Patrus: Enfrentamento da pandemia exige ações integradas entre os setores público, privado e sociedade civil
Tempo de leitura: 3 minDeputado Patrus Ananias alerta para a necessidade de ações integradas entre setor público, privado e sociedade para enfrentar a pandemia
Em artigo, o parlamentar aponta a ausência de informações, por parte do poder público, sobre como acessar serviços de saúde em meio à pandemia, a insensibilidade e a falta de autoridade política e moral do atual presidente como obstáculos
para assegurar o direito à vida.
por Patrus Ananias*
Estou muito longe de ser um conhecedor das ciências da medicina e da saúde pública.
Tive boas experiências como gestor público, prefeito de Belo Horizonte, ministro do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, e por um tempo menor, ministro de Desenvolvimento Agrário.
Aprendi, nesses cargos que ocupei, a importância do Estado na construção e integração das políticas públicas.
A saúde, política pública essencial, também não se realiza na sua plenitude dissociada das políticas públicas que assegurem a alimentação saudável, a moradia digna, o saneamento básico, o trabalho e o salário decentes, a proteção da natureza e das fontes da vida – o ar, a terra, a água, a biodiversidade, os ecossistemas.
Os informes, notícias e recomendações sobre o coronavírus insistem muito bem nos procedimentos preventivos a serem adotados pelas pessoas, famílias e comunidades.
Sinto uma falta enorme, um grande vazio, quanto às orientações estratégicas do poder público com relação ao funcionamento dos postos e unidades de saúde, dos hospitais que as pessoas devem procurar se necessário e com as cautelas necessárias.
Os laboratórios e hospitais privados não serão integrados à rede pública para atender às demandas decorrentes da pandemia?
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Continuarão atendendo somente as pessoas que podem pagar os exames e internações?
Teremos, nesse momento já tão grave, um sofrimento ampliado dos mais pobres e daqueles que se encontram desamparados financeiramente e socialmente pela quarentena necessária?
Outras perguntas emergem.
As indústrias que podem contribuir com os equipamentos e materiais e medicamentos necessários ao enfrentamento da pandemia, não serão mobilizadas para priorizarem estas demandas urgentíssimas?
Por exemplo, as indústrias têxteis de papel não podem produzir rapidamente milhões e milhões de máscaras e protetores às partes mais sensíveis do corpo?
A indústria do álcool e adjacências não podem fazer o mesmo com o álcool gel?
Iniciativas como essas, que estão ocorrendo em outros países, estão sendo ou serão replicadas em estados brasileiros?
A indústria farmacêutica não deve direcionar suas pesquisas e produções para medicamentos que se não resolvem definitivamente podem prevenir e atenuar os efeitos da doença?
E o lugar das nossas universidades e órgãos de pesquisa na área de saúde na busca do medicamento certeiro para derrotar o vírus?
O momento não é para polêmicas menores e disputas partidárias.
Exige de nós, entretanto, coragem para confrontarmos a realidade e não fugirmos aos desafios.
Militante político e social há mais de 50 anos, e agora no exercício de mandato de deputado federal, sinto-me no dever de trazer às pessoas essa minha leitura e compreensão desse momento dramático que estamos vivendo.
Elas se prendem à realidade que mais estudo: a realidade nacional brasileira e seus reflexos em Minas Gerais.
Os fatos infelizmente mostram que o atual presidente da república não tem a necessária sensibilidade e a autoridade política e moral para, democraticamente e em sintonia com governadores e demais poderes da república, submeter os setores privados as essas superiores exigências éticas, diretamente relacionadas com o direito à vida e o bem comum.
Também mostra, até o momento, que o governador de Minas Gerais parece não ter noção exata da urgência da situação que estamos vivendo, apesar das ruas vazias, cidades fechadas e sistema de saúde sob pressão inédita.
Fica a cada momento mais evidente que o enfrentamento da pandemia exige espaços democráticos e participativos, a liberdade de informação e de debates e reflexões compartilhadas sobre os caminhos a serem percorridos, a mobilização e organização das comunidades e as ações integradas entre os entes federativos, entre governantes e sociedade, a garantia dos espaços constitucionais para a atuação do poder legislativo em todos os níveis da federação e do poder judiciário.
Não é estreitando caminhos que vamos vencer a doença, é alargando os espaços para que todas as pessoas conscientes e de boa vontade possam, de forma responsável e solidária, aportar a sua contribuição, como já estamos vendo através de tantos exemplos magníficos.
Juntos e mobilizando todos os recursos do país, que pertencem ao povo brasileiro, venceremos a batalha contra o inimigo invisível.
*Patrus Ananias é deputado federal (PT-MG). Foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do Desenvolvimento Agrário, respectivamente, nos governos Lula e Dilma.
Comentários
Zé Maria
Infelizmente, no Estado de Minas Gerais,
a incompetência do CoronaZema está
desarticulando os Municípios Mineiros.
A Pandemia está evidenciando que as
Prefeituras estão desintegradas das
Secretarias Estaduais, notadamente,
neste momento, a da Saúde.
https://diariodeuberlandia.com.br/noticia/24777/-uberlandia-registra-primeira-morte-suspeita-do-novo-coronavirus
https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/pacientes-com-covid-19-chegam-a-128-em-minas-desses-60-s%C3%A3o-de-bh-1.779679
http://aconteceunovale.com.br/portal/?p=159909
https://folhadebarbacena.com.br/ses-descarta-primeiro-caso-de-coronavirus-em-sao-joao-del-rei/
Zé Maria
Detalhe
Das 7.766 pessoas sintomáticas sob suspeita de infecção por COVID-19 no estado de Minas Gerais, mais da metade estão na capital.
São 4.072 casos em Belo Horizonte, equivalentes a mais de 52% do total de suspeitos com sintomas da doença, aguardando os respectivos testes.
Zé Maria
23/03/2020
Coronavírus MG
As 10 Cidades de Minas Gerais
com Mais Casos Suspeitos
Sintomáticos de COVID-19:
1 – Belo Horizonte – 4.072
2 – Contagem – 405
3 – Ipatinga – 319
4 – Betim – 219
5 – Divinópolis – 169
6 – Uberlândia – 168
7 – Ibirité – 138
8 – Santa Luzia – 121
9 – Nova Lima – 98
10 – Juiz de Fora – 85
https://www.otempo.com.br/mobile/cidades/coronavirus-vejas-as-dez-cidades-de-minas-gerais-com-mais-casos-suspeitos-1.2315249%3famp
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