Rogério Tomaz Jr.: Argentina ‘demite’ Macri por justa causa; Uruguai, indefinido, mas Frente Ampla lidera

O argentino Alberto Fernández recebe Daniel Martinez, do Uruguai. Foto: Página 12

por Rogério Tomaz Jr, de Buenos Aires, especial para o Viomundo

Trinta e três milhões de argentinos e argentinas estão aptos a votar neste domingo (27) para presidente – e também para renovar metade da Câmara e um terço do Senado, além de escolher governadores, prefeitos e parlamentares provinciais e municipais.

No Uruguai, o eleitorado é bem menor e muito mais indeciso. Cerca de 2,7 milhões de moradores do lado oriental do rio da Prata vão às urnas no mesmo dia dos vizinhos argentinos e a peleja presidencial será decidida apenas no segundo turno.

Em Buenos Aires, nem Maurício Macri acredita em possibilidade de vitória contra Alberto Fernández, ladeado por Cristina Kirchner como vice na chapa que pode alcançar uma das maiores votações da história do país. A fatura está liquidada.

O empresário e ex-presidente do Boca Juniors está apenas tentando melhorar a maquiagem para a posteridade.

O seu governo recebeu a alcunha de “CEOcracia” devido à abundância de executivos de multinacionais e grandes corporações locais no gabinete ministerial. Com o resultado das primárias em agosto, o povo argentino deu o aviso prévio. O resultado deste domingo é a assinatura da demissão de Macri por justa causa.

A vitória do peronismo também deve se estender à província de Buenos Aires, que possui um terço da população e do eleitorado nacional.

Axel Kicillof, atualmente deputado e ex-ministro da Economia de Cristina, vai impor uma dura derrota a Maria Eugenia Vidal, atual governadora da província e apontada por muitos como o melhor nome do macrismo para concorrer à presidência, ideia atropelada pelo chefe de Estado que se mostrou muito pouco hábil politicamente.

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Do outro lado do rio, como diria Jorge Drexler, a Frente Ampla de Tabaré Vázquez e José “Pepe” Mujica encara a mais dura eleição desde que chegou ao poder, em 2005.

Daniel Martinez, ex-intendente de Montevidéu, chegará com força no domingo. Lidera todas as pesquisas desde o início da disputa. A diferença em relação a Luis Alberto Lacalle Pou, do Partido Nacional, já foi de cinco pontos percentuais e hoje se aproxima de 20, o que tem deixado os “blancos” à beira do desespero.

Na mais recente pesquisa do instituto Radar, Martínez aparece com 43% das intenções de voto, enquanto seu principal adversário alcança 24%.

Ernesto Talvi, do tradicional Partido Colorado, vem com magros 15%. A grande novidade da eleição, o militar Guido Manini Rios, que criou um partido chamado Cabildo Abierto, tem a preferência de 9% dos eleitores.

O ex-comandante do Exército do Uruguai, cargo no qual esteve até março deste ano, quando foi chutado para fora do governo de Vázquez, pode ser decisivo para a eleição.

Embora as sondagens apontem que mais de 70% dos seus eleitores votariam no Partido Nacional num eventual segundo turno, ele não descarta indicar voto na Frente Ampla, desde que algumas “condições imprescindíveis” sejam garantidas, como medidas de combate à corrupção e auditorias nos órgãos governamentais.

No primeiro turno é provável que a Frente Ampla não supere os votos da oposição. Mas os analistas dizem que a coalizão governista deve garantir a vitória no 2º turno se alcançar algo em torno de 45% dos votos neste domingo.

Caso obtenha 40% ou menos, a vitória será do Partido Nacional. Se a votação de Martínez ficar em torno de 42 a 43%, a eleição estaria completamente aberta.

Os resultados desse domingo com previsão de chuva vão apontar os caminhos mais factíveis para o Uruguai.