Jeferson Miola: Eduardo Leite lidera revolta do arcaísmo gaúcho contra Lula

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: João Pedro Rodrigues/Secom/RS

Eduardo Leite lidera revolta do arcaísmo gaúcho contra Lula

Por Jeferson Miola, em seu blog

Vestindo camiseta do movimento SOS Agro RS, o governador tucano Eduardo Leite discursou contra o governo federal em encontro que curiosamente uniu no último 19 de julho interesses de latifundiários, agro-exportadores, grandes produtores rurais e da FETAG, Federação dos Trabalhadores na Agricultura.

Com um comportamento diferente daquele cauteloso que adota na presença do presidente Lula, perante a facção agrária da vanguarda do atraso Leite disparou que “a ajuda que vem do governo federal até o momento é insuficiente e está muito distante das necessidades do povo gaúcho”.

“Estamos vendo muita propaganda por parte do governo federal, muitos anúncios, mas pouca efetividade na chegada de recursos. Apenas 20% de tudo que o governo federal anunciou chegou aos gaúchos”, discursou.

Leite atacou duramente Lula: “Tem uma coisa pior que não dar nada e não responder [às reivindicações]: é não dar nada, não responder e ainda tentar fazer crer que estão fazendo muito”.

Na pregação oposicionista, Leite omitiu que naquele momento em que acusava o governo federal de “pouca efetividade na chegada dos recursos”, o RS já tinha disponíveis R$ 24,3 bilhões dos quase R$ 90 bilhões anunciados pelo presidente Lula – cifra inédita de ajuda da União a uma unidade federativa em toda história republicana.

Se não padecesse de déficits de verdade e honestidade, Leite assumiria a responsabilidade do próprio governo estadual e das prefeituras municipais, que não conseguem acelerar a elaboração de projetos, atrasam cadastros e não têm capacidade de planejar a reconstrução.

Décadas de gestões neoliberais com desmonte, privatização e terceirização das estruturas técnicas do Poder Público cobram um alto preço neste momento de emergência climática, retardando o acesso rápido dos governos e da população aos recursos transferidos pela União.

Leite escondeu, também, que 375 mil famílias gaúchas atingidas já tinham recebido o auxílio-reconstrução no valor de R$ 5.100. Só nessa ajuda para o consumo das famílias, o governo federal injetou R$ 1.912.500.000 [R$ 1,9 bi!] na economia gaúcha em apenas 30 dias.

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Antes de atacar desonestamente o governo Lula, o governador deveria ter pesquisado este e outros dados no Painel Calamidade Pública–RS do ministério do Planejamento.

Este site disponibiliza os investimentos e repasses do governo federal ao Estado, aos municípios, e, também, a empresários, setores econômicos, trabalhadores e a todo povo gaúcho.

Já o site oficial do governo gaúcho, porta-voz do SOS Agro RS, informa que o movimento dos proprietários rurais cogita lotar e tomar a Praça da Matriz, endereço do Palácio Piratini, “caso Lula não atenda as demandas junto ao governo federal”.

“Faço questão, se as respostas [do governo Lula] não vierem, de ter essas pessoas, e muito mais, em Porto Alegre”, discursou Leite, com o tom de líder da revolta do arcaísmo gaúcho contra Lula.

Os ataques do governador Leite são levianos. O governo dele tem um desempenho medíocre e desastroso no processo de reconstrução do Rio Grande, que só não causa desgaste porque ele é protegido pela mídia hegemônica dominado pelo agronegócio.

Aliás, essa blindagem da mídia, junto com a produção permanente de críticas ao governo federal explica a perda de popularidade que aparece na pesquisa Quaest [10/7] – não por acaso, única região do país onde o governo Lula teve desempenho desfavorável.

Eduardo Leite é um político tão jovem quanto obsoleto. O mesquinho quer aproveitar a oportunidade de se viabilizar como opção presidencial do campo de direita e extrema-direita polarizando com Lula.

Por trás da aparência de modernidade e de jovem descolado se esconde um personagem conservador, ultraliberal, que faz política sem ética e com ódio de classe. É apenas uma caricatura contemporânea do arcaísmo que teima em condenar o povo brasileiro ao atraso.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Bernardo

Desonesto, leviano, mal agradecido, cínico, insensato e burro. Para agradar a plateia que financiou seu mandato mente despudoradamente e mostra sua real face de um tucanoide arrependido. O RS merece um governador melhor e esperamos que tenham aprendido a lição para 2026. Canalha não dev ocupar nenhum cargo público.

Zé Maria

.

“O Grupo Record de Comunicação e a Igreja Universal (IURD)
perderam processo por divulgação de fake news contra
Manuela D’Ávila.

O programa religioso exibido pela emissora espalhou a mentira
de que a ex-deputada e ex-candidata a Prefeita de Porto Alegre
defendia a ‘legalização do incesto’ durante as eleições de 2022.”

A Record e a IURD terão que pagar R$12,7 mil de danos morais
e terão que publicar retratação.”

https://bsky.app/profile/sleepinggiantsbr.bsky.social/post/3kxuyudmvjp2b

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Zé Maria

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“O Grupo Record de Comunicação e a Igreja Universal (IURD)
perderam processo por divulgação de fake news contra
Manuela D’Ávila.

O programa religioso exibido pela emissora espalhou a mentira
de que a ex-deputada e ex-candidata a Prefeita de Porto Alegre
defendia a ‘legalização do incesto’ durante as eleições de 2022.”

A Record e a IURD terão que pagar R$12,7 mil de danos morais
e terão que publicar retratação.”

https://bsky.app/profile/sleepinggiantsbr.bsky.social/post/3kxuyudmvjp2b

.

Zé Maria

O Agro Tóxico Caloteiro
quer Perdão de Dívidas
à Base de Ameaça a Lula.

Zé Maria

.
O Gen do Cinismo Tucano e da Sem-Vergonhice Midiática é Dominante.
.

Zé Maria

Trecho do Artigo de Paulo Nogueira Batista Jr:

Os resultados econômicos e sociais do governo Lula estão entre bons e razoáveis.
Veja-se, por exemplo, o crescimento do PIB, a inflação, o mercado de
trabalho, os indicadores de pobreza, o balanço de pagamentos.

Quanto ao propalado “risco fiscal”, as informações disponíveis não sugerem
de forma alguma que o Brasil venha caminhando para um colapso das
contas governamentais.

Aliás, as expectativas de mercado em relação ao déficit público (primário
e total), assim como em relação aos demais indicadores macroeconômicos,
praticamente não se mexeram no passado recente.

Menciono dois fatores de ordem principalmente política que ajudam
a entender a instabilidade recente no sistema financeiro. E que nos
autorizam a dizer, acredito, que a “crise” foi em larga medida fabricada.

Nos últimos meses, ficou evidente que Lula pretende disputar
e será um candidato forte à reeleição em 2026.

A tradicional direita neoliberal, que controla o sistema financeiro e a mídia, não vê isso com bons olhos, para dizer o mínimo.

Não vamos nos iludir.
Boa parte dessa direita – que tem a cara-de-pau de se apresentar
como ‘centro’– nutre ódio a Lula e à centro-esquerda.
Senão ódio, desprezo. Senão desprezo, profunda desconfiança e rejeição.

Ela constitui um agrupamento pernicioso, de gente reacionária,
mentalmente estreita e profundamente antinacional.
O perigo para o Brasil está também nessa gente, e não apenas
na ultradireita bolsonarista.

O presidente da República tem dado muitos sinais de paz e tomado
decisões conciliatórias.
Perfeitamente compreensível. É um jogo que ele joga bem.
Mas com que resultado nesta temporada política?…

Apesar dos esforços de pacificação, a execrável plutocracia local
continua militantemente contra o governo, buscando toda e qualquer
oportunidade para atacá-lo.

Como se sabe, a direita tradicional tem muito poder – político, financeiro e midiático. Mas sofre de um pequeno problema: não tem votos para vencer eleição presidencial.

Gostaria de viabilizar uma candidatura de “terceira via” para 2026, mas percebe provavelmente que será muito difícil.

Uma opção mais viável para ela seria construir uma “Arca de Noé” pela direita…
A ideia é combinar os votos de Bolsonaro com um candidato mais amplo
e aparência um pouco mais “civilizada”.

Os liberais de quinta categoria da direita tradicional não teriam nenhum
escrúpulo em se aliar de novo com o bolsonarismo.

Os seus porta-vozes mais chinfrins já clamam em público por um “bolsonarismo moderado”.

Como se sabe, a direita tradicional tem muito poder – político, financeiro
e midiático. Mas sofre de um pequeno problema:
não tem votos para vencer eleição presidencial.

Íntegra:
https://www.viomundo.com.br/politica/paulo-nogueira-batista-jr-uma-crise-fabricada.html

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