Paulo Copacabana: Que nova agenda de esquerda pode mobilizar estudantes, trabalhadores e intelectuais?
Tempo de leitura: 3 minFoto: Mídia Ninja
por Paulo Copacabana, especial para o Viomundo
O que fazer?
Esta pergunta instiga a esquerda mundial há mais de um século, principalmente nos momentos de tomada de decisões.
No caso específico de nossa república imperfeita, plutocrática e oligárquica, as respostas ainda não estão dadas.
O golpe foi conduzido pela direita em “marcha forçada”, substituindo uma presidente eleita diretamente por 54 milhões de brasileiros por um vice eleito indiretamente por 367 deputados e 55 senadores.
Parcelas expressivas do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos grandes grupos de mídia foram os operadores deste golpe, parlamentarista em sua fase final.
Os partidos de oposição pegaram carona, bem como a base fisiológica governista, unidos ao redor do “grande líder do parlamento”, o multidenunciado deputado Eduardo Cunha, a síntese perfeita dos problemas de nosso sistema político.
A marcha teve que ser forçada porque não se pode olhar para trás durante os golpes políticos. O poder deve ser tomado de assalto.
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A sucessão de eventos absurdos não tem limites: congelamento do gasto social por 20 anos, ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários, manutenção da bolsa rentista, ampliação da bolsa mídia e da bolsa judiciário, blindagem dos integrantes do PMDB e PSDB delatados na Lava Jato, etc.
As causas desta crise e seu desfecho golpista já estão sendo objeto de múltiplas análises, e podem indicar as pistas do que fazer daqui por diante.
O sentimento golpista alimentou-se em dois grandes campos:
a) de um lado, naquilo que os governos Lula e Dilma fizeram corretamente, atacando a desigualdade social com políticas públicas em diversas áreas, retirando milhões da miséria e da pobreza e, ao mesmo tempo, forçando setores da classe média tradicional e da elite a dividirem espaços com setores populares. O sentimento de solidariedade não emergiu, dando lugar a uma crescente repulsa e ao preconceito de classe.
b) de outro, através dos espaços deixados pelas coisas que os governos Lula e Dilma não fizeram, sobretudo no aprofundamento da democracia no sistema político, no judiciário e na comunicação. Também algumas reformas que atacassem as estruturas da geração da desigualdade no Brasil não foram levadas adiante ou foram timidamente, tais como as reformas tributária e fundiária, no campo e na cidade.
O império da governabilidade e da falta de apoio parlamentar para levar adiante tais reformas sempre foi levantado como motivação pragmática para não avançarmos.
De qualquer modo, perdemos tempo em não provocarmos grandes debates nacionais quando tínhamos melhores condições.
Com o desfecho golpista, o caminho inevitável para esquerda é aprofundar o debate político no país em torno dos grandes desafios que se apresentam para a maioria do povo brasileiro, desafios que não quisemos, não soubemos ou não pudemos enfrentar.
Não será fácil.
Mas uma nova agenda de esquerda, puxada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, poderia mobilizar diversos segmentos em duas grandes questões:
a) seguir denunciando o golpe e sua natureza, antinacional, antipopular e antidemocrática, no Brasil e no exterior, no centro e na periferia, nas ruas e nas redes, na academia e no chão de fábrica. Para isso, todos os retrocessos na área social e econômica seriam bastante pedagógicos.
b)iniciar um grande debate nacional sobre o resgate e o aprofundamento necessário da democracia no Brasil, passando por mais democracia no sistema politico, na comunicação, no judiciário e no MP. Um debate que deveria envolver todos os setores progressistas do país e permitisse a apresentação de um verdadeiro “choque democrático” no país.
Esta retomada de consciência da classe trabalhadora — com o apoio de parcelas da juventude, da intelectualidade e dos setores populares — será a “chave” para nos reencontrarmos com nosso destino.
Neste percurso, não cabem atalhos conciliatórios. Temos que demarcar campos e ampliar o debate. A tarefa é dura, mas necessária.
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Comentários
Lukas
Só a prisão de Lula promoveria tal união.
Bovino
Uma coisa é certa: as propostas devem ser expostas nos debates televisionados, porque horário eleitoral ninguém assiste.
Os candidatos progressistas têm que ser claros e objetivos:
– Eu e os congressistas do meu partido iremos: revogar a PEC 55, a reforma da previdência, a reforma trabalhista, retomar o pré-sal e as terras de estrangeiros, auditar a dívida pública, corrigir a tabela do imposto de renda pela inflação e criar uma nova alíquota, de 40%, para os ricos, a SELIC será negativa até atingirmos a margem de pleno emprego (depois disso, um teto de 3% real), implementar o direito de resposta ao vivo (por telefone) em programas de rádio e TV, declarar a internet banda larga um serviço essencial, etc.
FrancoAtirador
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O Brasil Não Precisa de Reformas,
Mas Sim de Mudanças Radicais.
A Começar Pelo Sistema Tributário:
Cobrança de Impostos dos Ricos
e Desoneração dos Mais Pobres.
Para Tanto, é Necessário Eliminar
os Cartéis Econômico-Financeiros,
Obtendo Maioria no Parlamento,
o que Ora Parece Ser uma Utopia.
Porém Esse é o Ideal para o País.
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FrancoAtirador
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Enquanto Não For Extinta a Tributação Indireta (ICMS, IPI)
E Não se Estender a TODOS a Cobrança de Imposto de Renda
Não Haverá Distribuição de Renda Nem, portanto, Justiça Social.
E Pior: Estará se Justificando Cada Vez Mais a Repressão Policial
E a Tendência é de que Aumente a Barbárie de Pobres x Ricos.
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