Orlando Silva: Pibinho de Bolsonaro foi causado por um vírus, o da incompetência

Tempo de leitura: 3 min
Alan Santos/PR

O pibinho e o vírus da incompetência

por Orlando Silva*

Bolsonaro assumiu a presidência da República em meio a uma onda de euforia dos agentes econômicos.

Pudera, sua candidatura foi o desaguadouro do apoio da banca financista e do grande empresariado nacional e internacional, ávidos pela imposição de uma nova ordem econômica, política e jurídica que enterrasse as conquistas e garantias expressas na Constituição de 1988.

Para a turma do bilhão, a vantagem adicional no apoio a Bolsonaro foi que, como a campanha eleitoral passou ao largo do debate programático, o candidato da extrema-direita não precisou firmar compromisso ou negar medidas que viria a tomar no governo.

Representou, por assim dizer, um livro aberto para que o ultraliberalismo selvagem pudesse escrever suas páginas, sem quaisquer pruridos que mitigassem os reflexos antissociais de sua agenda.

A hora e a vez do mercado puro sangue dar as cartas na economia.

Desde logo, os economistas ventríloquos de banqueiros se apressaram a cravar crescimento de 2,5% em 2019.

Talvez mais, caso se privatizasse até o Palácio do Planalto, como disse Paulo Guedes, e todo o cardápio de reformas usurpadoras de direitos do povo fosse aprovado.

Quem não se lembra das previsões edulcoradas – ou mentiras deslavadas – com a aprovação da Reforma da Previdência?

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Pois bem, a dura realidade começa a se impor.

Os números divulgados pelo IBGE sobre o PIB de 2019 – 1,1%, abaixo até mesmo do 1,3% de Michel Temer, em 2017 e 2018 – falam por si e jogam água no chope de quem comemorava uma “retomada vigorosa” da atividade econômica.

Mesmo no último trimestre, quando há a alavancagem natural das festas de fim de ano, o avanço foi pífio: 0,5% frente ao anterior.

O miserê do pibinho foi tal que atingiu até a Agropecuária, com avanço módico de 1,3%, ladeada pelo setor de Serviços (1,3%) e pela semi-estagnada Indústria, que se arrastou a 0,5%.

Registre-se que estamos tratando de crescimento medíocre e sobre uma base bastante depreciada, uma vez que o histórico recente do país é de um biênio de recessão (2015/2016) e outro de estagnação (2017/2018).

Outro dado que chama atenção no quadro desolador é que, no que diz respeito ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços sofreram queda de 2,5%, ao passo que as Importações de Bens e Serviços se ampliaram em 1,1%.

Se a tendência se projetar para 2020, estaremos diante de uma situação tétrica, pois o dólar atingiu estratosféricos R$ 4,65, após altas sucessivas.

Os ilusionistas do Planalto iniciaram o ano projetando novamente crescimento superior a 2%, no que receberam o apoio cúmplice dos analistas da banca, viciados nas jogatinas da Bolsa e alheios à economia da vida real.

Não se sabe com base em que são feitas tais projeções, já que um dos esportes preferidos dessa turma é revisar, para baixo, a estimativa de crescimento a cada boletim Focus.

Como pode voltar a crescer um país que virou pária internacional e que tem um presidente sem nenhuma credibilidade?

Como voltar a crescer se o governo dobra a aposta numa receita recessiva insana?

Quem fala não sou eu, deputado de oposição. Os números estão aí.

O Brasil sofreu uma debandada de 44,7 bilhões de dólares em 2019 — os tais “investidores”, presume-se –, o pior resultado em 38 anos!

Por outro lado, a taxa de investimento segue ao rés do chão, na base de 15,4% do PIB. 

Bolsonaro e Paulo Guedes venderam ao povo que as reformas ultraliberais gerariam crescimento econômico e empregos. Nem um nem outro.

O resultado é o desastre de 2019, que se projeta também para 2020, com os efeitos conhecidos de desemprego, subemprego, degradação do tecido social e ruína das contas públicas.

Como bem afirmou Daniel Pereira de Andrade, professor de Sociologia da FGV, “para os neoliberais, se a economia não funciona como o previsto, não é porque seus modelos lógico-dedutivos não são capazes de explicar a realidade, mas, inversamente, é porque a realidade política e social está atrapalhando o funcionando idealmente previsto do mercado”.

Sem ter o que mostrar, Bolsonaro agora ocupa o centro do picadeiro para distribuir bananas e culpar o Coronavírus pelo baixo crescimento que já se antevê para este ano. Não!

A verdadeira ameaça que paira sobre nossa economia é o vírus da incompetência, cujos sintomas estão evidentes no pibinho de 2019.

*É deputado federal do PCdoB por São Paulo

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Zé Maria

Balanço Econômico da Lava Jato
(https://t.co/32Xu06UNe6)

Por Pedro Campos, Luiz Fernando de Paula, Rafael Moura,
Marcio Pochmann e José Augusto Ruas, Economistas

| Corecon-RJ | Jornal dos Economistas | Edição Nº 360 | Agosto de 2019 |

Editorial
A edição atual dedica-se a quantificar e avaliar os legados econômicos da Operação Lava Jato e seus desdobramentos sociais e políticos.

Na abertura do bloco temático, Pedro Campos, da UFRRJ, afirma que a Lava Jato forneceu subsídios a um golpe de Estado, desmantelou setores da economia brasileira e pavimentou a chegada do fascismo ao poder.
Sob o pretexto de combater a corrupção, fechou um milhão de empregos, levou as maiores construtoras do país a perder 85% de sua receita entre 2015 e 2018 e abriu o mercado doméstico a empresas estrangeiras.

Luiz Fernando de Paula e Rafael Moura, da Uerj, acreditam que a desestruturação dos setores de construção civil e petróleo/gás contribuiu sobremaneira para o aprofundamento da crise econômica a partir de 2015 e levou à desarticulação de alguns dos poucos setores em que o capital doméstico era competitivo a nível internacional.

Marcio Pochmann, da Unicamp, aponta que a Lava Jato foi decisiva para o aprofundamento da trajetória regressiva da economia brasileira na segunda metade da década de 2010.
A operação serviu aos propósitos externos e internos de praticar o contracionismo no gasto público não financeiro, responsável pela asfixia do crescimento econômico e pela retração da arrecadação fiscal.
A operação contribuiu para a polarização e para colocar fim à perspectiva de projeto da nação.

José Augusto Ruas, da Facamp, considera que, além do amplamente discutido efeito sobre o setor produtivo, emprego e PIB, a Lava Jato operou como legitimadora da nova fase do neoliberalismo no país, marcada por uma “ética punitiva” na implementação do arsenal de políticas neoliberal. Imbuídos de um “punitivismo vingativo”, passamos a destruir os instrumentos de ação social e econômica do Estado e a acreditar que a privatização fatiada de nosso setor petrolífero, a redução de importância das empresas nacionais e mesmo a queda brutal nas condições de vida no país sejam parte de um processo redentor.

Íntegra em:
http://www.corecon-rj.org.br/anexos/C1D017FCEE732F4E1B9B4E13C46AD36E.pdf

Os Danos Econômicos ao Brasil derivados da Operação Lava-Jato
foram enormemente maiores do que eventuais prejuízos causados
pela corrupção na Petrobras.

É claro que ninguém aqui é favorável à Corrupção.
Mas também é evidente que não se pode e não se deve quebrar o País
e torná-lo frágil à concorrência estrangeira, sob uma genérica alegação
de ‘Defesa do Combate à Corrupção’.

Sérgio Moro e os Procuradores do MPF, especialmente os do Paraná, têm grande responsabilidade pela situação de Grave Crise Econômica pela qual passa o Brasil.

A Operação Lava Jato inclusive deu margem a que fossem destruídas
as bases estruturais do Bem Estar Social – promovido sob a égide e por
decorrência da Constituição Federal de 1988 – dilapidadas desde 2016,
pelas mãos de Henrique Meirelles no Governo de Michel Temer, até os
dias atuais, no Governo de Jair Bolsonaro sob o Comando do Prosélito
de Chicago Paulo Guedes.

Zé Maria

Sem esquecer que a Patifaria da Operação Lava Jato em Curitiba,
com Sergio Moro à frente, foi responsável pela queda de 2,5% do PIB, no mínimo.

“Os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia
podem tirar R$ 142,6 bilhões da economia brasileira em 2015,
o equivalente a uma retração de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto),
segundo estudo da consultoria GO Associados antecipado ao G1”.

De acordo com o levantamento, conforme reportagem do G1, foram
os seguintes os Impactos Imediatos da Lava Jato na Economia do País,
dentre outros não menos importantes:

1) Perda Anual de R$ 142,6 Bilhões (equivalentes a 2,5% do PIB);

2) Redução de 1,9 Milhão de Empregos Diretos e Indiretos [em 1 Ano];

3) Queda de R$ 22,4 Bilhões em Salários;

4) Diminuição de R$ 9,4 Bilhões em Arrecadação de Impostos.

[Fonte: GO Associados, via G1]

Tudo isso para derrubar do cargo uma Presidente da República Eleita
e prender um ex-Presidente da República – ambos Petistas -, para então colocar as Milícias de Assaltantes e Assassinos no Poder Central.

https://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/24339-operacao-lava-jato-destruiu-milhoes-de-empregos-e-colocou-setores-em-recessao

Zé Maria

Como ironizou o Economista Nelson Barbosa,
ex-ministro do Governo da Presidente Dilma
e Secretário de Política Econômica de Lula,
a respeito de um artigo publicado no Estadão
que excepcionalmente fugiu à Linha Editorial
de ‘Libertinagem de Mercado’ do Jornal de SP:

“Um estagiário iluminado assumiu a conta do Estadão?
Que a nova linha seja eterna enquanto dure
(mas deve ser revertida amanhã)”
https://twitter.com/nelsonhbarbosa/status/1235280143444299777

https://pbs.twimg.com/media/ESS3z7nXkAE5dPH?format=jpg
OS COVEIROS DO BRASIL

“Economistas liberais precisam ser responsabilizados
pelo baixo crescimento” https://t.co/W9RwcnSdS2

Por Daniel Pereira Andrade (*), no blog Gestão, Política & Sociedade

Saiu o PIB de 2019: o resultado foi de 1,1%, frustrando mais uma vez a expectativa dos analistas de mercado, que haviam previsto crescimento de 2,5%.
A mesma decepção já havia ocorrido em 2018, com um PIB de 1,3% contrariando a previsão de 2,7%.
Em 2017, o resultado ficou em magro 1%.

Como alguns analistas já apontaram, trata-se da retomada econômica
mais lenta da história do país após um período de recessão.

Essa situação coloca uma questão óbvia, mas que tem sido sistematicamente evitada:
o modelo econômico liberal é realmente capaz de entregar
os resultados que promete?

No caso brasileiro, é preciso notar que esse modelo vem sendo adotado já desde 2015, quando Dilma deu um “cavalo de pau”
na política econômica ao substituir o ministro Guido Mantega
por Joaquim Levy.
A política econômica foi continuada e aprofundada no governo Temer
sob o comando de Henrique Meirelles e finalmente foi radicalizada
no governo Bolsonaro com o “superministro” Paulo Guedes.

Ao longo desse tempo, a promessa inicial de um ajuste fiscal inconveniente e passageiro converteu-se depois em uma virtude
e acabou consagrada como um projeto “liberal-democrata” de país.

Após o impeachment, não faltou apoio do Congresso, do mercado e
da imprensa às medidas, criando um verdadeiro céu de brigadeiro
para o “dream team” de Meirelles e para Guedes.

As equipes econômicas foram inclusive blindadas no debate público
dos escândalos políticos proporcionados pelo Executivo,
tanto nos episódios de corrupção de Temer quanto nos de conflito
de Bolsonaro.
Mesmo nesse último caso, o Congresso assumiu o protagonismo
na condução da agenda de reformas.
E elas foram sistematicamente aprovadas, como a mais radical
[e prejudicial à Classe Trabalhadora] reforma trabalhista
desde a promulgação da CLT, a PEC do teto dos gastos,
a reforma da previdência, a PEC da liberdade econômica
e, ao que tudo indica, muito em breve, as reformas tributária
e administrativa e a autonomia do Banco Central.

A promessa, no entanto, de entregar uma economia pujante
não se realizou.
Além de o crescimento ser pífio, a reforma trabalhista não gerou
os empregos nem o aumento da formalidade que prometia.

Diante do fracasso, as culpas começaram a ser distribuídas.
Mas, ao contrário do que se fazia insistentemente com a
“nova matriz econômica” do governo Dilma, nenhuma
responsabilidade tem sido atribuída à política econômica liberal.

A culpa é sempre atribuída aos outros: aos presidentes controversos,
aos deputados e senadores corruptos, aos funcionários públicos
“parasitas”, à eterna herança petista e por aí vai.

É curioso notar que os economistas liberais, que sempre louvam
a responsabilidade individual no mercado, nunca se responsabilizam
pelos resultados das políticas econômicas que defendem.

Não se vê, da parte dos economistas ortodoxos, nenhuma autocrítica,
salvo raríssimas exceções.
Suas teorias sobre o funcionamento dos mercados autorregulados
e eficientes nunca são questionadas.

Para os neoliberais, se a economia não funciona como o previsto,
não é porque seus modelos lógico-dedutivos não são capazes
de explicar a realidade, mas, inversamente, é porque a realidade
política e social está atrapalhando o funcionando idealmente
previsto do mercado.

Invertem assim a lógica científica ao atribuir ao mundo, e não às suas
teorias, o problema.

Mesmo não havendo evidências de que reformas trabalhistas gerem
empregos ou mesmo que as evidências disponíveis mostrem
que políticas de austeridade geram contração ao invés de expansão
econômica, os fatos do mundo real são ignorados em nome de seus modelos matemáticos.

Os economistas ortodoxos “confundem as coisas da lógica com a lógica das coisas”, já advertia Pierre Bourdieu.

Ao acusar o mundo pelas falhas no funcionamento desse mercado
ideal que só existe em suas cabeças, eles podem propor a radicalização
da mesma política econômica como solução para os problemas
que ela mesma cria.
Sugerem mesmo a consolidação nas leis e na Constituição da política
econômica liberal de modo a blindá-la das pressões da sociedade
e das interferências políticas dos governantes eleitos, procurando
construir na prática algo que só existe em suas teorias:
um mundo econômico puro apartado da realidade social e política.

Mas é preciso perguntar, como forma de conclusão, se o problema
dos economistas liberais se resume à sua teimosia epistemológica
ou se há outro estímulo para que sigam persistindo em seus modelos
cujas previsões não se realizam.

É possível questionar, por exemplo, se a falta de crescimento afeta
a todos da mesma maneira, se a política econômica não está
favorecendo certos grupos em detrimento da maioria e se,
nesse sentido, os próprios economistas de mercado não estão sendo
beneficiados pelos erros que insistem em cometer.

Afinal, quando não se paga a conta dos próprios equívocos,
mas antes se é recompensado por eles,
é fácil seguir errando adiante.

*Daniel Pereira Andrade é Professor de sociologia da FGV-EAESP
e Pesquisador Associado do Laboratoire Sophiapol da Université Paris
Ouest Nanterre La Défense.
Pós-doutor em sociologia pela Université Paris Ouest – Nanterre La Défense.
Doutor e mestre em sociologia pela FFLCH-USP.
Autor do livro “Nietzsche – a experiência de si como transgressão”
Atualmente realiza pesquisa sobre ‘governamentalidade’ neoliberal,
sobre neoliberalismo híbrido no Brasil e sobre dispositivos de poder
emocional na sociedade moderna e contemporânea.
http://lattes.cnpq.br/6190661315295358
https://eaesp.fgv.br/professor/daniel-pereira-andrade

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