“Enquanto os cães ladram, a caravana passa.”
[ditado popular]
Enquanto Bolsonaro distrai a população e desloca o debate público do essencial para o acessório com suas escatologias, comportamentos demenciais e torpezas como a do leão e das hienas, a caravana passa.
A caravana, no caso, é a devastação ultraliberal que unifica politicamente, ideologicamente e partidariamente toda a classe dominante em torno do projeto destrutivo que está sendo executado por comando remoto pelos EUA e capitais internacionais.
O Brasil foi inteiramente recolonizado, é preciso reconhecer. O país está submetido a uma guerra de ocupação, e o principal comandante do “exército nativo” – Lula – foi sequestrado pelo exército invasor e transformado em prisioneiro de guerra; trancafiado para que não possa organizar a reação popular contra os ocupantes do território nacional.
O servilismo incondicional de Bolsonaro a Trump não é algo genuíno, porque representa a restauração radicalizada da subserviência que o PSDB mantinha em relação aos EUA nos períodos do FHC e do conspirador Michel Temer.
Dois episódios ilustram essa verdade: [1º] Celso Lafer, o chanceler de FHC, abaixando-se para tirar os calçados para ser aceito nos EUA; e [2º] a viagem apressada aos EUA do tucano Aloysio Nunes, o chanceler do governo golpista, para tranquilizar a chefia do Norte acerca do andamento do golpe para derrubar a presidente Dilma com o impeachment fraudulento.
A oligarquia dominante não tem um projeto de nação soberana e de sociedade nacional, por isso se ajoelha aos pés dos EUA conscientemente, por opção.
No Congresso, esta oligarquia concretiza a maior destruição jamais vista do patrimônio público, dos direitos sociais, trabalhistas e da soberania nacional com a maioria confortável formada pelos seus diferentes partidos – PTB, PP, PSD, Podemos, Patriota, PSC, PRB, Solidariedade, PSL, DEM, MDB, PSDB e outras siglas deste gênero lesa-pátria.
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Pouco importa saber se Bolsonaro faz o que faz e diz o que diz porque [1] segue um plano estratégico para desviar a atenção, ou porque [2] é uma figura torpe que tem uma visão de mundo racista, autoritária e deformada, ou porque [3] é um combo disso tudo e um pouco mais.
A realidade concreta é que o comportamento demencial do Bolsonaro desvia a atenção acerca da pilhagem selvagem e do assalto brutal que o governo, os militares, o Congresso, a Lava Jato, setores do judiciário e os capitais promovem às finanças, às riquezas, ao patrimônio, às empresas, ao mundo do trabalho, aos direitos do povo e ao território nacional.
Quem duvidar disso que então justifique a razão para a privatização da cadeia de gás e petróleo, a entrega do pré-sal, da PETROBRÁS e do setor elétrico; a destruição da engenharia nacional, a entrega da Embraer para salvar a Boeing, o redirecionamento do projeto de submarino nuclear; a instalação de base militar dos EUA em Alcântara, a queima criminosa da Amazônia, a privatização da extração de urânio, a demolição das leis trabalhistas, a destruição do sistema previdenciário etc, etc e etc.
Bolsonaro é uma aberração política, mas ele é, sobretudo, uma aberração humana que nasceu do ventre da burguesia; é filho das escolhas da classe dominante, que sabia desde sempre que Bolsonaro idolatra torturadores, faz apologia do estupro, vem do porão da velha ditadura e é vinculado a milícias. Bolsonaro não caiu das nuvens.
Bolsonaro coleciona inúmeros crimes de responsabilidade para ser afastado por impeachment.
Em agosto passado o doutor em Direito e professor da USP Conrado Hübner Mendes elencou 17 crimes de responsabilidade , todos muito bem fundamentados, que autorizariam o afastamento do Aberração pelo Congresso. Hoje, 2 meses depois, os motivos para sua deposição legal devem ter duplicado.
Aliás, Bolsonaro sequer deveria ter sido diplomado e empossado no cargo. Na campanha eleitoral, cometeu crimes graves, todos fartamente documentados, que levariam à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão e provocariam nova eleição presidencial.
Mas o TSE, pelas mãos do ministro-relator do processo, Jorge Mussi – por ironia, o cara tem o título de “Corregedor” [sic] do TSE – corrompe as leis e manipula o processo para não levar o caso adiante para, assim, deixar o país dominado pelos saqueadores.
Bolsonaro segue convertendo o Brasil num pária internacional e segue ameaçando o STF, a imprensa, a oposição e as instituições. No máximo, ministros do STF manifestam espanto e escrevem notas protocolares.
Bolsonaro sabe que pode fazer tudo o que faz e dizer tudo o que diz impunemente, que nada lhe acontece.
A razão disso é simples: a distração do Bolsonaro é útil para a pilhagem do país e para a continuidade do assalto total que as elites financeiras nacionais e internacionais perpetram contra as riquezas nacionais, contra a nação e contra o povo brasileiro.
A manutenção do Lula sequestrado no cativeiro de Curitiba – o Guantánamo dos EUA no Brasil – é condição essencial para que esta devastação total, rápida e ilimitada.
A luta pela libertação do Lula é a maior urgência democrática, nacional e popular do Brasil e da América Latina.
Comentários
Nelson
Em conversas com colegas que seguem sem entender o que está a se passar no Brasil e, portanto, seguem acreditando que o PT roubou tudo e quebrou o país, tenho argumentado assim, de forma bastante resumida.
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Tenho perguntado, primeiramente, o porquê de FHC, Temer, Padilha, Moreira Franco, Pedro Parente, Serra e tantos outros corruptos de carteirinha estarem ainda soltos enquanto o “Barbudo” caminha já para dois anos de prisão.
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Fernando Henrique Cardoso entregou tudo o que pôde para o grande capital. Abaixo de muita corrupção. Foi o mais corrupto e deletério governo que já tivemos.
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No entanto, ainda que quisesse, FHC não conseguiu entregar mais, pois o povo brasileiro reagiu e barrou muita coisa e José Serra foi derrotado na eleição de 2002, impedindo, portanto, que o PSDB dese sequência a seu projeto de destruição nacional.
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MiShell Temer foi outro que entregou tudo o que pôde para as grandes corporações. Mandato curto, oriundo do golpe, não teve tempo para entregar mais.
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Agora, a tarefa de Bolsonaro é entregar o que ainda resta.
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Já os governos do PT também entregaram muito para o grande capital. Os bancos e outros setores da economia observaram evolução meteórica em seus lucros nos governos de Lula e Dilma. Lamentável e absurdamente, o partido que garantia que defenderia o país e o povo também andou fazendo privatizações e implantando PPPs, medidas preconizadas pelo FMI/Banco Mundial e os países ricos.
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Contudo, o PT se diferenciou dos demais pelo seguinte. Após entregar muito ao grande capital, seus governos decidiram que uma parte de toda a riqueza deveria ser destinada para o país e para o povo.
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É esta a razão do golpe de Estado de 2016 e também da prisão do Lula.
Nelson
O Sistema de Poder que domina os Estados Unidos preferia eleger qualquer um entre outros quatro candidatos: Alckmin, Meirelles, Amoêdo, Álvaro Dias. Tocaria o projeto de tomada do Brasil de forma bem mais suave.
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Como nenhum dos quatro demonstrou capacidade de alçar voo e assim derrotar o PT, tal Sistema resolveu se satisfazer com o Bozo. Se, em algum momento, chegarem à conclusão de que Bolsonaro já deu o que tinha que dar, irão tirá-lo da jogada tão facilmente quanto empurrar bêbado em ladeira.
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Por enquanto, todo o circo que Bolsonaro monta é funcional para o Sistema. Como bem diz o Miola, tal circo é uma forma de desviar a atenção do povo para longe do que interessa que é a agenda de privatizações e demolição total do estado brasileiro.
Zé Maria
Jair Bolsonaro, além de Bruto, Medíocre e Sádico – como todo Militar Frustrado (na ativa, não passou de tenente) –
é um Pau Mandado, em cada setor governamental:
É um Pau Mandado dos Filhos;
É um Pau Mandado do Moro;
É um Pau Mandado do Heleno;
É um Pau Mandado do Olavo;
É um Pau Mandado do Salles;
É um Pau Mandado do Guéds;
É um Pau Mandado do Trump.
E Pau que brota Torto, cai Torto.
Questão de ‘Timing’ e ‘Feeling’.
A Globo e o Maia sabem disso.
JOSE ERB UBARANA
Esses são fatos incontestáveis.
JoaoMineirim
Ou seja, enquanto o palhaço distrai, o mágico rouba o “respeitável público”.
Silvio D P
O Bozo é o nosso Marechal Petain!
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