Reverendo alega crise renal para não depor, mas CPI pede junta médica; ele pode implicar Bolsonaro e a primeira dama na intermediação de vacinas

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Da Redação

Uma crise renal. Com um atestado médico, o reverendo Amilton Gomes de Paula quer adiar seu depoimento à CPI para depois do recesso parlamentar.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu que uma junta médica analise o caso.

O reverendo Amilton ganhou visibilidade maior depois que mensagens capturadas no celular do cabo PM Luiz Dominghetti revelaram possivel envolvimento de Jair Bolsonaro e da primeira dama Michelle na intermediação de vacinas.

“Michelle está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia”, escreveu Dominghetti ao presidente da Davati, Cristiano Carvalho.

A Davati ofereceu 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca ao governo federal.

Dominghetti disse que a comissão do grupo do qual fazia parte seria de 25 centavos de dólar por dose, ou seja, U$ 100 milhões.

“O presidente tá apertando o reverendo”, escreveu Dominghetti em outra mensagem a um terceiro, em referência a Bolsonaro.

Amilton teria prometido doses ao governo federal sem tê-las para cumprir a promessa.

“Manda o SGS (certificado de procedência do produto). Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora”, escreveu em outra mensagem a um integrante de seu grupo.

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Aparentemente, o cabo da PM agia para socorrer o reverendo.

O religioso recebeu aval de Laurício Monteiro Cruz, ex-diretor do Departamento de Imunização do Ministério da Saúde, para fazer a negociação.

Não se sabe ainda quem autorizou Laurício a tanto.

O ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas emitiram nota de repúdio ao presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), complementada posteriormente pelo ministro da Aeronáutica, que em entrevista sugeriu que a investigação do coronel Elcio Franco e do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, teria teor político.

Não está claro ainda quem, no mais alto escalão da República, agiu para tentar colocar intermediários em negociações que poderiam ser feitas diretamente com as empresas fabricantes de vacinas.

O Brasil comprou doses da Pfizer e da AstraZeneca negociando diretamente com as farmacêuticas.

No caso da Covaxin, no entanto, escolheu a intermediária Precisa, que pagaria U$ 15 por dose à indiana Bharat Biotech, contra U$ 10 pagos por dose à Pfizer.

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