Marcelo Zero: Em discurso de estadista internacional, Lula recoloca o Brasil no mundo

Tempo de leitura: 4 min
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa na COP27, nesta quarta-feira, 16 de novembro. Foto: Ricardo Stuckert

Em Discurso de Estadista Internacional, Lula Recolocou o Brasil no Mundo

Por Marcelo Zero*

O discurso de Lula feito hoje, na COP 27, foi um discurso de verdadeiro estadista.

Não apenas reverteu a péssima imagem do Brasil na questão ambiental, mas, sobretudo, recolocou o país como ator central e responsável na ordem mundial.

Um ator que se empenhará na criação de uma nova governança global, assentada na paz, no multilateralismo e na multipolaridade.

Uma nova governança global dedicada a eliminar a fome e a pobreza, a reduzir as desigualdades e a combater as agressões ao meio ambiente e às mudanças climáticas.

Essa nova governança global, para bem funcionar, exigirá a tão postergada reforma do Conselho de Segurança da ONU, o qual precisa refletir as profundas transformações mundiais ocorridas desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

É imperativo que o novo mundo que foi criado, muito diferente da conformação geopolítica do imediato pós-guerra, encontre canais amplos de negociação e de tomada de decisões.

No campo ambiental, as ações urgentes que precisam ser implantadas e os acordos que têm de sair do papel necessitarão desses canais para que o mundo possa agir e avançar celeremente na luta contra as mudanças climáticas.

No campo regional, Lula destacou a necessidade de articular os países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Venezuela, Suriname e Guiana) para promover uma gestão responsável da floresta e de sua riquíssima biodiversidade.

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Essa iniciativa, combinada com a chamada “OPEP das Florestas”, que agregará Brasil, Congo e Indonésia, e com a meta de desmatamento zero na Amazônia, poderá ser um passo fundamental e decisivo para salvar o planeta e a Humanidade.

É, sem dúvida, uma mudança de paradigma.

Além disso, Lula lançou a proposta de uma Aliança Mundial pela Segurança Alimentar, destacando que a agricultura regenerativa pode perfeitamente conciliar a eliminação da fome com a preservação ambiental.

A criação do Ministério dos Povos Originários e o oferecimento do Brasil para sediar a COP 30, numa cidade amazônica, completam o quadro de um profundo e positivo reposicionamento do Brasil na questão ambiental e na ordem global.

Os exemplos heroicos de Dom Phillips e Bruno Pereira, bem como de tantos outros, cruelmente imolados no altar da ganância predatória e criminosa, não serão esquecidos. Seu sacrifício não será em vão.

Entretanto, Lula salientou o imperativo moral de honrar os compromissos financeiros de assumidos em Copenhagen, quando os países mais ricos e desenvolvido prometeram disponibilizar 100 bilhões de dólares por ano, a partir de 2020, para ajudar os países menos desenvolvidos ou em desenvolvimento a enfrentarem as mudanças climáticas. Um compromisso que, como tantos outros, ainda não saiu do papel.

É preciso considerar que os países que mais estão sofrendo com as mudanças climáticas são aqueles situados na zona tropical, em sua maioria países pobres e de nível insuficiente de desenvolvimento. Contudo, esses países não têm nenhuma responsabilidade histórica pelas grandes emissões de gases do efeito-estufa.

Segundo a Oxfam, o 1 por cento mais rico do planeta, que corresponde a uma população menor que a da Alemanha, deverá emitir 70 toneladas de gás carbônico per capita por ano. Já os 50 por cento mais pobres do mundo deverão emitir, em média, somente uma tonelada per capita ao ano. É uma desigualdade brutal.

Portanto, como bem destacou Lula em seu pronunciamento, “a luta pela preservação do meio ambiente é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo”. Esse é o recado fundamental para o planeta.

A correção dessa grande “injustiça ambiental” demanda não apenas essa ajuda financeira específica, mas também o correto equacionamento da questão das perdas e danos que as populações mais pobres estão sofrendo com as mudanças climáticas.

Lula será um cobrador incansável dessa dívida ambiental.

O presidente eleito do Brasil tem toda autoridade para fazer honrar esses compromissos.

Nos governos do PT, o Brasil conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia Legal em 83%.

Ao mesmo tempo, conseguiu eliminar a fome, retirar 37 milhões de pessoas da miséria, gerar 22 milhões de empregos e crescer a taxas expressivas.

Em suma, os pretéritos governos do PT demonstraram que a preservação ambiental é inteiramente compatível com o desenvolvimento e com a redução das desigualdades.

Infelizmente, esses governos foram substituídos pela profunda tragédia do governo Bolsonaro.

Tudo o que foi realizado de positivo foi destruído por um governo que não tinha compromisso com o bem mais precioso: a Vida. A vida dos seres humanos e todas as outras formas de vida do planeta.

Perdemos prestígio e imagem. Nos tornamos vilão ambiental e pária internacional. Acima de tudo, perdemos vidas. Vidas e tempo para agir.

Por isso, agora trata-se de fazer mais e melhor. Bem mais e bem melhor. E fazer rápido.

O planeta tem pressa. Corremos o sério risco de não conseguir manter o aquecimento global em, no máximo, 1,5 grau Celsius acima das médias do período pré-industrial até o fim do século, o que poderá inviabilizar a própria sobrevivência da raça humana.

Felizmente, Lula chamou para si a grande responsabilidade de contribuir para articular países em desenvolvimento e desenvolvidos, ricos e pobres, em prol desse grande e fundamental objetivo.

Lula ressurgiu para o mundo.

O Brasil voltou!

*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.

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Jeferson Miola: Discussão sobre jatinho ofusca tema central, que é o relançamento do Brasil no mundo por Lula

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Zé Maria

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“Sentado à Beira do Caminho”

Por ERASMO CARLOS,
Mestre da MPB

Compacto (1969):

https://youtu.be/Yw1V-cVioIE

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia de repente você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim

Meu olhar se perde na poeira desta estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isto
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo ….

Vem a chuva molha o meu rosto e então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com meu pranto
Olho pra mim mesmo, me procuro e não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança na beira de uma estrada

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo tudo se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu estou morrendo lentamente
Só você não vê que eu não posso mais ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você sentado à beira de um caminho

Preciso acabar logo com isto
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo ….

https://youtu.be/yzjB1_KqyNA

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Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/FhHxwSxXgAA8hBt?format=jpg

Lideranças Indígenas do Brasil discutiram ações importantes
que balizaram a criação de um plano de governança dos Povos
Originários para os 100 primeiros dias de Governo Lula em 2023.
bit.ly/3UjNHib #IndígenasComLula #LutaPelaVida #DemarcaçãoJá

Na manhã da quarta-feira (16/11), o Gabinete de Transição Governamental
anunciou os nomes que vão compor o grupo temático “Povos Originários”,
onde constam 8 indígenas designados pela equipe de transição.

https://pbs.twimg.com/media/Fhx1rJlXwAAx3Zp?format=jpg

NOTA DA ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL (APIB)

https://t.co/U75AvSzMoc

“O Ministério dos Povos Originários deve ser uma Construção Coletiva
com o Movimento Indígena Brasileiro”

“A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) está reunida em Brasília
com grupo de lideranças indígenas políticas e técnicas que integram o
‘Grupo de Trabalho – Governança Indígena’.

Além da incansável luta pelas demarcações e o direito à vida, a governança
indígena tornou-se uma pauta essencial do movimento indígena.

Desde a campanha eleitoral, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)
dentro de suas estratégias de luta sempre priorizou a ocupação de espaços
institucionais na perspectiva de ser protagonista na tomada de decisões nas
instâncias de poder.

Neste sentido, constitui exemplo importante a vitória nas últimas eleições
das deputadas federais Sônia Guajajara e Célia Xakriabá, lideranças do
movimento indígena.

Para a Apib, a vitória do presidente Lula contra o candidato da extrema direita
constitui uma conquista histórica.
Durante sua participação na 18ª edição da maior mobilização indígena do Brasil,
o Acampamento Terra Livre (ATL), realizado em abril de 2022 e com a participação
de mais de 8.000 (oito mil) indígenas, Lula prometeu, se eleito, que criaria
o Ministério dos Povos Originários e faria um ‘revogaço’ de todas as medidas
anti-indígenas adotadas pelo atual governo.

No decorrer da campanha eleitoral, Lula reiterou que o Ministério dos Povos
Originários seria criado e conduzido por uma liderança indígena e que a
participação em outros espaços de governo seria consultada, debatida e
indicada pelo movimento indígena.

Após eleito, o Presidente Lula, anunciou a partir do Gabinete de Transição
e durante a COP 27, a criação do Ministério dos Povos Originários.

A Apib e suas organizações regionais decidiu criar um Grupo de Trabalho
para construir o ‘Plano de Governança Indígena’ visando subsidiar a equipe
que irá compor o Grupo Temático [GT] ‘Povos Originários’ do Comitê de
Transição Governamental, priorizando medidas para os 100 primeiros dias
de governo.

O Plano é dividido em seis grandes eixos, sendo eles:
1. Direitos Territoriais Indígenas: Demarcação e Proteção Territorial;
2. Restabelecimento de/ou criação de instituições e políticas sociais
para povos indígenas;
3. Retomada e/ou criação de instituições e espaços de participação
e/ou controle social;
4. Agenda Legislativa: interrupção de iniciativas anti-indígenas no congresso
e ameaças no judiciário;
5. Agenda ambiental; e
6. Articulação e incidência internacional e composição de alianças e parcerias.

Na manhã da quarta-feira, 16 de novembro, o Gabinete de Transição
Governamental anunciou os nomes que vão compor o Grupo Temático [GT]
‘Povos Originários’, onde constam 8 (oito) indígenas designados pela equipe
de transição.

No entanto, reforçamos que a participação da Apib, maior organização indígena
do Brasil, deve ser considerada, levando em conta a diversidade regional que
a organização e o movimento indígena brasileiro têm como estrutura e
de acordo com as indicações encaminhadas previamente pela organização
ao Gabinete de Transição.

Neste momento, o ‘Grupo de Trabalho – Governança Indígena’
indicado pelas organizações de base da Apib, está reunido
em Brasília, e reitera a importância da decisão do movimento
indígena incidir na transição de governo bem como na estrutura
governamental do próximo período.

https://twitter.com/ApibOficial/status/1593278126058094593
.
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Leia também:

https://pbs.twimg.com/media/FhmnC3JWIAI8NdV?format=jpg

Governo Bolsonaro apresenta relatório mentiroso no
Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra

Um representante do governo brasileiro apresentou um relatório
a Revisão Periódica Universal (RPU) na ONU, onde afirma
mentirosamente que o Brasil se engajou na proteção dos indígenas
durante a pandemia da Covid-19 [SIC] no país, o que não ocorreu.

A Apib denunciou ao mundo essa prática genocida de Bolsonaro,
inclusive ao Tribunal Penal Internacional em Haia, uma vez que
o sistema de justiça brasileiro se mostrou incapaz de investigar,
processar e julgar essa conduta criminosa.

Aguardamos que o relatório mentiroso apresentado pelo Brasil
no Conselho de Direitos Humanos da ONU seja enfaticamente
criticado pelos Governos, sociedade civil e comunidade
internacional como um todo.

https://twitter.com/ApibOficial/status/1592487619283550209

https://apiboficial.org/2022/11/14/governo-bolsonaro-apresenta-relatorio-mentiroso-no-conselho-de-direitos-humanos-da-onu-em-genebra/

.

Zé Maria

Nem no Dia do Discurso Histórico do Presidente Eleito Mr. LULA, na COP27,

o nome de ‘Lula’ foi repetido mais vezes pela Mídia do que o de ‘Alckmin’.

LULA cobrou dos Mais Ricos o Financiamento dos Países Maís Vulneráveis.

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