Foto: Lula Marques/Agência PT
Não temos tempo de temer a morte
Abriu-se uma janela, não é hora para tergiversar, duvidar, problematizar: mais do que nunca é preciso estar atento e forte – e nas ruas
Julian Rodrigues, especial para o Viomundo
É natural que toda militância progressista e do campo popular estejamos impactados, confusos, tentando entender os acontecimentos dos últimos dias — que ocorrem em velocidade estonteante.
O “pessimismo de razão” nos leva a desconfiar dos movimentos abruptos, das mudanças de posição da Globo golpista.
Nosso senso crítico nos coloca a especular o que realmente está acontecendo.
Afinal, é da melhor tradição socialista a análise concreta das situações concretas.
Ou seja, a busca por entender os movimentos das classes (e frações de classe) dominantes, as nuances entre os seus setores, a representação parlamentar, a mídia, a burocracia judiciária, o setor financeiro, as classes médias conservadoras.
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Começam a surgir também algumas diferenças táticas entre palavras de ordem, bandeiras.
Eleições presidenciais ou eleições gerais? Constituinte já? Deixar o Temer sangrar não seria melhor?
Fraternalmente: não podemos perder tempo com nada disso.
O momento não é nem para dispender esforços analíticos em tentar desvendar essa bagunça toda, nem para nos dispersarmos com debates infindáveis sobre tática e estratégia.
Tão cedo não saberemos os bastidores, os detalhes dessa disputa que acontece no andar de cima — todas as manobras, chantagens, esquemas, movimentações.
O tabuleiro é complexo demais e nos faltam informações.
Mas de uma coisa todos nós podemos ter certeza.
Abriu-se uma janela. As classes dominantes estão divididas.
O bloco golpista não está mais, nesse exato momento, unificado e dançando a mesma música.
Portanto, embora o campo popular ainda esteja na defensiva, essa é a melhor situação para nosso time, desde outubro de 2014, quando Dilma venceu a eleição presidencial com um discurso de mudanças.
Só cabe à esquerda, ao campo democrático, aos progressistas ocupar as ruas.
Enquanto Temer se digladia com a Globo, contando com o apoio de parte do PIG paulista, enquanto o lado de cima não se acerta nós devemos correr para amalgamar o sentimento dos de baixo e colocar as massas em movimento.
Não temos tempo a perder. 90% querem votar para presidente.
As pessoas querem emprego, querem crescimento econômico, são contra a retirada dos direitos trabalhistas e querem se aposentar.
Por isso, o programa é minimalista, as palavras de ordem estão colocadas e são consensuais entre a Frente Brasil Popular, a Frente Povo Sem Medo, o PT, o PCdoB, as Centrais sindicais.
As bandeiras são: #DiretasJá #ForaTemer # RetiradaDasReformas
A confusão no andar de cima nos dá fôlego para ganhar as massas para uma saída democrática para esse enorme crise.
O desenrolar da luta é que vai precisar as bandeiras, a tática e consolidar-massificar o programa.
Um novo governo — eleito diretamente — deve revogar as reformas, mudar a política econômica, gerar emprego, recuperar as políticas sociais e abrir um debate sobre a reforma do sistema político e sobre uma Constituinte.
Por isso, no domingo, 21, precisamos apostar em grandes manifestações em todas capitais.
E no dia 24 #OcupaBrasília.
Cercar o Congresso Nacional para paralisar as reformas e exigir eleições diretas.
Sem tevigersações, pessimismos, ou angústia.
Às ruas, cidadãos. Atentos, e fortes, porque não temos tempo de temer a morte.
Julian Rodrigues é jornalista, militante do PT-SP e da coordenação nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos
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