Jeferson Miola: Coalizão com bloco de Lira rebaixa horizonte programático do governo

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Arte: @amarildocharges e caricaturas no Facebook

Coalizão com bloco de Lira rebaixa horizonte programático do governo

Por Jeferson Miola, em seu blog

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, o grande mérito do ministro Fernando Haddad no primeiro semestre foi “desfazer a percepção de uma guinada na política econômica ou a reversão de avanços conquistados nos últimos cinco ou seis anos”.

O que, afinal, o banqueiro da XP entende como os “avanços conquistados” que Haddad não reverteu?

São os retrocessos trabalhistas e previdenciários, a privatização obscena da Eletrobrás e de áreas da Petrobrás, a autonomia do Banco Central, o marco do saneamento e o Teto de Gastos, que ganhou roupagem nova como “arcabouço fiscal”.

O período a que Megale se refere, “nos últimos cinco ou seis anos”, é o do ciclo iniciado pelo usurpador Temer com o impeachment fraudulento da presidente Dilma, em 2016, e continuado no governo fascista-militar só nominalmente presidido por Bolsonaro, mas comandado de fato pelo partido dos generais.

Neste período do golpe foi sedimentado o arcabouço jurídico-legal que sacralizou os direitos divinos do capital e das finanças no Brasil em prejuízo das enormes urgências sociais e nacionais.

Arthur Lira, o chefe do sistema de chantagem, achaque e extorsão da deputadocracia, foi peça-chave da preservação das “conquistas” citadas pelo banqueiro da XP.

Controlando o esquema bilionário de orçamento secreto que alimenta práticas de corrupção e demagogia nas paróquias eleitorais no varejo e no atacado, Lira maneja a pauta da Câmara, e, ainda, define o posicionamento da maioria deputadocrática em relação às matérias votadas – tanto a favor como contra o governo.

No momento de exposição política crítica devido à publicidade do aumento do seu patrimônio e dos seus esquemas de corrupção com o orçamento secreto, Lira surpreendeu com a decisão de acelerar a aprovação da reforma tributária parcial, que não altera a natureza regressiva e injusta do sistema tributário brasileiro, mas distrai a opinião pública a respeito de suas inúmeras maracutaias e denúncias, inclusive de abuso e violência contra a ex-esposa.

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ExpectatLira habilmente tirou seus escândalos do noticiário e ganhou o tempo necessário para conseguir, no STF, a suspensão dos inquéritos e investigações sobre seus esquemas de corrupção em Alagoas, o que aconteceu por meio de uma providência do ministro Gilmar Mendes, em 6 de julho.

Com a demonstração de sua força e poder incontestável na Câmara, Lira saiu-se ainda mais fortalecido perante a Faria Lima e o governo.

Blindado e fortalecido, ele até antecipou em uma semana o recesso legislativo. E, de sobra, para escapar do radar da mídia, ainda debochou curtindo uma viagem de cruzeiro à ilha de Safadão – o cantor, claro.

A acomodação do bloco de Arthur Lira na Esplanada dos Ministérios começou com a posse do bolsonarista Celso Sabino, do União Nacional [PFL + PSL], no ministério do Turismo.

Líderes do governo Lula indicam que a montagem da coalizão com a Deputadocracia do Lira prosseguirá com a nomeação de outros políticos conservadores e de direita que, inclusive, apoiaram o governo fascista-militar com notável fervor e devoção.

A coalizão que o governo faz com a Deputadocracia, entregando ministérios em troca de respiro na Câmara, poderá trazer a estabilidade almejada pelo presidente Lula; mas, por outro lado, marcará o rebaixamento do horizonte programático do governo.

O alívio do banqueiro Caio Megale com a preservação dos “avanços conquistados”, assim como a posição de Arthur Lira, contrário à reversão dos retrocessos impostos ao povo e à soberania brasileira a partir do golpe, são fatores que limitam o campo de possibilidades do governo a um horizonte social-liberal muito limitado, que poderá impossibilitar a materialização de respostas governamentais às necessidades urgentes das imensas maiorias sociais.

Caso esta trajetória se confirme, o governo não conseguirá responder às expectativas e esperanças depositadas pelo povo na chapa Lula-Alckmin, o que poderá ter como consequência, para o próprio governo, a perda de apoio popular.

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Comentários

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Zé Maria

Informação aos Pobres de Direita…
E a todos que defendem Bilionários:

“Sabe quantas pessoas serão taxadas
como ‘super ricos’ no Brasil?

Só 2,5 mil pessoas.

Sabe quanta grana elas têm juntas?

Quase 850 BILHÕES de reais.

Não gaste tempo defendendo essa galera.”

https://twitter.com/demori/status/1682365412539760640

Zé Maria

.

“Os Fundos Exclusivos dos super-ricos que o Ministro Fernando Haddad
quer taxar possuem R$ 880 bilhões em investimentos!

A aplicação mínima nesses fundos é de R$ 20 milhões!

Em 2022, o lucro deles foi de R$ 62 bilhões!

O Governo quer taxar entre 15 e 22,5%, com potencial de arrecadar
R$ 11 bilhões por ano”

https://twitter.com/pesquisas_2022/status/1682146774406901760

Será que o Coroné Lira vai aceitar a Proposta sem exigir nada em troca?

Ou será que vão ter que desmontar o Governo para aprovar o Projeto?

.

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/F1e42wZXwAUQTH2?format=jpg

Presidente do Banco Central no Confessionário:

https://twitter.com/gracamouras/status/1682016243673382912

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/F1RVuNRXwAQoixN?format=jpg

Não é porque a Selic está alta que a Inflação está baixando,
é sim porque o Dólar se desvalorizou em relação ao Real.

Os Preços, na Maioria, estão Dolarizados na Economia no País.

De todo modo, houve Deflação, isto é, os Preços baixaram.

O Crápula tem o Dever de reduzir os Juros em, no mínimo, 2%.

Ainda assim, continuaremos a ter a Maior Taxa Real Mundial.

Além do mais, os Juros aumentam a Dívida Pública Interna.

marcio gaúcho

Sendo assim, em 2026 haverá o julgamento!

Zé Maria

“Muito boa proposta de @Haddad_Fernando de taxar fundos dos super-ricos,
‘investimentos’ de altíssimos valores em aplicações e com menor resgate.

Pode ir passando de gerações sem nunca pagar IR, já o trabalhador paga
imposto sobre a renda.

Como disse Haddad, você ganha R$ 2.650, já paga e a pessoa que
ganha R$ 2,64 milhões está isenta!

Justiça tributária é o que o país precisa!”

https://twitter.com/Gleisi/status/1681829179015274498

Zé Maria

Excertos

“O alívio do banqueiro com a preservação do ciclo iniciado
pelo usurpador Temer com o impeachment fraudulento
da presidente Dilma, em 2016, e continuado no governo
fascista-militar só nominalmente presidido por Bolsonaro,
mas comandado de fato pelo partido dos generais …
assim como a posição de Arthur Lira, contrário à reversão
dos retrocessos impostos ao povo e à soberania brasileira
a partir do golpe, são fatores que limitam o campo de
possibilidades do governo a um horizonte social-liberal
muito limitado, que poderá impossibilitar a materialização
de respostas governamentais às necessidades urgentes
das imensas maiorias sociais.”

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