Mário Scheffer: Sanitaristas, entidades de saúde e movimentos sociais defensores do SUS mandam recado a Lula

Tempo de leitura: 2 min
Foto: Ricardo Stuckert

Lula e Alckmin falam para “Universos Paralelos” da saúde na mesma semana

Por Mário Scheffer, Estadão — blog Política & Saúde 

Em arrimo à campanha de Lula para a Presidência, ocorreu, nesta sexta feira, 5, em São Paulo, a conferência de saúde “Livre, Democrática e Popular”.

Reunindo expectativas antigas e recentes, de promover mudanças na saúde pública, a plenária festiva teve a intenção de construir uma barricada, para o caso de vitória em outubro.

Sanitaristas, entidades de saúde e movimentos sociais fizeram a defesa do SUS e deixaram implícita a mensagem de que é dali que sairão nomes para ocupar os principais cargos na saúde federal.

Um dos presentes, o senador Humberto Costa (PT-PE), chegou a avançar a linha, antecipou-se à plateia como candidato a ministro da Saúde, posição que ocupou no primeiro governo de Lula.

Com o termo “popular”, mas sem espaço para participação e debate de propostas e programa, predominou o lema ‘é meu, ninguém tasca eu vi primeiro’.

Sem Alckmin presente, Lula incensou o SUS, disse que “tudo que é universalizado cai de qualidade se o dinheiro não for também universalizado”.

O ex-presidente prometeu a ampliação do sistema público (100% de cobertura de atenção primária), pregou o fim do teto de gastos e lamentou a extinção da antiga CPMF, o imposto do cheque criado para financiar o SUS, mas sempre desviado para outras finalidades.

Apoie o VIOMUNDO

Três dias antes, na sede do SindHosp, em São Paulo, Alckmin, sem Lula por perto, disse a empresários da saúde que “se a economia cresce, cresce o setor privado da saúde, cresce a medicina suplementar e isso irá aliviar o SUS.”

Ficou a certeza de que, em matéria de saúde, a coalizão, hoje favorita a vencer a eleição em outubro, não possui fóruns para o diálogo compartilhado.

São dois mundos: o público, dos 45% dos recursos, e o privado, que consome 55% dos gastos do país com saúde.

A conferência popular com Lula, que aconteceu no bairro da Liberdade, afirmou-se como a nação dos políticos de bancadas minoritárias, dos sindicatos de trabalhadores da saúde, movimentos negro, feminista, indígena e contra os manicômios.

Na seleta reunião com Alckmin, em auditório na rica Avenida Faria Lima, também em São Paulo, estavam executivos de empresas que preferem circular onde os recursos para a saúde são abundantes.

Aproximações para encontrar uma arena comum de exposição e decantação das divergências estão fora de cogitação.

Objetos de disputa em campanhas eleitorais são reais, não nascem em repolhos nem em rosas.

Quanto mais se aproxima a eleição, cresce o nível de ansiedade de quem vislumbra cargos e posições de poder, que é o que importa no final.

A saúde entrou na pauta eleitoral, mas por enquanto está confinada em universos paralelos.

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1555927732831371264

“ATENÇÃO, ENFERMAGEM!”

“Não se deixem enganar por Bolsonaro.
Ele nunca foi a favor do Piso.
Ele apenas sancionou o PL
pois sabia que se ele vetasse,
nós iríamos derrubar o veto
no Congresso! E hoje, depois de
2 anos de luta, ele quer capitalizar
a sanção para se reeleger!”

https://twitter.com/ContaratoSenado/status/1555927732831371264

“Todos os 81 Senadores votaram
favoravelmente ao PL 2564.
E, dos 513 Deputados Federais,
apenas 12 votaram Contra o Piso,
inclusive o Filho [03] do Presidente.”

“Bolsonaro só sancionou o Projeto
porque ele sabe que, se ele vetasse,
nós derrubaríamos o veto.”

“A nossa Luta, agora, é para derrubar
o Veto Presidencial para restaurar
a Proposta [aprovada pelo Congresso]
de Reajuste Anual do Piso Salarial.”

Senador Fabiano Contarato (PT/ES)
.
.

Zé Maria

INVESTIMENTO PER CAPITA NO SUS CAI ANO A ANO
Redução maior ocorre nos últimos 5 Anos
após aprovação do Teto de Gastos, em 2017

https://federacaors.org.br/para-2022-ministerio-da-saude-perde-20-do-orcamento-de-2021/

    Zé Maria

    O SUS Desconcentra Renda

    Segundo Estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)

    de cada R$ 1,00 investido em saúde, a sociedade recebe R$ 1,70 de volta.

    https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_alphacontent&ordering=3&limitstart=5260&limit=20

    Zé Maria

    Cada R$ 1 gasto com educação pública gera R$ 1,85 para o PIB.
    O mesmo valor gasto na saúde gera R$ 1,70.
    Os valores levam em conta gastos de União, Estados e Municípios.

    “Em termos gerais, ampliar em 1% do PIB os gastos sociais redunda em 1,37%
    de crescimento do PIB. Ou seja, é o tipo de gasto que tem mais benefícios
    do que custo” – explica a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea,
    Joana Mostafa.

    Os Benefícios Sociais que apresentam maior retorno são aqueles feitos com o Bolsa Família, que geram R$ 2,25 de renda familiar para cada R$ 1 gasto com o benefício; e os benefícios de prestação continuada – destinados a idosos e portadores de deficiência cuja renda familiar per capita seja inferior a 25% do salário mínimo -, que geram R$ 2,20 para cada R$ 1 gasto.

    “Para cada 1% a mais investido em educação e saúde, há um efeito multiplicador
    que aumenta em 1,78% o PIB e em 1,56% a renda das famílias”

    Além disso, 56% desses gastos retornam ao caixa do Tesouro na forma de
    tributos.
    Os dados referem-se ao ano de 2006 [Governo LULA] e constam do Estudo
    “Gasto com a Política Social: Alavanca para o Crescimento com Distribuição de Renda”,
    divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

    “O gasto na educação não gera apenas conhecimento.
    Gera economia, já que ao pagar salário a professores aumentam-se o consumo,
    as vendas, os valores adicionados, salários, lucros …” – avalia o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.

    Portanto, a política social brasileira não apenas protege, como promove
    o cidadão.

    “Em termos gerais, ampliar em 1% do PIB os gastos sociais, redunda
    em 1,37% de crescimento do PIB.
    Ou seja, é o tipo de gasto que tem mais benefícios do que custo” –
    explica a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Joana Mostafa.

    Investimento
    Cada R$ 1 gasto em educação pública gera R$ 1,85 para o PIB, diz Ipea

    Segundo ela, a renda das famílias é responsável por cerca de 80% do PIB.

    “Dessa forma, aumentar em 1% do PIB o gasto social gera 1,85% de crescimento da renda das famílias” – disse a pesquisadora.

    “No caso da saúde, além de esses gastos representarem empregos, envolvem também a aquisição de aparatos tecnológicos, o que também contribui para a demanda nas indústrias.

    Mostafa explica que a pesquisa leva em consideração os reflexos desses gastos
    no PIB e na renda familiar:

    “Para cada 1% a mais investido em educação e saúde, há um efeito multiplicador que aumenta em 1,78% o PIB e em 1,56% a renda das famílias”.

    No caso do Bolsa Família, o aumento de 1% do que ele representa para o PIB resultaria no aumento de 1,44% do PIB. Mas, nesse caso, o mais significativo está relacionado ao fato de que, ao receber e usar esse benefício, o cidadão acabar gerando renda para outras famílias.

    “Cada R$ 1 gasto com esse programa gera R$ 2,25 em rendas familiares”
    – afirma a responsável pelo estudo.

    O mesmo não pode ser dito dos gastos com exportações de commodities
    agrícolas e extrativas.

    “Apesar de agregarmos ao PIB 40% de cada real investido nessa área,
    os efeitos para a renda familiar são pequenos e limitados a R$ 1,04
    para cada R$ 1,00 gasto.

    Como utiliza dados referentes a 2006, o estudo não mensura os reflexos das ações recentes do governo em favor do setor da construção civil.

    “O que podemos dizer é que, em 2006, os gastos com construção civil
    pouco contribuíram para a redução das desigualdades sociais.
    Isso certamente terá um quadro diferenciado quando agregarmos dados
    de 2009 a uma nova pesquisa, porque certamente houve aumento do número
    de empregos formais” – justifica Abrahão.

    O Estudo do IPEA considera como ‘gastos públicos sociais’
    os feitos em Previdência Social geral e pública, educação,
    saúde, assistência social, trabalho e renda, desenvolvimento
    agrário, saneamento básico, habitação e urbanismo – nos
    âmbitos Federal, Estadual e Municipal.

    https://www.andifes.org.br/?p=12201

Zé Maria

Excerto

“o público, dos 45% dos recursos,
e o privado, que consome 55%
dos gastos do país com saúde.”

Questionamento

Esses Percentuais não se referem
ao Orçamento Público. Correto?

    José

    Creio que se referem aos gastos totais em saúde. O Brasil, apesar do SUS, tem um padrão de gastos que favorece o setor privado.

Deixe seu comentário

Leia também