Jeferson Miola: Hoje está claro que o governo militar preferia a derrota da PEC do voto impresso para barbarizar a eleição

Tempo de leitura: 2 min
Foto: Reprodução de redes sociais

Hoje está claro que, no fundo, governo militar preferia a derrota da PEC do voto impresso para barbarizar a eleição

Por Jeferson Miola, em seu blog

Este artigo é um acréscimo ao texto publicado originalmente em 10 de agosto de 2021 em repercussão à derrota do governo militar na votação da PEC 135, que instituía o voto impresso [no original: “Com derrota do voto impresso, Bolsonaro ganha o que de fato queria: a retórica para seu ‘Capitólio de Brasília’”].

O debate, no Brasil, sobre o comprovante impresso do voto para posterior auditoria amostral, como existente em sistemas de votação eletrônica em outros países, ficou comprometido pela postura de confronto e ameaças do Bolsonaro e das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

É um tema tão polêmico quanto pertinente. É necessário retomá-lo no contexto de restauração da democracia no país com vistas ao aperfeiçoamento do sistema eleitoral.

À luz dos acontecimentos recentes, com a interferência direta das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas na cena política e no processo eleitoral, assim como da ofensiva do partido dos generais contra o TSE e STF, fica claro que a prioridade do bolsonarismo à época não era aprovar a PEC 135, mas sim ganhar um discurso para promover caos, tumulto e barbarizar a eleição. Exatamente como estão fazendo hoje, menos de um ano depois.

Não por acaso, o general Braga Netto já anunciava que “se não tiver voto auditável, não terá eleição”.

Se não tiver reação a tempo, será mais uma “profecia” a se autorrealizar.

Adiante, o texto de 10 de agosto de 2021.

Com derrota do voto impresso, Bolsonaro ganha o que de fato queria: a retórica para seu ‘Capitólio de Brasília’”

Apoie o VIOMUNDO

Bolsonaro não pautou a discussão sobre voto impresso por apreço democrático ou por compromisso com a fiel expressão da soberania popular.

Simulando falso fervor democrático, ele e os generais-chefes do governo militar chegaram a ameaçar o “cancelamento” da eleição de 2022 e atacaram o STF e o TSE caso o voto impresso não fosse adotado.

Até montaram o circo ridículo da “tanqueada” de ferros-velhos das Forças Armadas para intimidar o Congresso neste dia [10/8] de votação da emenda constitucional [PEC 135] do voto impresso. O máximo que conseguiram com o espetáculo deplorável das quinquilharias bélicas, contudo, foi a completa desmoralização nacional e internacional. das Forças Armadas brasileiras.

Bolsonaro sempre calculou que dificilmente teria os 308 votos na Câmara para aprovar a PEC. Apesar disso – ou exatamente por isso –, o governo e sua base congressual insistiram na iniciativa e esgarçaram o ambiente político com o objetivo central de deslegitimar a eleição e gerar caos político em 2022 ao estilo do promovido por Trump nos EUA no Capitólio [Congresso estadunidense] em 6 de janeiro passado.

A derrota do governo militar na próxima eleição presidencial é uma hipótese bastante realista. Por isso os militares operam pelo menos dois cenários, em simultâneo: por um lado, buscam se mimetizar no corpo da chamada 3ª via com Moro, Mourão, Santos Cruz e quejandos; e, de outra parte, preparam as condições para espatifar a eleição e instalar o caos no país.

Para Bolsonaro e os generais-chefes do governo militar, a derrota da PEC 135 não significa um revés imprevisível, porque com a derrota do voto impresso, eles ganham o que de fato queriam, que é a retórica para promoverem o “Capitólio de Brasília” em 2022.

Leia também:

Jeferson Miola: STF se tornou presa fácil dos generais

Jeferson Miola: Mais uma escolha suicida do STF

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

.
.
“É preciso anunciar ‘urbi et orbe’, aos próximos e aos distantes,
que a democracia está sob ataque.
Se um golpe teria ou não condições de ser ‘bem-sucedido’
e o que se entende por isso, eis uma matéria controversa.
Eu até acho que acabariam todos na cadeia.
Mas teríamos de arcar com um custo terrível
decorrente do desatino.
É preciso que tentemos evitar o desastre.

‘Mas a pinima [sic] é só com Lula?’
É, sim!
Até agora, não se vê no horizonte um outro candidato viável,
e sempre que a extrema direita, com ou sem uniforme,
evoca a questão da ‘segurança das urnas eletrônicas’,
refere-se à possibilidade de o petista vencer a disputa.”
https://twitter.com/reinaldoazevedo/status/1522459552985329664
.
.
Quando o ex-‘Reizinho da Veja’ chega
ao ponto de anunciar isso na Folha,
é porque a Barra de Farda tá Pesada.
.
.

    Zé Maria

    Mais um Excerto do Artigo acima referido:

    “Ninguém mais tem o direito de duvidar
    de que setores das Forças Armadas,
    em concerto com o presidente Jair
    Bolsonaro, estão empenhados em
    impedir a posse de Luiz Inácio Lula
    da Silva caso este vença as eleições
    de outubro.
    Chega de fingir normalidade!
    Chamemos as coisas pelo nome
    enquanto é tempo.
    Querem nos impor uma democracia
    tutelada, em que generais atuem
    como cabos e soldados de um
    capitão arruaceiro. Sem nem um jipe.”

    Zé Maria

    E a Globo e Mídia FasciPaulista, inclusive o Grupo Empresarial
    para o qual o ex-Reizinho trabalha, estão fingindo que nada
    sabem, porque é de interesse dessa Mídia Venal afastar Lula.

    Zé Maria

    Exceção feita a um(a) ou outro(a) empregado(a)
    dos Herdeiros Bilionários do Roberto Marinho.
    Mas, logo em seguida, algum Milico 4 Estrelas
    liga pra Globo e eles sofrerão um cala-a-boca.

    “MILICO NÃO DÁ PALPITE”

    https://twitter.com/i/status/1522624547127795714
    https://twitter.com/i/status/1522578981635112964

Deixe seu comentário

Leia também

Política

Roberto Amaral: Basta de banditismo militar e recuo republicano

Governo Lula tem a chance de escapar do corner

Política

Manuel Domingos Neto: Questões correntes

Comandantes militares golpistas, kids pretos, prisões, Múcio, Lula…

Política

Jeferson Miola: O CNPJ do golpe

Cumplicidade corporativa e institucional