Luís Felipe Miguel: E o Irã, também tem ”direito de defesa”?

Tempo de leitura: 2 min

Por Luis Felipe Miguel, em perfil de rede social

No sábado, o Irã atingiu Israel com drones e mísseis.

É uma resposta ao atentado do dia 1º de abril, quando Israel matou sete militares, inclusive um general, em ataque a um consulado iraniano na Síria.

Como todos sabem, Israel está há mais de seis meses numa campanha de extermínio contra a população de Gaza. Matou mais de 30 mil civis, incluindo quase 15 mil crianças.

Alega estar retaliando uma incursão do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil israelenses mortos (muitos deles, hoje está comprovado, mortos pela reação desastrada do exército sionista) e levou cerca de 200 pessoas como reféns.

A despeito da desproporcionalidade da resposta, o governo de Israel diz (e a mídia repete): estão exercendo o direito de defesa.

Não é preciso ter nenhuma simpatia pelo regime teocrático iraniano para reconhecer a gravidade da agressão israelense.

A pergunta que fica é: então o Irã tem igual direito de defesa?

Em resposta ao atentado terrorista contra suas instalações diplomáticas em Damasco, ele pode chacinar a população de Israel?

Mais uma vez, fica escancarada a hipocrisia do Ocidente, que dá carta branca para todas as atrocidades cometidas pelo sionismo e demonstra a cada dia sua absoluta indiferença à sorte dos palestinos.

Apoie o VIOMUNDO

Nada de “direito de defesa”. Biden alardeou novamente sua “aliança inabalável com o sionismo e a Europa foi na mesma toada.

Na imprensa brasileira, destaque para a “indignação” da diplomacia israelense, pelo fato de que o nosso governo, embora expressando preocupação com a escalada do conflito, não condenou unilateralmente a ação iraniana.

O Irã, prudentemente, disse que o ataque de sábado – dirigido, cabe registrar, exclusivamente contra alvos militares – esgotava sua resposta à agressão israelense e que se absteria de novas iniciativas.

Com isso, não cai na armadilha de Netanyahu, que precisa desesperadamente de um jeito de transformar Israel em “vítima”, para tentar ganhar terreno na opinião pública mundial.

Esse é um campo de batalha essencial. O caso do regime racista da África do Sul, no final do século passado, serve de exemplo.

Em relativamente curto espaço de tempo, as potências ocidentais passaram do apoio entusiástico para a crítica e da crítica para as sanções, até que o apartheid ruiu.

O motivo? O desgaste crescente gerado pelo apoio a um regime que despertava repulsa cada vez maior na opinião dos cidadãos.

Israel tenta se apoiar na memória do Holocausto judeu, mas esse estratagema está desgastado, seja porque o sofrimento vivido anteriormente não justifica infligir hoje sofrimento a outros, seja porque uma parcela significativa da comunidade judaica está se insurgindo contra esta usurpação.

Diante disto, o outro caminho em que Israel aposta é o fortalecimento de seus laços com a extrema-direita mundial, com a qual possui muitas afinidades e com a qual conta para fazer pouco caso dos horrores contra o povo palestino.

A solidariedade à Palestina e a paz no Oriente Médio são dois motivos a mais para combater e derrotar a extrema-direita.

Leia também

Alemanha me censurou por apoiar a Palestina, afirma a filósofa Nancy Fraser à Jacobina

Jair de Souza: O que leva o Irã ser contra o Estado de Israel?; vídeo

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

A agência de notícias iraniana Fars noticiou que explosões
foram ouvidas perto de uma base militar no Irã — e que
sistemas de defesa aérea foram acionados.

Um canal de notícias estatal citou um general em Isfahan
dizendo que as explosões ouvidas na região foram “devido
a disparos de defesa aérea contra objetos suspeitos”
— e que não houve danos.

Hossein Dalirian, porta-voz do Centro Nacional de Espaço
Cibernético do Irã, disse que “não houve ataque aéreo
de fora das fronteiras”.

Segundo ele, Israel “havia feito apenas uma tentativa fracassada
e humilhante de pilotar quadricópteros [drones], e os quadricópteros
também foram abatidos”.

Nelson

As chamadas democracias (sic) ocidentais atingiram um grau inimaginável em podridão. Contudo, parece que isto não basta e estão dispostas a cavar mais fundo o poço onde se meteram. Ou seja, os níveis já absurdos de podridão a que desceram não lhes bastam.

E, por óbvio, a chamada livre (sic outra vez) imprensa segue o mesmo roteiro. Os órgãos da mídia hegemônica se especializaram em conformar versões dos fatos que sejam do agrado do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos. Isto quando não se põem a, simplesmente, divulgar mentiras.

Já faz um bom tempo que o sociólogo argentino, Atílio Borón, nos alertou do apodrecimento crescente do ocidente.

Deixe seu comentário

Leia também