Lula coloca Exército para combater inimigo interno

Tempo de leitura: 3 min

Exército deve ficar até julho de 2011 em favelas do Rio

O Estado de S. Paulo – 30/11/2010, no clipping do Ministério do Planejamento

Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro serão ocupados até a instalação de UPPs; missão preocupa militares

Mesmo contrariado, a Exército vai permanecer no complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro até julho do ano que vem, informam os repórteres Tânia Monteiro e Alfredo Junqueira. O prazo é o estimado pelo governo do Estado do Rio para a instalação de Unidades de Policia Pacificadora (UPPs) nesses locais. As tropas federais substituirão as Polícias Civil e Militar nas duas comunidades ocupadas. A avaliação da cúpula da Força e que há um consenso político, irradiado a partir do Planalto, que prega a permanência das tropas nos morros e toma a ampliação da missão irreversível Os militares, porém, estão preocupados com a mudança da missão, que deixará de ser apenas de vigilância de perímetro, isto é, de controle das entradas e saídas do morro, para se tornar uma tarefa quase policial, desempenhada no interior do Complexo do A1emão e na Vila Cruzeiro. O Ministério da Defesa editará uma nova diretriz para resguardar de complicações legais o eventual uso da força pelas tropas, em caso de necessidade.

Mesmo contrariado, o Exército vai permanecer no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro até julho de 2011. As tropas federais substituirão as Polícias Civil e Militar nas duas comunidades ocupadas. A avaliação da cúpula da Força é que há um consenso político, irradiado a partir do Planalto, que prega a permanência das tropas e torna a ampliação da missão irreversível. Acrescente-se ainda o clamor da população, que apoiou maciçamente a operação contra o tráfico.

A pressão política já era notada pela manhã, quando o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), anunciou a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, na zona norte, para 2011. Todo o processo deve levar de seis a sete meses. Esse é o tempo estimado para a realização de concursos públicos e treinamento dos policiais militares que vão atuar nas comunidades.

A Secretaria de Estado de Segurança está elaborando nova requisição ao Ministério da Defesa, com o estabelecimento das previsões legais para a operação. “Como nós temos a previsão de formar 7 mil homens em 2011, temos um cronograma. E a presença das forças do Ministério da Defesa no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro nos dará a garantia dessa nossa cronologia”, explicou Cabral. “É, na verdade, uma antecipação enorme de datas e de conquistas, mas, ao mesmo tempo, uma tranquilidade para que possamos continuar fazendo, sem comprometer nosso calendário de UPPs.”

De acordo com o governador, o ministro Nelson Jobim já teria aceitado a permanência das tropas, faltando apenas detalhes técnicos. O Estado apurou que a Defesa editará uma nova Diretriz Ministerial para resguardar as tropas de complicações legais, em casos de eventual e necessário uso da força.

Na quinta-feira, o ministro editou a Diretriz Ministerial n.º 14, que determinou apenas o reforço do apoio da União ao Estado, com a disponibilidade de blindados das Forças Armadas. Por nota, o Ministério da Defesa confirmou que vai avaliar “com celeridade” os eventuais novos pedidos de ajuste no apoio militar.

Bastidores — Os militares, porém, estão preocupados com a mudança da missão no Rio de Janeiro, que deixará de ser apenas de vigilância de perímetro, isto é, de controle das entradas e saídas do morro, para se tornar uma tarefa quase policial, desempenhada no interior do Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro. A legislação sobre operações de “Garantia da Lei e da Ordem (GLO)” abriga a nova missão do Exército. No entanto, uma mudança técnica será necessária para deixar claras as novas atribuições da Tropa.

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O receio do comando das Forças Armadas, no entanto, é de que a duração da missão, somada ao novo perfil de operação nos morros, coloque os militares em contato íntimo com o narcotráfico, o que pode contaminar setores do Exército. Nesse período de quase oito meses, o efetivo de 800 homens do Exército deverá ser mantido.

Já se sabe que o modelo de atuação não será nos moldes de UPP. As tropas terão um comando militar e poderão reagir em caso de risco à segurança.

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Comentários

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Wellington_Vibe

Não sou partidário da aclamada "guerra às drogas" e "combate ao tráfico" vendida e discutida. Prefiro acreditar na retomada e reconquista da soberania naquele território. Mas ainda me pergunto, por quê e para quê? Em 2007 aconteceu algo parecido. Porém, acabou o Pan e tudo voltou a ser como era antes. Não compartilho também do ufanismo do hasteamento das bandeiras celebrando uma vitória até agora não compreendida na essência. Ok, estamos vendo todos os canais mostrando moradores concordando e felizes, mas será que é o sentimento geral? Imagine o cidadão tentando voltar para casa após ser revistado, revirado, algemado e liberado, um repórter enfia o microfone na boca dele, a camêra em zoom em seu rosto e pergunta: Vale a pena? ou algo do genêro (que é o que noventa por cento dos repórteres perguntaram nas matérias sobre o assunto nos mais diversos canais). Quer que ele fale: não, estou incomodado, me senti invadido, desrespeitado e humilhado e assim ser acusado de simpatizante do tráfico, colaborador, ou até bandido ou espera o que a maioria teve que fazer nessa situação de inquisição: sorrir amarelo e responder: Tudo bem, vale a pena?
Não é essa invasão que devolveu ou vai devolver a cidadania, a posse, o direito de ir e vir, a liberdade desses moradores e sim a partir de agora uma política social que garanta a cidadania negada a décadas aos moradores dessa região. Assim como isso não pode e não é simplesmente o resultado de uma guerra ao tráfico. Enquanto tiver demanda, vai ter oferta e se liberar, ao invés de tráfico vamos ter que combater o contrabando (ou alguém já parou para pensar que o cigarro é liberado, tem taxação significativa e é um dos maiores produtos do contrabando no Brasil?). São duas frentes de atuação diferentes e que não podem ser mescladas e transformadas em guerra no intuito de consolidar a opinião pública.
A retomada, ou como quiserem chamar, ainda não foi um sucesso. Vai sê-lo se daqui uns anos mostrar o resultado final para quem vai continuar morando lá e precisando da tutela do Estado e não da sua intervenção.

francisco.latorre

sem nóia. é só a transição.

mas a direitona tenta.

esse lula.. fezdemais.. não fez.. devia não devia.. seilápô..

he. não cola.

mas a comédia tosca golpista. continua.

tiro no pé o retorno.

estadão-opusdei. ned-veja. frias-escrotinho. globo-usa.

não desistem. insistem.

..

ademar teixeira

É como o "Exercito do povo" na China, serve mesmo é pra meter bala no povão.

Marcelo de Matos

O título do post, ou se preferirem, a manchete do Estadão, parece-me equivocado: "Lula coloca Exército para combater inimigo interno". Lula não coloca nada, ou, se coloca, sua "colocação" é meramente formal. O Exército tem a função constitucional de garantir a lei e a ordem. O Presidente Lula, como comandante supremo do Exército, apenas cumpre sua função constitucional de convocá-lo a garantir a ordem interna. Alguns repórteres, como Alexandre Garcia, andam sempre com a Constituição no bolso do paletó. Assim não cometem certos erros de avaliação jurídica. Reza a Constituição: Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

    Juin

    É dotorzinho, mas eles não podem agir sem o aval do Presidente da República, caso contrário, não seria um regime presidencialista, pois no próprio artigo citado por você as forças armadas estão "sob a autoridade suprema do Presidente da República". Em 2006 o governo federal quis intervir na onda de ataques em SP, mas respeitando o preceito constitucional de cada estado a quem é atribuida a segurança pública, respeitando a determinação do então governador e pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin. O resto nós sabemos: 87 mortos contra 37 no Rio, 43 policiais contra 0 no Rio.
    Falando em Alexandre Maluf Garcia, já que ele anda com a Constituição no bolso do paletó por que ele não lê os artigos 220, 221 e 224, que falam da regulação da mídia, será que ele acha que a Constituição censura a imprensa?

Marcelo Fraga

O Exército não tem treinamento para esse tipo de terreno e condição. Triunfaram por causa dos blindados, mas não vão usar blindado sempre que tiverem que subir a favela.

Valdir

Prezado Azenha: O primeiro passo está sendo dado para atender a um desejo americano dos anos 70/80/90, ou seja, transformar o exercito brasileiro em polícia contra traficantes.Esse era um dos desejos do tio SAM.Governos incompetentes não têm planos para protejer a população das mãos de marginais e usando o EB para uma emergência querem agora tornar esta presença permanente.Logo, logo, outros virão com este mesmo pedido e o EB vai perdendo o seu foco principal que é a defesa e a soberania do pais.Como cidadão desde pais, SOU CONTRA O USO DAS FORÇAS ARMADAS PARA ESTE FIM. Isto é problema dos governos de cada estado. É prá isso que eles foram eleitos.éE pra isso que eles ganham.

augustinho

Lula que eu saiba é o comandante supremo das Forças armadas.
Nunca as usou sem proposito e razao definida.
Lula poderia se quisesse ter decretado estado de Emergencia na cidade ou na região do RJ. Nao fez isso.
que negocio é esse agora de " inimigo interno".
Os tempos sao outros, amigo.
E o trafico, mesmo sendo o distribuidor menor, é inimigo, como provou pelo desafio ao RJ. e por acaso é TAMBEM INTERNO.
E daí ?

Marcos W.

Enquanto isso,no Congresso,mais uma UPP é instalada,e sem licitação!

Latini

É!? (risos)

rafael

Por que não contratam a Blackwaters? Milícia por milícia, exército por exército, esses mercenários bem que poderiam ter alguma finalidade que não burlar as leis e a crítica americana.

A. Elcio

Isso vai dar m…
Essa história a gente já viu. E não teve final feliz.

Fernando

É bom aproveitar o momento pra discutir o papel do Brasil no Haiti.

Foi o único erro de nossa política externa, mas foi um erro gravíssimo.

Mandamos nossas tropas dar o golpe pró-EUA e pró-França contra um presidente popular.

    augustinho

    Nao fomos dar o golpe.
    Fomos mostrar que fazemos melhor que os dois citados.
    E nem tanto popular e nunca deu conta sequer de conservar a ordem minima num pais gansterizado.

Polengo

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come…

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