Marcelo Zero: Pagers explosivos anunciam escalada perigosa na tensão no Oriente Médio; vídeos
Tempo de leitura: 4 minPagers Explosivos Anunciam Escalada Perigosa na Tensão no Oriente Médio
Por Marcelo Zero*
O caso dos pagers que explodiram no Líbano (veja vídeos, ao final), um atentado terrorista, representa clara agressão contra um país soberano, a qual viola a Carta das Nações Unidas.
Observe-se que o Hezbollah é uma força política oficial e legal no Líbano, tendo assento no parlamento e participando do governo como representante da população xiita daquele país.
Ademais, o atentado, que já deixou 14 mortos e centenas de feridos, não atingiu apenas a rede de suporte civil do Hezbollah, mas também servidores da saúde do Líbano, que usavam o mesmo tipo de aparelho.
O uso dos pagers vinha se dando, ironicamente, por razões de segurança, já que esses dispositivos, ao contrário dos celulares, não têm GPS, câmeras, microfones etc., tornando-se menos propícios para fins de espionagem.
As hipóteses técnicas para o ataque são basicamente duas:
1. introdução de um software malicioso para sobrecarregar, incendiar e explodir as baterias de lítio dos dispositivos;
2. substituição das baterias originais por outras, com explosivos e pellets (chumbinhos) para causar um dano maior.
Essa segunda hipótese, que vem ganhando mais força, implicaria operação logística bastante sofisticada e custosa.
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Ela poderia ter sido feita na própria fábrica dos dispositivos ou em algum momento do transporte, mais provavelmente em uma alfândega.
Os pagers, como se sabe, foram comercializados sob a marca Gold Apollo, uma empresa taiwanesa especializada em tais dispositivos.
Contudo, de acordo com essa empresa, os dispositivos vendidos no Líbano foram fabricados sob licença pela empresa húngara BAC Consulting KFT.
A CEO e fundadora da BAC é Cristiana Arcidiacono-Barsony, que se autodescreve como uma consultora estratégica em assuntos internos, com experiência internacional no Oriente Médio.
Ela estudou nas universidades SOAS e LSE em Londres. Segundo site Moon of Alabama, isso poderia indicar um possível envolvimento do MI-6 britânico no episódio. Não obstante, Orbán e Netanyahu possuam excelentes relações. Pode ter sido um esforço bilateral.
Mas os dispositivos poderiam ter sido implantados, como observamos, durante o transporte.
Segundo Elijah Magnier, os pagers teriam ficado retidos na alfandega durante alguns meses, o que teria dado oportunidade e tempo para a operação.
De qualquer forma, tratou-se de uma iniciativa ousada, sofisticada, de grande impacto midiático e político, a qual inaugura nova forma de terrorismo de Estado.
Resta ver as consequências, no plano estratégico e militar.
Há uma divisão, no governo israelense, entre como conduzir a ação contra o Hamas, e, sobretudo, como lidar com o Hezbollah.
O ministro da Defesa de Israel, ameaçado de demissão por Netanyahu, Yoav Gallant, é a favor de um cessar-fogo em Gaza, da libertação imediata dos reféns israelenses e de uma solução política negociada para livrar Gaza da influência do Hamas.
Ademais, Gallant vinha se mostrando cético, no que concerne a uma intervenção militar de Israel contra o Hezbollah no Líbano, no que é apoiado pelo governo do EUA, que não deseja o alastramento do conflito, neste momento.
Autoridades dos EUA estão preocupadas com a possível demissão de Gallant, alegando que ele é o “único adulto na sala” no governo de Netanyahu, depois que as relações entre o primeiro-ministro e o presidente dos EUA, Joe Biden, azedaram.
Gallant quer ampliar as ações no norte de Israel sem, contudo, provocar uma guerra aberta.
Entretanto, Netanyahu e parte de seu gabinete não querem um cessar-fogo com o Hamas e nem negociar uma solução política para Gaza, uma vez que isso implicaria negociar também um estado independente para os palestinos.
Além disso, Netanyahu parece estar sob a ilusão de que uma guerra com o Hezbollah é factível de ser vencida.
Embora possível, uma “vitória” contra o Hezbollah teria um custo altíssimo, justamente no momento em que Israel não consegue impor uma vitória militar convincente contra o Hamas.
O formidável arsenal de mísseis bem protegido do Hezbollah provavelmente poderia superar as defesas israelenses, causando danos substanciais.
Lembre-se que o Hezbollah, uma força muito disciplinada, bem mais poderosa que o Hamas, conseguiu expulsar Israel do Sul do Líbano, em 2000, após uma sangrenta e sistemática guerrilha.
Além disso, um possível envolvimento direto do Irã no conflito transformaria todo o Oriente Médio, já muito tensionado, em um pesadelo. Teria de haver o envolvimento dos EUA, para que Israel tivesse qualquer chance de sucesso.
Nesse contexto, o episódio dos pagers parece uma provocação do governo de Israel contra o Hezbollah e o Irã (como o bombardeio da embaixada do Irã em Damasco e o assassinato do líder do Hamas em Teerã, entre outras), com o intuito de suscitar uma reação que poderia justificar uma nova intervenção de Israel no sul do Líbano.
Obviamente, teremos de esperar a reação do Hezbollah, para ver se ela justificaria uma escalada definitiva e irreversível desse conflito, o qual, até agora, é de relativa baixa intensidade.
A guerra, contudo, poderia ser facilmente evitada. O Hezbollah concordaria em acabar com o conflito atual, assim que um cessar-fogo duradouro for assinado entre Israel e os palestinos.
No entanto, a rejeição de Netanyahu a qualquer cessar-fogo, em Gaza e a uma solução política definitiva em torno da criação do Estado Palestino torna um ataque israelense ao Líbano uma hipótese crescentemente provável.
Veremos se “os adultos da sala” conseguirão evitar o pior. Adultos sem pagers e celulares.
* Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.
*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
Comentários
Zé Maria
.
Cerca de 5 mil dispositivos eletrônicos,
como pagers e walkie talkies, detonaram
simultaneamente no Líbano nos dias
17 e 18 de setembro passado, matando
dezenas e mutilando milhares de libaneses.
O Hezbollah caracterizou a ação deisRéu
como “um ato de terrorismo” israelense
e uma “declaração de guerra”.
Fontes do jornal israelense, Jerusalem Post
não só confirmam a autoria israelense,
como também afirmam que o ataque foi
planejado “em vários estágios, alguns
datando de anos atrás” e com o ajustes
na operação feitos há apenas 5 meses.
Fontes da mídia israelense indicaram que o ataque foi possível
por meio de ajustes nas baterias de lítio dos dispositivos e que
as táticas envolvidas “existem há muito tempo”, embora nada
tenha sido tentado em escala comparável.
O Jerusalem Post notou também que nos dias que antecederam
as explosões em massa de pagers, “tanto [Benjamin] Netanhay,
quanto o ministro da Defesa, Yoav Gallant, fizeram declarações
públicas sobre tornar o retorno dos moradores do norte de Israel
para suas casas como uma das principais missões da guerra atual”.
O jornal israelense ainda descreve em seu relatório que “nas semanas
e dias que antecederam a semana passada, isRéu estava mudando suas forças armadas terrestres e aéreas fortemente em direção à fronteira
norte, com o Líbano, após ter concentrado a maioria delas em Gaza,
desde 7 de outubro de 2023”.
Sob essa luz, os ataques com pagers e outros dispositivos eletrônicos
podem ter constituído um ataque israelense “preventivo” antes de uma
campanha militar mais ampla.
SPUTNIK NEWS
Íntegra em:
https://noticiabrasil.net.br/20240922/explosoes-de-pagers-no-libano-nao-foi-relacionada-a-nenhuma-acao-do-hezbollah-diz-midia-de-israel-36597568.html
.
Zé Maria
.
“isRéu já Matou pelo menos 41.391 Pessoas,
a Maioria Crianças e Mulheres, e 95.760
ficaram Feridas em Gaza, desde 7/10/23.”
“Mais de 15 Mil Palestinos Menores de Idade
foram Assassinados por isRéu em Gaza,
desde o Início dos Bombardeios israelenses.”
“A UNICEF estima que Mais de Um Milhão de Crianças Palestinas
necessitam de Atendimento em Saúde Mental e Apoio Psicossocial
na Faixa de Gaza.”
“Um comitê das Nações Unidas acusou isRéu de graves Violações
do Tratado Internacional que Protege os Direitos das Crianças,
afirmando que as Ações Militares Israelenses em Gaza tiveram
um Efeito Catastrófico sobre as Crianças e estão entre as Piores
Violências Contra uma População Infantil da História Recente.”
Reportagem: Sorin Furcoi, Fotógrafo e Editor de Fotografia | AL JAZEERA]
Íntegra em:
https://www.aljazeera.com/gallery/2024/9/22/qatar-art-installation-sheds-light-on-gazas-children-killed-by-israel
.
Zé Maria
“O nome disso que Israel fez com os pagers no Líbano é TERRORISMO,
mas se sabe que é improvável que a mídia vá ‘dar nome aos bois’.”
https://bsky.app/profile/deborahleao.bsky.social/post/3l4f44vxtvy2u
Zé Maria
https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/800/cpsprodpb/137e/live/514b4330-75fc-11ef-b02d-c5f3b724a1ea.jpg.webp
“Milhares de pessoas clamaram por justiça
após a detonação de aparelhos eletrônicos
em Beirute, no Líbano.”
“Detonações foram ouvidas durante o funeral
de um menino de 11 anos, vítima das explosões
do dia anterior.”
“Mulheres levaram pétalas de rosas em bandejas,
para lançar sobre os caixões dos libaneses mortos”
https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/800/cpsprodpb/80aa/live/8dbb7b00-76bf-11ef-850e-8752ff026834.jpg.webp
“Terrorismo israelense no Líbano matou criança,
cegou mais de 500 pessoas e deixou 2.750 feridos”
“ONU diz que ataque terrorista de Israel no Líbano
viola leis internacionais e pede investigação”
https://bsky.app/profile/deborahleao.bsky.social/post/3l4f4nf5k4o25
https://bsky.app/profile/deborahleao.bsky.social/post/3l4faln75in2m
Zé Maria
A Segunda Onda Explosões no Líbano
Série de detonações de aparelhos eletrônicos no Líbano
— a segunda em uma mesma semana — atingiu um grande
número de pessoas que estavam reunidas no funeral
dos mortos pelas explosões de pagers do dia anterior.
Conforme informações iniciais do Ministério da Saúde libanês,
explosões de surpresa de walkie-talkies causaram pelo menos
25 mortes e mais de 450 pessoas ficaram feridas.
Estes números se somam aos 12 mortos e milhares de feridos
registrados no dia anterior.
Os libaneses que pedem vingança após as explosões mortais
atribuídas a Israel.
Em um dos funerais, alguns cidadãos se mostraram furiosos
e desafiadores ao conversar com a BBC de Londres (UK).
Os médicos também descreveram as terríveis feridas
que precisaram atender.
Estas são as histórias relatadas por dois jornalistas da BBC
na capital libanesa, Beirute.
[Reportagem: Joya Berbery e Carine Torbey Role | BBC News Árabe]
https://bsky.app/profile/paulobarreto.bsky.social/post/3l4k2xgsqgp2w
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