Rede vai ao STF contra tentativa de “suspender” intervenção e votar Previdência; PT denuncia “passo perigoso” em direção a estado de exceção
Tempo de leitura: 4 minRedação
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, disse há pouco no Congresso que o partido votará contra o decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.
“Esta ação tem muito mais um sentido político do que operacional”, disse Pimenta.
Segundo ele, o Rio já tem em vigor uma Garantia da Lei da Ordem (GLO), que permite a atuação de forças militares no Estado, desde julho de 2017.
Pimenta lembrou a declaração do próprio encarregado de atuar como interventor no Rio, o general Walter Souza Braga Netto, depois da assinatura da intervenção: “Muita mídia”, disse ele.
O parlamentar petista atribuiu o agravamento da crise na segurança pública fluminense à falta de investimentos sociais e à crise no setor do petróleo.
Segundo ele, a medida foi tomada “sem critérios, sem seriedade”.
Em nota, o PT se manifestou surpreso com a decisão de Temer:
O Partido dos Trabalhadores e as bancadas do PT da Câmara e do Senado Federal receberam com surpresa e preocupação o decreto de intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro.
A crise da Segurança Pública é um dos mais graves problemas da população do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, especialmente da população mais pobre, exigindo participação ativa do Governo Federal.
Os governos do PT assumiram sua responsabilidade neste tema com medidas de forte impacto, como a criação da Força Nacional de Segurança Pública e do Pronasci, o fortalecimento da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, entre outras iniciativas, como a proteção das fronteiras, com participação constitucional e adequada das Forças Armadas.
A intervenção anunciada hoje, no entanto, pode ser um perigoso passo para a consolidação e o aprofundamento de um estado de exceção no Brasil.
Este instrumento excepcionalíssimo, jamais aplicado desde a Constituição de 1988, requer o esgotamento de todas as possibilidades de enfrentamento da crise, o que claramente não ocorreu. O próprio interventor designado para assumir a segurança pública no estado, general Braga Neto, disse hoje à imprensa que há “muita” influência da mídia em torno da questão.
Desde julho de 2017, quando foi decretada a ação de Garantia da Lei e da Ordem para emprego das Forças Armadas no Rio de Janeiro (medida prorrogada em dezembro último), os governos federal e estadual não conseguiram estabelecer um Plano de Segurança Pública para o Estado, instrumento imprescindível para identificar e definir as ações a serem tomadas.
A urgência de um Plano Nacional e de um Plano Estadual para a prevenção e repressão à violência é incontornável, pois apenas por meio de tais planos se pode direcionar as ações de prevenção, inteligência e repressão, abordando, ainda, o papel dos estabelecimentos prisionais, que hoje, além de serem verdadeiras universidades do crime, fornecem mão de obra às organizações criminosas.
Não se pode afastar a relação do agravamento da crise da segurança com o enfraquecimento do estado, falido por conta de um grave ajuste fiscal, promovido pelo governo Temer e intensificado pelo governo estadual do MDB, que afeta, inclusive, verbas para pagamento de policiais e investimentos necessários para políticas de segurança mais eficientes.
A medida parece ser estabelecida para contornar dificuldades políticas do governo Temer, que enfrenta baixíssima popularidade e muitos obstáculos para aprovar a destrutiva Reforma da Previdência.
É gravíssimo o fato de o governo anunciar que pode suspender o decreto, caso tenha os votos necessários para aprovar a proposta de emenda constitucional, quando a própria Constituição Federal impede a promulgação de qualquer PEC na vigência de intervenção federal sobre um Estado. Inaceitável, sob todos os aspectos, esse novo drible à Constituição seria mais uma vergonha imposta ao país pelo governo golpista.
A direção do Partido dos Trabalhadores e suas bancadas no Congresso Nacional afirmam que o governo golpista não está realmente preocupado com a segurança da população, mas apenas com sua sobrevivência política.
O povo brasileiro, principalmente o povo mais pobre, exige e merece a participação responsável do governo federal na Segurança Pública, com programas sólidos e políticas eficazes, mas repudia ações pirotécnicas de efeitos meramente propagandísticos.
Rede irá ao STF contra suspensão de intervenção proposta por Temer
Manobra de ‘pausar’ controle das Forças Armadas sobre segurança do estado para votar Previdência é considerada inconstitucional
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) usou o Twitter na sexta-feira 16 para anunciar que seu partido irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a ideia do governo federal de suspender a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Mais cedo, durante o discurso que marcou a assinatura do decreto presidencial, Michel Temer (MDB-SP) afirmou que a intervenção, válida até o fim de 2018, pode ser suspensa para que a reforma da Previdência seja votada no Congresso.
A Constituição Federal determina que não pode haver uma emenda à Constituição – como é o caso da proposta de reforma – em casos de intervenção federal. “Ajustamos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), a continuidade da tramitação da Previdência, porque é extremamente importante para o futuro do país. Quando estiver para ser votada, segundo a avaliação das Casas, farei cessar a intervenção”, anunciou.
Segundo o senador, o decreto de intervenção federal no Rio é uma manobra diversionista do Governo Temer para desviar o foco do fracasso na votação da Reforma da Previdência.
Randolfe Rodrigues: Antecipo que nós da @REDE_18 Iremos ao STF contra esse “jeitinho” que querem dar na Constituição.
Para respaldar a ideia de inconstitucionalidade da suspender a intervenção federal Randolfe retuitou a procuradora do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro Monique Cheker:
“A Coluna apurou que uma ideia é decretar a intervenção e suspender seus efeitos apenas por um dia, para votação das mudanças nas regras da aposentadoria.” Essa “suspensão” é flagrantemente inconstitucional. Alguém tem que ir ao STF se tentarem fazer essa “lambança”.
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Comentários
João Lourenço
Eu sabia que a bandidagem ia reclamar rápido! Estão vendo só?
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