Marcos de Oliveira: Atuação fraca do BC turbina especulação no mercado financeiro

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Governo precisa dar basta à especulação

Atuação fraca do BC turbina especulação no mercado financeiro; tripé do Plano Real garante juros elevados

Por Marcos de Oliveira, no Monitor Mercantil

Com o neto de Roberto Campos à frente do Banco Central, ou se fosse um (impossível) presidente de extrema-esquerda, qualquer que fosse o titular deveria estar usando todas as armas disponíveis para deter o misto de especulação e chantagem que tomou conta dos mercados financeiros neste final de ano.

Após semanas de uma suspeita paralisia, o BC começou a atuar no mercado de câmbio para deter a especulação com o dólar, disfarçada, pelos meios de comunicação porta-vozes do mercado, de “reação à falta de responsabilidade fiscal do governo”.

A moeda norte-americana chegou a bater em R$ 6,20, recuando após os leilões desta terça-feira, mas ainda perto de R$ 6,10.

Nos juros, a manipulação também segue firme, no caso, ajudada pelo BC, ao elevar a taxa Selic com base em um medo infundado de descontrole da inflação.

Os preços sofrem com fatores eventuais, especialmente a seca, que elevou tarifas de energia e alimentos, mas que já começa a dar sinais de recuo.

A inflação recuou para cinco das seis faixas de renda analisadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em novembro deste ano, na comparação com o mês anterior.

Apenas a faixa de renda mais alta teve aceleração da inflação. Em dezembro, a bandeira tarifária de energia elétrica mudou para verde, garantindo redução neste item.

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O Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) confirmando a ameaça de elevar os juros novamente nas próximas 2 reuniões, em 1 ponto percentual cada uma, o que levará a Selic para 14,25% ao ano – taxa de juros real de quase 10%.

Já há no mercado quem fale em juros a 16% e dólar a R$ 7 ao final de 2025.

Paralelo ao combate à especulação, é imprescindível debater o destino do chamado tripé macroeconômico do Plano Real – superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação – que visam, essencialmente, “garantir uma taxa elevada de juros reais, que é a demanda básica da coalizão política neoliberal formada por capitalistas rentistas e financistas”, na definição do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, no texto “O Tripé, o Trilema e a Política Macroeconômica”, publicado pela Associação Keynesiana Brasileira.

Esse tripé mantém a economia brasileira em um regime de política econômica de baixo crescimento ou quase estagnação. Ou, de forma mais popular, num eterno voo de galinha.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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