Mesmo sem apoio do principal sindicato, Sanders vence de lavada em Nevada
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
Mesmo sem apoio do principal sindicato do estado, o senador Bernie Sanders venceu com cerca de 45% dos votos o caucus de Nevada.
O ex-vice-presidente Joe Biden ficou em segundo lugar, com pouco mais de 20%.
O resultado é importante porque Nevada é o primeiro estado em que a escolha do candidato democrata à Casa Branca foi feita por um eleitorado realmente diverso, com grande números de hispânicos e afro-americanos.
Nas primeiras disputas, em Iowa e New Hamphire, Sanders obteve um apoio menor do que o esperado, dado o grande número de candidatos.
Outro sinal positivo para Sanders é que ele venceu mesmo sem o apoio da direção do maior sindicato de Nevada, que discorda da proposta do senador de criar um SUS nos Estados Unidos.
Hoje, milhões de norte-americanos não têm seguro de saúde ou são sub-segurados.
Sanders propõe criar um sistema nacional de saúde que pretende financiar com a taxação “modesta” de Wall Street.
Detalhe importante: por uma modesta contribuição anual, o segurado do SUS de Sanders terá tratamento não apenas médico e hospitalar, mas odontológico, acesso gratuito a óculos e aparelhos de surdez.
Em outras palavras, o senador está oferecendo vantagens bem concretas ao eleitorado.
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O sindicato dos funcionários de cassinos de Nevada é contra, pois prefere preservar seu seguro privado de saúde.
Mesmo assim, Sanders venceu em vários caucus que foram decididos por funcionários de cassinos.
Isso indica que a base do sindicato não seguiu a direção — confirmando que Sanders realmente comanda um movimento de base.
Sanders tem dito que um de seus adversários é o establishment democrata, cujos figurões consideram o senador um “socialista” incapaz de derrotar Donald Trump.
Mesmo empresários simpáticos ao Partido Democrata e adversários de Donald Trump tem dito que não apoiam Sanders.
O candidato tem consistentemente batido na mesma tecla, discurso após discurso: salário mínimo de 15 dólares por hora, salário mínimo de 60 mil dólares por ano para professores, perdão da dívida estudantil (superior a U$ 850 bilhões), 10 milhões de casas acessíveis aos mais pobres, legislação para facilitar a sindicalização, investimento maciço em infraestrutura, creches para todos, banimento da venda de armas de assalto, fim de presídios e centro de detenção privados, legalização de imigrantes, enfrentamento do lobby das empresas petrolíferas, acordo planetário para reduzir o aquecimento global e legalização da maconha, dentre outros objetivos.
A próxima primária será disputada na Carolina do Sul, onde Joe Biden é favorito por causa do eleitorado predominantemente afro-americano.
O bilionário Michael Bloomberg já gastou U$ 400 milhões de sua fortuna na campanha, mais do que a soma combinada de todos os adversários.
Mas Bloomberg foi destroçado pelos adversários no primeiro debate do qual participou.
Bloomberg tem dois calcanhares de aquiles: já fez vários acordos para calar mulheres que foram vítimas de assédio e, quando prefeito de Nova York, promoveu a política de stop and frisk, em que policiais revistavam majoritariamente afro-americanos e hispânicos.
Sanders, por sua vez, promete reformar completamente o sistema de justiça dos Estados Unidos, baseado em encarceramento recorde e proporcionalmente maior de afro-americanos e hispânicos.
Outra promessa do “socialista” — na verdade um social democrata pelos padrões europeus — é de fazer avançar a política do equal pay — hoje, as mulheres recebem 80 centavos para cada dólar pago a um homem pela mesma função.
O argumento de Bloomberg, Biden e do casal Clinton — Bill e Hillary são os principais caciques democratas — é de que Sanders será destroçado por Trump em eleições gerais.
O senador de Vermont, no entanto, mesmo sem aceitar a ajuda de grandes doadores — sua campanha é mantida por doações que em média são de menos de 20 dólares — argumenta que é o único com dinheiro e um movimento de base capaz de derrotar Trump em novembro.
O dia realmente decisivo da campanha será o 3 de março, quando acontece o chamado Super Tuesday, quando 38% dos delegados que vão indicar o candidato democrata terão sido escolhidos.
Sanders é favorito para vencer na Califórnia, o maior colégio eleitoral dos Estados Unidos, mas Bloomberg já torrou mais de U$ 150 milhões em anúncios de TV nos estados que terão primárias naquele dia.
Comentários
Edivaldo Dias de Oliveira
Ele só precisa estudar e tomar cuidado com a cristianização que acometeu o candidato a presidente Cristiano Machado em 1950. Candidato oficial do PSD, foi abandonado pelo partido que fez campanha de fato para Getúlio Vargas.
É o que pode ocorrer por lá, em que a elite do partido democrata ligada a Wall Street pode tampar o nariz e chamar o voto em Trump para não eleger o “socialista” do seu partido.
Uma outra possibilidade é ele ser eleito e depois ser a primeira vitima de um golpe militar da história dos EUA, se um golpichtmam não for viabilizado.
Roberto
A tensão social nos EUA alcançou um nível sem precedentes. Milhões perderam suas casas, milhões estão desempregados e subempregados. Bernie Sanders é um fator de aglutinação do povo contra o stablishment.
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