não estão nessa…..

    RicardãoCarioca

    Não se pode debater a violência em SP sem que soe ser ofensa pessoal ou ferimento de orgulho? Então, continue acreditando nas estatísticas da SSP de SP, nos discursos do Alckmin e no acobertamento do PiG.

    Para ganharmos uma guerra, primeiro devemos admitir que o inimigo existe.

Fabio Passos

São Paulo foi destruída pela pior “elite” do mundo.
É fundamental que o Haddad consiga resultados significativos para atender a expectativa desta população que pediu socorro e foi resgatada nas últimas eleições.

Marcos W.

E não será o PT que vai melhorar a sensação de segurança da população!

Leo

Pessoal, sei que é meio OFF-TOPIC, mas esse texto no UOL me chamou a atenção pelo seguinte fato: “Gestão Haddad promete mais 14 piscinões contra enchentes em SP”

Houve um texto, aqui no próprio blog, de autoria de um professor, especialista em Planejamento Urbano e cidades, que falava exatamente sobre os riscos da próxima gestão municipal, cair no mesmo conto da carochinha, de que os piscinões (carimbo de Kassab), seriam a salvação para as enchentes constantes da metrópole paulista.

Segue o artigo:
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/01/18/sao-paulo-tera-mais-14-piscinoes-contra-enchentes-diz-secretario.htm

Abraços

José Eduardo

É preciso admitir: SP é ingovernável! Somente um amplo pacto político e social, ou seja, um projeto de longo prazo, poderá salvar a cidade. Um mandato de apenas 4 anos não basta. Esse é um trabalho para décadas. Porém, com uma oposição e uma mídia dessa “qualidade” não vejo como efetivar isso. Resumindo, SP é um caso perdido! A menos que a oposição política e midiática resolva finalmente amadurecer, o que penso ser total e absolutamente improvável. De qualquer modo, boa sorte aos homens e mulheres de boa vontade!

    Ted Tarantula

    resumindo: a culpa é do oposição de da mídia…que conveniente é ou nao é?

    Luis Queiroz

    Concordo em parte, É culpa do PT também! Faltou saber fazer oposição. Por isso demorou para ganhar em São paulo. Oposição não Lutar pelo poder. É ouvir o povo!

Marisa Cantão

Faltou dizer que essa ONG (ONG?) que fez essa pesquisa é petista.

São manjados.

Rodrigo Leme

Nossa, 91% se sentem inseguros em SP? Incrível não serem 100%, visto que é uma grande cidade com crimes de grande cidade.

Certamente é culpa dos tucanos, visto que onde eles não governam o índice de insegurança deve ser próximo de zero, como nos outros 24 estados com taxa de homicídio maior que a de SP. Incluindo a Bahia, de alguns comentaristas desse blog que adoram falar de SP como se morassem aqui, em 7o lugar. Ali, a taxa de insegurança deve zer um zero estatístico.

    Gerson Carneiro

    Responderei pela parte que me toca:

    1. Jamais morei na lua, entretanto sei que a força da gravidade na lua é menor do que na terra, e adoro falar sobre a lua.

    2. A culpa por 91% da população de São Paulo se sentir insegura é do Lula.

    3. Hahahaha…

    Rodrigo Leme

    Será que menos de 91% se sentem inseguros em outra metrópole? No RJ? Em Salvador?

    E considerando que a Nossa São Paulo é do Oded Grajew, não me espantaria essas pesquisas sumirem durante o governo Haddad. pq o problema da insegurança em SP, em Belo Horizonte, em Porto Alegre não é culpa de um político ou um partido.

    E você fala de SP com a mesma propriedade de quem fala da lua: não viu e não gosta. Mas eu entendo, a panfletagem aceita tudo.

    MariaC

    Resposta para Rodrigo Leme, o esperto mas não muito

    Em nenhuma outra metrópole houve guerra entre milícias e pessoas, a não ser SP e o Rio. Portanto a comparação pode ser feita entre as duas sim, mas não entre uma destas e outra.

    Marcelo de Matos

    A culpa não é dos tucanos, mas, de uma série de fatores, sendo o principal a impunidade. Mas os tucanos vão se ferrar mesmo sem serem os principais culpados. O Alckmin não se reelege: seu calcanhar de Aquiles é a segurança pública. O cara não faz nada. Prometeu punir os (as) policiais que arrancaram a roupa de uma investigadora para revistá-la e, dois anos depois, eles só sofreram suspensão provisória.

Roberto Locatelli

Os demotucanos sucatearam o estado de SP e sua capital. Haddad, para recuperar Sampa, terá que romper com “aliados” como Kassab, Maluf e outros. Ou isso ou fará uma administração medíocre.

Gerson Carneiro

Basta o percentual desses 91% que vota no PSDB, parar de votar no PSDB.

Gerson Carneiro

O jatinho do Jornal Emocional vem aí… pela primeira vez em Sun Palo.

Gerson Carneiro

O que o PSDB fez nesses 20 anos?

Tarefa difícil para os defensores dos tucanos que comentam nesse blogue. Ah mas eles são criativos. Pode aguardar que eles vão encontrar justificativas.

E a mídia finalmente descobriu os problemas de São Paulo. Logo logo o jatinho do Jornal Nacional pousará em Congonhas.

    Willian

    O fato do PSDB estar há vinte anos no governo se deve a eles serem ruins. Lógico, né?

    Já Lula ter ficado oito e mais quatro de Dilma é porque fazem um bom governo. Lógico também, né?

    MariaC

    William, a primeira exigência para postar é honestidade.

    PSDB 20 anos completos? Não me lembro, mas vou ver.
    PT 8 de Lula e 2 de Dilma. Ou 10, portanto metade.

    E no caso do PT as pessoas prometem votar para o futuro. No caso do PSDB as pessoas são arrependidas de terem votado no passado. Enorme diferença, portanto.

Marcelo de Matos

Sampa não está sozinha quando a questão é insegurança, enchentes ou congestionamento. O litoral e o interior estão no mesmo barco. Entraram dois jovens ladrões em minha casa em Itanhaém logo depois do Ano Novo. Os jovens, maiores, foram surpreendidos pela PM que os levou à delegacia. O escrivão de plantão fez o BO e os colocou em liberdade dizendo que eram usuários de droga e, nesses casos, não há o que fazer. Então os caras roubam tudo em sua casa e “não há o que fazer”? Esse é o “x” da questão da segurança: “hay que endurecer” com essa gente. O uso de drogas não explica, nem justifica nada. O escrivão ainda acrescentou, quando lá estive – Itanhaém acabou. Sampa, também, pode “acabar” se a impunidade persistir. Não adianta trocar PSDB por PT. Precisamos é encontrar respostas para o problema da violência. Um grupo de estudos poderia indicar as causas. Depois é partir para a ação. Se for o caso da pena de morte, vamos defendê-la. A sobrevivência da sociedade está em jogo – ela ou a bandidagem. Não há meio termo.

    MariaC

    Concordo (???), mas no dia em que matarem seu irmão por engano eu vou lá abraçar você, pois isso é muito provável que aconteça com a atual sistema judiciário que temos.

    MariaC

    Ao que eu saiba, os States que os tucanos adoram não usam a pena de morte para furtos, ao contrário, prendem e acompanham após sair da cadeia.Japão também.

Luis Queiroz

Haddad defendeu o diálogo com a população, indicando que isso é fundamental para ganhar aliados.“Quando você se expõe e discute os problemas sem nenhuma reserva, as pessoas passam a acreditar. A olhar para você, olhar nos seus olhos. Ver a sinceridade de seus argumentos. É preciso mais comunicação. Quando eu digo comunicação, não estou falando de publicidade. Estou falando de falar com as pessoas, explicar para as pessoas o que está acontecendo.”

Esse discurso foi o mais lindo discurso político que já vi, vindo de um membro do PT, ou PSDB, OU qualquer outro partido:

Pela primeira vez, vi um politico do PT fazer um discurso certo para a população de São Paulo. Não queremos ver o que o prefeito já fez. Queremos ver o que o prefeito vai fazer do que nós estamos pedindo.

Para isso, a transparência, e o dialogo com a população é importantíssimo.

Estarei acreditando e cobrando isso: “O dialogo que esse prefeito prometeu para nós”. Essa é verdadeira oposição, que o PT precisa e não existe no Brasil. Cobrar o que se promete!

Por que é de suas promessas que ele foi eleito.

Sr.Indignado

Também tenho sugestões:

– Revitalizar o centro (moradias populares no centro);
– Reduzir os poderes da especulação imobiliária;
– IPTU progressivo já (quem tem mais imóveis que pague mais em escala exponencial);
– Educação integral de verdade e não depósito de crianças;
– Mais CEUs e
– “mão única” na Avenida Paulista na direção dos 99%.

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