Médicos querem Lula já no 1º turno: Em defesa do SUS, do direito à saúde e à vida dos brasileiros; vídeos
Tempo de leitura: 5 minPor Conceição Lemes
Desde o início de 2020, os médicos brasileiros tiveram que enfrentar três inimigos, ao mesmo tempo:
— A pandemia do novo coronavírus.
— O negacionismo do presidente da República e do seu governo.
— O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os conselhos regionais (CRMs), que aderiram às teses anticientíficas de Jair Bolsonaro.
Por motivações político-ideológicas, CFM e a maioria dos CRMs jogaram o Código de Ética Médica no lixo, em vez de atuar para proteger os cidadãos brasileiros.
O resultado foi trágico.
Médicos passaram a ser alvo de perseguição por se recusarem a prescrever cloroquina e o kit covid do presidente Bolsonaro.
Alguns chegaram a ser denunciados aos CRMs por fazerem o certo.
Neste domingo, 2 de outubro, a expectativa de muitos médicos é que o Brasil eleja Lula em 1º turno e essa criminosa página da nossa história comece a ser virada.
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É o caso do médico Haroldo Ferreira, que trabalha em emergência e urgência em pediatria em Curitiba (PR).
Foi presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), coordenador do Departamento de Economia da Saúde do Ministério da Saúde, secretário de Saúde do município de Araucária (Região Metropolitana de Curitiba), tutor do Programa Mais Médicos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre outras atividades.
Ele é dirigente do PDT, que tem Ciro Gomes como candidato à Presidência.
Mas vai votar em Lula no 1º turno.
Em 15 de setembro, em carta (na íntegra, ao final) ao presidente do PDT Carlos Lupi, Haroldo Ferreira pediu afastamento dos cargos de direção partidária para ter liberdade de agir de acordo com a sua consciência.
“Comecei a pensar em votar em Lula, desde que Ciro Gomes deixou de manifestar interesse no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), para priorizar junto com o marqueteiro João Santana críticas contumazes ao Lula, visando à desconstrução da sua imagem’, diz
“Pior, críticas pessoais e à família de Lula! Pior ainda, intuindo para a população que o Lula estaria fraco, velho, talvez doente”, lamenta. “Isso não me representa. Nem ao PDT brizolista”.
Seguem os depoimentos dos médicos sanitaristas Adriano Massuda e Ligia Giovanella, dos infectologistas Evaldo Stanislau e Unaí Tupinambás e do professor de Saúde Pública Paulo Capel Narvai.
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A saúde da urna eletrônica e Lula no 1º turno
Por Paulo Capel Navai
Dedos indicadores sobretudo, mas também anelares e médios, direitos e esquerdos, de mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores, digitarão teclas cujos números elegerão homens e mulheres, das esquerdas e das direitas, para ocuparem cargos nos poderes legislativo e executivo da República Federativa do Brasil.
Sim, há certamente eleitores que, por preferência ou necessidade, usarão seus dedos mínimo ou polegar para exercerem esse direito, tão singelo quanto poderoso. Um direito, aliás, que justamente por singelo e poderoso, é negado a muitos povos e muito temido por ditadores e ditaduras.
Vai acontecer no domingo 2 de outubro de 2022, data que, de algum modo, moverá a roda da história brasileira. Faço essa menção aos dedos das mãos, pois nessas eleições estará em disputa, uma vez mais, o rumo que a cidadania quer para o país.
Com o indicador na vertical e o polegar na horizontal, formando a letra “L”, está Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato que aparece mais bem-posicionado nas pesquisas eleitorais para a presidência da República.
Com o indicador na horizontal, formando com o polegar um ângulo reto, está Jair Bolsonaro, o atual ocupante do Palácio do Planalto, que aparece em segundo lugar nas pesquisas.
Seu símbolo, cuja forma remete à arma de fogo, também utilizado em 2018, indica o seu desapreço pelo regime de governo e as instituições que o Estado Democrático de Direito criou ou fortaleceu, sob a égide da Constituição de 1988.
Mas se suas ideias são obscuras e o pensamento primário, simplório e confuso, seus atos e declarações como chefe de Estado, desde 1º de janeiro de 2019, não deixam qualquer dúvida quanto ao modo como ele supõe deve ser a finalidade do seu governo e o exercício do poder presidencial.
Em 2022, quando o Brasil comemora o bicentenário da Independência, as eleições se realizarão com o emprego de urnas eletrônicas, utilizando o que há de mais avançado em nível mundial na tecnologia da informação e comunicação.
O voto de cabresto, a urna grávida e o mapa da apuração eram doenças que deformavam a democracia. Mas a urna eletrônica que agora utilizaremos goza de boa saúde, sem dúvida.
Na reta final da campanha eleitoral, Jair Bolsonaro constatou a migração de votos de candidatos de centro-direita para Lula, isolando-o na extrema direita.
Sem poder reagir, se fez de tonto e, alegando “problemas no TSE”, ameaçou a… urna eletrônica. Segundo sua disparatada visão das coisas, tudo estaria bem, não fosse a urna eletrônica.
Por razões que se pode facilmente deduzir, ele a rejeita visceralmente, evidenciando uma vez mais que seu negacionismo é de conveniência. Nega a pandemia, nega a vacina, nega a urna eletrônica, nega direitos, nega o diferente e a diferença, nega a ciência e a cultura, nega o Estado Democrático de Direito.
Nega por não ter o que afirmar para enfrentar e resolver os problemas que importam.
De minha parte, em 2 de outubro de 2022, utilizarei o polegar e o indicador para digitar dois números diferentes. Ambos estarão na posição vertical. E o farei com a esperança de que a maioria dos eleitores também faça isso: que usem a cabeça para comandar suas mãos e, com os dedos, desarmem o país.
*Paulo Capel Narvai é professor titular sênior de Saúde Pública na USP. Autor, entre outros livros, de SUS: uma reforma revolucionária (Autêntica).
*****
Carta do médico Haroldo Ferreira a Carlos Lupi, presidente do PDT
Prezado Presidente Carlos Lupi
A despeito do apreço e consideração que lhe tenho, assim como identificação com o trabalhismo brizolista, cabe-me o dever pessoal de lhe encaminhar meu pedido de afastamento da Vice Presidência da Fundação Leonel Brizola, Nacional e Regional do Paraná, bem como do Diretório Nacional do PDT, para, como Dirigente, não incorrer em ato de infidelidade partidária.
Como estamos vivenciando, o Brasil passa por momento crucial de garantia de nossas liberdades individuais e coletivas, com ataques constantes, persistentes e orquestrados de fragilização de nossas Instituições Democráticas.
Instituições que foram duramente conquistadas e inseridas na Carta Constitucional Federal de 1988, após sacrifícios da Nação, de brasileiros e brasileiras que enfrentaram as forças da Ditadura com perdas, mortes, desaparecimentos, exilios e torturas.
Malgrado este momento em que o PDT Nacional, através da candidatura presidencial de Ciro Gomes, marqueteado por João Santana, imprime uma campanha odiosa contra o principal candidato de oposição ao regime bolsonarista, lhe impondo pesadas críticas, inclusive, no campo pessoal e familiar.
De tal forma que Ciro Gomes, seja hoje, dentro do nosso campo político, o principal detrator de Lula, servindo direta ou indiretamente, de linha auxiliar para a candidatura oficial de situação.
Tal conduta equivocada, além de não agregar eleitoralmente, nos afasta do campo progressista nacional, nos isola em um gueto indefinido ideológico, inexpressivo de articulação, negando a história dos posicionamentos de Brizola, como em 1989, ao apoiar Lula, apesar de diferenças existentes à época.
É lamentável que Ciro Gomes, homem nacionalista, preparado e provado na luta política, tenha adotado uma estratégia errática de tentativa de desconstrução da imagem de Lula, ao invés de focar no PND, Programa Nacional de Desenvolvimento, que contém propostas para o Brasil real de fato, em que sempre acreditamos.
Meu ambiente de convivência política, do campo progressista, democrático, trabalhista, socialista, do SUS, saúde pública e coletiva, ambiental e reforma sanitária brasileira, nos cobra pela atitude política de nossa candidatura presidencial.
Constrage-me, sobremaneira, a repercussão dos ataques pessoais ao Lula, como munição eleitoral, nas redes sociais, impulsionados por bolsonaristas.
Isto posto, informo ao Presidente que passo a defender a bandeira da liberdade e do estado de Direito democrático, engajado na campanha eleitoral de Luís Inácio Lula da Silva, e que assim o destino o queira futuro Presidente do Brasil.
Respeitosamente, Haroldo Ferreira, médico, Paraná.
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Comentários
RiaJ Otim
quatro gatos pingados, não vale nada quando o CFM diz exatamente o contrário
Pedro de Alcântara
Depoimentos, quase manifestos, coisa de primeira. Parabéns a esses médicos, comprometidos com a vida, e não qualquer tipo de vida e saúde, mas, sim, com a melhor, esta que o mundo já tem condições de tornar absolutamente universal. O avanços monumentais na medicina precisam de médicos como os que aqui se manifestam.
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