Roberto Amaral: Em breve, Temer não passará de pedra secundária numa partida de xadrez

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Foto: Lula Marques/Agência PT, via Fotos Públicas

A crise e o projeto da direita

Temer é uma contingência que, brevemente, não passará de pedra secundária numa partida de xadrez

por Roberto Amaral, em CartaCapital, publicado 09/06/2016 

A crise política em curso, tocada por semeadores de ventos que não acreditam em tempestades, caminha a passos largos para transformar-se em grave impasse institucional.

Diante de uma estarrecida opinião pública, desfilam os chamados Poderes da República (poderes formais, pois não se incluem, entre eles, a Febraban e o Sistema Globo de Comunicação), carentes de legitimidade, alvos do justo descrédito popular. Sobrenadam, abraçados como náufragos. Nenhum parece consciente da gravidade da crise que ajudaram a semear.

Em que vai dar tudo isso?

O ataque ao mandato da presidenta Dilma Rousseff – consumado ou não o golpe parlamentar em curso – não encerra a história toda da crise: é apenas a face aparente de um movimento tectônico que os sismógrafos sociais não conseguem antecipar.

O golpe em andamento no Senado é, para o projeto da direita, uma necessidade, a abertura de um caminho, a desobstrução de uma trilha, enquanto a posse de Michel Temer, dele consequente, é uma contingência. Necessidade e contingência de um projeto maior, do qual eles, o golpe e a posse do presidente perjuro, são apenas instrumentos tornados operacionalmente indispensáveis.

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Necessidade e contingência que serão superadas, cada uma a seu tempo. O presidente interino, qualquer que seja o destino de seu governo, brevemente não passará de pedra secundária numa partida de xadrez, e como pedra secundária poderá ser trocado lá na frente ou logo mais, como são removíveis as peças sem valia, como já foi expelido Eduardo Cunha, concluída sua faina suja. Como foi descartado Romero Jucá, o articulador, e como serão os tantos já a caminho do patíbulo, entre delatores e delatados.

Para além da deposição de Dilma Rousseff, a nova direita brasileira, operada por uma articulação que compreende setores do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Poder Judiciário, sob o comando ideológico da empresa dos Marinhos, projeta a arquitetura de um novo Estado, o qual, descompromissado com a democracia representativa, poderá realizar as reformas (na verdade, contrarreformas) requeridas pelo projeto neoliberal-arcaico. Por isso e para isso é útil o governo títere de Michel Temer.

Eis o objetivo real do golpe e eis o golpe verdadeiro.

A base ideológica desse “novo” governo, gestado na fraude e no golpe, foi anunciada não pela “Ponte para o Futuro”, do PMDB, já de si reacionaríssima, mas pela média dos pronunciamentos que no dia 17 de abril, na votação preliminar da Câmara dos Deputados, ofenderam o decoro da sociedade brasileira.

O que ela representa de regresso foi ensaiado pelo governo provisório e consabidamente nenhuma de suas propostas seria aprovada se submetida ao eleitorado numa campanha presidencial. Trata-se, pois, de fraude construída por um ato de força. Disso têm consciência seus estrategistas, e por isso utilizam-se, nessa primeira fase, de um governante sem origem na soberania popular, o único capaz de governar de costas para o povo e para o País.

Para isso serve Temer e por isso deverá ser mantido até pelo menos o início de 2017, quando poderá ser substituído sem abalos.

O velho projeto do PSDB (alguém ainda se lembra das falas do Sérgio Motta?) de domínio político do Brasil por 20 anos, voltou à ordem do dia, agora sem os tucanos de carteirinha, e se objetiva no controle prioritário e essencial da economia e da política externa, como forma de fazer valer um regime neoliberal ultrarradical, necessariamente amparado pela retomada de incondicional subordinação de nossa diplomacia aos interesses geoestratégicos dos EUA.

Em outras palavras, renúncia ao desenvolvimento, às conquistas sociais, ao combate às desigualdades e à pobreza, ao desenvolvimento científico e tecnológico, à industrialização, ao domínio das reservas do pré-sal… renúncia, enfim, ao projeto de nação independente.

Mas isso não tem sustentação social, dirá o leitor, que já acompanha, com entusiasmo, a reorganização popular que explode em todos os quadrantes do País e galvaniza setores ponderáveis da classe média e dos trabalhadores. Daí a necessidade de desviar todo e qualquer risco de eleições, retornando o povo para sua condição de figurante do processo histórico, o máximo que lhe concede a classe dominante na sociedade de classes.

O terremoto desencadeado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá ser contido, para que não ameace a Presidência de Temer, porque sua substituição, ainda no corrente ano, exigiria novas eleições (art. 84 da C.F.), e eleições é tudo o que a direita governante não deseja.

Eleições agora? Jamais! Eleições amanhã, só na hipótese de seus adversários conhecidos serem dizimados. Caso contrário, a alternativa, já na prancheta, será: 1. Hipótese ótima, a implantação de um modelo qualquer de parlamentarismo (lembrai-vos de 1961!). Ou 2. Alternativa de composição, a adoção de um parlamentarismo disfarçado, que será chamado de “presidencialismo mitigado”.

Essa opção poderá ser implantada mediante reforma constitucional – factível em face da maioria parlamentar de que dispõe hoje a direita – que simplesmente alterará, mediante Emenda Constitucional, reduzindo-a a competência do Poder Executivo, e, pari passu, aumentando-a a competência do Poder Legislativo, que, mero exemplo, poderá assumir papel ativo nas políticas econômicas e exterior, cujos ministros, outro exemplo, teriam suas nomeações submetidas ao Congresso.

Qualquer dessas hipóteses atende ao projeto conservador, porque, se não evita as eleições presidenciais sempre imponderáveis, transforma o eventual presidente em uma rainha Elizabeth: reina, mas não governa. Nessa hipótese pode haver eleições presidenciais, pois qualquer um – até mesmo Lula! – pode ser eleito, uma vez que o governo e a direção da política econômica ficarão com quem controla o Congresso.

Eis o golpe. Este o projeto da direita, claro como as águas dos regatos.

E o projeto das forças populares? Deve ser investir no processo eleitoral. Mas é tolice propor eleições gerais (que deputado aceitaria perder dois anos de mandato? Que senador aceitaria perder seis anos de mandato?) ou Constituinte para 2018, pois, eleita segundo as regras de hoje, seria a reprodução piorada do Congresso de hoje. E aí teríamos saudades da “constituição cidadã”.

Retomado o poder, a presidenta Dilma, livre do “presidencialismo de coalizão”, deverá articular um novo pacto, desta feita político-popular, o qual, a partir também de nova proposta de governo, lhe assegurará governabilidade e condições de convocar uma Constituinte exclusiva, com a função específica de proceder, em um ano (findo o qual se autodissolverá), à reforma política que ditará as eleições de 2018, reforma sem a qual não haverá saída política para a crise de legitimidade da democracia representativa e dos Poderes que a integram, e reforma que não pode ser levada a cabo pelos atuais parlamentares, beneficiários das mazelas graças às quais se elegeram e promovem a renovação de seus mandatos.

Por que exclusiva e específica? Porque preservará o atual Congresso e não interferirá em suas atribuições, cuidando especificamente da reforma do sistema político-eleitoral. Esta saída, porém, não é uma panaceia, e grandes ainda são os riscos que cercam essa eventual Constituinte eleita nas circunstâncias atuais, com a legislação atual, com a direita forte e confiante, com o poderio da mídia intocado.

Uma única coisa é certa: nenhum avanço é pensável a partir do atual Congresso. Para isso e para o que quer que seja, é fundamental frustrar o golpe.

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FrancoAtirador

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Carta Aberta do Jornalista Mino Carta
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À Presidente da República Dilma Vana Rousseff, a Única
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http://www.cartacapital.com.br/revista/905/carta-aberta-a-dilma-rousseff
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Caracol

Roberto Amaral, utilizando a sua metáfora do jogo de xadrez, penso que estamos todos nos enganando mais e mais uma vez. Essas personagens, Temer, Cunha, Renan, Dilma, Lula e todas as demais, inclusive as do Judiciário, são meros peões. Sempre foram apenas peões. O bispo é Serra, a rainha é a Chevron e o rei é o estamento financeiro-econômico-globalizado, chefiado pelos interesses americanos, onde Obama, Hilary e Trump são os meros peões de lá.
O que acontece internamente é que a Casa Grande se debate em restabelecer o mote nacional de 500 anos, ou seja, “manda quem pode e obedece quem tem (pre)juízo”, um bando de mazombos sem nacionalidade, sem identidade, que não se conforma em perder sua empregada doméstica e ver os aeroportos invadidos por pés-rapados. Uma gente capaz de vender o país a quem quiser pagar. Externamente estão os abutres, esses sim, os reis e rainhas do mundo rondando os ares silenciosamente para, como sempre foi, bicar o filé mignon.
O que ainda não se disse foi que o PT, Lula e Dilma não cometeram crime de corrupção coisa alguma, pois que corrupção não é nem nunca foi crime nesse país, todos chafurdam nela há 500 anos, isso faz parte da cultura nacional. O que ainda não se disse e se reconheceu é que o crime cometido foi o de SUBVERSÃO. Subversão a uma ordem de cinco séculos, a essa eterna luta onde a Casa Grande oprime a Senzala. Não fosse o Brasil (ora, ora) o último país do mundo a abolir (apenas oficialmente) a escravidão.
SUBVERSÃO. Esse é o crime, cometido por um nordestino semianalfabeto, torneiro mecânico e a quem lhe falta um dedo (que horror), um cara que comete o crime máximo ao fazer dinheiro saltar do governo federal em Brasília DIRETAMENTE para a conta bancária do bolsista-família, driblando assim os intermediários, chupadores corruptos das verbas nacionais. Isso é imperdoável, Roberto Amaral, esse é que é o crime máximo.
“Nunca dantes” aconteceram 14 anos como os que passaram, reconheço que foi novidade, mas não estou otimista, já vi esse filme “n” vezes, desde Getúlio Vargas, sei esse roteiro de cor e salteado, pra mim a reação não tem novidade.
E sei muito bem como é que acaba. Já tentaram e não conseguiram, mas desta vez vai, pois se especializaram: o presidencialismo está morto. O presidente será sim, uma rainha da Inglaterra, apenas chefe de Estado, e não mais chefe de Governo. Só que na Inglaterra eles TÊM Estado, enquanto que nós somos apenas um quintal de galinheiro, uma republiqueta das bananas.
Quanto a essa participação e reação popular que, segundo você, “entusiasma o leitor”, quero ver até onde vai desta vez.

    Ivan Pinheiro

    Prezado Caracol,
    Sinto um frio na barriga enquanto vou lendo seu comentário. Nos resta um pouquinho apenas de otimismo? O Povo organizado poderia reverter esta situação? Sei que não somos uma Nação, nem quando torcemos pela nossa seleção, isto já é passado. O Brasil está dividido entre ” petralhas x coxinhas ” Mas quero acreditar que um percentual expressivo está mobilizado, ou se mobilizando. Será o Povo a única solução para esta desgraça que se abateu sobre nosso Pais?

FrancoAtirador

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Partida de Futebol na Copa América Parece até Golpe no Brasil:
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Jogador do Peru fez Gol com a Mão Leve e Juiz Validou o Lance.
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Mas olha qual é o Mascote Oficial da Conta do Peru no Twitter:
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https://twitter.com/peru
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FrancoAtirador

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Na Seleção do Jaburu, o Serra é o Dunga:

deixou o Brasil de fora da Copa América…
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