Mangabeira Unger: Pós-crise, Brasil precisa de nova coalizão entre progressistas e emergentes para derrotar Bolsonaro

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

O professor Mangabeira Unger, ex-ministro chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República nos governos Lula e Dilma, chama de “30 anos sem glória” o período que vai de 1990 a 2020 na História do Brasil.

“O produto do Brasil, medido por habitante, cresceu menos de 1% ao ano, bem abaixo da média de países semelhantes”, justifica em artigo que publicou na Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, “Uma estratégia rebelde de desenvolvimento”.

Para ele, “fazer o dever de casa” para atrair investimento estrangeiro e copiar instituições e políticas dos países ricos — o fio que conduz de Collor a Bolsonaro, com nuances — deu com os burros n’água.

“Nenhum país enriquece por meio de agrados aos mercados financeiros, com o dinheiro dos outros e sem inovação institucional destinada a dar chance a muitos”, conclui.

O compromisso social-democrata ou social-liberal de atacar os problemas estruturais da sociedade foi renegado, diz ele.

Com graves consequências políticas: “A maioria trabalhadora apelou, em muitos paises, para um cesarismo autoritário que prometia soluções fáceis ou que desviava a discussão para as guerras culturais ou a hostilidade a migrantes. Só que os pequenos césares também não sabem o que fazer, a não ser ostentar poder para tripudiar sobre bodes expiatórios. O Brasil figurou nesse drama mundial”.

Apesar da profunda crise brasileira, que antecede a pandemia de coronavírus, ele vê uma oportunidade, pois “a crise pode ser, além de trágica, fecunda”.

Para reeguer o Brasil, Mangabeira propõe um projeto político que enfatize cinco eixos:

  • qualificar não só as empresas, mas os profissionais liberais, os autoempregados e os precarizados, através de instrumentos que já existem no Brasil — Sebrae, Senai, Senac, Finepe, Embrapa e Embrapii, além dos bancos públicos de desenvolvimento;
  • resgatar da informalidade e da precarização a força de trabalho;
  • educação “analítica e capacitadora”, a partir da difusão de experimentos que já existem no Brasil, atraindo para o magistério “organizado em carreira prestigiada, muitos de nossos melhores talentos”;
  • novo modelo de política regional “destinada a motivar e sustentar a construção de novas vantagens comparativas de cada região a partir de suas vantagens comparativas herdadas”;
  • construir um Estado capaz de conduzir o processo, com organização das carreiras, definição de padrões de desempenho e mecanismos de cobrança dentro e fora dele e de regras que permitam ao governo federal “trabalhar experimentalmente” com estados, municípios e organizações da sociedade civil.

No artigo da Folha, o professor diz que, se houve algo de bom na eleição de 2018, “foi a destruição do condomínio que PSDB e PT mantinham na política brasileira”, por representarem o que ele define como duas faces da mesma moeda — o “rentismo” e o “pobrismo” — e “abandonarem inovações institucionais necessárias para democratizar oportunidades e capacitações e pôr os brasileiros de pé”.

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Para ler a íntegra do artigo, aqui.

Na entrevista concedida ao Viomundo, desde os Estados Unidos, onde é professor em Harvard, Mangabeira Unger aprofunda sua visão.

Deixa claro que tem candidato em 2022: é Ciro Gomes, a quem vê como portador de “uma combinação singular de clareza, fibra, experiência e compromisso”.

Ele vê Ciro qualificado para conduzir um Estado que “entra para mitigar o aniquilamento da capacidade produtiva e dos empregos” — problemas que já existiam e a pandemia agravou.

Seria tarefa essencial do Estado brasileiro organizar a produção para agregar valor em algumas cadeias produtivas importantes, dentre as quais ele destaca o agronegócio, a mineração, a indústria de petróleo e gás e o conplexo da Saúde — a experiência que vivemos agora demonstra que o Brasil é incapaz de produzir produtos básicos para abastecer seu próprio mercado, como máscaras, luvas e respiradores.

Mangabeira Unger não está preocupado com a possibilidade de que Ciro Gomes se eleja sem maioria parlamentar em 2022, pois argumenta que no presidencialismo brasileiro o eleito tem ao menos 6 meses de “carta branca” no Congresso para assentar as bases de sua agenda.

“Isso tudo [as propostas que ele apresenta], tem alguma coisa de mirabolante, é utopia revolucionária? É mero consenso. É um consenso organizado com os instrumentos que nós já temos à mão e que seriam o conteúdo programático daquela coalizão majoritária entre os progressistas e os emergentes de que o Brasil precisa”, afirma na entrevista.

Por provocação, lembramos ao professor que muitos dos emergentes de hoje se alinham ao presidente Jair Bolsonaro. Como conquistá-los? Ele responde no vídeo do topo.

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Comentários

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Zé Maria

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https://pbs.twimg.com/media/EWyqUyFWsAAZh5L?format=jpg

“Ou os governadores fazem lockdown AGORA
ou estamos nos conformando com uma quarentena
que serviu apenas para que os mais ricos evitassem
o colapso no sistema privado de saúde
Enquanto isso o SUS colapsa e os mais pobres morrem
aos milhares até chegarmos ao pico via imunidade”
Economista Laura Carvalho
https://twitter.com/LauraabCarvalho/status/1255603258724319245
https://twitter.com/aldurin/status/1255565835118219267
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“Colocar a economia acima da Vida
é reconhecer o fracasso da Humanidade”.

Economistas não podem ignorar a dimensão moral
dessa crise ao insistir na defesa de dogmas

Economista Monica de Bolle
https://twitter.com/bollemdb/status/1256179409456898048
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https://pbs.twimg.com/media/EW7QUGxXgAAchcw?format=jpg

“Emitindo moeda, o Estado cria poder de compra que antes não existia”

Por Economistas Luiz Gonzaga Belluzzo Gabriel Galípolo PauloGala
BolleMdb JuliamBraga FabiobTerra AndreRoncaglia IgorRocha86
https://twitter.com/JolAnarchiste/status/1256170404139409410
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https://pbs.twimg.com/media/EXBCaCsWoAIJY4D?format=jpg
“Sobre a importância de ter reservas internacionais
(uma das heranças benditas de Lula&Dilma)
olhem o que salva of Brasil no ranking da Economist.”
Economista Nelson Barbosa
https://twitter.com/NelsonhBarbosa/status/1256577322989367296
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Zé Maria

O Social-Liberalismo dos EUA
produziu 50 Milhões de Pobres.
Na Prática, a Teoria é a Mesma.

Edison de Queiroz Albuquerque

MUITO BOM!!!!!

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