Marcelo Zero: Líbano pode virar uma grande Gaza e Irã deverá ser bombardeado

Tempo de leitura: 3 min
Ataque de Israel ao sul do Líbano. Foto: Reprodução/Sputnik no Telegram

Líbano pode Virar uma Grande Gaza e Irã deverá ser bombardeado

Por Marcelo Zero*

O governo Netanyahu faz o que bem entende. Ignora totalmente as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, as decisões da Corte Internacional de Justiça, os inúmeros protestos da comunidade internacional etc.

Debochando da ONU e das instituições multilaterais, o governo Netanyahu declarou o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, “persona non grata”. Guterres está em boa companhia, contudo.

O único país que teria condições objetivas de mitigar o comportamento agressivo e ilegal do governo Netanyahu, que ameaça colocar fogo em todo o Oriente Médio, são os EUA.

Entretanto, apesar de algumas queixas formais, os EUA estão dando, na prática, apoio às barbáries que o governo Netanyahu comete, em nome do “direito à defesa”.

Embora Biden declare que quer evitar a escalada do conflito no Oriente Médio, não move uma única palha concreta para evitá-la.

Na hora da decisão, o apoio praticamente incondicional a Israel sempre fala mais forte.

Na realidade, tanto o governo de Netanyahu quando a maior parte dos neocons incrustada no Deep State enxergam a atual conjuntura como uma “janela de oportunidade” para desferir um grande golpe contra o “eixo da resistência do Irã”.

Paradoxalmente, tal vem se dando mesmo depois de meses de esforços sérios do Irã para alcançar melhores relações com os EUA.

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Como se sabe, em 20 de maio de 2024, o então presidente do Irã, Ebrahim Raisi, um conservador, morreu em um acidente de helicóptero.

Em novas eleições, o Irã elegeu Masoud Pezeshkian, um moderado que, desde o início, defendeu a normalização das relações Irã/EUA, com a finalidade básica de mitigar as pesadas sanções que esse país impõe ao Irã, principalmente em razão do programa nuclear iraniano.

Percebendo essa movimentação, o governo Netanyahu fez de tudo para sabotar esses esforços.

Primeiro, houve o bombardeio da Embaixada do Irã em Damasco, ao qual o governo iraniano respondeu com um ataque “coreografado”, que não causou dano algum a Israel.

Depois, em 30 de julho, Ismail Haniyeh, o líder político do Hamas, foi assassinado junto com seu guarda-costas pessoal na capital iraniana. Haniyeh foi morto em uma casa de hóspedes administrada por militares, após participar da cerimônia de posse do presidente iraniano Pezeshkian.

O assassinato de Haniyeh foi, obviamente, uma grande ofensa contra a soberania da República Islâmica do Irã. Também foi uma ofensa pessoal contra a presidência de Masoud Pezeshkian.

Na época, o Líder Supremo do Irã, Aiatolá Khamenei, e a liderança da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) pensaram numa retaliação. Mas o novo presidente a evitou.

Masoud Pezeshkian ainda esperava que os EUA conseguissem um cessar-fogo em Gaza, e queria evitar que o Irã fosse culpado pelo fracasso dessas negociações.

O presidente Pezeshkian continuou seu curso moderado. Em 23 de setembro, durante sua participação na Assembleia Geral da ONU em Nova York, ele novamente fez sondagens sobre uma nova negociação com os EUA, em relação ao programa nuclear do Irã. Tudo isso, mesmo após o ataque dos pagers, no Líbano.

Em vão.

O assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, os pesados bombardeios no Líbano e o início das incursões terrestres impuseram uma resposta mais dura do Irã, o que gera o pretexto para que o governo Netanyahu, com o beneplácito dos EUA, tente desferir um “grande golpe estratégico” contra o Irã, país que Israel e o Deep State enxergam como a grande fonte de “instabilidade” no Oriente Médio.

Muito provavelmente, o golpe virá sob a forma de pesados bombardeios contra instalações do programa nuclear iraniano. E também de instalações petrolíferas.

Biden, um “pato manco” se manifestou contrariamente. Pouco importa.

É praticamente certo que esse golpe virá. Também é praticamente certo, pelo andar da macabra carruagem, que o Líbano, ou boa parte dele, se torne uma grande ruína, assim como Gaza.

O Líbano se banhará com o sangue dos inocentes, inclusive de brasileiros.

Hillary Clinton, Victoria Nuland, Jack Sullivan, entre muitos outros, sempre viram o Irã como o país que precisa ser destruído para que a “paz” se imponha no Oriente Médio.

É loucura delirante. Mas, quando a guerra começa, há pouco cálculo e muito sangue. E nenhuma piedade e sabedoria.

Só se salvam as “personas non gratas”.

* Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Zé Maria

E a Turquia (Membro da OTAN) ficará Quieta?

Zé Maria

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Na Guerra Terceirizada da OTAN (USA/EU/UK),
para o Exército de isRéu atacar o Irã por terra
terá de atravessar a Jordânia e a Arábia Saudita
ou, na Hipótese mais provável, partindo do Líbano,
passar pelos Territórios Sírio e Iraquiano, ao Norte.

Sob Qualquer Hipótese, terá de ultrapassar
a Fronteira de Outros Países Árabes. Será?

.

Zé Maria

‘Dias de incerteza’ e processo desesperador:
à Sputnik, brasileira detalha caos para sair do Líbano

As crescentes investidas de Israel no Líbano nas últimas semanas têm causado grandes estragos no país vizinho, chamando inclusive a atenção para uma possível Terceira Guerra Mundial, segundo os mais pessimistas. Mas não é de agora que a gestão do premiê Benjamin Netanyahu realiza ataques na localidade.

Em depoimento exclusivo à Sputnik Brasil, uma brasileira que morava na região até momentos antes do caos instalado nos últimos dias conta como tem sido a saga dos moradores para tentar “se livrar” das ações de Israel contra o Líbano.

Fatima Cheaitou, mestranda em artes visuais/comunicação pela Universidade de Paris, de 26 anos, descreveu sua fuga angustiante da cidade de Tiro, no sul do Líbano, rumo à capital, Beirute, em meio aos recentes bombardeios que atingem o país.

Fátima visitava seus familiares em julho, quando a situação no sul do Líbano começou a se agravar.
No dia 23 de setembro a família decidiu fugir, em meio aos ataques que se intensificavam.
A jornada, que normalmente duraria duas horas, se transformou em uma angustiante travessia de dez horas, marcada pelo medo e pela incerteza.

“Escutávamos as bombas caírem enquanto tentávamos sair de Tiro.
Eu estava dirigindo, tentando focar, mas com o desespero de ver tudo acontecer ao redor”, relembrou a mestranda.

Caos para além do trajeto
A jovem compartilhou que o caos não se limitou ao trajeto.
Durante o caminho, o sinal de comunicação foi interrompido, tornando impossível o contato contínuo com os familiares.

“Foram poucas as vezes que conseguimos sinal para verificar se todos estavam bem.
Eu estava em um carro com meu pai e minha irmã, enquanto minha mãe e outra irmã estavam em outro.
As comunicações eram falhas e esporádicas, o que aumentava o desespero”, explicou Fátima.

O trajeto de Tiro a Beirute levou 10 horas para Fátima e 12 horas para sua mãe, devido ao intenso trânsito e aos bloqueios.

“Foi muito angustiante o caminho inteiro. Você não conseguia andar, estava lotado. A rodovia era ida e volta, e todo mundo estava indo para Beirute.
Também estavam bombardeando perto da autoestrada, o que só aumentava o medo e o desespero”, relatou.

Após chegar a Beirute, a família enfrentou mais um desafio: conseguir passagens para deixar o país.
Apenas uma companhia aérea, a Middle East Airlines, continuava operando no Líbano, o que complicou a saída das milhares de pessoas.

“Foram dias de incerteza.
Conseguimos passagens divididas em voos extras, mas foi um processo lento e desesperador”, sublinhou à reportagem.

O aeroporto de Beirute, que normalmente estaria lotado durante o verão, apresentava uma atmosfera desoladora, salientou a brasileira.

“Eu esperava que estivesse lotado, mas quando chegamos, às duas da manhã, o aeroporto estava vazio.
E de uma certa forma, isso é mais depressivo ainda do que se o aeroporto estivesse cheio.
Isso só mostra que realmente ninguém está conseguindo sair e as coisas estão anormais.
Porque o Líbano, geralmente nesta época de verão, lá agora é a época que mais tem turismo, que todos os libaneses que moram fora vão visitar as famílias”, relatou Fátima.

Segurança e preocupações
Agora no Brasil, a estudante se sente segura, mas continua preocupada com seus familiares que permanecem no Líbano.

“Eles estão mais no norte do Líbano, que é mais seguro.
Só que também foi muito difícil até chegar lá, […] por conta de tanta gente que teve que se deslocar de suas casas, imagina, mais de 1 milhão de pessoas tiveram que se deslocar do sul do Líbano”, disse ela, com um misto de alívio e preocupação.

Fátima também demonstrou frustração com a comunidade internacional, destacando a complexidade do conflito e o papel de grandes potências no financiamento dos ataques.

“A gente tem a esperança de que isso acabe, de que a gente consiga voltar para as nossas casas, que o sul do Líbano pare de ser bombardeado, o Líbano inteiro, infelizmente, e também a Faixa de Gaza.
Só que, ao mesmo tempo, você vê como os países que têm o poder de parar isso não estão parando, porque eles têm o interesse de que isso continue acontecendo”, disparou.

Situação na região
Desde a semana passada, Israel vem realizando uma campanha aérea contra alvos do Hezbollah em várias partes do Líbano e concentrando tropas através da fronteira.

A situação na fronteira entre Israel e o Líbano se agravou após o início da operação militar de Israel na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

Desde então, militares israelenses e combatentes do Hezbollah trocam tiros quase diariamente em áreas ao longo da fronteira.

Israel começou a atacar de forma massiva o sul e o leste do Líbano na semana passada.

O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa [Leia-se: Forças Armadas
de Ataque] de Israel (FDI), Herzi Halevi, rotulou a operação ofensiva de
Flechas do Norte.

https://noticiabrasil.net.br/20241003/dias-de-incerteza-e-processo-desesperador-a-sputnik-brasileira-detalha-caos-para-sair-do-libano-36773936.html

.

Kilmer Mello

Se não houver união dos países árabes não alinhados com os EUA não vão resolver esse problema atual.

Kilmer Mello

As autoridades iranianas estão com medo, sobretudo esse novo presidente.

Certamente não são homens de guerra.
Essas atitudes desencorajam o próprio exército iraniano qdo vêem líderes titubeantes e indecisos.

O Irã só fica recuando, recuando, recuando. Isso não dá certo. Só mostra a fraqueza dos líderes.

Fraqueza !

Zé Maria

isRéu não tem forças de ‘defesa’,
tem forças armadas de ataque
contra povos árabes indefesos.

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