Jeferson Miola: EUA agem nas sombras pelo golpe; Rússia joga às claras pela legalidade
Tempo de leitura: 3 minBrasil: EUA agem nas sombras pelo golpe; Rússia joga às claras pela legalidade
Jeferson Miola
É intrigante a política silenciosa e leniente do Barack Obama em relação à tentativa de golpe de Estado no Brasil. Os Estados Unidos jamais são indiferentes à realidade interna da mais minúscula nação do mundo; menos indiferentes ainda seriam em relação ao Brasil.
Ao contrário desta aparente indiferença, os EUA são mega-interessados no Brasil: uma grande potência agrícola, natural, industrial, energética, mineral; grande potência petroleira, financeira e, além disso, uma potencial potência bélica do planeta que exerce importante influência geopolítica em toda a região.
Por interesse nesses atributos brasileiros, os EUA agem a favor da dinâmica golpista que poderá substituir a trajetória de independência e de soberania nacional iniciada em 2003 no Brasil, por um destino de dependência e re-colonização.
Ainda que seja difícil hoje comprovar – coisa que em breve algum wikileaks fará –, a presença norte-americana na preparação e ambientação golpista se deu [e continua se dando] de formas invisíveis: dinheiro para financiar ONGs e movimentos suspeitos surgidos em especial em 2013, apoio à guerra cibernética, construção de imagem desfavorável do governo no exterior, coordenação midiática internacional de ataques, projeção de estereótipos militantes etc.
É uma presença silenciosa, porém muito corrosiva, muito subterrânea, muito entranhada; uma participação mais imperceptível que aquela que tiveram no golpe de Estado de 1964 e na sustentação da ditadura militar; mas nem por isso menos estratégica.
Eventos dessa natureza – conspirações engendradas em golpes de Estado – são ultra-secretos; por óbvio não ficam expostos sobre a mesa. Da mesma forma que outros eventos impactantes em que os EUA estiveram implicados no passado no Brasil e na América Latina, detalhes e informações acerca dos atuais acontecimentos serão descobertos e revelados no futuro.
Neste contexto, chama a atenção a viagem aos EUA entre os dias 18 e 20 de abril do senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, que não é em missão oficial da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que ele preside no Senado Federal.
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Em reportagem a esse respeito, o jornalista Glenn Greenwald disse que a
“viagem de Nunes [Senador Aloysio] a Washington foi divulgada como ordem do próprio Temer, que está agindo como se já governasse o Brasil. Temer está furioso com o que ele considera uma mudança radical e altamente desfavorável na narrativa internacional, que tem retratado o impeachment como uma tentativa ilegal e anti-democrática da oposição, liderada por ele, para ganhar o poder de forma ilegítima.
O pretenso presidente enviou Nunes para Washington, segundo a Folha, para lançar uma ‘contraofensiva de relações públicas’ e combater o aumento do sentimento anti-impeachment ao redor do mundo, o qual Temer afirma estar ‘desmoraliz[ando] as instituições brasileiras’. Demonstrando preocupação sobre a crescente percepção da tentativa da oposição brasileira de remover Dilma, Nunes disse, em Washington, ‘vamos explicar que o Brasil não é uma república de bananas’. Um representante de Temer afirmou que essa percepção ‘contamina a imagem do Brasil no exterior’ ”.
Enquanto Obama e os cônsules dos interesses norte-americanos no Brasil labutam pelo golpe – seja silenciosamente, seja abertamente – o governo da Rússia, através da sua Chancelaria, expressa de maneira clara sua posição sobre a tentativa de golpe no Brasil:
“Observamos atentamente o agravamento da situação no Brasil, surgido por causa da decisão tomada pela câmara baixa do Congresso Nacional de iniciar o impeachment da presidente do país. A Rússia está ligada com o Brasil por laços de parceria estratégica, por uma experiência bem-sucedida de cooperação em várias plataformas — ONU, G20, BRICS. Esperamos que os problemas que possam surgir neste período complexo para nosso parceiro sejam solucionados no âmbito do Direito Constitucional, sem intervenções externas” [Agência Sputnik Brasil].
O governo russo, quando proclama o direito à soberania do Brasil para resolver seus problemas “no âmbito do Direito Constitucional, sem intervenções externas”, obviamente não está se referindo ao risco de interferência externa no Brasil pela Bolívia, pelo Paraguai, pelo Uruguai, por Mali, por Uganda, Morávia etc.
O golpe de Estado não fere de morte apenas a democracia, mas compromete o destino e o futuro do Brasil. Os golpistas querem sequestrar o Brasil, para voltar a transformá-lo na Casa Grande de uma oligarquia que tem como seus heróis, dentre outros seres abjetos, Eduardo Cunha, Paulo Maluf, Sérgio Moro, Jair Bolsonaro, Rodrigo Janot, Gilmar Mendes, Aécio Neves, FHC, Michel Temer, Tiririca …
Pobres e miseráveis golpistas!
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Comentários
Urbano
O ser individualmente não é rico e nem pobre para sempre ao longo de suas etapas. Da mesma forma as Nações. Sentados na ponta oposta da burrica em que se encontra o Brasil tocando o solo, temos os estados unidos nem tão mais garbosos como outrora. Demora essa mudança? Demora! Mas é exatamente assim. Ademais, nesse frenesi todo em que o Mundo está passando, tendo ocorrido até a elevação Dimensional da Terra, quem sabe se já não esteja tão ‘perto’ tal ocorrência?
Urbano
… Sentados na ponta oposta da burrica, em que se encontra o Brasil tocando o solo, temos os estados unidos nem tão mais garbosos como outrora…
Lukas
Apenas protocolar a mensagem russa, não fede nem cheira.
Faltou combinar com os russos…
Jotage
Boicote a todas as empresas americanas no Brasil:
Não compre GM, Ford, Texaco, Esso, GE, Westinghouse, etc.
Você tem substitutos para todos os produtos delas.
Lukas
Jotage, não brinque com coisas sérias, vai que seu boicote quebre os EUA, o que serão dos trabalhadores americanos.
Cleiton do Prado Pereira
Nem que o Putin mande para cá toda sua frota marítima, que a KGB venha na frente para investigar o golpe e que a China mande também suas frotas, o golpe está consumado, o governo sabe disto e não quer reagir contra, tanto que a Presidenta Dilma está de viagem marca para os EUA. Vai fazer de vítima e aparecer na mídia americana como tal. Lá só o candidato Sanders, se manifestou contra o golpe e os golpes anteriores.
Dan
Triste demais. Não tinha nascido em 64. Era muito menino na abertura política. Mas jamais pensei que vivenciaria um golpe de estado. Eu realmente acreditava na solidez de nossas instituições. Ilusão. Se tivesse que resumir em uma única palavra o que os brasileiros estão vivendo, seria esta: PESADELO!!!
Bonobo de Oliveira, Severino
Dan. Eh realmente um pesadelo que nem quem viveu o GOLPE de 64 acreditaria que um dia assistiríamos no Brasil. O Mino Carta disse por esses dias que esse golpe é pior que o de 64. Acredito que ele tem razão porque esse é um golpe sem povo e sem liderança, baseado numa campanha de mobilização da classe média com o tema velho, requentado de outras campanhas de 1954 (o “mar de lama” contra Getulio Vargas) e 64, a campanha contra a corrução e a “infiltração comunista no Brasil”. O que tem de mais grave nesse momento? Eh que a crise revela a degeneração das instituições instalada especialmente nos órgãos de controle, judiciário, MP e tantos outros que, se funcionassem dentro de suas atribuições, conforme prevê a Constituição Federal, esse cenário degradado jamais seria possível. Ao contrário do que nos querem fazer acreditar, a parceria Judiciário X Mídia Corrupta, a corrupção não está onde eles apontam por meio das inacreditáveis operações espetaculares armadas em dobradinhas espetaculares, de grande pirotecnia. A corrução que gera todas as outras está justamente nos órgãos de controle, contaminados por dezenas de maçonarias instaladas em suas entranhas. Não poderiam existir tantos corruptos se o judiciário investigasse e processasse os crimes apurados e julgasse os indiciados na forma da lei. O que vemos é que, contaminado de agentes corruptos, o judiciário passa a, em vez de julgar processos, estocá-los para serem utilizados, em momentos oportunos, de acordo com as conveniências políticas de ocasião, dos grupos econômicos que o controlam. Por isso o Cunha, que figura em 22 processos judiciais que se arrastam desde os anos 90, está ai, livre e solto, dando as cartas e coagindo todo mundo que ouse desafiá-lo, só para ficar em apenas um exemplo da consequência deletéria dessa manipulação casuística de processos criminais.
http://jornalggn.com.br/blog/as-acoes-que-correm-contra-eduardo-cunha
O judiciário brasileiro tornou-se uma casa de tolerância para criminosos úteis aos interesses do sistema e uma seita de inquisidores contra seus inimigos. É o sustentáculo de todo o movimento golpista.
http://www.tijolaco.com.br/blog/auler-como-o-stf-deixa-cunha-manobrar-para-ser-absolvido/
O judiciário serve ao Mercado e ao Mercado interessa que todos os segmentos e instituições da sociedade estejam controlados por corruptos que, sob pena de terem seus processos julgados, fazem tudo o que o Mercado quer. Existe, portanto, em torno da atuação comprometida do judiciário, todo um sistema que se vale e tira proveito da corrupção desenfreada que, de um lado serve para manter servidores fieis e de outro para eliminar desafetos.
Marco André
Não esquecer a eficiente Mrs Liliana Ayalde, atualmente entre nós, que esteve no Paraguai de Lugo e, em breve, deverá assumir a representação em Caracas.
Quanta coincidência, não é mesmo?
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