Manifesto de intelectuais e artistas: “Queremos uma São Paulo mais acolhedora e generosa”

Tempo de leitura: 5 min

Manifesto de intelectuais e artistas em apoio a Fernando Haddad

Depois de oito anos intermináveis, a cidade de São Paulo está irrespirável. Seu espaço urbano, cada dia mais desumano, aproxima-se de uma situação de calamidade: o caos no trânsito, a crescente escalada da violência, o descaso com a iluminação pública, a degradação e o sucateamento dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social.

Numa política de arrasa-quarteirão, bairros inteiros estão mudando, para pior, sua configuração social e urbanística. Torres, torres e torres erguem-se em ruas desprovidas de capacidade para receber mais automóveis. Enquanto isso, ocorrem recorrentes incêndios em favelas, e seus moradores são jogados na rua.

A atual gestão atingiu uma rejeição histórica. As reivindicações dos moradores da periferia, dos movimentos sociais e dos cidadãos em geral tornaram-se alvo de uma política autoritária e segregacionista. São escassas as políticas públicas voltadas para os que mais precisam delas. Comandada por administradores tecnocráticos e provincianos, a cidade, militarizada, adquiriu contornos de um campo de depressão individual e coletiva.

Antes referência internacional, São Paulo deixou de ser um espaço de inovação e criatividade. No período da gestão Serra/Kassab, enquanto o Brasil brilhou, a cidade se apagou.

Nesta eleição, os moradores de São Paulo decidirão entre duas formas diferentes de administrar a Prefeitura, mas, sobretudo, sobre o modelo de cidade que queremos construir.

Fernando Haddad apresentou um programa de mudanças apoiado em ideias e projetos inovadores. Suas soluções não podem ser postergadas ou ignoradas.

Seu programa demonstra vasto conhecimento dos principais problemas da cidade, pensando suas múltiplas dimensões de modo amplo e estratégico. Orientado por novas diretrizes, enfatiza a descentralização e formas democráticas de gestão, direcionadas para a redução das desigualdades sociais. Não foge ao desafio de conceber políticas sociais, econômicas e culturais dinâmicas e ousadas.

Ressalte-se também que esse programa foi articulado em discussões públicas, por centenas de ativistas sociais, gestores experientes e representantes das diversas esferas da sociedade.

Trata-se ainda de um programa com pé no chão. Os custos de todas as propostas foram avaliados, e a fonte dos recursos especificada, evitando o aumento de impostos e procurando eliminar tarifas desnecessárias.

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Pautado pelas ideias de liberdade, transparência, utilização crítica das tecnologias, fomento à inovação, o plano de governo de Fernando Haddad busca o fortalecimento das instituições públicas, o aprimoramento do convívio social, a ampliação de direitos e a garantia de seu exercício como um bem disponível e partilhável por todos.

Fernando Haddad possui todas as credenciais para executar este programa. Demonstrou isso ao longo de sua trajetória intelectual, profissional e política. Soube aliar motivação e planejamento, consistência e integridade exemplar, empreendedorismo e engajamento no combate à desigualdade social.

Político que sabe ouvir a voz dos sem voz, possui mãos limpas e vocação de educador e de homem público. Trata-se de uma nova liderança, dotada de capacidade, inteligência e sensibilidade necessárias à realização das mudanças que a cidade tanto clama.

No comando do Ministério da Educação fortaleceu, como nunca antes, o ensino no Brasil. Suas habilidades como administrador público granjearam-lhe o apoio da maioria dos educadores. Gerindo com competência e honradez um orçamento anual de mais de 60 bilhões de reais, valorizou e expandiu o ensino público, ampliou a rede de escolas técnicas, interiorizou Universidades e desmantelou a indústria do vestibular. Acima de tudo, abriu novas perspectivas de inclusão educacional, reduzindo a desigualdade de oportunidades historicamente vivenciada pelos afrodescendentes e pela parcela mais pobre da população.

Haddad é o melhor candidato a prefeito que essa cidade pode desejar no momento em que ela mais precisa.

Queremos uma cidade mais acolhedora e generosa, devolvendo São Paulo a todos que nela vivem e desejam vivê-la. Urge reverter a degradação progressiva do espaço e sociabilidade pública, construindo ações concretas que permitam ao cidadão e ao indivíduo que somos desenvolvermos livremente nossas potencialidades.

O poder público em São Paulo, nos últimos anos, realizou muito menos do que poderia. Esta eleição pode mobilizar seus habitantes e suas capacidades para transformar a cidade, privilegiando a justiça social, a democracia, o desenvolvimento e o respeito à natureza. Constitui uma oportunidade única para São Paulo virar a página e respirar o vento do futuro.

Com entusiasmo e convicção, convidamos todos à reflexão e conclamamos o voto em Fernando Haddad.

Assinam:

1. Antonio Candido, crítico literário

2. Alceu Valença, músico

3. Alfredo Bosi, crítico literário

4. Amélia Cohn, socióloga

5. Ana Bock, psicanalista

6. Ana Maria Nita Freire, educadora

7. Ana Petta, atriz

8. André Klotzel, cineasta   

9. André Singer, cientista político

10. Benjamin Abdalla Jr., crítico literário

11. Celso Antonio Bandeira de Mello, jurista

12. Celso Frederico, professor de comunicação

13. Chico César, músico

14. Christian Dunker, psicólogo

15. Cibele Forjaz, diretora de teatro

16. Cilaine Alves Cunha, crítica literária

17. Claudio Gonçalves Couto, cientista político

18. Débora Duboc, atriz

19. Dermeval Saviani, educador

20. Ecléia Bosi, psicóloga

21. Eliane Caffé, cineasta

22. Emília Viotti da Costa, historiadora

23. Emir Sader, sociólogo

24. Enid Frederico, crítica literária

25. Ermínia Maricato, arquiteta

26. Fernando Moraes, jornalista e escritor

27. Gabriel Cohn, sociólogo

28. Gilberto Bercovici, jurista

29. Gilberto Gil, músico

30. Heloisa Fernandes, socióloga

31. Isa Grinspun, cineasta

32. Isaura Botelho, produtora cultural

33. Ismail Xavier, crítico de cinema

34. Jean-Claude Bernardet, crítico de cinema

35. João Adolfo Hansen, crítico literário

36. João Quartim de Moraes, professor de filosofia

37. João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto

38. Jorge Wilhelm, arquiteto

39. José Castilho, professor de filosofia

40. José Celso Martinez Corrêa, diretor de teatro

41. José Miguel Wisnick, músico

42. José Sérgio F. de Carvalho, educador

43. Lais Bodansky, cineasta

44. Laura de Mello e Souza, historiadora

45. Laurindo Lalo Leal Filho, jornalista

46. Laymert Garcia dos Santos, sociólogo

47. Leda Paulani, economista

48. Lígia Cortez, atriz

49. Luiz Bagolin, crítico de arte

50. Luiz Carlos Bresser Pereira, economista

51. Luiz Felipe de Alencastro, historiador

52. Luiz Recáman, arquiteto

53. Mamede Mustafa Jarouche, tradutor

54. Marcelo Ferraz, arquiteto

55. Márcia Denser, escritora

56. Márcio Thomas Bastos, advogado

57. Marco Antonio Marques da Silva, jurista

58. Marcus Orione, jurista

59. Margarida Genevois, ativista dos direitos humanos

60. Maria Alice Setúbal, educadora

61. Maria Auxiliadora Dodora Arantes, psicanalista

62. Maria da Conceição Tavares, economista

63. Maria Hermínia Tavares de Almeida, cientista política

64. Maria Isabel Noronha, professora

65. Maria Rita Kehl, psicanalista

66. Maria Victoria Benevides, cientista política

67. Marilena Chaui, filósofa

68. Mario Salerno, engenheiro

69. Mario Sergio Cortella, educador

70. Mauro Zilbovicius, engenheiro

71. Miguel Nicolelis, neurocientista

72. Milton Hatoum, escritor

73. Moacir Gadotti, educador

74. Nabil Bonduki, arquiteto

75. Olgaria Matos, professora de filosofia

76. Otaviano Helene, físico

77. Pablo Capilé, ativista cultural

78. Paulo Silveira, psicanalista

79. Pedro Paulo Martoni Branco, sociólogo

80. Renato Ortiz, sociólogo

81. Renato Rovai, jornalista

82. Ricardo Abramovay, economista

83. Ricardo Carneiro, economista

84. Roberto Gervitz, cineasta

85. Ronaldo Bressane, escritor

86. Rubens Rewald, cineasta                       

87. Sergio Amadeu, ativista cultural

88. Sergio de Carvalho, diretor de teatro

89. Sergio Miceli, sociólogo

90. Sergio Muniz, cineasta

91. Stella Senra, professora de comunicação

92. Suely Rolnik, crítica cultural

93. Suzana Amaral, cineasta

94. Tata Amaral, cineasta

95. Toni Venturi, cineasta

96. Tullo Vigevani, cientista político

97. Vladimir Safatle, professor de filosofia

98. Walnice Nogueira Galvão, crítica literária

99. Wolfgang Leo Maar, professor de filosofia

100. Zé de Abreu, ator

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Comentários

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Maria Berenice C.l.Moreira

Vários deles foram meus professores na USP e eu tenho muito orgulho disso.O tempo passou, mas eles continuam na linha de frente, buscando um Brasil mais justo e melhor para todos.

Fabio Passos

Um barato.

É a inteligência e a sensibilidade derrotando o poder econômico, a arrogância e a truculência.

O candidato do PiG merece muito esta derrota.

    Mário SF Alves

    É por aí, Fábio.

Rosana Helena Miranda

A cidade de São Paulo não quer mais a segregação, quer a cidade confiante e solidária com dignidade a todos os seus moradores, democrática e com civilidade e todos os campos. A juventude clama por ser bem tratada.

Elias

“Ainda estou sem entender por que Lula optou por Haddad quando Marta detinha mais de 25% das intenções de voto e Haddad apenas 3% (?). Espero morder a língua por me espantar com essa decisão de Lula.”

Postei aqui no Azenha em março de 2012. Mordi a língua e não doeu nada. Lula não só estava certo, como também nos deu a chance de conhecer uma liderança admirável e inconteste.

Grande Haddad! Nosso prefeito.

Rainha do Apagão

Certamente uma lista de respeito, parabéns aos amigos progressistas.

abolicionista

O Serra vai dar o troco e já chamou seus artistas e intelectuais: Regina Duarte, Agnaldo Timóteo e João Grandino Roda$$$.

P.S.: A reunião será televisionada e transmitida em horário nobre.

Guilherme

bela lista, muito professores da USP e a querida coordenadora do curso de filosofia da UNIFESP , Olgária Matos. Abrçs professores, parabéns pela postura crítica quando necessária e política quando na urgencia dos fatos.

Maria Izabel L Silva

Todos as “vacas sagradas” ( no bom sentido) da minha juventude, da época de quando eu fazia faculdade, estão nessa lista. E o Bresser Pereira. Que muito sabiamente caiu fora do esgoto do PSDB. Onde foi parar o Weffort??? Morreu??? Foi internado?? Alguem tem noticia do Weffort???

Mário SF Alves

Pausa para reflexão (ou… mais um capítulo da série “Nas Entranhas do PiG”)

Considere-se a humanamente trágica hipótese de o PSDB (ou o que ainda resta dele) “vencer” em SP; imagine agora o que passaria pela cabeça e/ou seria expresso no círculo mais íntimo do PiG, dos engorda-PiG e dos seus asseclas locais; Imagine a consciência dos tais membros de tão seleto grupo dividida entre o que lhes resta de humanidade, que doravante denominaremos de consciência universal e, a outra, que chamaremos de consciência prática. Imagine, ainda, tal grupo se vangloriando da referida “vitória” e o ricochetear dessas duas consciências. Comecemos pela mais perceptível, a prática:
I) Consciência Prática (ativíssima): Império! Império! Vencemos o sapo barbudo. Império! Império! Vencemos o projeto dos petralhas. Império! Império! Vencemos a gerentona/2014. Império! Império! Vencemos o planta-poste. Império! Império! Vencemos o zé-povinho. Império! Império! Venerado, Império, vencemos o povão. Império! Império! Que achado esse Barbosão. E viva a Casa-Grande! E fo..a-.e a senzala! Tim-tim, plim-pim, tim-tim, snif, plim-plim, snif, snif e snif, snif. Ô, garçom, seu vesgo, mais ova de estrujão! Mais ova de estrujão, aqui, pô!
Fim do primeiro ato/fecha o pano.
II) Consciência Universal (reprimida): E o Brasil? E o Brasil, pô? E o povo, meu? E o projeto do PT? Quem diria, era real e supreendentemente bom! Tava livrando o Brasil da crise; seria a superação do subdesenvolvimento! Ia ser o partido do povo. Ai! Que m*#%@! Vergonha. Ah! Sabe duma coisa? Pro ca#&*%o!!! Tou nem aí; bando de otários; caipiras; vagabundos! Além do que, o Tio Sam não ia deixar mesmo. Cabou! Sou sócio, tou riquíssimo e é isso que importa. Saravá!
Fim/fecha o pano.
E a festa continua:
Tim-tim, plim-plim, tim-tim, snif, plim-plim. Aê, aaarçooom, eeu eeesgo!!!, aais ooova essstrujão! aaais ooova essssstruuuããão, aaaaui, ô!
Dotô! Telefone: Oh! Yes! Yes! Yes! Yeeeeeeeeesss! Thanks forever.
PS: Qualquer realidade com a coincidência, terá sido mera semelhança.

    sandro

    Tudo lindo.
    Mas ainda não acabou.
    Espero que esses intelectuais não apareçam apenas em períodos de eleição.
    Quero que eles “Gritem” sempre que haja uma tentativa de golpe em qualquer período.Gritem mais senhores,tem brasileiro qurendo ouvir.

Rose PE

Que lista impecável. Valeu!!! É uma cidade sedenta por mudança. Haddad 13.

Taiguara

E, ao contrário do que ocorre em Minas, lá não tem o “BOLSA ARTISTA”. Aqui, camuflados sob o falso argumento de incentivo á cultura, o governo do Aócio( o outro é apenas um despachante de luxo, uma espécie de eunuco político) destina polpudas verbas para azeitar o “apoio” de verdadeiros oportunistas e fisiologistas. Aqui, intituiu-se a profissionalização dos apoios. É mais uma tetralização do famigerado choque de gestão. Mas, a batata daquele bêbado carioca está assando.

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