Paulo Copacabana: 2015, o ano que não deveria ter começado insiste em não terminar
Tempo de leitura: 4 minDeputados federais Wellignton Roberto (PR-PB) e e José Geraldo (PT-PA) trocam tapas na reunião de 10 de dezembro do Conselho de Ética, que analisa o processo de cassação do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Foto: Lula Marques/Agência PT, via Fotos Públicas
2015. O ano que não deveria ter começado insiste em não terminar
por Paulo Copacabana, especial para o Viomundo
Escrevo no calor da enxurrada de acontecimentos a partir da aceitação do início do processo de impedimento da presidenta Dilma na Câmara dos Deputados.
A direita, depois de grande ofensiva nos primeiros meses do ano, chega ao seu final com fôlego curto, apelando para o tudo ou nada.
Desde o início, optou pelo terceiro turno eleitoral, mas este processo gera desgastes amplos e irrestritos.
O período de conciliação política parece cada vez mais distante.
Se o governo Dilma não estivesse ainda atado a uma política econômica ultra-conservadora e recessiva, poderia sair desta situação com muita facilidade.
Para afirmar isso, precisamos fugir das aparências e superficialidades que ocupam as análises na grande mídia, articuladora do golpismo desde o início.
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Senão vejamos: sem imenso apoio popular nas ruas e lideranças políticas incontestáveis, rupturas do sistema são difíceis. Neste momento, os setores reacionários não parecem contar com nenhum dos dois.
Nos primeiros meses do ano, a direita juntava milhões em todo o país, pedindo desde o impeachment até o golpe militar.
“Eram todos Cunha”, mas podiam se desculpar porque a grande mídia ainda não havia destacado suas estripulias.
De outro lado, a esquerda, depois do susto, vem redescobrindo as ruas nos últimos meses. As passeatas pelo “fora Cunha” juntaram milhares de pessoas, principalmente as mulheres, enquanto nas últimas semanas os estudantes é que estão na ofensiva, lutando contra o fechamento de escolas pelo governador Alckmin.
A falta de diálogo e a utilização da Polícia Militar para implementar a “reestruturação da educação” fazem lembrar outro paulista que foi Presidente da República nos anos 20 do século passado. Para Whashington Luis, o problema social brasileiro era “caso de polícia”. Passados quase cem anos, lideranças conservadoras do Estado mais rico da nação continuam pensando da mesma forma.
Outra questão importante é que, no início do ano, a oposição aparecia no cenário com inúmeras lideranças, começando por Aécio, passando por Alckmin e chegando em Eduardo Cunha.
Aécio, com sua briga pela cassação da presidenta a qualquer custo e o fomento de “pautas bombas” no Congresso acabou por provocar um aumento violento em sua rejeição, sofrendo sucessivas quedas de intenção de voto. Hoje conta com menos de um terço do eleitorado, percentual que a direita reúne normalmente.
Já Alckmin despontava como outra liderança importante. Reeleito no primeiro turno para o governo do Estado de São Paulo, com gigantesca base de apoio no Legislativo, no Judiciário, no Ministério Público e, sobretudo, usufruindo de enorme “blindagem da grande mídia”, Alckmin caminhava para ficar 14 anos à frente do governo dos paulistas, projetando-se novamente no âmbito nacional.
Hoje, passados poucos meses, encontra-se em situação bem mais delicada. Sua imagem, depois de muito tempo, começa a colher um certo desgaste, sobretudo em relação à forma autoritária que vem implantando mais uma reforma na educação, com o anúncio do fechamento de quase 100 escolas em todo o Estado.
Se o governador revela toda esta dificuldade política em um Estado como São Paulo, controlado pelo seu partido a 20 anos, imagina o que não aconteceria com o país.
E olha que o acordo que seu governo fez com o PCC, suas responsabilidades na crise da água e sua leniência com relação a inúmeros casos de corrupção permanecem pouco debatidos.
Finalmente, Eduardo Cunha representa um capítulo a parte. É a síntese deste sistema político que privilegiou a interferência do grande capital.
Rei das negociações e negociatas, grande líder das relações entre o baixo clero do Congresso com as altas finanças nacionais, Cunha converteu-se em presidente da Câmara dos Deputados mais conservadora desde a redemocratização, tornando-se condutor da agenda conservadora e esperança da oposição para deflagrar o impeachment.
A descoberta de suas contas na Suíça não declaradas, fruto de propinas reveladas por delações na Operação Lava Jato, acabaram por retirar qualquer legitimidade às suas atitudes.
Sua condução autoritária deixará marcas profundas no Congresso Nacional e na democracia brasileira. Sob sua liderança, não prosperaram investigações internas no Legislativo sobre sua conduta corrupta, mas o Ministério Publico e o Supremo Tribunal Federal já estão tomando as medidas cabíveis.
Provavelmente, será em breve afastado da Presidência, deverá perder o mandato e acabará preso.
A oposição tucana e seus aliados, ligada a esta triste figura, carregará para a história a marca golpista.
Sem grande apelo popular e lideranças políticas capazes de unificar o país, o golpe do impeachment, se vingar, será artificial.
Levará o país a uma crise política e econômica que se arrastará por muitos anos. A insegurança jurídica também será uma marca destes novos tempos, junto com a ascensão do fascismo.
Pelo menos, outras reações à esquerda também virão, com novas lideranças capazes de lutar de forma mais aguerrida pelas reformas radicais e populares que tanto precisamos.
Se o golpe não vingar, não restará outra alternativa a Dilma a não ser se reconciliar com sua base social adotando outra politica econômica.
Caso contrário, as derrotas populares no futuro serão mais lentas e dolorosas.
Nunca um ano foi tão decisivo.
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Comentários
FrancoAtirador
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CÓPULA21: PRÓ-CAPITALISMO, PARA VARIAR CLIMATICAMENTE.
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(http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-12/acordo-do-clima-estabelece-medidas-para-limitar-aumento-da-temperatura)
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FrancoAtirador
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Entrevista: VALTER POMAR
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Por Maria Mello, Jornalista da Revista Caros Amigos
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Caros Amigos: A Abertura do Processo de Impeachment contra Dilma,
no Contexto em que ocorreu, é melhor para o PT e para o Governo,
pelo fato de deixar de ser refém, em alguma medida, de Cunha?
Se sim, em que aspectos?
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Valter Pomar:
‘Melhor’ seria Arlindo Chinaglia [PT-SP]
ser o Presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha estar Preso
e a Presidenta Dilma estar aplicando
o Programa Vitorioso nas Eleições de 2014.
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Íntegra em: (http://valterpomar.blogspot.com.br/2015/12/entrevista-para-jornalista-da-revista.html)
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FrancoAtirador
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“Não vos inquieteis, pois, pelo Dia de Amanhã,
porque o Dia de Amanhã cuidará de si mesmo.
Basta a Cada Dia o seu Próprio Mal.”
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Mateus 6:34
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(http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/leonardo-boff-os-refugiados-dos-paises-mediterraneos-nao-sao-seres-humanos.html)
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FrancoAtirador
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1500: O ANO QUE NÃO TERMINOU
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Pois a História é uma Ampulheta Gigante
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que Mede o Tempo em Séculos, Milênios.
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A Luta é Incessante, Contínua, Permanente!
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Y Si Hay Lucha, Hasta La Victoria! Siempre!
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(http://imgur.com/p9cM6et)
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