Mirko Casale: A viagem que atormentou o Ocidente Coletivo; vídeo

Tempo de leitura: 5 min

Por Mirko Casale*, em Ahí Les Va

A Rússia estreita as suas alianças na Ásia. E desta vez, não falamos da China, embora também sim, senão que do Vietnã e da Coreia do Norte.

Vladimir Putin visitou a ambos países em uma recente gira, que deixou anúncios importantes, deixou nervosos a mais de um e adicionou mais um tijolo na construção de um mundo multipolar.

O giro começou em Piong Yang, capital da República Popular Democrática da Coreia, país que o mandatário russo não visitava desde o ano 2000.

O recebimento foi muito ao estilo norte-coreano, com cidadãos agitando bandeiras na passagem da comitiva, ruas coloridas e cartazes de boas-vindas.

Putin e Kim Jong-un mantiveram tanto encontros privados, como junto a seus ministros e assessores.

O mandatário russo, de fato, viajou à capital norte-coreana acompanhado de boa parte de sua equipe de governo.

Na agenda bilateral foram tratados temas econômicos, energéticos, de transporte, agricultura, e segurança, entre outros.

Os acordos alcançados foram registrados em um novo documento fundamental que substituiu outros firmados por ambas nações no passado, para definir o alcance de suas relações e aprofundá-las.

A assinatura do Tratado de Associação Estratégica entre a Rússia e a Coreia do Norte prevê a assistência mútua em caso de agressão de terceiros a alguma das duas.

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Um documento que Putin qualificou de inovador, e Kim descreveu como pacífico e defensivo.

Neste contexto, o presidente russo enfatizou que ambas nações não cederão à linguagem de chantagem e aos ditames que o Ocidente busca impor ao resto do mundo, e que Moscou como Piong Yang continuarão se desenvolvendo de forma soberana e independente, apesar da prática ocidental de estrangulamento por meio de sanções.

O acordo não prevê o envio de armamentos entre as partes, mas não o descarta, dependendo das circunstâncias.

Nesse sentido, o mandatário russo recordou como o Ocidente já leva mais de dois anos inundando a Ucrânia com armamento cada vez de maior alcance, violando, assim, vários compromissos internacionais assumidos por eles mesmos.

Nos dois dias de atividades, Vladimir Putin também visitou junto a Kim Jong-un o monumento pela libertação da Coreia pelo Exército Vermelho na II Guerra Mundial e a única igreja ortodoxa que há na Coreia do Norte, inaugurada em 2002.

No entanto, o momento mais comentado na redes, fora do oficial e estritamente protocolar, chegou sobre quatro rodas e a toda velocidade.

Putin convidou o mandatário coreano a dar um passeio pelas ruas de Piong Yang em uma limusina russa Aurus.

No começo, o presidente russo foi ao volante e Kim Jong-un de acompanhante. Porém, mais tarde, trocaram de posições.

Esse momento gerou muitíssimos comentários entre os internautas e deixou uma autêntica onda de memes e até mesmo montagens de vídeo, quase todos afiadamente geopolíticos.

Depois de anunciar que ambos países abandonariam o dólar em seus intercâmbios comerciais, para priorizar suas respectivas divisas, chegou o momento da despedida.

Que, por sua vez, deixou uma cena menos afiada, mas terna, ou brega, conforme os gostos, digna de uma festividade asiática, em que os amigos se despedem, depois de um encontro inesquecível no qual selaram sua amizade para sempre.

E como se estivéssemos em algum momento da Guerra Fria novamente, e nem confirmamos, nem descartamos, que seja assim, de Piong Yang, nos transferimos a Hanói, capital da República Socialista do Vietnã.

Ali, Putin foi recebido por seu homólogo vietnamita, junto a jovens pioneiros e uma orquestra militar. As conversas bilaterais se desenvolveram no Palácio Presidencial capitalino.

Lá fora, como não, as pessoas presentes na cerimônia de boas-vindas fizeram fila para se fotografarem ao lado da a Aurus, a limusine russa, que nesta viagem, conseguiu se promocionar mais e melhor do que em seus seis anteriores anos de existência.

To Lam, o presidente vietnamita, afirmou que seu governo considera a Rússia uma de suas prioridades da política exterior de seu país.

Ao passo que ressaltou a gratidão com a qual o Vietnã sempre recordará o apoio do povo russo durante sua luta de independência.

Durante a visita, Putin citou Ho Chi Minh para descrever como pensa que deveria ser o papel da Rússia em relação ao Vietnã. Os primeiros da fila durante as dificuldades, e os últimos na hora das recompensas.

Assim mesmo, o mandatário assinalou que ambos países têm um enfoque similar, ou próximo, nas questões importantes e urgentes da agenda internacional.

Nos marcos da visita e o fortalecimento da associação estratégica integral entre ambas nações, Rússia e Vietnã concordaram em não fazer alianças com outros países que possam prejudicar ao outro.

Foram estreitadas, também, as relações em cultura, turismo, energia, educação, esporte, defesa e segurança.

Moscou e Hanói mantêm boas relações desde a época soviética. E dezenas de milhares de vietnamitas se formaram, e continuam se formando, em universidades russas.

Além disso, ambas nações estão impulsando cada vez mais o uso de suas divisas nacionais em seu intercâmbio comercial.

Em 2025, celebra-se o 50º aniversário da libertação do sul do Vietnã, o 75º aniversário do restabelecimento de relações diplomáticas entre o Vietnã e a União Soviética, e o 80º aniversário da vitória na Grande Guerra Patriótica.

Eventos que ambos mandatários levam em conta na hora de dar impulso mais que simbólico a suas relações.

Assim, após um total de quatro intensos dias, concluía a gira do presidente russo pela Ásia. Um par de encontros bilaterais, cujos frutos ainda estão por ser vistos. Mas cujos primeiros resultados já podem ser intuídos pelas reações do Ocidente Coletivo.

Como era esperado, os grandes meios manchetaram num misto entre alarmismo e sensacionalismo. Combinando triunfalismo com derrotismo.

Por um lado, a gira seria prova da debilidade e isolamento da Rússia. E, por outro, ao mesmo tempo, seria prova do perigo de que a Rússia esteja encontrando formas de superar essa suposta debilidade e isolamento. Enfim!

A visita de Putin a Piong Yang foi descrita pela Casa Branca como preocupante. O governo do Reino Unido conclamou a dissuadir o que chamou de Novo Eixo da Tirania.

E a Coreia do Sul condenou os acordos alcançados entre as partes, advertindo que reavaliariam começar o envio de armas a Ucrânia.

Como se o Ocidente Coletivo já não estivesse há mais de dois anos armando Kiev à mão cheia.

Por sua parte, a OTAN aproveitou a ocasião para se dedicar à atuação com a qual ficaram famosos. Tristemente, mas famosos: o expansionismo militar.

Seu Secretário Geral em extinção disse que a Aliança Atlântica deveria involucrar-se mais e mais no que ocorre na Ásia, onde, pelo que sabemos, não há nem sequer uma gota do Oceano Atlântico.

Segundo Jens Stoltenberg, a OTAN não aspira a operar num âmbito regional, e sim global.

Olha! A gente não tinha se dado conta. Obrigado, Jens, por tê-lo esclarecido!

Embora a maioria dos esperneios tenha sido por causa do encontro com Kim Jong-un, também houve descontentamento em Washington pelo estreitamento das relações entre Rússia e Vietnã.

Em concreto, da embaixada dos Estados Unidos em Hanói, criticaram o governo vietnamita por supostamente brindar uma plataforma à guerra de agressão russa.

Como escutaram: Estados Unidos dando lições de moral ao Vietnã sobre guerras de agressão.

Como veem, no norte global, continuam sem se darem conta de que com sua estratégia de tratar de afogar com sanções a seus adversários o máximo que conseguem é que seus rivais se unam entre si e se fortaleçam mutuamente.

Pelo bem de um mundo mais justo, balanceado e multipolar, esperamos que continuem sem se darem conta por muito tempo.

Tradução e legendas do vídeo: Jair de Souza

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Zé Maria

https://x.com/i/status/1806550813428285656

Ronnie Barkan, ex-soldado do exército israelense,
denuncia a doutrinação a que são submetidos em isRéu,
desde a infância, pelo apartheid sionista para converter
massivamente a população em soldados colonos invasores:

“Em Israel, eles nos treinam desde o jardim de infância
para sermos soldados, fazem lavagem cerebral em nós,
dizendo que ‘isRéu’ pertence somente aos ‘judeus’.
Quando superei essa doutrinação, percebi que eles oprimem,
subjugam, pisoteiam e expulsam de suas terras os nativos
palestinos”.

https://x.com/DaniMayakovski/status/1806550813428285656

Zé Maria

SAÚDE & DIREITOS HUMANOS

Notícias STF

Tese de Julgamento do RE 635.659
(Tema 506 da Repercussão Geral)

1. Não comete infração penal quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, a substância
cannabis sativBa, sem prejuízo do reconhecimento da ilicitude extrapenal
da conduta, com apreensão da droga e aplicação de sanções de
advertência sobre os efeitos dela (art. 28, I) e medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo (art. 28, III).

2. As sanções estabelecidas nos incisos I e III do art. 28 da Lei 11.343/06
serão aplicadas pelo juiz em procedimento de natureza não penal, sem
nenhuma repercussão criminal para a conduta.

3. Em se tratando da posse de cannabis para consumo pessoal,
a autoridade policial apreenderá a substância e notificará o autor
do fato para comparecer em Juízo, na forma do regulamento a ser
aprovado pelo CNJ.
Até que o CNJ delibere a respeito, a competência para julgar as condutas do art. 28 da Lei 11.343/06 será dos Juizados Especiais Criminais, segundo
a sistemática atual, vedada a atribuição de quaisquer efeitos penais para
a sentença.

4. Nos termos do §2º do artigo 28 da Lei 11.343/06, será presumido usuário
quem, para consumo próprio, adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, até 40 gramas de cannabis sativa ou seis
plantas-fêmeas, até que o Congresso Nacional venha a legislar a respeito.

5. A presunção do item anterior é relativa, não estando a autoridade policial
e seus agentes impedidos de realizar a prisão em flagrante por tráfico de
drogas, mesmo para quantidades inferiores ao limite acima estabelecido,
quando presentes elementos que indiquem intuito de mercancia, como a
forma de acondicionamento da droga, as circunstâncias da apreensão, a
variedade de substâncias apreendidas, a apreensão simultânea de
instrumentos como balança, registros de operações comerciais e aparelho
celular contendo contatos de usuários ou traficantes.

6. Nesses casos, caberá ao Delegado de Polícia consignar, no auto de prisão
em flagrante, justificativa minudente para afastamento da presunção do
porte para uso pessoal, sendo vedada a alusão a critérios subjetivos
arbitrários.

7. Na hipótese de prisão por quantidades inferiores à fixada no item 4,
deverá o juiz, na audiência de custódia, avaliar as razões invocadas para
o afastamento da presunção de porte para uso próprio.

8. A apreensão de quantidades superiores aos limites ora fixados
não impede o juiz de concluir que a conduta é atípica, apontando
nos autos prova suficiente da condição de usuário.

https://noticias-stf-wp-prd.s3.sa-east-1.amazonaws.com/wp-content/uploads/wpallimport/uploads/2024/06/27103347/RE-635659-Tema-506-informacao-sociedade-rev.-LC-FSP-v2_27-6-24_10h11.pdf

https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4034145

https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-define-40-gramas-de-maconha-como-criterio-para-diferenciar-usuario-de-traficante/

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