Professores de Medicina da USP rejeitam kit covid promovido pelo governo: “Más práticas”

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A lei aprovada pelo Congresso dá poder inédito à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), aparelhada pelo atual governo, que tomará em parte lugar da Anvisa. Com isso, afaga o comportamento paranoico de Bolsonaro e sua implicância com a Anvisa. Foto: Reprodução de vídeo

PANDEMIA DE COVID-19: É URGENTE AGIRMOS JUNTOS E JÁ

O colegiado dos Professores Titulares da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo vem manifestar publicamente sua preocupação com o grave momento que atravessamos no Brasil.

Enfrentamos uma das maiores crises sanitárias e humanitárias de nossa história.

Vivemos um recrudescimento assustador do número de casos notificados de adoecimento pela COVID-19 e já alcançamos o patamar trágico de mais de 2.000 mortes diárias pela doença.

Danos igualmente graves, são os devastadores efeitos afetivos e materiais dessas mortes para as famílias e comunidades dos que se foram; as sequelas persistentes em muitos dos que conseguiram ultrapassar a fase aguda da doença; o colapso dos serviços de saúde e esgotamento dos profissionais, não prejudicando apenas o provimento da assistência aos pacientes com COVID-19, mas também obstruindo o acesso de pacientes com outros tipos de demandas urgentes e relevantes.

Um desafiador agravante da situação é o surgimento de variantes do SARS-CoV-2, que tem tornado ainda mais urgente nossa corrida pela imunização e, mais importante, pela implementação de medidas estruturais e comportamentais de controle da pandemia.

Para isso juntamos nossas vozes às daqueles que conclamam autoridades, profissionais, formadores de opinião e cada cidadão e cidadã de nosso país a assumir radicalmente o compromisso com a construção de uma resposta efetiva e solidária para superarmos esse triste cenário.

Sabemos que a tarefa é complexa e exigirá esforço, mas já temos clareza de caminhos a seguir:

1) coordenação dos diversos níveis da administração – federal, estaduais e municipais – para otimizar a capacidade do SUS na resposta à pandemia no país, das Unidades Básicas às UTIs;

2) implementação de estratégias de testagem, rastreamento e isolamento de casos e contatos;3) vigilância genética para identificação precoce das variantes virais;

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4) adoção de medidas radicais de lockdown nas regiões mais acometidas, com estratégias socialmente pactuadas para garantir adesão e eficácia;

5) desenvolvimento de políticas emergenciais intersetoriais para prover as condições materiais e logísticas necessárias para a adequada adesão das pessoas às políticas de isolamento físico, especialmente para as regiões e populações em situações de maior vulnerabilidade;

6) realização de uma estratégia de comunicação social capaz de promover uma cultura de prevenção que oriente e estimule as pessoas ao uso de máscara, higiene das mãos e a evitar aglomerações;

7) envolvimento das lideranças de grupos atingidos e comunidades em situação de vulnerabilidade para identificar necessidades e estratégias adequadas às diversas situações locais;

8) emissão de normas técnicas para os diversos espaços de interação (escolas, indústrias, comércio, entre outros) para diminuir o risco ambiental de transmissão, cuidando especialmente do transporte público para garantir a não aglomeração atual;

9) aceleração significativa do programa de vacinação, com critérios estratégicos para priorização de populações-alvo;

10) medidas de combate às notícias falsas, desinformação e más práticas de prevenção e tratamento.

Como se vê, há a necessidade de um firme compromisso ético e político para que essas medidas sejam postas em operação e para que consigamos construir o futuro de progresso e bem-estar, com justiça social e liberdade, que buscamos para nossa população.

Os Professores Titulares da FMUSP reiteram esse seu compromisso e, mais uma vez, somam-se aos que trabalham para que um futuro de saúde e prosperidade seja o mais rapidamente possível o nosso presente.

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