20 de Fevereiro de 2012
China e o novo centro dinâmico
por Marcio Pochmann*, na Revista Fórum, via Vermelho
O sucesso do milagre econômico chinês apresentou ao mundo uma novidade quase não imaginada frente à inconteste hegemonia estadunidense. Seja na evolução do comércio externo ou na presença crescente dos investimentos externos, a China se posiciona de forma cada vez mais sólida como eixo integrador da dinâmica mundial.
Antes da crise do capitalismo global, a economia estadunidense apresentava sinais de certa decadência frente ao seu esvaziamento produtivo e da relativa perda de importância do dólar. Mas, a partir de 2008, a perda de influência norte-americana tornou-se cada vez mais evidente, sobretudo quando se considera o sucesso transformista chinês.
Para piorar, os Estados Unidos passam a apresentar sinais crescentes de subdesenvolvimento, como no caso da concentração de renda. Nas últimas três décadas, por exemplo, o segmento constituído pela faixa do 1% mais rico da população teve a sua renda aumentada em 256%, enquanto o rendimento dos pobres subiu somente 11%. Como resultado disso, os EUA voltaram a deter um padrão de desigualdade de renda somente verificado antes da Depressão de 1929.
Diante do descenso estadunidense e do auge chinês, os governos têm a oportunidade de rever estrategicamente o posicionamento de suas economias. Do contrário, a trajetória das relações comerciais e de investimento com a China tende cada vez mais a aprofundar as características históricas já notabilizadas, especialmente durante a antiga ordem internacional estabelecida a partir da Inglaterra.
Como a China atual, o Reino Unido dependia fortemente de produtos primários, enquanto se mantinha como forte produtor e exportador de produtos manufaturados. Ou seja, dava-se o estabelecimento de uma convergência internacional para a produção e exportação de produtos primários e simultânea dependência da dinâmica local à internacionalização dos seus parques produtivos segundo a lógica inglesa.
Em geral, a China passa a deter não somente relações comerciais como presença de investimento superiores às dos EUA. Por meio da globalização financeira, não obstante os sinais de certo esvaziamento do seu papel monetário (fim do padrão ouro-dólar nos anos 1970) e de enfraquecimento relativo de sua produção e difusão tecnológica, os Estados Unidos se transformavam praticamente num império unipolar. Tanto assim que prevaleceu a concepção de pensamento único e visão de fim da História, com predomínio da democracia liberal e do livre mercado.
Nos dias de hoje, com o esgotamento do movimento de globalização financeira, registrado por várias crises de dimensão internacional, o milagre chinês ascendeu rapidamente. Assim, a expansão da economia do país possibilitou que em apenas dez anos a sua produção fosse triplicada, contrastando com a realidade estadunidense. Somente entre 1999 e 2010, por exemplo, a variação acumulada do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos foi equivalente a apenas 1/8 da verificada na China.
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No mesmo sentido, o país asiático responde cada vez mais por uma maior parcela da produção de manufaturados do mundo; em 2009, representou 18% do valor agregado industrial mundial. A participação chinesa no valor adicionado mundial na indústria de transformação de alta tecnologia também saltou de 4%, em 2000, para 18%, em 2009. Atualmente, a China assume a condição de segunda nação mais importante na produção de material de escritório e informática do mundo, na produção de material de rádio, TV e comunicação, e a primeira na produção de veículos automotores e nos investimentos na indústria aeroespacial, de supercomputadores e de núcleos eletrônicos, entre outras posições estratégicas mundiais.
Por conta disso, a China deve ultrapassar a posição dos EUA durante a segunda década do século 21, embora isso não signifique necessariamente o desaparecimento das centralidades dinâmicas das economias pertencentes à União Europeia e aos Estados Unidos, mas o que se destaca é o aparecimento de um mundo multipolar. Além da Ásia – especialmente a China e Índia – há um espaço regional capaz de gerar uma nova centralidade dinâmica no sul do continente americano, com forte importância para a economia brasileira.
Em síntese, o Brasil passa a ter maior relevância num novo contexto mundial multipolarizado, bem distinto daquele verificado durante o momento de sua constituição, em que os Estados Unidos exerciam uma centralidade unipolar. Mas o seu reposicionamento deve partir de um olhar de mais longo prazo, uma vez que as alternativas estão postas.
O deslocamento do centro dinâmico estabelece oportunidades inequívocas de reforço da pujança econômica brasileira. Mas isso pode ocorrer tanto pelo lado da Fazenda, Mineração e Maquiladora dos Produtos Manufaturados (FAMA), como pela via do encadeamento dos sistemas produtivos a partir de maior agregação do Valor Agregado e Conhecimento (VACO).
As alternativas estão postas, com a China presente no novo centro dinâmico mundial. Ao Brasil, cabe uma decisão clara e objetiva em torno do papel que deseja desempenhar neste novo contexto internacional.
*Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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Comentários
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Azuir Filho
VAMOS CAPRICHAR E AVANÇAR COM A PARTE QUE CABE AO BRASIL DE TORNAR O MUNDO MELHOR E PARA TODOS.
Morvan
Boa noite.
Somente os encargos trabalhistas não conseguiriam, fosse qual fosse o contorcionismo feito, explicar a pujança do modelo chinês. Estamos falando na China, aquela "Nação atrasada" que subjugou o império inglês. Que resistiu aos japoneses e que sobreviveu ao jugo da polarização EUA X União Soviética. A prosperidade do modelo chinês há sido plantado há várias décadas, como nos lembra o Post escrito pelo Marcelo de Matos. Foram decisões estratégicas que fizeram com que a China seja a Nação garbosa, altiva e pujante do novo século.
Acontece que, ao invés de começar d'agora a planejar o Brasil de aqui a algumas décadas, a elite dirigente do país continua gerindo o modelo fracassado de exportação de gêneros e sem qualquer capacidade de concorrer com as Nações transformadoras. Não há investimento em educação. Não há gestões para um modelo industrial de transformação.
Este é o momento certo para o Brasil dar a grande guinada: temos os cérebros; temos parte do paraíso (recursos naturais); temos o Pré-Sal; bem utilizado, o Pré-Sal será a ponta de lança do Brasil do século atual e dos vindouros. Mas é preciso pensar nisto como Processo. Não é mágica. Não é fruto de nenhum sortilégio, e sim de muito trabalho.
Se, com todas estes privilégios o Brasil não fizer nada para alavancar o seu próprio destino, aí sim, é caso de passar mais séculos e séculos como colônia, vendendo gêneros e comprando bugigangas. É uma questão de escolha, como nos ressalta muito bem o articulista Marcio Pochmann. Só que a escolha não é tão simples assim, pois passa pelo imaginário da nossa elite e pelo papel que esta espera desempenhar perante o mundo e perante as elites das outras Nações.
:-)
Morvan, Usuário Linux #433640.
Jose Mario HRP
A China é tudo que jamais aceitaria como um lugar para morar e criar meus filhos.
Um misto de ditadura, com pseudo socialismo e capitalismo selvagem sem leis trabalhistas e preocupações ecologicas.
Uma luta sem fim para ser a potencia universal do séc. XXI.
De que adianta ter genios, tecnologia, e viver naquele mundo cinza de poluição e insensibilidade?
Bonifa
A luta da China é, antes de tudo, para que todos os chineses possam viver bem. A China é sábia e está conseguindo que isto aconteça, em tempo inacreditavelmente curto. Se por isso ela se tornar a maior potência do planeta, o que parece óbvio, será por consequência e não por obstinação de hegemonia, o que é característico de outra potência que bem sabemos do quanto é capaz para segurar ferozmente a taça ensaguentada de maior do mundo. Acontece que muitos "colonos" não são capazes de entender a vida sem a supremacia do hot-dog sobre o chop-suey. Mas daquí a pouquíssimo tempo, quem não conhecer a China por viagem ou por estudo, parecerá um completo bobo falando coisas que não entende.
Jose Mario HRP
O que voce não percebe é que não há necessidade de opulencia , de supremacia ou acumulo de bens e capital para se fazer uma sociedade feliz e sem projetos megalomaniacos, além de destrutivos e hegemonicos!
A coisa de todos terem uma vida decente me chega e cada vez mais pessoas pensam assim!
Esse é o futuro, quando voce levanta, faz o café e ferve o leite para a patroa, dá um beijinho nela , ainda na cama, e sai pra trabalhar, pensando no futuro dos filhos e netos, assobiando "carinhoso"
De resto estaremos sendo sempre mais e mais do mesmo, na busca de um progresso estéril e destruidor.
Socialismo?
Sim, mas aquele que o homem de Nazaré desenhou para a humanidade!
Morvan
Boa noite.
Jose Mario HRP, nenhum dos dois modelos me apetece; nem a China, com aquele modelo sem direito trabalhista algum (qualquer coisa próxima do esclavagismo, como a fazenda daquele sr. senador: João Ribeiro (http://www.viomundo.com.br/denuncias/nytimes-o-senador-e-o-trabalho-semi-escravo.html) nem o modelo brasileiro, calcado no consumo[ismo] e, por conseguinte, fruto de uma demanda reprimida há décadas.
Parece patente que precisamos de um modelo educacional que preconize a independência (de fato) do país. O problema é que não há, neste âmbito institucional, quem esteja implementando qualquer mudança ou ação neste sentido.
Concordo que a China é pseudo tudo que você falou. Mas relevo o aspecto brasileiro: somos uma democracia? As pessoas influem nas decisões da elite? Não. Taxativamente: não. Olha aí as decisões, por exemplo, de cunho religioso, se sobrepondo à questão da saúde dos brasileiros (a infame MP 557!).
Quer dizer. O modelo brasileiro é mais sutil, porém é tão ou mais perverso que o modelo chinês.
A crueldade do nosso modelo é gritante, até mesmo pela sutileza do conceito de "democracia".
:-)
Morvan, Usuário Linux #433640.
Bonifa
Os "ocidentais" estão agora exigindo da China que privatize suas empresas estratégicas. O que há por trás dessa notícia? Querem, já que não podem atacar por guerra a China, que ela se transforme em um deles, que ceda ao credo do Deus Mercado de corpo e alma. Devemos nos lembrar de um dos gigantes do Século XX, João XIII, quando dizia que "A virtude está no meio". Este é o segredo do sucesso da China: Ela está no meio, entre o capitalismo liberal e o socialismo estatal. Se ela abrir mão disso, será apenas outro monstro capitalista ao sabor das crises e suas consequentes guerras de destruição que ameaçam toda a Humanidade. Esta é uma grande lição também para o Brasil que, se quiser ter um futuro próspero e digno, não deverá jamais se entregar de corpo e alma ao diabólico Deus Mercado.
leandro
O presidente da Foxconn, o taiwanês Terry Gou….
"Tem gente que diz que é preciso dispersar os negócios. Também quero dispersar, mas o Brasil apenas me oferece o mercado local, de 190 milhões, e ainda é preciso transferir tecnologia."
O presidente da Foxconn afirmou ainda que os brasileiros "não trabalham tanto, pois estão num paraíso". E o país, em comparação com Taiwan, "não conta com tecnologia avançada": "Estou treinando os brasileiros, dando as tecnologias para eles".
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1052729-bras…
Marcelo de Matos
É: você não citou quem é o sócio dos empreendimentos da Foxconn no Brasil: Eike Batista que, além da fábrica de Jundiaí, já está querendo montar outra em Minas Gerais.
Rafael
Quem sabe Leandro a gente trabalha que nem chines, 14h por dia de segunda a sábado, sem férias. Tudo para enriquecer os donos da Foxconn.
Eduardo Di Lascio
Essa cultura oriental de se trabalhar até morrer é nefasta e deve ser combatida, pois destrói pessoas, desagrega famílias e transforma a vida numa rotina sem sentido, banalizando o espírito humano, transformando pessoas em máquinas. Dedico todo o meu desprezo a esta forma bruta de ver o mundo.
E também dedico estas palavras:
http://www.youtube.com/watch?v=3OmQDzIi3v0
Wildner Arcanjo
Ah tá, um mercado de 190 milhões não é nada…
Um mercado de 190 milhões, com dinheiro na mão, que ajudou o Brasil a não cair na crise de 2010, não é nada…
Este presidente é um fanfarrão! Pede pra sair!
Cássia
O Brasil segue fazendo investimentos que serão muito importantes em um futuro próximo. Sugiro que leiam o Projeto Nacional: nhttp://blogprojetonacional.com.br/conteudo-nacional-e-criar-valor-valor-para-os-brasileiros/
Bonifa
Só resta ao capitalismo desenfreado do Ocidente a Guerra. E no processo desta guerra de destruição global, a busca pelo absoluto controle das informações, para fazer suas próprias populações acreditarem que a guerra é a paz e a agressão cruel é um ato de amor.
Marcelo de Matos
Atribuir o sucesso industrial chinês ao trabalho escravo não me convence de forma alguma. Para começar, a Foxconn, que você citou, fica na ilha de Taiwan, que sempre adotou o sistema capitalista. A empresa instalou uma filial em Jundiaí, em fase pré-operacional. Teve de levar técnicos e engenheiros brasileiros para formação na ilha, já que não encontrou pessoal habilitado por aqui. Com a falência da Vasp pilotos brasileiros foram trabalhar na China, não porque queriam ser “escravizados”, mas, porque o país (como qualquer outro) valoriza quem tem formação técnica. Em Taiwan, capitalista, como na China comunista, um nerdizinho como Bill Gates será sempre valorizado e regiamente pago.
Marcelo de Matos
Na década de 50 a China, através da educação, começou a preparar-se para ser a maior potência do planeta. Um juiz brasileiro, Osny Duarte Pereira, que visitou o país nessa época e escreveu “A China de Hoje” e “Nós e a China”, já previra esse crescimento. Segundo o magistrado, em nenhum país do mundo havia tantas pessoas estudando matemática e ciências. O Brasil perdeu essa corrida para a China. O que deve fazer agora? Tentar recuperar o terreno perdido ou procurar outros nichos de atividade em que os chineses não estão presentes? Por exemplo, a exportação de commodities. Ora, direis – nós precisamos é de indústrias. Então, vamos bater de frente com o gigante asiático? Para começar, quem decide isso não somos nós, pobres eleitores, mas, as chamadas “forças produtivas”, ou seja, os detentores de capitais, através de suas instituições como a Fiesp, a Febraban, etc. Esse pessoal é que, em última instância, decide se vale a pena competir com a China ou firmar parceria com ela, fornecendo commodities.
Luís
"Qual será o caminho do Brasil?"
Qual será? Eu respondo. Será eternamente exportador de café, soja, cana, laranja e outros produtos de altíssimo valor agregado e ainda achando isso o máximo.
Emilio Matos
Se isso é verdade, a culpa é sua tanto quanto de qualquer outro. Bobo isso de se considerar fora do problema. "Só eu sou certo, o resto é besta."
Bonifa
Você agora deixou a descoberto o quanto é profundo o autoconceito de vira-latas que conseguiram impingir nos brasileiros a partir do início do Século Vinte. O bom do novo Brasil, entretanto, é que as novas camadas sociais ascendentes são desprovidas deste autoconceito limitativo.
Leo Ferreira
Mais do que a mudança no centro dinâmico da economia global, isso ocorre porque a China vem mudando o eixo dinâmico da sua própria economia.
Levando em consideração o novo Plano Quinquenal, o país vai se comprometer com a criação de um sistema estruturado de serviços públicos essenciais, com Seguridade Social, Saúde pública e institucionalização sindical.
Imagino q isso ocorre, porque a estratégia de desnvolvimento nacional chinesa, busque o crescimento puxado pelo mercado interno num futuro próximo, aonde as altas taxas de poupança, aos poucos se convertam em elevados investimentos privados (empresas e famílias, principalmente) com desencademento produtivo estimulado pelo consumo de massas.
Rafael
Não faz muito sentido comparar China com o Brasil. Na China o poder do Estado de intervir na economia é gigantesco. Lá se decide fazer uma obra, um porto e pronto é contratar a empresa que fará a obra e iniciar. Aqui há um trâmite muito maior, empresas perdem uma licitação entram na justiça, são ONG's contra uma grande obra e tudo mais, exemplo a usina Belo Monte. Se fosse na China não teria 1% da discussão é fazer a obra e ponto final. Importante lembrar que o Brasil foi colonizado para exploração e até 10 anos atrás não havia preocupação alguma com desenvolvimento do país.
Na China nunca venderiam uma emprea como a Vale, não venderiam as empresas de telecomunicação. Ou seja lá se leva a sério o pais, se respeita a soberania, se defende as estatais estarégicas. No Brasil se discute muito e se fz muito pouco. Outro exemplo crítico, o dia que o PT sair do governo e por azar do Brasil o psdb voltar, tudo que foi feito será destruída, voltará a política da submissão, da subordinação aos interesses dos mais fortes.
Jorge Reis – 2ºano
A China está se mostrando cada vez mais uma alta concorrente aos EUA graças ao seu alto poder de tecnologia e industrialização. Com este ritmo, o país asiático se tornará sem dúvida a primeira economia do mundo em apenas alguns anos e, assim como o Marcio Pochmann escreveu, ao Brasil cabe a decisão do papel que ele quer desempenhar nesse novo cenário da economia internacional.
O_Brasileiro
Um país que trata a Educação com desprezo terá muita sorte se ainda continuar pelo menos como mero exportador de "commodities". Quem é professor tem até vergonha de dizer qual o salário.
Os tucanos e petistas, tão zelosos dos ideais do capitalismo, esquecem-se, quando lhes convém, que a meritocracia é a base da doutrina neo-liberal que seguem.
Será que eles acham que basta educar, com qualidade, 10% da população e estará tudo resolvido? Isto só mantém a (pseudo-)elite que há séculos governa este país através do judiciário e do legislativo.
Se o Brasil fosse um país sério, investiria o máximo possível em Educação, ao invés de sair dando paulada em universitário e professor e cortando verba da Educação.
João
O sistema de educação do Brasil está muito atrasado. Até o das escolas particulares. Tem pesquisador que diz que é um absurdo dar Machado de Assis para um(a) jovem de 15 anos ler.
virginia langley
bingo…pura epifania..entendi tudo..os Chineses chegaram onde chegaram pq nao lêem Machado de Assis…como nao pensei nisso antes????? por isso o João é um genio…e eu não sou.
Morvan
Bom dia.
João, mesmo que este fosse um problema, não seria, creio, "O problema". O grande nó a ser desatado no Brasil é a questão da educação, no sentido finalístico. Ler Machado de Assis, a não ser que alguém, de algum modo, me provasse o contrário, não apresenta qualquer prejuízo. Muito ao contrário. Seria o mesmo que desautorizar a um francês a ler [Marcel] Proust.
Agora, com esta mídia que nós temos, não precisa de muito para imbecilizar toda uma sociedade. Veja só a "manchete" de hoje, sobre o BBB12, no Terra: "'BBB12': antes de dormir, Yuri cheira calcinha deixada por Laisa" — elo: http://diversao.terra.com.br/tv/bbb12/noticias/0,,OI5635046-EI19045,00-BBB+antes+de+dormir+Yuri+cheira+calcinha+deixada+por+Laisa.html
Bom, eu estava tentando achar notícias sobre o incêndio na nossa Base na Antártida, e não notícias sobre este "edificante" programa, mas não pude deixar de ver a manchete.
:-)
Morvan, Usuário Linux #433640.
Fabio_Passos
Nós seguimos o caminho definido pelas superpotencias para o Brasil: O subdesenvolvimento e o atraso.
Vivemos claro processo de desindustrialização e nos tornamos meros exportadores de commodities.
Este é o legado do neoliberalismo no Brasil. Terra arrasada.
Temos potencial humano e de riquezas naturais para ser a mais próspera potencia do planeta.
Nos mantemos uma colônia.
john
Já existe uma corrente nos EUA a favor do "Made in USA". Motivado pelo aumento do custo da China e por uma nova estratégia de marketing, algumas empresas estão se transferindo para solo americano. No limite, quando todas essas empresas saírem da China, o que restará lá?
Carlos Moura
Uma ditadura anacrônica.
Rafael
Processadores por exemplo de empresas japonesas, sul coreanas muito ou maior parte de processadores é fabricado na China o que não quer dizer que a China seja um país que desenvolva tecnologia de processadores, assim é com chips e outros eletrônicos, maioria das empresas são japonesas, sul coreanas, americanas que aproveitam que a China o trabalhador é um escravo. Dias atrás a Foxconn é acusada de exploração, paga salários irrisórios, carga horário altíssima. Queria ver o que seria a China se tivesse que pagar direitos trabalhistas, se lá os trabalhadores podessem fazer greve, se trabalhassem 44h por semana, se tivessem aposentadoria e outros direitos que grande maioria dos países do ocidente têm. China e Índia têm como vantagem é mão-de-obra escrava. Como o próprio texto cita as empresas americanas vão para a China por causa do custo muito baixo. Nos EUA os salários são muitíssimos maiores. Se aqui no Brasil o trabalhador tivesse uma carga horária de 84h por semana, nenhum direito trabalhista pode ter certeza que o Brasil cresceria 10% ao ano.
Carlos Moura
Concordo plenamente Rafael.
O Brasil precisa sair desse paradigma de exportator de commodites e investir pesado na industria novamente, fazer produtos acabados, ter tecnologia própria de beneficiamento de manganês, nióbio, etc.
Só assim o ciclo econômico se completa. De que adianta ter escolas técnicas se não existe emprego a ser preenchido? Viveremos de comércio e mercado de ações? Ridículo…
O governo federal precisa sair dessa letargia e fazer valer os votos que recebeu.
Eduardo Di Lascio
Eu acho que essa história de que commodities não tem valor agregado é uma falácia do século 20 que não se aplica mais, porém é repetida como verdade absoluta. É sim possível a um paós ter am polírtica agrícola e mineradora moderna contemporânea, que coloque esse perfil macroenômico nos tempos atuais. O que está em crise hoje é dia é o modelo fabril, não o de produção de matérias primas ( se bem que os dois são intimamente conectados). Falta criatividade aos críticos.
Wildner Arcanjo
Pois é, continuamos a exportar minério de ferro e comprar carros. Continuamos a exportar petróleo e compramos gasolina (pois é, não somos autosuficientes em gasolina!). E assim vamos… A questão é o seguinte: o suco de laranja sempre vai ser mais caro do que a laranja com casca e tudo (por melhor que ela seja).
Matheus
Sempre a mesma desculpa. Gostaria que todos aqueles que "explicam" o desenvolvimento chinês me respondessem duas coisas: 1) por que as nações mais miseráveis e injustas da África e América Latina (O BRASIL É UMA DELAS) não se desenvolvem tanto quanto a China, já que o segredo seria pagar salários baixos? 2) como então a China conseguiu promover a ascensão social e econômica de centenas de milhões de seus cidadãos, retirados da miséria?
Rafael
Pois é rapaz o que é uma centena de milhão se é que chega a isso comparado com 1 bilhão e 500 milhões de pessoas?
Compare os direitos trabalhistas do Brasil por exemplo com os direitos trabalhistas na China. Lá nem férias sequer eles têm, trabalham na média 14 horas por dia. Lá greve é proibida. Um trabalhador que tentar uma greve ganha cadeia ou coisa bem pior.
O mérito da China é que não há uma classe entreguista, não há classe elitista que detesta o seu povo, não há uma classe que só se preocupa em ficar cada vez mias rica e o povo que se dane. Aqui essa classe está infiltrada na mídia. Quer coisa mais absurda que a imprensa fazer pressão para a Petrobras não comprar sonda no Brasil porque aqui é mais cara, fazem pressão para a Petrobras não construir refinarias, não comprar navios aqui, fazem pressão para o Brasil somente exportar óleo bruto em vez de refinar e vender gasolina, diesel. Grande vantagem dos chineses é que lá não se cria essa classe parasita, essa classe que somente quer sugar as riquezas do país.
Jose Mario HRP
Quem sabe passando uma temporada lá, comendo arrroz com alface, dormindo 05 horas por dia e ganhando 01 dollar por hora voce tirasse suas dúvidas!???????
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