Procurador que causou espanto no twitter já investigou banheiros ‘unissex’ e tem longa história de usar o cargo com motivação ideológica

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O procurador federal Ailton Benedito de Souza, @AiltonBenedito, causou espanto no twitter durante o fim de semana.

Foi depois da manifestação da extrema direita que terminou com o atropelamento e morte de uma militante em Charlottsville, na Virginia.

Em sintonia com direitistas brasileiros, que garantem que o nazismo é “de esquerda”, ele apresentou um print com o nome do partido de Hitler, Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, para “provar” a tese: está escrito ‘socialista’ no nome, portanto o nazismo é de esquerda mesmo!

Houve um enxurrada de respostas. Algumas irônicas. Uma delas sugeriu que Hitler foi mal educado ao cometer suicídio antes de se confraternizar com as tropas soviéticas, comunistas, que derrotaram o regime nazista em Berlim.

A economista Laura Carvalho, colunista da Folha, escreveu: “tem alguma coisa errada com esses concursos [do MPF]”.

Pedro Nunes, @utops, brincou: Cavalo marinho é equino, peixe boi é bovino, bicho pau é de madeira e fruta pão é de trigo.

Logo, deduz-se, se tem socialista no nome é necessariamente de esquerda.

Bernard @berieux foi mais fundo.

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Ele apontou situações em que o procurador usou seu cargo no Ministério Público Federal “com propósitos ideológicos” ao longo dos últimos anos, sempre aliado e abraçando causas conservadoras, de direita, do combate aos direitos humanos à investigação da universidade pública, sempre em defesa de aliados:

Mandou investigar a expulsão da blogueira antifeminista Thais Azevedo de um debate na Universidade Federal de Goiás.

Mandou investigar fake news de que jovens brasileiros estavam sendo ‘doutrinados’ na Venezuela.

Depois que o Enem pediu redação sobre “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, o promotor pediu que os conceitos sobre direitos humanos incluídos nas provas fossem divulgados previamente.

O procurador também pediu às polícias federal, rodoviária federal, civil e militar que impedissem estrangeiros de participar de manifestações políticas no Brasil, depois de boatos segundo os quais bolivianos seriam trazidos para protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff em Brasília.

Ailton pediu a suspensão da campanha publicitária da Copa de 2014. Segundo ele, a frase “todos ganham” atingia “o inconsciente coletivo, de forma subliminar”.

Na ação, ele se baseou em notícias de jornal para escrever: “A situação evidencia os efeitos da desorganização, da falta de planejamento, da incompetência em executar o que se planejou quanto à infraestrutura e aos serviços voltados à realização da Copa”.

O mesmo procurador mandou investigar banheiros supostamente ‘unissex’ da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, inclusive com a preservação das imagens de câmeras de segurança.

Com um colega, Ailton determinou a proibição de atos políticos na Universidade Federal de Goiás, contra ou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, no momento em que a UFG tinha um dos poucos focos de resistência ao golpe midiático-jurídico-parlamentar.

Em audiência na Câmara dos Deputados, o procurador defendeu o projeto direitista do Escola Sem Partido, que pretende amordaçar professores em sala de aula. Ele já havia patrulhado a Universidade Federal de Goiás e fez audiência pública para tratar de ‘doutrinação’:

Para Ailton Benedito, não há que se falar em inconstitucionalidade na ação das famílias que visam inibir ou reparar abusos político-partidários contra seus filhos praticados por professores no âmbito do sistema de ensino. “Trata-se apenas do exercício da cidadania”, afirmou. Além disso, considera que a proposta legislativa “traz mais segurança aos professores, à medida que lhes proporciona clareza, transparência e publicidade sobre o que podem fazer em sala de aula”.

Atuação – Ailton Benedito instaurou em 2016 Procedimento Preparatório para apurar se as estruturas humana e física da Universidade Federal de Goiás (UFG) estariam sendo utilizadas para promoção de manifestações político-partidárias. O MPF/GO, por meio da PRDC, inclusive promoveu, em setembro do mesmo ano, audiência pública que teve por objetivo debater o tema da doutrinação político-partidária no sistema de ensino brasileiro, especificamente quanto ao reconhecimento ou não da existência dessa prática.

O procurador também assinou o manifesto de promotores de Justiça contra a ‘bandidolatria’, uma tese cara aos aliados de Jair Bolsonaro.

Mas, tem mais: Ailton Benedito instaurou inquérito civil público com o objetivo de apurar ações ou omissões ilícitas da União, do estado de Goiás, de organizações da sociedade civil e de “movimentos sociais” (grafado assim no texto) em manifestações sociais, protestos, movimentos paredistas e greves no território de Goiás.

Para a audiência pública que tratou do tema, ele convocou apenas duas organizações da sociedade civil: Movimento Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre, ambos de extrema direita.

Pergunta que cabe fazer: quanto o MPF já gastou em tempo e dinheiro para satisfazer os pendores ideológicos do procurador?

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Comentários

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Ricardo

Já existe até recomendação do CNMP para que os membros do órgão evitem manifestar partidarismo.

http://www.cnmp.mp.br/portal/images/Recomenda%C3%A7%C3%A3o_01-2016_-_ap%C3%B3s_altera%C3%A7%C3%B5es.pdf

O problema é que a esquerda é mole demais na hora de ativar os mecanismos jurídicos. Essas coisas precisam de reação.
Existem meios para combater esse tipo de conduta. O evento fere claramente a CF, convocando exclusivamente associações patronais e de extrema direita para debater garantias constitucionais. Entre elas, da livre associação, da manifestação do pensamento, pela via do protesto.
A Constiuição Federal diz que o país deve preservar a pluralidade (art. 1º, V – pluralismo político).
O MP é custus legis. Por definição, deve preservar o sentido estrito da lei. O órgão não serve para nada além disso.
Não entendo a moleza da esquerda em abrir representação contra esse tipo de atitude. Não se trata de guerra ou ataque pessoal, mas de chamar a atenção da instituição de volta para o caminho da lei votada pelo Congresso, único órgão que expressa a soberania popular. Por enquanto só se admite pluralismo.
Dói o braço entrar na ouvidoria do CNMP e pedir para paralisar essa audiência pública até que se convidem entidades à esquerda do espectro político brasileiro?

Alan Souza

Quando essa idiotice de “nazismo é de esquerda” surgiu eu combatia, eu esclarecia. Atualmente eu não falo mais nada. Tenho uma filha de 16 anos, que vai prestar PAS e ENEM. Quanto mais idiotas repetirem isso, melhor pra ela, ela sai na frente desses retardados optativos e conscientes nas provas do vestibular. O burro consciente que acha que nazismo é de esquerda não tem só essa ideia bizarra na cabeça, ele tem muito mais no estoque, pois optou por terceirizar seu raciocínio pro facebook.

Mesma coisa com os meus dois filhos mais velhos, já universitários: em qualquer processo seletivo pra um mestrado ou prova de concurso público eles estão na frente desses idiotas. Espero que mais néscios conscientes adotem essa ideia, melhor pros meus filhos. Se a burralhada geral ainda quiser acrescentar que a Terra é plana, melhor ainda!

    Ariel Lima

    O único problema é que esse povo vota, imbuído de suas idéias absurdas, e nós é que sofremos com a ignorância alheia.

Alan Souza

Concordando com tudo o que se disse sobre esse coiso, só uma ressalva: o cargo desse sujeito é Procurador da República, membro do Ministério Público Federal. Procuradores Federais são servidores da Procuradoria-Geral Federal, braço da AGU (Advocacia-Geral da União) que cuida do assessoramento jurídico e da defesa judicial das Autarquias e Fundações Federais, órgãos do Poder executivo Federal.

Maria Aparecida Lacerda Jubé

Essa coisa é a cara do MP, infelizmente.

a.ali

“isso” é um procurador federal ??? e montado nessa ignorância toda ? estamos bem arranjados!!!

    Alan Souza

    Isso é um Procurador da República, membro do Ministério Público Federal, que é um ente autônomo.

    Procurador Federal é um cargo existente na AGU – Advocacia-Geral da União, dentro do Poder Executivo Federal, encarregado da defesa judicial e assessoramento jurídico de autarquias federais e fundações públicas federais.

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