Kotscho a Ciro: Ainda dá tempo de você ajudar a evitar o pior; é hora do coração falar mais alto
Tempo de leitura: 3 minCaro Ciro Gomes: ainda dá tempo de você ajudar a evitar o pior.
por Ricardo Kotscho, eu seu Balaio
Caro Ciro,
sei que o amigo só vai chegar de viagem depois das oito da noite em Fortaleza, mas ainda dará tempo de ajudar a virar este jogo e evitar que o pior aconteça para o nosso Brasil.
A virada da civilização contra a barbárie já começou.
Falta só o fato novo e decisivo para impedir a vitória do “Mito” que nos ameaça a todos.
E esse fato novo, que pode decidir a parada para um lado ou outro é você, caro Ciro Gomes, meu companheiro no governo Lula e nas lutas todas em defesa da democracia.
Minha família toda votou em você no primeiro turno. Não deu, mas agora não tem outra escolha: é democracia ou ditadura, está nas nossas mãos.
Muita coisa mudou nos últimos dias por aqui, o povo está caindo na real e descobrindo que o capitão alucinado não é candidato a presidente da República, mas a ditador.
As últimas pesquisas Datafolha e Ibope já estão mostrando que temos jogo pela frente para fechar a boca do jacaré e chegar pau a pau na boca da urna.
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Ao contrário do que os analistas apontavam, a eleição não está decidida e, agora, só depende de nós decidir para onde queremos levar nosso país.
Como você é bom de briga, boto muita fé que a tua posição neste momento pode influenciar os 14% de eleitores que ainda não sabem em quem votar ou não pretendem votar em ninguém, segundo o Datafolha.
Você já deve ter visto o vídeo dos artistas que votaram no Ciro no primeiro turno e estão fazendo um apelo para você tomar uma posição firme a favor do Fernando Haddad.
Tem uma frase da jovem atriz Samara Felippo, que resume bem o que todos pensam: “A gente está ou não está junto pela democracia?”
Sei qual é a tua resposta, como você mesmo falou, logo após o anúncio do resultado no dia 7, ao sair de casa para falar com os repórteres, naquela noite mal assombrada que quase nos levou para o inferno de vez.
Enquanto escrevo, me lembrei de outra carta de muitos anos atrás, publicada pelo “Jornal da República” do Mino Carta, no dia em que outro cearense guerreiro voltava do exílio ao Brasil.
Era Miguel Arraes, que voou num aviãozinho direto do Rio para o Crato, onde sua mãe e toda a família o esperavam. Você pode imaginar a emocionante festa que fizeram.
Isso faz agora exatos 40 anos. Claro que a situação e as circunstâncias são completamente diferentes. São outros os tempos.
No vôo para o Crato, Arraes leu a minha carta no jornal em que contava como estavam vivendo seus parentes e amigos.
Logo ao chegar, ele quis saber quem tinha escrito aquela carta. Por sorte, eu estava no quarto da mãe dele e acabei fazendo uma entrevista exclusiva com um dos maiores líderes políticos que o nordeste já conheceu.
Arraes seria eleito e reeleito governador de Pernambuco, teve importante papel na campanha das Diretas Já e na primeira campanha de Lula, em 1989.
Por falar em Pernambuco, você precisava ver que maravilha foi o comício do Haddad ontem à noite no Recife, o centro velho todo tomado por uma multidão em festa, que me lembrou outras campanhas presidenciais.
Gostaria muito que você lesse esta carta antes de chegar de volta à tua terra, agora que estamos todos interligados nas nuvens da internet, e algum amigo comum poderia nos fazer esta gentileza.
Quem sabe o velho Egídio Serpa, teu assessor e de Tasso, que estava naquele almoço com o Lula, na cantina do Mario, perto do escritório dele, no Ipiranga, no final de 1993, na busca de um entendimento entre PT e PSDB, que acabou não sendo possível .
Agora é hora do coração falar mais alto, deixando as querelas da política de lado, para depois de evitarmos juntos a catástrofe que ainda nos ameaça, mas já sem tanta força.
O importante agora é que a nossa democracia sobreviva. Estamos juntos!
Boa viagem.
Forte abraço.
Vida que segue.
Comentários
Francisco Chagas de Oliveira
Parabéns.
Enquanto houver vida, há esperança, a boiada está indo ao corredor do abate sem volta.
Mas ainda há uma travessa que poderá ser rompida, esta travessa é a última porteira do corredor da boiada ao abate.
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