Jeferson Miola, sobre medida usurpadora do Cade contra institutos de pesquisa: Do poder de polícia ao Estado policial

Tempo de leitura: 2 min
O ministro da Justiça, Anderson Torres, e o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro de Macedo, agiram tipicamente como agem governos totalitários e agentes fascistas em Estados policiais. Fotos: Reprodução

CADE: do poder de polícia ao Estado policial

Por Jeferson Miola, em seu blog

O CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, é uma instituição de Estado dotada de poder de polícia administrativa para a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica e ao abuso do poder econômico [Lei 12.529/2011].

O inquérito administrativo proposto pelo presidente do CADE Alexandre Cordeiro Macedo [13/10] “para apuração de possível colusão entre institutos de pesquisa com o intuito de manipular o mercado e os consumidores” exorbita totalmente desse poder de polícia específico da instituição.

Antes disso, em 4 de outubro, o ministro bolsonarista da Justiça Anderson Torres, órgão ao qual o CADE é vinculado, já havia comunicado nas redes sociais que a Polícia Federal abriria inquérito policial para apurar “condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados por alguns institutos” de pesquisas.

No entanto, esta medida abusiva e arbitrária teve vida curta. Foi abortada pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, menos de oito horas depois da ordem de abertura de inquérito pelo presidente do CADE.

No despacho assinado às 22:13h do mesmo dia 13/10, Moraes denunciou que as decisões do MJ e CADE “constituem evidente usurpação da competência do TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL de velar pela higidez do processo eleitoral”.

Moraes explicou que “a fiscalização das entidades de pesquisa, inclusive […] com o exercício de poder de polícia para garantir a legitimidade eleitoral”, é competência da Justiça Eleitoral.

Para Moraes, além da incompetência do MJ e do CADE “e da flagrante usurpação das funções constitucionais da JUSTIÇA ELEITORAL”, “as medidas açodadas” de Anderson Torres e Alexandre Cordeiro “parecem demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo Chefe do Executivo e candidato a reeleição, podendo caracterizar, em tese, desvio de finalidade e abuso de poder por parte de seus subscritores”.

Diante disso, e no “exercício do poder de polícia” do TSE, Moraes mandou “cessar as indevidas determinações realizadas por órgãos incompetentes e com indicativos de abuso de poder político e desvio de finalidade”.

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“POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DE SEUS ÓRGÃOS PROLATORES E AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA” [caixa alta conforme despacho], o presidente do TSE então tornou nulos os procedimentos instaurados no CADE e na Polícia Federal pelos agentes bolsonaristas.

Juristas entendem que embora atípica, a “atuação de ofício” de Moraes sem provocação externa é legal, e se justifica neste contexto de ameaças à democracia em que Bolsonaro e as cúpulas militares estão empenhados em promover arruaças e avacalhar o processo eleitoral.

O bolsonarismo e as cúpulas militares estruturaram uma poderosíssima máquina de corrupção, abuso e banditismo político-eleitoral para combater, com todas as armas ao alcance – a maioria delas sujas, baixas e ilícitas – a chapa Lula/Alckmin.

A eleição deste ano é marcada pelo vale-tudo bolsonarista que só não é frontalmente combatido devido ao amedrontamento das instituições civis e do poder político com a tutela e a intimidação das Forças Armadas à democracia.

O Estado brasileiro está totalmente aparelhado e instrumentalizado pela escória bolsonarista que desenvolve um esforço de guerra para a continuidade do projeto fascista de poder.

O terrorismo, a perseguição e a intimidação de inimigos – sejam eles eleitores do Lula, opositores do regime ou institutos de pesquisas – são dispositivos de Estados policiais e regimes fascistas.

O presidente do CADE e o ministro da justiça agiram tipicamente como agem governos totalitários e agentes fascistas em Estados policiais.

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Zé Maria

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Le Monde Diplomatique
Nº 183 Outubro/2022

RESGATAR A DEMOCRACIA

De um lado [Bolsolão], um projeto autoritário, que espalha fome, e ódio.

Do outro [LULA], a Luta pela Democracia e o Fim da Barbárie
que tomou conta do país nos últimos anos.

Rumo ao bolsonarismo sem Bolsonaro?

“Quem vai decidir a eleição são os mais pobres,
a maioria do povo brasileiro.

E é aí que se concentra a campanha eleitoral
na qual a extrema direita assume a mentira
como arma de guerra e não tem restrições
em falsear a verdade e tentar destruir
a reputação de seus adversários, tratados
como inimigos a serem eliminados.”

Os resultados do primeiro turno das eleições,
para desânimo de muitos do progressismo,
evidenciaram o que agora parece tão óbvio:
o bolsonarismo poderá continuar após Bolsonaro.

E isso é possível justamente porque o bolsonarismo
é a versão atual – neoliberal e necropolítica –
do “eterno fascismo brasileiro”, mácula
constitutiva de nossa sociedade

O Brasil é um país profundamente conservador.

Esse conservadorismo tem tintas reacionárias bastante evidentes,
pois o repúdio às chamadas “pautas progressistas” – como a equidade
de gênero, o combate ao racismo e a preservação ambiental –
é marcado por valores que não apenas pretendem conservar …

https://twitter.com/diplobrasil/status/1579572050599215104

.

Zé Maria

AGREGADOR DE PESQUISAS
Presidenciais
Segundo Turno
14/10/2022

Média de Dados das Últimas Principais Pesquisas Divulgadas

mostra LULA com 54% dos Votos Válidos e Bolsonaro com 46%.

[Fonte: Estadão]

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