Falta governo e falta oposição no país
O que garante a governabilidade não são apenas as prerrogativas institucionais da presidência, mas a existência de um conjunto coerente de ideias
Tem-se uma quadra complicada na vida do país.
O governo Dilma acabou. Pode ser que renasça mais à frente. Mas, no momento atual, não há comprovação de que os sinais vitais estejam preservados.
Com o esfacelamento do centro de poder, o país tornou-se um salve-se quem puder. Ritos, procedimentos, processos deixam de ser observados, a própria racionalidade é colocada de lado, provocando a ascensão de pequenos tiranetes invadindo todos os poros da vida nacional.
As relações sociais são atropeladas por bandos de trogloditas saindo do baú da inquisição e invadindo as ruas e as instituições.
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Na Câmara Federal, o presidente Eduardo Cunha passou a atropelar os ritos e a impor sua vontade pessoal e a do baixíssimo clero da casa.
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No STF (Supremo Tribunal Federal), o Ministro Gilmar Mendes se vale desde o uso da gaveta até procedimentos, que em outras quadras da história, seriam considerados escandalosos: como obter, para eventos do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), de sua propriedade, patrocínios de empresas com extensas demandas no Supremo.
Um procurador lotado no TCU (Tribunal de Contas da União), militante de passeatas pró-impeachment, se vê no direito de opinar sobre a viabilidade de empresas-chave na política industrial do pré-sal.
A imprensa ajuda a demolir os financiamentos de serviços do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) duramente construídos nos governos FHC e Lula.
Em Curitiba, um juiz de primeira instância, procuradores e delegados, distribuem prisões preventivas sem a menor preocupação de legitimá-las.
No Banco Central, um grupo de burocratas define a seu talante o nível das taxas de juros da economia, cria um cenário claramente insustentável para a dívida pública, sem que ninguém se interponha no seu caminho.
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O que garante a governabilidade não são apenas as prerrogativas institucionais da presidência da República, mas a existência de um conjunto coerente de ideias, não só econômicas, mas legitimadoras, capazes de juntar setores dos mais diversos em torno da ideia de nação.
A presidência já não consegue mais estruturar nenhum discurso.
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A segunda âncora deveriam ser os partidos políticos. Mas também não existem programaticamente.
O vácuo de poder e de propostas seria a oportunidade da oposição apresentar-se como verdadeira alternativa de poder. Mas consegue ser ainda pior e menos séria do que a situação que combate.
Hoje em dia, o jogo político consiste na fabricação diuturna de factoides para aparecer na mídia.
O jogo de cena armado por Aécio Neves e troupe na visita à Venezuela seria um episódio vergonhoso em qualquer circunstância, uma mera molecagem de praia, não tivesse sido protagonizado por um candidato à presidência da República e por senadores da República.
Transformam um problema de trânsito – registrado inclusive por jornais de oposição na Venezuela – e meras manifestações de rua em incidente diplomático. E ainda conseguem a solidariedade do líder do PT na Câmara. O outro candidato oposicionista, José Serra, aproveita o vácuo de poder para parcerias de negócio com o presidente do Senado Renan Calheiros.
É uma quadra vergonhosa da história, uma comprovação trágica de que falta governo e falta oposição ao país tornando absolutamente incerto o desenho da saída política da crise.
Comentários
mineiro
parabens pelo excelente texto , e o pior tudo esse poste de pres. pedindo explicaçao a venezuela. va ser burra la no inferno, ultimamente eu estava sentido orgulho de ser brasileiro , mas agora , da vergonha. como pode uma pres. entrar no jogo dos golpistas e mesmo sabendo que era golpe , o que eles foram fazer la. é brincadeiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa uma coisa dessa. e ainda tem blogueiro idiota achando que o pt e essa pres. morta viva nao vai acabar com o lula. nao vai acabar é comigo entao. quem vai jogar a ultima pa de cal no lula , nao é a oposicao facista nao , vai ser o pt e esse poste de pres. ja ta jogando.
FrancoAtirador
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DataFrias
QUARTO TURNO
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Aébrio Nébulus (PSDB) = 35%
LULA (PT) = 25%
MariNéca (PSB/REDE) = 20%
Luciana Genro (PSOL) = 2%
Eduardo Paes (PMDB) = 2%
Ed Jay (PV) = 2%
Branco/Nulo/Nenhum = 11%
Não Sabe = 5%
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DataFrias
QUINTO TURNO
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LULA (PT) = 26%
MariNéca (PSB/REDE) = 25%
Gerald O.D. ALCA (PSDB) = 20%
Luciana Genro (PSOL) = 3%
Eduardo Paes (PMDB) = 3%
Ed Jay (PV) = 2%
Branco/Nulo/Nenhum = 14%
Não Sabe = 7%
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A Margem de Erro será apurada um dia depois
das Eleições Presidenciais de 2018, se ocorrem.
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(http://www.cearaagora.com.br/site/2015/06/datafolha-se-eleicao-fosse-hoje-aecio-levaria-10-pontos-de-vantagem-sobre-lula)
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FrancoAtirador
http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,livros-vao-na-frente-da-vida,28898
Euler
Enquanto isso, em Minas gerais…
SERÁ QUE O PT VAI TER CORAGEM DE FAZER O QUE PSDB NÃO FEZ? MASSACRE ANUNCIADO NAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA
18 de junho de 2015 às 13:58
O despejo forçado das três ocupações da região da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) é anunciado pelo Governo de Minas Gerais (PT), e a Polícia Militar convoca reunião de urgência, no dia 19/06 às 14:00, para comunicar a desocupação forçada e destruição de 5.000 casas de alvenaria construídas e todo o território das comunidades consolidados há dois anos pelas 8.000 famílias da Izidora.
Volta a tona o maior conflito social e fundiário do Brasil e uma nova possibilidade de massacre é anunciada. Esse conflito envolve de um lado famílias que ocuparam por necessidade um grande latifúndio urbano abandonado, e de outro os interesses econômicos da empresa Direcional e interesses eleitorais da Prefeitura de Belo Horizonte e do Governo do Estado.
Só que desta vez, não é o PSBD que sustenta a posição intransigente e violenta de criminalização dos movimentos sociais e aniquilação do espaço de vida das famílias da Izidora, é o Partido dos Trabalhadores que desonra a sua palavra e ameaça despejar trabalhadoras e trabalhadores que ocuparam terras que não cumpriam a sua função social e que construíram ali uma parte importante da cidade.
No ano de 2014, as ocupações da Izidora sofreram múltiplas violências do Estado, desde agressões, vôos rasantes de helicóptero, tiros contra os moradores, ameaças às lideranças, repressão das manifestações, até o terror de verem suas comunidades destruídas de maneira forçada. Mas a resistência das famílias, a organização das comunidades por meio de movimentos e coletivos, e a solidariedade da rede de apoio prevaleceram e uma grande campanha pelo DESPEJO ZERO em Minas sacudiu o estado no cenário pré-eleitoral. Nesse período,o então candidato a governador, Fernando Pimentel, fez um acordo com os movimentos sociais comprometendo-se a não realizar nenhum despejo no campo ou na cidade sem a garantia de uma alterativa de moradia digna, conforme previsto na Constituição Federal, no Estatuto das Cidades e nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário.
Após as eleições o Governo de Minas instalou uma “mesa de negociação” de fachada que, com o slogan da participação– “Ouvir para Governar” – o que fez foi instaurar um modelo de legitimação de ações de despejo – “Ouvir para Despejar” – virando as costas para inúmeros despejos truculentos no Estado no campo e na cidade e, caso da Izidora, instaurando uma negociação falsa com as famílias e os movimentos sociais, onde apenas a empresa pode propor soluções para os conflito, não cabendo aos moradores mais do que pegar ou largar as migalhas que lhes são oferecidas, sem possibilidade de elaborarem uma contra-proposta. [Conheça melhor o processo de negociação em:https://www.facebook.com/notes/resiste-izidora/por-que-n%C3%A3o-%C3%A9-justa-a-proposta-da-construtora-direcional-para-as-fam%C3%Adlias-da-izi/688158141330166%5D.
A pressão para se despejar as famílias da Izidora decorre da assinatura de um contrato entre a Direcional Engenharia, PBH, a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades, em 27 de dezembro de 2013, quando as áreas já estavam ocupadas pelas famílias. Oras, se a prefeitura nunca teve política habitacional e em 7 anos de gestão Lacerda entregou menos que 1.500 unidades do MCMV para famílias pobres, por que agora quer solucionar o problema do déficit habitacional às custas do despejo das milhares de famílias?
Frisa-seque o MCMV foi construído como política habitacional voltada para o fomento do mercado imobiliário e para a redução do impacto da crise econômica mundial no Brasil. Tal política aniquilou o Sistema de Habitação de Interesse Social (SNHIS) que havia sido construído de forma participativa. Em Minas Gerais, sob o governo de Fernando Pimentel, querem despejar as famílias da Izidora sem sequer ouvir uma contraproposta. Tal fato demonstra como o MCMV desconsidera os pressupostos da gestão democrática das cidades estabelecido no Estatuto das Cidades.
Oque está em jogo no conflito da Izidora é a afirmação de uma política habitacional mercadológica que atende aos interesses do capital imobiliário, de um lado, e, de outro, a resistência de milhares de famílias que querem construir o direito à cidade como expressão de uma política urbana que desloque o centro de reprodução das cidades da centralização autoritária do capital-Estado para as mãos povo trabalhador.
Não há política habitacional capaz de enfrentar o déficit habitacional com consistência sem que se ataque a ociosidade dos imóveis. Segundo a Fundação João Pinheiro a Região Metropolitana de Belo Horizonte apresenta 145.042 domicílios em condições de serem ocupados ou em construção. Somente utilizando os instrumentos de política urbana do Estatuto das Cidades, para além da política habitacional regida pelo mercado, tais como o IPTU progressivo no tempo, o Zoneamento Especial para proteção da Habitação de Interesse social, desapropriação sanção e outros vamos de fato ter a efetivação da justiça urbana. Além disso, o compromisso do governo deveria ser com a regularização e urbanização de comunidades consolidadas como a Izidora e não mover todo um aparato policial e militar para reprimir e destruir comunidades em prol das grandes empresas.
Diante desse grave conflito instalado, conclamamos os setores sociais e sensíveis aos problemas do povo no Brasil e que lutam por uma sociedade mais justa e fraterna a unirem forças em torno de uma solução pacífica e negociada que respeite o direito à moradia e à cidade, bem como a dignidade da pessoa humana, das milhares de famílias que estabeleceram ali suas casas e projetaram ali seus sonhos de uma nova cidade.
O massacre está anunciado! A responsabilidade pelo derramamento de sangue que se avizinha será do Prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), histórico inimigo dos pobres, do governador Fernando Pimentel (PT), que descumpriu a sua palavra de promover uma nova relação com as ocupações urbanas e movimentos sociais, e da Presidente Dilma (PT), já que o governo federal assinou contratomilionário com a empresa Direcional às custas da realização dodespejo das famílias da Izidora eque não realizouesforçoalgum para impedir essa tragédia.
Mesmo estando dentro da legalidade, as ocupações da Izidora entendem a necessidade de uma negociação justa, honesta e digna e participaram nesses 2 anos de inúmeras rodadas e mesas de negociação nas quais a Direcional não abriu mão de seus lucros e pressionou pela reintegração de posse das ocupações-comunidades. Entendemos que uma negociação equilibrada é aquela onde as duas partes tem que ceder.
Clamamos às organizações da sociedade civil, os poderes públicos,entidades de direitos humanos e políticos comprometidos com as causas sociais a apoiarem as ocupações da Isidora denunciando a questão em todos os espaços possíveis e mostrando os responsáveis por este crime contra nosso povo.
Pela universalização do acesso ao direito à moradia!
Remoção forçada sem alternativa digna de moradia é crime!
Por uma cidade onde caibam todos e todas!
Veja video da realidade dos moradores e lideranças das Ocupaçoes e de seu apelo à sociedade civil por solidariedade e apoio:
https://www.youtube.com/watch?v=rVlTVNrqJLE&feature=youtu.be
ACCESSAND SHARE THE ENGLISH VERSION:
https://www.facebook.com/notes/frente-pela-reforma-urbana-brigadas-populares/president-dilma-and-senator-a%C3%A9cio-neves-will-be-responsible-for-a-bloodbath/315150921986896
RESISTE IZIDORA!
Assinam:
Brigadas Populares
Comissão Pastoral da Terra
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.
Coordenação das ocupações da Izidora: Rosa Leão, Esperança e Vitória.
Rede de Apoio das Ocupações da Izidora
Para novas adesões, a comunidade, movimento ou entidade deve enviar uma mensagem para [email protected].
http://brigadaspopulares.org.br/?p=1549
Edgar rocha
Soma-se a isto tudo a impossibilidade de surgimento de qualquer outra via capaz de se opor às duas vias hegemônicas e temos a realidade mais terrível que nunca na história deste país sequer foi esboçada. Viva o pragmatismo! Viva o realismo fantástico dos que dão as cartas marcadas e escondem o jogo da democracia! Aos que dizem que o mundo é assim mesmo, que não tem jeito, que é preciso ser “equilibrado”, fazer concessões ideológicas e programáticas, de fato, agora – e só agora – vocês estão certos. Não há mais o que fazer. O jogo é este mesmo e não tem mais alternativa a isto. Vocês – o PT e o PSDB, mas, sobretudo o PT – mataram todas as esperanças de uma sociedade mais civilizada, mais justa, mais organizada, mais produtiva, mais capaz, mais livre e mais justa!
Lutaram tanto pelo poder, apresaram-se em alcançar a presidência do país, pra isto???? Fizeram três mandatos criando um país que apontava pro fim definitivo da desigualdade, da miséria. Criaram uma nação que provou o sabor da melhor distribuição de renda, acumulando um patrimônio político que só vocês poderiam destruir. E Conseguiram! Fizeram tudo às custas das instituições, do equilíbrio político de forças e de todos os mecanismos capazes de sedimentar o que se foi conquistado. Mas, convenhamos, todos sabiam que não seria pra sempre. Todos sabiam que seus aliados eram pouco confiáveis, e ninguém duvidava que mais dia, menos dia iriam cobrar de volta o quinhão perdido. Em nada se enfrentou o aparato capaz de conduzir o assalto político e econômico das riquezas acumuladas nestes últimos tempos.
As vitórias que a prática lulista acumulou são tão sustentáveis quanto a produção de soja no cerrado, ou a produção de energia por hidrelétricas, ou as plantações de eucalipto no interior de São Paulo. O impacto é grande, mas as consequências são plenamente delineáveis. Talvez o Lula tenha apostado que, com muita sorte, esta geração não esteja mais viva pra ver o resultado final ou escutar as críticas. Assim como o colapso ambiental, esta crise pega agora a todos de surpresa, com uma rapidez muito maior do que o esperado.
A única resposta que se tem no momento a críticas como estas não vai além do já tão manjado: “por que não fala isto do PSDB?” ou “você é um coxinha”. Então, tá. Mas, quem jurou de pés juntos que era diferente dos tucanos foi o PT. E quem governa e governou durante todo este tempo, junto com gente tão ruim quanto o PSDB, fazendo todo mundo se calar como um rolo compressor foi o Lula e a Dilma.
A malha social esgarçou de tal forma que vemos as conquistas vazando pelos buracos como numa peneira. De todo este show de pragmatismo do Lula, vai restar de novo ao povo mais pobre, só a farinha sem sustança que passar pelos buracos. Acho que ele conseguiu. Entrou pra história sendo o painho que todo nordestino ama. Entrou pro hall da fama do ACM, do Sarney e de tantos outros.
FrancoAtirador
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NÃO VERÁS PAÍS NENHUM
Ignácio de Loyola Brandão
Global Editora
1ª Edição: 1981
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(https://ironicaliteratura.files.wordpress.com/2013/05/ignacio_de_loyola_brandao_nao_veras_pais_nenhum.pdf)
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Não Verás País Nenhum se desenrola em um futuro não determinado,
uma época terrível, numa terra desolada, sem árvores e com ar fétido,
onde “o lixo forma setenta e sete colinas que ondulam, habitadas, todas.
E o sol, violento demais, corrói e apodrece a carne em poucas horas”.
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A Administração Governamental chegou ao Caos.
Governantes Medíocres, cada vez mais afastados do Povo,
e uma Polícia Corrupta e Assustadora.
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Os poucos cientistas que tinham sobrevivido tentam criar defesas.
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A Urina é coletada nos Postos Apropriados instalados nas ruas das Megalópoles,
reciclada e comercializada para consumo nos Bairros Isolados
e Identificados por Classes Sócio-Econômicas, as “Zonas Populopostais,
onde se concentram os maiores índices de população”.
“Os Acampamentos Paupérrimos se encontram um pouco mais à frente,
além dos Círculos Oficiais Permitidos.
O Povo dos Acampamentos foi impedido de entrar na Cidade…
Então, parte desta água-mijada excedente seria utilizada para a população
destas Zonas”.
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“Os Postos Apropriados correspondem aos antigos mictórios públicos, recondicionados.
Cheios de sofisticada maquinaria própria.
Os Postos estão espalhados, com a maior concentração no Centro Esquecido de São Paulo.
Funcionam como clube inglês, privado, exclusivo.
Sanitários limpos, sabão, ar seco para enxugar o rosto e as mãos,
ventinhos frescos, banquinhos para repousar, máquina de fazer vinco em calça.
Os Postos dão o conforto, você fornece a urina.
Para freqüentá-los, é necessário um exame médico rigoroso,
análises detalhadas dos rins e bexigas.
Comprovada sua boa saúde, o cidadão privilegiado recebe
a Ficha de Utilização para o Posto Apropriado, FUPA. É, que palavra feia!
A sua urina é comercializada.
Com a falta de água, aparelhos recolhem os mijos saudáveis
numa caixa central, onde se procede à reciclagem.
Há mistura, tratamento químico intenso, filtragem,
purificação, refinamento, transformação”.
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“Cientistas. Categoria mínima, marginalizada.
Numa fase quase pré-histórica, o povo era alheio aos seus avisos.
Mais tarde, o Esquema percebeu a situação,
manipulou jornais e televisão e fomentou a ironia.
Foi quando se difundiu amplamente a expressão galhofeira “Paranóia
Científica”.
Qualquer a era “Paranóia Científica”.
Um cientista esclarecido, consciente, naquela época, equivalia a ser judeu nos dias de nazismo.
Coisa perseguida, maldita, que se camuflava.
No entanto, gente continuava a estudar, falar, denunciar.
A provocar a opinião pública.
A maioria dos cientistas foi cassada.
Outros se retiraram, aceitando convites estrangeiros.
Houve quem se aposentou, mudou de atividade.
Muitos institutos foram fechados, enquanto uma Nova Ordem crescia e dominava:
a dos Militecnos ou Tecnocratas Avançados da Nova Geração [TANG].
Hoje, a palavra Militecno é corriqueira, incorporou-se ao linguajar.
Mas então não sabíamos bem o que significava.
Líamos na Imprensa, ouvíamos no rádio e não ligávamos.
Se tivéssemos previsto o perigo.
Como podíamos sequer imaginar que aqueles homens não tinham o cérebro normal?
Ficou demonstrado pelos cientistas.
Foi mais uma das razões que os tornaram marginalizados.
Provou-se que os Militecnos sofreram metamorfose em seu organismo.
O cérebro ficou afetado. Perdeu parte da memória. As emoções foram eliminadas.
Tornaram-se serenamente calculistas.
Daí o caráter bastante prático desta nova civilização. Se podemos chamar a isto de civilização.
De tanto mexer com números, cálculos, máquinas, métodos, os Militecnos perderam certas faculdades.
Partes do corpo quando não usadas são passíveis de atrofiamento.
Deu no que deu.
Instinto de conservação, fraternidade, capacidade de distinguir beleza, boa qualidade, isso morreu”…
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(http://lelivros.red/book/download-nao-veras-pais-nenhum-ignacio-de-loyola-brandao-em-epub-mobi-e-pdf)
(https://youtu.be/6PBvvfHdkFM)
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(http://abre.ai/nao-veras-pais-nenhum)
lelivros.red/wp-content/uploads/2013/10/Download-Nao-Veras-Pais-Nenhum-Ignacio-de-Loyola-Brand%C3%A3o-em-epub-mobi-e-pdf.jpg
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