Milton Hatoum: “Pareciam membros de uma seita religiosa fundamentalista e não dirigentes de um Estado laico”
Tempo de leitura: < 1 minpor Milton Hatoum, no Facebook
Foi um vexame o primeiro discurso do novo presidente.
Antes da fala, o eleito e seus assessores, orando de mãos dadas e olhos fechados, pareciam membros de uma seita religiosa fundamentalista, e não dirigentes políticos de um Estado laico.
O discurso, de uma vulgaridade gritante (na forma e no conteúdo), antecipa um estilo de governar.
Não menos vulgares são os assessores e bajuladores que cercam o capitão.
Ao ver e ouvir as cenas patéticas da reza e da fala, me lembrei das frases de um conto de Tchekhov*:
“Estou cercado de vulgaridades por todos os lados […] Gente enfadonha, vazia… Não há nada mais medonho, mais ultrajante, mais deprimente do que a vulgaridade. Fugir daqui, fugir hoje mesmo, senão vou ficar louco!”
Mas não é preciso fugir. Vou ficar aqui, lendo, escrevendo, dando palestras sobre literatura, questionando democraticamente essa figura sinistra e o que ela representa.
*Tchekhov: “O professor de letras” (In: “O assassinato e outras histórias”, trad. Rubens Figueiredo, ed. Cosac & Naify, 2002)
Comentários
Hudson
Já que Bolsonaro não tem programa de governo, a bancada evangélica fez um, até bastante detalhado:
https://www.revistaforum.com.br/manifesto-da-bancada-evangelica-propoe-extincao-do-ministerio-da-cultura/
Eduardo
O demônio tem muitos filhos! Muitos filhos ele tëm! Magno Malta é um deles!
Rogerio de Oliveira Faria
Quando os atos baseiam-se na inspiração divina ou em nome de “Deus”, as decisões mais absurdas, mais cruéis, mas desumanas pode ser justificadas e legalizadas.
RONALD
E a gente achando que a vulgaridade e a esquisitice eram atributos somente do Regime temer?! argh !!!!!!
gabriela
bem vindos ao Jersonistão, o único país bozocrático do mundo.
Bel
Yes, nós temos fake news. Glória a Deus!
Zé Maria
“À medida que o governo está decidido a proceder com a desintoxicação política e moral de nossa vida pública, ele consegue e assegura as condições para uma verdadeira e profunda vida religiosa.
As vantagens de natureza política e pessoa que queiram resultar de compromissos com organizações ateístas, não valem a pena frente à visível destruição dos valores morais fundamentais.
O governo nacional considera as duas religiões cristãs como os mais ponderáveis fatores para a manutenção de nossa nacionalidade.”
Chanceler Adolf Hitler ao Parlamento Alemão
Em Discurso proferido em 23 de março de 1933,
buscando a aprovação da Lei Habilitante
que concedia a Hitler Poderes Supraconstitucionais.
O projeto de Lei nazista foi aprovado com 444 votos favoráveis,
correspondentes a quase 70% do total de parlamentares,
transformando-se na Ermaechtigungsgesetz (Lei Habilitante),
conhecida como “Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933”.
Zé Maria
(http://migre.me/idHd4)
(http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-22022010-115028/pt-br.php)
Zé Maria
Bolsonaro em 25 Frases
24) “Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem” (2017)
O discurso, gravado em vídeo e publicado no YouTube, foi feito durante um evento na Paraíba em fevereiro de 2017, diante de seus apoiadores.
https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-em-25-frases-pol%C3%AAmicas/a-46065201
Zé Maria
Foi pior que um Berlusconi…
https://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/caiu-o-nosso-muro-de-berlim-e-agora.html
Edgar Rocha
Meu medo não advém dos burros que se expõem ao ridículo. Meu medo é dos que sedem o picadeiro e controlam o caixa do circo. O palhaço é a cara do espetáculo, mas quem lucra é o que conclama o respeitável público. Quando o circo pegar fogo, o palhaço cai fora, salvam-se as feras, os domadores… A banda passa e o circo vai embora. A vidinha besta dos que olham o picadeiro e desejam seguir junto com o circo, agora retorna à normalidade, acalentando o sonho de um dia poder brilhar como o palhaço. A alma do circo não morre.
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